Quinta-feira, 19 de março de 2020 - 06h00
Lenha na Fogueira
Os grupos folclóricos paralisaram seus ensaios, em virtude do Coronavírus.
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Praticamente todos os grupos de quadrilhas junina já estavam ensaiando, visando as apresentações no Circuito Junino programado para começar no dia 29 de maio, com a realização do Arraial Flor de Cacto e Arraial Flor do Maracujá.
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Os grupos começaram a postar as decisões de parar com os ensaios, na tarde de terça feira 17, concordando com a sugestão do governo estadual, que recomenda que se evite reuniões com a presença de mais de 100 pessoas.
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Isso quer dizer, que as apresentações nos arraiais que fazem parte do Circuito Junino podem não acontecer, em especial, aqueles marcados para iniciar antes do Flor do Maracujá como é o caso do Flor de Cacto e ArriáLeste.
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Então fica assim, por enquanto, nada garante que os grupos de quadrilhas juninas estarão prontos para se apresentar nos arraiais citados, uma vez que as coreografias não serão ensaiadas.
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O Coronavírus realmente está paralisando o Brasil e o Mundo e Rondônia não poderia ficar indiferente diante da gravidade do Covid + 19.
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Ontem a tarde, em coletiva a imprensa, o prefeito Hildon Chaves anunciou que a prefeitura concorda com o Decreto do Governo Estadual que fecha teatros, cinema, casas de show pelo prazo de 15 dias.
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O Decreto do prefeito também reduz o funcionamento dos shoppings que passam a abrir ao meio dia e fechar as 20 horas
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Os Alvarás que autorizam funcionamento de boates e restaurantes que concentram muitas pessoas, estão suspensos;
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Isso quer dizer, que as atividades do Mercado Cultural ficarão sem acontecer por 15 dias, esse prazo pode ser dilatado para mais 15, dependendo da evolução ou não do Covid + 19.
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O governo estadual também suspendeu o atendimento nas repartições públicas, inclusive no Palácio Rio Madeira e no Tudo Aqui.
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Esperamos que os religiosos entendam que a saúde da população é muito mais importante que o Dízimo e também restrinjam a presença do público em suas missas e cultos.
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O ideal, é sugerir aos fiéis que acompanhe os atos religiosos, através da Televisão. Tanto a igreja católica como as evangélicas têm transmissão via Televisão.
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Tá certo que os artistas que dependem de suas apresentações para sobreviver, serão os mais prejudicados com o fechamento de boates e casas de show.
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Por isso o ideal seria o governo Federal criar uma auxilio.
Seria igual ao salário Defeso destinado aos pescadores profissionais, ou Segura Desemprego.
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Está correndo nas redes sociais, uma petição destinada a Secretaria Especial de Cultura do Governo Federal com o seguinte Teor;
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Tendo em vista que os artistas, produtores culturais e músicos estão impedidos de realizarem suas atividades por conta do COVID-19.
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Buscamos com essa petição, que todos os artistas autônomos ou que possuam certificado de Micro Empreendedor Individual - MEI, recebam um salário de afastamento de suas atribuições pelo INSS.
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Destacamos que essas áreas estão sendo muito afetadas pela não realização de eventos, festas e shows tendo em vista todos os cancelamentos ocorridos por causa da pandemia.
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Requemos através dessa petição, o pagamento de afastamento através do INSS, de maneira imediata para esse grupo de profissionais, que são imprescindíveis para o desenvolvimento cultural e humano do nosso país. (se você concorda assine).
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Não esqueça de lavar as mãos com água e sabão, é a melhor prevenção, inclusive, melhor que Álcool em Gel.
DISCURSO DE BOAS VINDAS
Proferido pelo Dr. Dimis da Costa Braga, na posse dos novos membros da ARL
Assumíamos oficialmente, os membros fundadores da Academia Rondoniense de Letras Ciências e Artes - ARL, em posse solene neste mesmo teatro e numa noite como esta, de 08 de abril de 2016, nossas funções no Sagrado Silogeu, em que titularizei a cadeira 16, amealhando a honra de ter como patrono o mestre de todos os amazônidas, meu saudoso professor Samuel Benchimol.
Naquela ocasião, num discurso brilhante, nosso primeiro presidente, Júlio Olivar, simbolicamente, observava que a ARL era nossa utopia e que as utopias são, para as pessoas, o que as asas são para os pássaros.
