Sábado, 24 de março de 2012 - 08h39
Nossa coluna de hoje é toda dedicada ao maior e melhor humorista brasileiro de todos os tempos (passado e futuro), Chico Anysio.
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Não vislumbramos nenhum humorista com a veia criativa do Chico Anysio.
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Aliás, Chico Anysio pode ser considerado o artista completo, pois navegou e vai continuar navegando em todos os segmentos artísticos.
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Apesar de sabermos que a qualquer momento receberíamos a notícia de sua morte, não estávamos preparados, porque ninguém se programa para receber noticia de morte. Essa notícia por mais esperada que seja, sempre nos pega de surpresa.
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Chico Anysio realmente deixa saudade, ou melhor, deixa uma grande lacuna em todo segmento artístico cultural brasileiro.
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Vamos reproduzir algumas declarações daqueles que conviveram com o super Chico Anysio:
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Agildo Ribeiro, humorista – "O mais importante é que estamos em luto nacional. O Brasil está mais triste, sem perspectivas de risos e alegrias. Ele foi um herói nacional, um combatente. Ele trazia alegria para esse povo. Ele era uma figura tradicional. Estou com meu coração dilacerado de tanto que amava esse homem. Estou de luto, fisicamente, espiritualmente e artisticamente. Ele não vai morrer assim, ele não morre assim, não."
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Jô Soares – "O Brasil inteiro estava pendurado nessa agonia do Chico. Isso me lembrou a agonia que o país passou com a morte do Tancredo Neves. Foi uma agonia terrível. Ele não merecia isso. Espero que ele não tenha sofrido, que tenha passado bem. O Chico Anysio é um dos melhores atores característicos do mundo. Eu dirigi um espetáculo do Chico que, na verdade, eu que aprendi demais. O óbvio é que essa morte deixa o Brasil inteiro entristecido."
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Ziraldo – "Foi uma grande perda. Conheci o Chico há 50 anos. Ele é um dos dois fenômenos inrrepetíveis. Nunca mais teremos Pelé e nem Chico Anysio. Ninguém conseguiu fazer a quantidade de personagens que ele fez. A televisão não perpetua ninguém. Espero que as pessoas possam encontrar nas livrarias o livro que os cartunistas fizeram desenhando os personagens dele."
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Lúcio Mauro FIlho – "O Chico está canonizado desde já. Ele sobe como um dos grandes santos do humor brasileiro. Ele já estava fazendo falta para a gente por diversos posicionamentos. Ele era um homem de posicionamento forte. Ele ter ficado fora da televisão fez muito mal para ele. A gente é muito miúdo para poder explicar. Na minha vida, ele foi muito importante. No Projac, uma vez, ele me encontrou e perguntou se está tudo bem. ‘Você está bem mesmo, porque você está procurando ponta em novela, concorrendo com gente muito menos talentosa com você, abre o olho’. Depois dessa bronca eu fui direto para o Zorra Total e tudo aconteceu na minha carreira.
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Paulo Silvino – "Infelizmente perdemos o maior ator e comediante do mundo. Nunca na história da comédia mundial alguém tinha feito o que o Chico Anysio fez. Na Escolinha ele abrigou muitos atores, principalmente alguns que estavam quase esquecidos. Ele foi um pai extraordinário. Ele casou várias vezes, teve uma prole grande. Todos os filhos dele conviveram muito comigo e com meus filhos."
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José de Abreu – "Vários aspectos do Chico devem ser lembrados. Uma vez ele disse que parecida a rua do Catete, porque vivia cheio de pensão. Ele era impressionante. Ele saía de um personagem e começava imediatamente o outro. Aquilo parecia mágica. Ele fazia numa tarde o programa quase inteiro. Em dois dias ele fazia 30 personagens. Ele era sempre o mesmo. Ele se auto dirigia, ele dirigia todo mundo. Ele era uma loucura. Ele tinha três cabeças, a do ator, do diretor e do personagem."
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Renato Aragão - "O Brasil todo está triste. Quando cheguei ao Rio, ele já era famoso. Chico me ajudou muito. Ele que me alertou muito. Ele foi referência para todos os humoristas. Não vai ter outro Chico Anysio, não. Ele fazia sátira do Brasil todo. Ele foi muito amigo. Chico Anysio ajudava todo mundo. O coração dele não cabia dentro do peito. Para a gente falar sobre quem era Chico Anysio será preciso fazer uma mesa redonda para cada um falar o que ele era."
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Eu Vou Bater Pa Tu. Pa Tu Batê Pa Tua Patota
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Que o Chico Anysio agora é eterno!
LUTO
Chico Anysio morre aos 80 anos
Comediante estava internado em hospital no Rio de Janeiro.
O Brasil perdeu na tarde de ontem 23, aos 80 anos um de seus maiores humorista, Chico Anysio. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, havia três meses. Ao longo de seus 65 anos de carreira, Chico Anysio criou mais de 200 personagens e foi um dos maiores humoristas do Brasil com destaque no rádio, na TV, no cinema e no teatro.
Chico Anysio apresentou uma piora nas funções respiratórias e renal na quarta-feira (21) e voltou a respirar com ajuda de aparelhos durante todo o dia. Ele estava no CTI do hospital carioca desde 22 de dezembro do ano passado por conta de um sangramento. O comediante chegou a ter o problema controlado, mas apresentou uma infecção pulmonar e retornou à internação. Ele seguia em sessões de fisioterapia respiratória e motora diariamente, somadas a antibióticos.
