Segunda-feira, 18 de abril de 2011 - 06h02
E X P E C T A T I V A
Nos últimos dias, o assunto que dominou as rodas políticas, de Calama a Cabixi e de Surpresa a Tabajara, foi a avaliação dos 100 dias do governo Confúcio Moura. Pelos corredores das secretarias, o zum zum era: Será que o secretário cumpriu as metas impostas pelo Confúcio? Para completar a ansiedade entre o secretariado e o primeiro escalão governamental, o governador praticamente todos os dias, falava sobre o assunto em entrevistas levadas ao público pelos canais de televisão, programas de rádio e sites de notícias. As especulações eram as mais variadas. Teve quem publicasse que o PMDB estava exigindo a nomeação de um dos seus, para a secretaria de Saúde. “Saúde, Educação nós não negociamos com nenhum partido”. Acontece que, apesar da modernidade na arte de informar, o povo permanece botando fé naquela máxima utilizada entre os “bicheiros”. “Vale o que está escrito no papel”. Como nenhum jornal impresso publicou entrevista sobre os 100 dias do governo Confúcio Moura (entrevista exclusiva), pedi autorização da nossa editora Marcela Ximenes para conversar com o governador. Nosso bate papo aconteceu quinta feira passada no escritório daSociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (SOPH), que fica no bairro Novo Estado ou Balsa a beira do Rio Madeira, assim que ele chegou da visita que fez aos distritos de São Carlos, Nazaré e Calama. Sem muitas delongas, vamos a entrevista.
E N T R E V I S T A
Zk – Vamos fazer uma análise desses famosos 100 dias?
Confúcio Moura – Katraca, os cem dias é um número criado na imaginação da população. É como se fosse assim um exame de consciência do próprio governo, de saber o que falar para a população, das impressões dos 100 dias iniciais.
Zk – E no seu entender, as impressões são boas?
Confúcio Moura – Nossos 100 dias transcorreram tranqüilos. A relação com a Assembléia Legislativa em termos de processo foi excelente, apenas dois processos foram retirados. O relacionamento com o Tribunal de Contas aconteceu com várias visitas de alto nível. Com o Ministério Público não tivemos nenhum problema. O Poder Judiciário também foi extremamente cordial. Com os prefeitos fizemos vários contatos, todos num regime de cooperação. Já soltamos os recursos para as estradas e para o transporte escolar. Nosso relacionamento está bom com os novos deputados, estamos construindo um ambiente de futuro e promissor com todos. Quero dizer que estou muito satisfeito com esses 100 dias. Tem uma grande perspectiva da entrada de um dinheiro pra nós em médio prazo muito importante. Em suma, estamos satisfeitos.
Zk – A gente tem acompanhado em alguns meios de comunicação, que está existindo uma disputa entre partidos da sua base aliada pelo cargo de secretário da Secretaria de Saúde. Essa noticia têm fundamento, o senhor está sendo pressionado a nomear alguém para a Sesau?
Confúcio Moura – Não existe isso. Olha, quatro secretarias são de minha livre indicação: Saúde, Educação nós não negociamos com nenhum partido assim como a Casa Civil e a Secretaria da Fazenda mais a Controladoria, são cargos de confiança absoluta do governador. Então não existe essa disputa porque é um cargo que não existe negociação, nem com o meu partido PMDB. Estou plenamente livre para nomear pessoas filiadas ao PMDB ou a qualquer outro partido ou até sem partido.
Zk – Em suma, vai ou não vai acontecer a substituição do secretário da Sesau?
Confúcio Moura – Na secretaria de saúde tem uma conversação iniciada para substituição do secretário, mas, não formalizamos, não tem decreto formal, apenas existem conversas e como a imprensa capta com muita capacidade e divulga. De fato existe essa conversa, mas, não foi ainda consumada.
Zk – No julgamento dos quesitos de uma escola de samba a nota sete é a menor nota. O senhor deu nota sete para o seu governo. O senhor realmente acha que seu governo só merece a menor nota?
Confúcio Moura – Acho que para o inicio do governo a nota sete é boa. A gente não merece mais do que isso. É uma fase de iniciação, nosso governo não chegou ao povo, estamos trabalhando com a convicção, ainda num clima de eleição e entusiasmo, nossa credibilidade ainda vem da campanha. Não merecemos mais do que isso. Não melhorei os serviços ao ponto de ser percebido pelo povo.
Zk – Outro fato que está causando polêmica é o aumento dos funcionários. Os professores já estão ameaçando greve, o negócio ta começando a ferver. O que senhor tem a dizer a esse respeito?
