Sábado, 10 de janeiro de 2009 - 07h33
O músico Altair dos Santos Lopes o Tatá, foi nomeado pelo prefeito Roberto Sobrinho como presidente da Fundação Municipal do Município de Porto Velho a Iaripuna e o mais interessante foi que, apesar do seu nome fazer parte da lista enviada pelo Setorial da Cultural do Partido dos Trabalhadores que foi enviada ao prefeito para dali tirar quem seria o presidente da Iaripuna, Tatá se disse surpreso com a indicação. “Sinceramente, não esperava ser o escolhido. Foi uma grata e emocionante surpresa”. Poto-Velhense nascido no distrito de Calama, Tatá veio morar na capital com apenas cinco anos de idade. “Desembarquei justamente no bairro do Triângulo a maior referencia cultural de Porto Velho”. Estudante do Colégio Dom Bosco e católico praticante sempre esteve envolvido com movimentos paroquiais na Igreja de Nossa Senhora das Graças onde era membro do Movimento Juventude Católica – Mojuca de onde saiu o grupo de seresta “Os Anjos da Madrugada” do qual Tatá até hoje é o percussionista. Carnavalesco por excelência de vez em quando produz uma marchinha de carnaval para os blocos de trio elétrico como a Banda do Vai Quem Quer e Calixto & Cia. Apesar de ter passado a maior parte de sua vida morando no bairro do Triângulo reduto de torcedores da escola de samba Os Diplomatas, Tatá brincava e participava da diretoria da Pobres do Caiari. “Acontece que meus colegas de Colégio Dom Bosco moravam no Caiari e eu ia com eles jogar e participar das atividades no bairro e fui me afeiçoando pela Pobres do Caiari e em especial pela organização inplantada na escola pela dona Marize Castiel. Fui e sou Caiari”.
Na Fundação Cultural tem como meta, criar o calendário cultural de Porto Velho. “Precisamos valorizar o trabalho dos nossos artistas e esse calendário com certeza, vai acabar com a favelização do artista já que seu trabalho vai passar a ser valorizado”.
Talvez dos nomes que foram colocados para apreciação do prefeito, o do Tatá, se fosse colocado em votação pela comunidade que trabalha com a nossa cultura, seria eleito por unamidade.
E N T R E V I S T A
Zk – Quais suas metas na presidência da Fundação Iaripuna?
Tatá – Em principio, nossa ascensão à presidência da Fundação Cultural nos traz responsabilidade e compromisso e esse compromisso é acima de tudo, destinar um olhar, um foco especial do gestor da cultura do município para com a nossa cultura popular.
Zk – Partindo desse princípio, qual a principal ação nesse momento?
Tatá – Vamos traçar um calendário, com ações prioritárias e em seguida uma conversa conjunta com os seguimentos culturais, estamos cientes que a instituição tem interesses fundamentais e prioritários, tipo assim, resgatar alguns projetos históricos e emblemáticos da cultura popular de Porto Velho como: Projeto Cinco e Meia; Salão do Humor dentre outros projetos que marcaram época em Porto Velho que auxiliam o processo de transformação que a cidade vem sofrendo no campo patrimonial. Criar um calendário para a cultura de Porto Velho passa pela valorização do artista. A idéia é acabar com a atividade do favelamento do artista.
Zk – O que você considera como favelamento do artista?
Tatá – É o artista cantar na praça, cantar no palco, fazer uma apresentação e passar três meses para receber um cachê de duzentos reais; Isso é um absurdo, isso é favelar o artista que já vem sofrendo muito ao dar sua contribuição, sua valorização, seu labor seu sangue e não ter o reconhecimento de volta. A cultura não tem que ser de graça. Vamos implantar um modelo novo de relacionamento com o artista produtor, com técnico de som com estrutura enfim.
Zk – Você assume a Fundação num momento muito propício, já que as obras com cunho cultural começam a ser inauguradas, como o Mercado Cultural e outras. Você já tem uma programação para esses novos pontos culturais?