HISTÓRIA
Trajetória artística de Chico Anysio
Foi na Rádio Guanabara, ainda nos anos 50, que os seus tipos cômicos começaram a surgir. Até o “talento para imitar vozes”, como o próprio Chico descreveria em seu site, evoluir para a televisão. A estréia aconteceu em 1957, na extinta TV Rio, no programa “Aí vem dona Isaura”. Foi lá que o Professor Raimundo teve sua primeira aparição no vídeo, como o tio da protagonista que vinha do Nordeste — até então o programa só havia sido veiculado pelo rádio.
“Até tinha uma coisa de sentar para criar, mas uns nasceram pela voz, outros pelo tipo, pela personalidade, pela caracterização. Sempre fiz questão de que eles fossem encontrados sem que eu estivesse presente. Que alguém dissesse: "'Na minha terra, tem um Pantaleão. No Rio tem muito Azambuja’”, explicou o humorista ao “Estado de S. Paulo”, em 2009.
Num tempo em que ainda não existiam contratos de exclusividade, Chico pôde fazer participações especiais em programas de outras emissoras e em chanchadas da Atlântida.
O “Chico Anysio Show”, seu primeiro programa de humor, foi lançado no início da década de 60. Foi ao ar pela TV Rio, depois pela Excelsior e em 1982 voltou a ser exibido pela Rede Globo — onde o humorista já trabalhava desde 1969.
Mas foi na Globo que teve seus programas humorísticos de maior sucesso e onde desenvolveu a maioria de seus personagens. Entre as atrações, destaque para “Chico city” (1973-1980), “Chico total” (1981 e 1996) e “Chico Anysio show” (1982-1990).
Alguns desses personagens quase que se misturam à história da televisão brasileira, como o ator canastrão Alberto Roberto, o pão-duro Gastão Franco, o coronel Pantaleão, o pai-de-santo Véio Zuza, o velhinho ranzinza Popó, o alcoólatra Tavares e sua mulher Biscoito (Zezé Macedo) e o revoltado Jovem.
SUCESSO
Escolinha do Professor Raimundo
Apresentada como quadro em outros programas desde a década de 1980, a “Escolinha do Professor Raimundo” tornou-se uma atração independente em 1990. No ar até 2002, o humorístico lançou toda uma geração de comediantes. Entre os “alunos” revelados pelo “professor Chico” estão Claudia Rodrigues, Tom Cavalcante e Claudia Gimenez.
Chico também atuou em novelas e especiais da Globo, como “Pé na jaca” (2007), “Sinhá Moça” (2006), “Guerra e paz” (2008) e “A diarista” (2004). Chico Anysio também teve um quadro fixo no Fantástico por 17 anos (de 1974 a 1991), e supervisionou a criação no programa “Os Trapalhões” no início dos anos 90.
Cinema
A incursão mais recente de Chico Anysio no cinema foi como dublador. É dele a voz do protagonista da animação “Up - Altas aventuras", animação do estúdio Pixar. Antes disso, o humorista fez uma participação especial no recordista de bilheteria “Se eu fosse você 2” (2008), de Daniel Filho. “Nos créditos finais fiz questão de colocar ‘senhor Francisco Anysio’. Ele é um astro, merece ser tratado com toda reverência”, explicou o diretor em entrevista ao G1 durante o lançamento do longa.
Em 1996, o humorista interpretou o personagem Zé Esteves, pai da personagem-título, em “Tieta”, de Cacá Diegues. O trabalho coincidiu com o aniversário de 25 anos da estréia de Chico no cinema, na pornochanchada "O doce esporte do sexo". Antes havia participado de comédias como "Mulheres à vista" e "Cacareco vem aí".
Em 2011, em sua última aparição pública, recebeu o prêmio especial do Júri do Festival do Rio pelo seu desempenho no longa “A hora e a vez de Augusto Matraga”, do diretor Vinícius Coimbra.
"O filme é importantíssimo, a obra é linda. Vinícius realizou algo quase inacreditável. É um filme que, tenho certeza, Sergio Leone assinaria com alegria", destacou o bom humorado Chico,
Literatura e artes plásticas
Além de se dedicar ao humor, Chico também foi artista plástico. Apaixonado pela pintura retratou paisagens ao redor do mundo a partir de fotografias que tirava dos países que visitava. Realizou exposições de seus quadros em diversas galerias do Brasil e chegou a afirmar que gostaria de ter dedicado mais tempo à atividade. “Porque teria tido mais tempo para aprender, para melhorar. Teria mais tempo para me tornar conhecido e aceito, para vender meus quadros por um preço melhor”. disse em entrevista à “Folha de S. Paulo”, em 2007. Foi autor de 21 livros, tendo publicado vários best-sellers na década de 70, como "O Batizado da vaca", "O telefone amarelo" e "O enterro do anão". Sua última publicação foi “O canalha”, lançada em 2000.
Em novembro de 2009 foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta comenda do governo brasileiro na área.
Da vida, dizia levar apenas um arrependimento: “Me arrependo enormemente de ter fumado durante 40 anos.”
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