Confúcio Moura – Levantei a história dos últimos oito anos e descobri que esse foi o maior aumento concebido pelo governo. E foi um aumento espontâneo, não teve nenhuma negociação, saiu de nós mesmo, baseado no estudo das possibilidades do estado e apostando no aumento de receita. Consentimos esse valor cujo impacto será de R$ 80 Milhões no final do ano. No orçamento do estado deixado pelo governo anterior não tem esse dinheiro. Estou dando o extra do extra, que corresponde à correção da inflação e um ganho real que não é grande, mas, é um ganho. Estou torcendo, rezando, orando para essa transposição sair ligeiro para que gente possa fazer ainda este ano, um novo reajuste.
Zk – O choque que o senhor provocou na saúde, principalmente no Hospital João Paulo II funcionou em parte. Qual e quando será a próxima investida na saúde?
Confúcio Moura – O choque na saúde, ainda está muito longe de acontecer. Por alguns momentos a gente tirou o pessoal do chão, mas, se descuidarmos eles vão pro chão de novo. Enquanto tiver um doente no chão, o governo tem uma dívida. Vamos trabalhar para fluir as cirurgias de traumas cranianos, de coluna, equilibrar o quadro de profissionais especializados em Porto Velho, Ariquemes, Ji Paraná, Cacoal e Vilhena. Já passamos dinheiro pra todos esses municípios, um esforço imenso nesses primeiros dias de governo, para que eles pudessem comprar material para operar os pacientes. Já, já estaremos contratando médicos especialistas e colocando a disposição desse quatro municípios para que façam uma barreira assistencial nos municípios para evitar a chegada de tanta ambulância em Porto Velho.
Zk – E na área de segurança?
Confùcio Moura – A área de segurança é uma área que exige um planejamento logístico muito bem feito. Além dos dados sociológicos, econômicos e sociais, tem o assunto da criminalidade. Temos que levantar a tipificação dos crimes, quais são os maiores, se é o homicídio, se é o furto, se é o estupro e mapear os locais do estado de maior violência. Centrar fogo onde há crime. Vou runir a cada 15 dias com todo o comando da segurança pública para discutirmos números e as estatísticas do crime em nosso estado, para mobilizarmos nosso pessoal para onde está a violência. Existe município em Rondônia que o pessoal dorme da janela aberta. De Vilhena pra baixo há uma certa calma. Agora, quando você vai subindo na direção de Porto Velho ela é crescente, quando chega de Ji Paraná pra cá, aumenta muito. Ariquemes, Buritis e Machadinho são municípios criminogênicos, temos que trabalhar muito ali e aqui na capital.
Zk – Semana passada o senhor esteve visitando comunidades no Baixo Madeira. Como está o trabalho do seu governo na área social?
Confúcio Moura – Nós temos assim, uma carência imensa de atendimento a essas populações ribeirinhas. Semana passada estive em Calama, Nazaré e São Carlos, inclusive São Carlos está com o Centro de Saúde reformado, muito bonito, bem arrumadinho. Estamos agora com o Barco Hospital fazendo uma operação cívico/social em parceria com o município. Essa atenção aos ribeirinhos nós queremos que seja mensal. Acredito que com isso a gente resgata os velhos tempos dos Barcos Seringueiro I e II do tempo de Jerônimo Santana. Eram barcos hospitais muito bacanas que funcionavam de verdade.
Zk – Por falar em Guajará Mirim, durante a festa de aniversário de 82 anos de instalação do município e em virtude da ótima votação alcançada, o senhor anunciou uma séria de ações. Vamos falar sobre essa cooperação?
Confúcio Moura – Nosso trabalho prioritário, não é nem pela enorme votação que tivemos, mas, é porque o município está precisando mesmo, o município está deprimido economicamente, o pessoal está muito desanimado.
Zk – E o que o senhor acha necessário fazer para reanimar a população de Guajará?
Confúcio Moura – Precisamos resgatar o entusiasmo que Guajará sempre teve, ainda mais agora que completou 82 anos de idade. Um município tradicional, só perde pra Porto Velho que tem mais de 100 anos. Guajará precisa se reerguer sobre um novo prisma econômico, mantendo uma nova matriz de debate da economia, principalmente voltada para suas possibilidades reais, como pesca e turismo; na área da educação a implantação do curso de direito; treinamento de pessoal; relacionamento comercial com a fronteira com o lado boliviano e também na área de exploração de recursos naturais, entre eles, madeira, castanha e seringa.