Já o então presidente emérito e sonhador-mor, atual presidente William Haverly Martins asseverou, em alto e bom tom, que ao expulsar, das profundezas das masmorras cerebrais, o sonho de constituição da ARL, estava a contrariar o poeta gaúcho Mário Quintana, quando este dizia: “sonhar é acordar-se para dentro”.
Vejam, minhas senhoras, meus senhores, minhas encantadoras confreiras e meus caros confrades, familiares, amigos: os nossos irmãos presidentes e co-fundadores estavam afinados no discurso, para que a ARL ganhasse forma, navegando pelos sonhos nas asas da utopia, em busca de um porto, onde utopia e sonho enfim se encontrariam na sede própria e definitiva de nossa acalentada Academia.
Beirando os 04 anos daquela posse oficial, eis que seguimos a perscrutar incansavelmente por inenarráveis caminhos, às vezes tortuosos, em busca desse porto, ainda sem o encontrar, mas não descartamos nem o sonho maior do presidente, nem a utopia do ex-presidente, muito menos a simbologia das utópicas asas, mas não as de Ícaro. Nossas asas, ah!... Elas não derretem: o material de que são feitas foi testado nas provetas das Ciências, que comprovou as leis da natureza, da Literatura, que canta a Lira e imita a vida, e da História, que decanta o passado para júbilo do presente. A força e resiliência com que essas asas encontram razão e emoção para sobrepairar no céu da certeza da conquista do tão acalentado sonho, advém do próprio ideário artístico que promana da natureza humana e vai das diversas matizes da estética – música, artes plásticas, fotografia – à que provoca a explosão de sensibilidade e espontaneidade típicas do riso fácil no rosto de uma criança.
Ah, a ARL agora tem o palhaço da cidade, tem a música e vieram mais poetas, mais romancistas, contistas, cronistas, juristas. A ARL agora, entre minhas irmãs e irmãos, tem pianista, compositor, amo de boi, o mestre da convivência, a ARL agora tem mais cientistas, e mulheres, em toda a sua arte, luz e cor de ser mulher: mulheres de todas as luzes e de todas as cores.
A ARL já não é apenas o belo passarinho utópico, buscando encontrar seu formato, voando no sonho que emergiu das masmorras mentais de seu idealizador.
São vinte novos acadêmicos, em várias especialidades da ciência, da arte e da cultura rondoniense. Temos gente competente para todos os gostos! E, como bom amazonense, não posso me furtar à metáfora de que nossa Academia hoje, acrescida dos empossandos, mulateiros de boa cepa, é ave e é planta, que se misturam no emblemático imaginário amazônico: uma gigantesca ave que ao pousar sobre uma sapucaia, impôs-lhe novo formato, absorveu-lhe a substância das castanhas, e aprendeu a conviver, com base no interior dos ouriços.
Temos o ouriço das Ciências Jurídicas, que já era forte, com os desembargadores Isaías Fonseca e Alexandre Miguel, o procurador da república Reginaldo Trindade e o Procurador e escritor Ricardo Leitte (embaixador da ARL em São Paulo), além da participação deste humilde orador, mas que recebeu novas e substanciosas castanhas, gente do naipe da Dra. Zênia Cernov, reconhecida advogada e escritora, do Prof. Dr. Diego de Paiva de Vasconcelos, prestes a defender sua tese de doutoramento na Universidade Federal do Rio de Janeiro e do juiz e ex-secretário Marco Antônio Faria, de tantos serviços prestados ao Estado de Rondônia.
Gigante é o ouriço da Ciência da História, antes comandado por Anísio Gorayeb, Francisco Matias, Júlio Olivar e o próprio presidente, agora recebendo o vigor e a juventude dos conhecimentos de Aleks Palitot, Célio Leandro, Cleide Blackman e Celeste Sousa.
Robusto é o ouriço pesado da literatura, comandado por William Haverly Martins, José Dettoni, Viriato Moura e Ricardo Leitte, que de certa forma se subdividiu em novos ouriços: o dos contistas e o dos cronistas, formado por João Correia, Délcio Pereira e Nestor Mendes, supervisionados por Walter Barianni, Abel Sidney e Heinz Roland Jakobi, que como poucos domina a Ciência da Medicina do Trabalho, na qual é Doutor, tal qual Paraguassu, mestre de tantas gerações.
Temos alguns ouriços novos: o dos folguedos folclóricos, comandados por Silvio Santos, o da música erudita, comandado por Andréa Figueiredo e o dos compositores, comandado por Ernesto Melo.
