Segunda-feira, 2 de maio de 2022 - 11h16
No Brasil há mais ruído que informações. A
verdade é que se pega qualquer afirmação para se ser contra ou a favor e, com a
inflação alta, os combustíveis em alta, fica fácil apontar problemas, porém,
uma análise isenta mostra que o governo federal saiu bem da crise, e não se
está melhor porque a política cria um clima de incerteza muito grande. Por
exemplo, o Uol, a grande mídia sedenta de dinheiro público, mostra a foto de uma promoção de óleo de soja com o título “Com
óleo de soja a R$ 25, cliente usa banha de porco; por que subiu tanto?”. É uma
matéria que prima pela desinformação. De fato o preço na promoção é de R$ 11,99
com cada cliente podendo levar até 5 unidades e, no próprio texto, se informa
que, em março, o produto subiu quase 9%, bem como que um garrafa (nos lugares
mais caros pode ser encontrado por R$ 24,62). No próprio texto também se explica a razão do
aumento: a safra quase 20% menor do soja no mundo e o aumento dos combustíveis.
Se houvesse mesmo intenção de informar seria possível pegar o ranking da Global
Product Price, entre 90 países, o Brasil, em 38º lugar, com a média de preços
de US$ 2,88 está com o preço mais baixo do que os do EUA (US$ 3,14), em 38º, ou
de que a Alemanha (US$ 3,21), do que a
Europa em geral. E lá tende a subir mais e faltam produtos nas prateleiras dos
supermercados por conta de Rússia e Ucrânia são os grandes fornecedores de
commodities, além de impactarem fortemente (em especial por causa da Rússia) no
fornecimento de combustíveis. Mas, a imprensa brasileira não cuida mais de
notícias, cuida de seus interesses contrariados porque o governo atual cortou
os gastos excessivos com uma publicidade que era indevida.
OS ACONTECIMENTOS DE ABRIL
Porém importante é acentuar que o mês de abril
teve uma performance fraca dos mercados globais, com o pior desempenho mensal
desde março de 2020. Marcado pelas incertezas deixaram os investidores em
compasso de espera: é difícil não ver a inflação, em todo o mundo, em níveis
recorde e juros subindo, o conflito na Ucrânia criando volatilidade nos preços das
commodities, a política anti-Covid na China criando problemas para a cadeia de
suprimentos global, com riscos de uma recessão econômica e estímulo a adoção de
políticas protecionistas, inclusive no sistema financeiro. Esta incerteza, este
clima preocupante, influindo nos investimentos e nas commodities, não tem como
não impactar nos fluxos para o Brasil. Fruto não da economia brasileira, mas das
incertezas do crescimento econômico global, em particular com os lockdowns na
China, os reflexos no fornecimento de produtos, inclusive já sentido na Zona
Franca de Manaus, onde faltam insumos chineses. É esta situação, os preços das
commodities e a constatação de que abril foi o primeiro mês de fluxo de capital
estrangeiro negativo na Bolsa que fizeram o dólar aumentar, depois de um
período de tendência de baixa. Não é, claro, que tudo esteja bem no Brasil. A
bem da verdade o governo Bolsonaro melhorou o ambiente de negócios com medidas
de facilitação e com a tentativa (algumas vezes não bem sucedida) de diminuir a
carga tributária. A seu favor, devemos dizer, que atira para o lado certo. Mas,
embora sendo uma questão global, a inflação preocupa e até mesmo até onde vai o
crescimento da taxa de juros no país, apesar do que as últimas revisões para o PIB de 2022 terem sido
positivas. É inconteste que o setor de
serviços voltou a crescer, seja, ou não verdade, o que alguns alegam, que foi
somente por uma demanda reprimida (discordo na medida em que o turismo, bares,
restaurantes e outros, que estavam fechados, vão continuar contribuindo para se
ter uma renda maior),bem como o mercado de trabalho, o crédito e as políticas
governamentais (liberação do Auxílio Brasil, pagamento de parcela do 13º para
aposentados e pensionistas, saque do FGTS aumentam a confiança dos empresários
e consumidores, fazendo a demanda aumentar neste quadrimestre. Os últimos dados
indicam uma desaceleração da inflação e se aguarda que se encerre o ciclo de
aumentos das taxas de juros. E, como se aproxima rapidamente, as eleições são o
fator de incerteza que está diante de nós. Será, com os recursos públicos que
estão disponíveis, um fator positivo ou negativo? Em geral, embora a eleição de
Bolsonaro tenha sido uma exceção, as campanhas custam caro e, com mandatos de
governadores, senadores e deputados federais e estaduais em jogo podem influir
bastante no consumo. De qualquer forma, as perspectivas mais conservadoras são
de que vamos permanecer neste ritmo neste ano e, se as coisas assentarem,
poderemos ter, em 2023, um ano de maior
crescimento, embora, os empresários do comércio, que sempre são otimistas,
estejam investindo mais e acreditando que no segundo semestre a economia terá
um resultado melhor.
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