Zk – Além de Guajará e Porto Velho, quais os municípios que merecem atenção especial no seu governo?
Confúcio Moura – Não vou dizer que Guajará seja problemático, ele tá precisando de um grande apoio. Os municípios de Rondônia cada qual tem suas particularidades. Os que precisam de grande apoio são: Machadinho; em especial o município de Buritis porque fica muito perto de Porto Velho e tem um problema sério com a Floresta de Bom Futuro que é chamada Rio Pardo, tem também a divisa com Nova Mamoré e divisa com Campo Novo. Então, Buritis fica encostado em 4 ouros municípios e recebe a carga de todos eles. É um município que hoje tem uma população de 45/50 mil habitantes, cresceu demais, é do tamanho de Rolim de Moura e não tem estrutura para suportar tanta demanda. Buritis é o município mais novo de Rondônia por isso precisa de muita ajuda.
Zk – E Machadinho?
Confúcio Moura – Machadinho fica em outra posição geográfica do estado, na divisa com o estado do Amazonas e com o estado do Mato Grosso. É também um município isolado e que tem 13 ou 15 assentamentos grandes e também muita área ocupada, Eles tem quase três mil quilômetros de estradas vicinais, o município não aguenta fazer manutenção dessas estradas, Ariquemes onde fui prefeito, tem mil quilômetros, olha a diferença. Então o estado tem que ajudar muito o município de Machadinho Do Oeste.
Zk – Outros municípios que precisam de ajuda?
Confúcio Moura – Tem um município que precisa de socorro urgente que é Alto Alegre dos Parecis.
Zk – Agora vamos para nossa área. O governo do estado já encaminhou à Assembléia Legislativa a mensagem solicitando o desmembramento da Secel?
Confúcio Moura – Ainda não, estamos discutindo toda reforma do estado pra ver se a gente consegue fechar entre julho e agosto. Essa proposta de separação é minha, na época da campanha e agora estamos olhando se temos condição de criar novas secretarias, estamos vendo os impactos econômicos que podem surgir com a separação. Que ha necessidade há e eu assumi esse compromisso com a população, pra eu não criá-la agora, só se for por impedimento financeiro.
Zk – Pelos corredores da Secel existe uma conversa de que, o Davi Chiquilito perdendo o mandato de deputado o senhor o nomearia secretário de cultura. Isso tem fundamento?
Confúcio Moura – Essa é uma proposta do PC do B. A Secel e outros cargos fazem parte de uma composição de aliança pra ganhar a eleição e a Secel ficou com o PC do B ela e outros cargos importantes. Então, isso é um assunto interno deles.
Zk – Como o senhor ver a atuação do secretário Francisco Leilson o Chicão frente a Secel?
Confúcio Moura – O Chicão pra mim é uma revelação. Conheci o Chicão na campanha, aquela alegria na rua com a bandeira vermelha, ele agitado fazendo loucuras pra mim aqui em Porto Velho. Eu não tinha noção de que ele era um homem tão capaz. É um grande secretário, dos melhores que nós temos no governo. Falar sobre o Chicão é um orgulho pra mim porque ele é um figuraço.
Zk – Como está a situação da construção do nosso teatro?
Confúcio Moura – Vamos precisar de dinheiro novo para concluí-lo. O Tribunal de Contas é bom que se esclareça, não está embargando obra nenhuma. A empresa ganhadora da obra solicitou um realinhamento de preço em virtude do preço da mão de obra que aumentou muito em Porto Velho e então o Doutor Crispim que é o Conselheiro responsável, está aguardando que a empresa justifique o pedido. Eu, leigamente de fora, acho que a empresa tem razão, mas, não vou dar opinião.
Zk - Para encerrar. Além do secretário de saúde, outros secretários serão substituídos por não terem cumprido a meta exigida para os 100 dias de governo?
Confúcio Moura – Não! Essas mudanças vão saindo sutilmente à medida que a gente perceber. Ela pode vir da parte do próprio secretário. De repente ele recebe outra proposta boa e pede pra sair. Da parte do governo vamos sentindo, o secretário que não tiver criatividade, não tiver iniciativa e não atingir metas, ele não pode ficar comigo.
Zk – E o poeta do Blog?
Confúcio Moura – Ah (sorrindo muito), isso não posso falar, Sempre vai saindo algumas palavrinhas pelas madrugadas. Quando passamos uma boa noite sai um texto melhor, se estamos preocupados, sai um texto mais picante. Quanto aos 100 dias de governo, fico com minha nota Sete.
Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com
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