O rico ouriço da Geografia, das Ciências Sociais e o da Saúde pública, antes comandado por Carlos Paraguassu, Lucileyde Feitosa e Lucineide Monteiro, agora conta com o adjutório de duas vistosas castanhas de sapucaia, Berenice Tourinho e Rosângela Hilário.
O ouriço das artes plásticas e visuais, sob o comando das artistas Maria Miranda, Angella Shilling e Viriato Moura, e que na arte da fotografia já tinha Luiz Brito, recebe o apoio de Rosinaldo Machado, o fotógrafo particular do imortal patrono da sua cadeira, coronel Jorge Teixeira de Oliveira.
O movimento das mulheres negras nunca esteve tão bem representado, há para elas, na ARL, um ouriço especial, a ser comandado por Rosângela Hilário e Cleide Blackman.
Vale registro também do importante ouriço dos jornalistas, antes solitariamente ocupado por Robson Oliveira, agora recebendo adjutórios de peso, profissionais como José Gadelha, Marco Anconi, Silvio Santos e Antônio Serpa do Amaral, que se destaca na produção e divulgação da cultura e da arte popular.
O mais pesado dos ouriços é o da poesia, todo acadêmico, confrade ou confreira, antes de mais nada é poeta, ou já foi, ou pretende ser.
O mais leve, mas não menos importante dos ouriços, é o das artes cênicas, onde Chicão Santos dispõe, com o reforço de Serpa do Amaral, de um grande salão – nesse espaço, só há essas castanhas. Mas Chicão não chega triste, pois antes de ser o grande ator, produtor e diretor de teatro, ele é palhaço, o diamante que burila e cuja imagem explode no olhar e no sorriso iluminado das crianças, agora com a nova missão de ajudar a ARL a brilhar, no palco das intenções governamentais.
Perguntar-me-iam os presentes à assembléia: porque a metáfora da sapucaia em vez da castanheira, rainha do meu Amazonas e da Amazônia. Simples. Porque Rondônia foi muito além da Amazônia! Além de constituir-se em uma região um tanto diferente do restante da planície amazônica, Rondônia traz em seu seio, nestas paragens de belas paisagens do poente, como nenhum outro estado do Brasil, a síntese do povo brasileiro, reunindo gente de toda parte, gente boa, hospitaleira, produtiva, de capacidades mil, guerreira, que nasceu em outras paragens, mas aqui fez nascerem seus filhos, neste chão.
Como a sapucaia, que não é só da Amazônia, mas de todo o Brasil, hoje uma espécie rara e em risco de extinção, os membros dessa Academia que hoje enriquece em número e em espécies, não são apenas sombra e alimento para o corpo e para a alma, mas remédio para a cura da ignorância e da incultura, indústria para reprodução do saber, da ciência e das letras, e fragrância para perfumar a vida, com literatura, arte e cultura em prol de todos os rondonienses.
Que nossos gestores públicos, enfim, descubram a importância da reunião de um grupo seleto como esse, e nos outorguem, não como concessão, mas como conquista de algo valoroso para os seus concidadãos, a tão sonhada sede própria – um escritório onde possamos arquivar nossos documentos fundadores e oficiais, como esse discurso, em prol do patrimônio histórico dessa terra, e um auditório –, que nos permitam atuar e expor a nossa produção científica e artística, como guardiães e divulgadores das letras, da história, da cultura, das ciências e das artes de Rondônia, para levá-las aos ambientes educacionais e culturais onde são tão necessárias.
Bem vindos, nobres confrades e confreiras, de braços abertos nós os recebemos com as mãos cheias de terra adubada e os pés fincados nas raízes da circunferência existencial de nossa sapucaia, com a certeza de que as castanhas, no tempo certo, cairão dos ouriços, evoluirão de broto à majestosa árvore frondosa e frutífera, e dela renascerá e planará sobranceira a ave majestosa da Academia, no ir e vir da troca infinita entre o ser, o fruto e a semente.
E vocês desabrocharão na maior e mais bela flor branco-arroxeada da nossa simbólica e imortal sapucaia, à espera de ter seus velhos ouriços novamente preenchidos por castanhas tão especiais quanto, corporificando –, à espera do pouso e revoar da majestosa ave –, o reencontro entre os velhos e os novos imortais, na eterna cabala da vida.
Muito Obrigado!
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