Quarta-feira, 1 de abril de 2015 - 06h44
Ao contrário do que muitos pensam, a brincadeira de Boi Bumbá em Porto Velho, jamais sofreu alguma censura durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964/1985).
Na realidade, os grupos de Bois Bumbás existentes à época, foram proibidos pelo Chefe de Polícia de saírem de seus currais, em virtude das brigas e até morte que vinham acontecendo com freqüência durante as chamadas “Briga de Boi”.
Vale salientar que essa proibição aconteceu em meados da década de 1970 e não tinha nada a ver com Censura por parte dos Militares.
Já nos anos Dois Mil, postei na minha coluna Lenha na Fogueira publicada no Diário da Amazônia e em vários sites o seguinte:
..No tempo que televisão era só para rico, quando nem se sonhava com a Internet e principalmente com as chamadas redes sociais, nas festas juninas em Porto Velho, principalmente na véspera e dia de São João, as fogueiras e os rojões pipocavam pelos quatro cantos da cidade de Porto Velho.
Até meados da década de 1980, a brincadeira mais popular nas festas juninas era a dança do Boi Bumbá.
Os comerciantes e os empresários mais abastados contratavam grupos de bois bumbás para dançar em frente suas residências.
Naquele tempo, praticamente todas as casas de Porto Velho tinha quintal e ali se acendia a fogueira e convidava o boi bumbá para se apresentar.
Já nos arraiais dos clubes sociais como Ypiranga, Bancrévea, Guaporé, Danúbio Azul e Imperial, quem se apresentava, eram os grupos de quadrilhas, formados em sua maioria, com os sócios presentes à festa.
Na década de 1960 o proprietário do Serviço de Alto Falante “A Voz da Cidade” senhor Fuad Nagib em parceria com o radialista e sócio Humberto Amorim realizava na Avenida Sete de Setembro o Festival Folclórico com a participação apenas dos grupos de bois bumbas.
Os grandes rivais entre os bumbas era o Flor do Campo de Luiz Amaral e o Corre Campo do Galego. Apresentavam-se também os bois Garantido, Fortaleza, Pai do Campo, Brilhamante, Rei do Campo e Malhadinho.
Tinha uma tradição, todos os bois antes desse festival, se apresentavam em frente a casa do Governador (hoje Memorial Jorge Teixeira).
O amo do boi bumbá Flor do Campo Augusto Queixada certa vez cantou em frente a casa do governador os versos em ritmo de toada:
“Eu queria essa beleza, pra ser um homem educado! Eu queria dar um viva ao governador do estado”.
Quando o Brasil foi Tri Campeão do Mundo a toada foi:
“Brasil tri campeão do mundo, Brasil no futebol é o melhor, assim acontece em Rondônia, no festival boi Flor do Campo é o maior”.
Veja que ele usa o termo “estado”, mesmo sendo Rondônia ainda Território Federal.
O grande festival de dança de quadrilha acontecia nas quadras dos colégios.
O mais famoso arraial entre os colégios que naquele tempo eram chamados de “Grupo Escolar”, era o do Grupo Escolar Barão do Solimões.
Em meados da década de 1970, a brincadeira de boi bumbá em virtude de muitas brigas entres integrantes de grupos rivais, foi proibida, ficando apenas o bumbá “Malhadinho” que ensaiava na rua Princesa Isabel com a Joaquim Nabuco no bairro Tucumanzal.
Foi justamente com a intenção de se resgatar a brincadeira de boi bumbá em Porto Velho que em 1982, a equipe de cultura da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo - SECET resolveu realizar na quadra do colégio Rio Branco a 1ª Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás do Estado de Rondônia...
Nossa intenção ao republicar essa Lenha na Fogueira, é mostrar, que a Brincadeira de Boi Bumbá em Porto Velho, não sofreu nenhum tipo de Censura durante o Regime Militar. Muito pelo contrário foi durante esse Regime que surgiu a Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás e o Arraial Flor do Maracujá com o total apoio do governo do estado de Rondônia que por sinal era o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.
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