Tatá – Segunda feira passada sentamos com o secretário Gadelha do Desenvolvimento Sócio Econômico que é um parceiro nosso, haja vista que ele responde pela cadeira do turismo. Acima de tudo, antes disso, queremos pensar uma programação, fazer umas interfaces, ou seja, aproximação máxima da Fundação Cultural com essas secretarias congêneres, como a Educação, Esporte, Ação Social, para que possamos fazer um conjunto de ações para ocupar espaços. Espaços que precisam ser justificados.
Zk – De que forma?
Tatá – Exemplo: A Madeira Mamoré que lentamente por conta da pertinência da obra, quando pronta estiver, deverá ser ocupado justificado, a ação terá ali uma responsabilidade muito grande. O Mercado Cultural que brevemente será entregue pelo prefeito Roberto Sobrinho a comunidade de Porto Velho é um espaço vitrine para nossa cidade. A produção bem acabada deve ocupar aquele espaço como sinalizador da cultura, da forte produção cultural que aqui existe. As praças, Aluízio Ferreira já tem programação que vai passar dentro da Fundação por uma releitura de processo. A praça Marechal Rondon, já temos a praça Jonathas Pedrosa em torno do centro histórico de Porto Velho. Saindo do centro temos a praça do Conjunto Rio Candeias lá na Zona Sul, temos as praças da Zona Leste e Norte com espaços já entregues que vão suscitar que vão reclamar programações de lazer cultural, até desportos, que a cidade de Porto Velho comece a reparar um antigo défite com a cultura popular.
Zk – O Mercado Cultural vai ser inaugurado quando?
Tatá – O prefeito já se inclinou que gostaria de inaugurar no final de janeiro, quase dentro de fevereiro. Agora, algumas coisas que conversamos com o secretário Gadelha já que o prefeito está de férias, e o Gadelha vai lançar o Edital para que a ocupação interna do Mercado, as lojinhas, sejam ocupadas. Isso com certeza vai levar certo tempo, então, creio que talvez no que pese a vontade do prefeito em inaugurar no final de janeiro, mas vamos fazer uma orientação técnica ao prefeito nos sentido de o período propício é quando essas estruturas internas já estejam funcionando. Por força dessa divisão, gostaríamos que essa inauguração se desse fora do período de carnaval. Num foco onde as atenções estivessem voltadas para o Mercado Cultural que será a grande vitrine da cultura em Porto Velho.
Zk – Vamos falar da sua trajetória dentro da Fundação Cultural?
Tatá– Posso dizer que juntamente com outros companheiros, somos os fundadores da Fundação. Ela é muito jovem e em conseqüência dessa juventude, precisa de uma reformulação em sua estrutura para realmente atuar como Fundação Cultural. Hoje ela ainda tem a estrutura de secretaria. Tenho uma trajetória histórica aqui dentro, pelo menos pra mim, cheguei para a Divisão de Ação Cultural, fui para o Departamento de Cultura, com a reforma administrativa assumi a vice-presidência e agora estou à frente da casa para tentar encaminhar projetos afirmativos, criar outros e acima de tudo, dar cabo a algumas necessidades e déficits existentes para com a cidade em relação ao plano cultural.
Zk – Quer dizer, você é um funcionário de carreira. Como você recebeu a notícia de que seria o Presidente da Iaripuna no novo mandato do Roberto Sobrinho?
Tatá – Foi tipo assim, nós nos reunimos no Setorial de Cultura do Partido para tentar criar uma expectativa futura do que fosse a Fundação Cultural do município de Porto Velho dentro do segundo mandato do prefeito Roberto Sobrinho. A Fundação tem um papel importante e para desenvolver esse papel, ela tem que ser elevada e acima de tudo avalizada com a estrutura que ela requer, por isso que falamos da transformação, da mudança da estrutura da instituição.
Zk – A pergunta foi! Como você recebeu o convite para assumir a presidência da Iaripuna?
Tatá – Bom, dentro do setorial de cultura do PT, criamos uma nominata onde constavam o Waldison Pinheiro, Ariel Argobe, Carlos Macedo Dias o Poeta Mado e o meu. Essa lista foi levada ao prefeito. Na verdade é um orgulho estar numa posição dessa aqui, tenho um compromisso muito forte com isso e sou um soldado do partido.
Zk – Você estava aonde quando soube que seria o Presidente da Iaripuna?
Tatá – Na realidade, eu nem esperava que esse anuncio chegasse no dia 31 de dezembro depois do bloco Mistura Fina com a cabeça cheia de maizena, muita roda de samba o dia todo naquele feriado de 31. Às dez da noite, a chefe de gabinete do prefeito nossa companheira Miriam Saldanha me passa uma mensagem dizendo que eu seria o presidente da Iaripuna e que a posse seria na manhã do dia 1º no Ginásio do Sesi. Passei o resto da madrugada tirando maizena dessa minha metade de cabelo, para poder estar de manhã mais ou menos em condições.
Zk – Você entra no burburinho da organização do carnaval. Como é que está essa programação?
Tatá – Quando recebi o anuncio da minha nomeação para a presidência da Fundação Iaripuna, já comecei a fazer reflexão. O carnaval já tira da gente assim de cara, a preocupação com outras ações, porque ele é muito rápido e demanda uma atenção muito grande e eu sou uma pessoa do carnaval. Brinco nos blocos, atuo nas escolas de samba, cresci vendo isso na minha frente onde morava no bairro do Triângulo e fui assimilando cultura popular. O carnaval de Porto Velho sugere da gestão pública um acompanhamento muito carinhoso porque a coisa é muito mágica, tem muito do teórico e quando passa para o plano da prática, da responsabilidade, é um serviço público em forma de cultura que deve ser lavado a população. O carnaval das escolas de samba de Porto Velho é o grande legado que temos em se falando de cultura popular. Por outro lado, já cresceu muito em Porto Velho, o objeto popular através dos blocos de trio elétrico. Tudo aquilo que fora bloco pequeno, hoje é bloco grande em Porto Velho. A nossa grande dama do carnaval a Banda do Vai Quem Quer nos seus 29 anos, extrapola qualquer previsão. A Fundação Cultural já está debruçada na estrutura do carnaval, na liberação dos recursos para as escolas de samba e para a produção do carnaval.
Zk – Vamos falar agora do Altair Lopes. De onde veio o Tata?
Tatá – O Tata é nascido em 17 de maio de 1960 no distrito de Calama no baixo Rio Madeira, perto da boca do Rio Machado, comedor de jatuarana. Vim para Porto Velho com apenas cinco anos de idade, mas, tenho uma memória fotográfica muito boa. De cara meu pai era armador de pesca, minha mãe saiu grávida e Manaus para Porto Velho, nessa trajetória, meu pai vinha parando em alguns pontos do Rio Madeira conversando com os pescadores para formar base para sua empresa de pesca. Em Calama ele ficou por algum tempo por que ali por ser ponto estratégico para o seu comércio, a gravidez avançou e eu nasci em Calama. Em Porto Velho desembarquei e fiquei morando no bairro do Triângulo. Foi um choque, porque na nossa vila não passava ninguém em frente da nossa casa. No bairro do Triângulo o primeiro impacto histórico, um balé, um sincronismo muito rico que era aqueles negões da Madeira Mamoré passando vestidos naqueles macacões para trabalhar e as crianças todas fardadas naquelas calças de casimira no rumo do Carmela Dutra, Colégio Dom Bosco. Esse movimento se dava as sete e pouco da manhã, perto do meio dia e se repetia a uma e meia e duas da tarde e às cinco horas da tarde, era um balé. Depois fui estudar com os padres Salesianos do Colégio Dom Bosco.
Zk – Você fazia o percurso de sua casa até a estação na Sete de Setembro de trole, cegonha ou carrinho?
Tatá – Eu fazia questão de fazer esse caminho a pé. Eu morava bem em frente à placa UM, do lado da beira do Rio ao lado da serraria do Romão. Eu achava fantástico andar por cima dos dormentes ou então me equilibrar nos trilhos. Aqui acolá, pegava carona num trole ou cegonha. Por volta dos 15 anos comecei a me relacionar com os bambas do Triângulo, o Chore bateristas dos bons que mora em Goiânia hoje, Silvestre Siqueira o Silva pandeirista bom em quem me inspirei pra tocar pandeiro; Augusta do Cavaco; Black, Teli, enfim, o pessoal que fazia boemia no bairro. Tinha o Moraes que sempre abria o carnaval tocando o seu clarim. Ali foi meu referencial cultural. Eu já tinha em casa um histórico de música.
Zk – Quem era o responsável por histórico musical em sua casa?
Tatá – Meu pai. Ele tinha uma voz muito boa e gostava de cantar as músicas do Altemar Dutra, Nelson Gonçalves e Orlando Silva. O nome dele era Ademar Pereira Lopes, ele era sócio do João Alfredo do frigorífico Bessa e minha mãe dona Luzia dos Santos Lopes e ainda está vivinha da silva.
Zk – A escola de samba?
Tatá – Já peguei o bloco do Armando Holanda onde só desfilavam meninas o único homem era o próprio Armando e mesmo assim vestido de mulher. Gostava de assistir o bloco do Valdemar Cachorro o Rei da Selva. O grande orgulho dos moradores do Triângulo já até falei sobre isso numa reunião da Fesec, era quando a Diplomatas do Samba saia e tinha certo neguinho passista. O povo do Triângulo ia para ver o Baba dançar. O comentário no Triângulo era, vamos ver o neguinho de o seu Bendito dançar. A Diplomata era realmente o berço do samba.
Zk – E como foi que sendo admirador do passista Baba da Diplomata você foi ser da Pobres do Caiari?
Tatá – Acontece que meus colegas de Colégio Dom Bosco todos moravam no Caiari. Dimarci, Dimas Qualhada, Enio Charuto aquela turma toda. Em conseqüência dessas amizades sempre eu estava no bairro e fui me afeiçoando a escola, gostava do trabalho da dona Marize Castiel e mais, eu sabia onde a escola de samba Pobres do Caiari ensaiava que era no quintal da dona Marize. Já a Diplomatas eu não sabia, ela sempre foi nômade e até hoje não tem endereço fixo o que é uma pena.
Zk – Para encerrar. E o Tata percussionista dos Anjos da Madrugada?
Tatá – Os anjos da Madrugada a princípio é uma invenção de padre. A Almira minha irmã casou em 1982 e então fomos morar no bairro Mato Grosso e então passamos a participar do movimento jovem da paróquia Nossa Senhora das Graças o Mojuca e nós cantávamos na missa, como o salão paroquial vivia vazio, o padre achou que a gente deveria ocupar promovendo noites de seresta e assim foi feito. Como Anjos da Madrugada foi justamente numa feijoada, já pensou tocar bolero numa feijoada, mesmo assim o pessoal do grupo de casal nos incentivou e então passamos a abrir as serestas no salão paroquial da igreja. Fui para a percussão porque eu tinha em casa vários instrumentos, como pandeiro, surdo, afoxé, tarol, reco-reco o Laio tinha um violão e o Jair Monteiro que formou conosco no inicio tinha um cavaquinho.
Zk – Como ficou o grupo em sua primeira formação?
Tatá – Laio (violão e voz), Tata, Roberto, Monteiro e Nazareno e o Jair que ficou por pouco tempo. Depois veio o maestro Téo e a Priscila e o maestro Bosco. Hoje a formação é a seguintes: Tata, