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Gente de Opinião

Silvio Santos

A máquina de escrever do Diário


História 

A máquina de escrever do Diário  - Gente de Opinião


Por Silvio M. Santos (*)

Naquele dia 13 de setembro de 1993, além de ser gerente do restaurante “Cheiro Verde” que ficava a rua Presidente Dutra na Explanada das Secretarias, publicava a coluna Zekatraca no jornal Estadão do Norte. Nélia, a proprietária do restaurante (e do Côco Gelado), bem cedinho saiu dizendo que não podia perder o primeiro número do jornal Diário da Amazônia que seria inaugurado naquela manhã. Quando ela voltou foi com o exemplar do jornal e então passamos a bisbilhotar seus cadernos. De repente falei, vou tentar ser contratado por esse jornal, ele me parece muito bem estruturado e acima de tudo independente. 

A máquina de escrever do Diário  - Gente de OpiniãoMeu sonho só veio se concretizar nove meses após a inauguração do jornal Diário da Amazônia. Foi assim: Seu Emir Sfair segundo fiquei sabendo depois, tinha interesse em contratar o Zekatraca, mas, não sabia como chegar nele para convidá-lo. Então convidou o Manelão da Banda do Vai Quem Quer para uma entrevista em virtude de ficar sabendo que o Manelão aonde ia, levava o Zekatraca. Não deu outra, no dia marcado, uma quinta feira do mês de março de 1994, chegaram à redação do Diário da Amazônia Manelão e Silvio Santos. Feitas as apresentações, seu Emir passou a entrevistar o criador da Banda do Vai Quem Quer enquanto eu fiquei conversando com a turma da redação; Ana Aranda, Carlos Esperança, Ildefonso Valentim e outros que conheci justamente naquele dia como os fotógrafos Marcos Grutzmacher e Jorge Chediak. Marcelo Reis que assinava a coluna “Lucar de Valença” já era meu conhecido, pois me usava muito como fonte para escrever sobre as escolas de samba de Porto Velho. Marcelinho que hoje é o responsável pelo departamento de comunicação na ALE era apenas digitador naquele tempo e montava o caderno Diário TV, o Gerson (do site Rondoniagora), também era digitador e depois também passou a montar do Diário TV. O redator chefe Valdir Costa foi o que mais quis saber sobre o personagem Zekatraca e seu criador. Outra figura que conheci e ficou meu amigo foi o diagramador Natalino (o melhor que já passou por Rondônia). Bom, quero mesmo é falar sobre a Máquina de Escrever que existia na redação do Diário da Amazônia, aliás, a única máquina de datilografia existente na redação, já que o jornal nasceu todo informatizado. 

A máquina de escrever do Diário  - Gente de OpiniãoTerminada a entrevista do Manelão seu Emir que ficou sabendo parte da minha história através do General da Banda, ao se despedir me convidou para uma entrevista, o que aceitei de imediato, afinal de contas, meu sonho de ser contrato pelo Diário da Amazônia ainda era latente. O certo foi que no dia 12 de maio de 1994 um domingo, saiu no Caderno de Cultura a entrevista com o seguinte título: “Meu nome é Silvio Santos, mas, podem me chamar de Zekatraca”. Um mês depois, justamente no dia 12 de junho daquele ano, o Zekatraca tinha sua primeira coluna publicada no Diário da Amazônia, vale salientar, que na época eu fazia apenas a coluna “Lenha na Fogueira” que a época era “Esquentando os Tamborins”, como o mês de junho não tem nada a ver com carnaval, quando o seu Emir pediu para o chargista João Zoghbi criar uma logomarca para a coluna, ele (Zoghbi) me chamou e sugeriu que mudássemos o nome da coluna para Lenha na Fogueira “pois assim você pode comentar sobre os bois-bumbás e as quadrilhas do Flor do Maracujá”, sugestão aceita na hora.

Aí o amigo leitor deve estar doido para saber sobre a máquina de escrever do título.

Bem, em uma mesa que ficava bem no meio da redação, existia a única máquina de datilografia existente no Diário da Amazônia. Acontece que a máquina foi comprada para atender os jornalistas Ana Aranda e Ildefonso Valentim que não sabiam para onde ia “esse negócio de computador”, com a minha chegada que também não sabia nada de computador, aliás, só tinha visto computador em revista, a máquina passou a ser mais disputada, agora eram três que a utilizavam para escrever suas matérias Zekatraca, Ana Aranda e Ildefonso. A guerra (no bom sentido), durou uns seis meses. Um dia cheguei a redação e vi a Ana Aranda fazendo suas matérias em um computador, aí me encorajei todo, sentei ao lado da “Amiga” e comecei a perguntar como ela havia conseguido aprender a usar o “bicho”, ela apenas me disse: “É simples Zekatraca, é como se você estivesse escrevendo na máquina de datilografia, com uma agravante positivo, você não precisa puxar o carro de um lado para o outro, senta aqui e tenta escrever alguma coisa do jeito que você escreve na máquina de datilografia”. Sentei a frente do computador e comecei a escrever naturalmente, daquele dia em diante, até hoje, nunca mais escrevi em máquina de datilografia. O Ildefonso aprendeu primeiro que a gente a usar o computador.

A máquina! Coitada, ninguém sabe seu destino após aquele dia.

Não completo 16 anos trabalhando no Diário nesse dia 13 de setembro, mas já são exatamente 15 anos e 5 meses trabalhando no jornal que um dia sonhei em trabalhar. 

Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com   
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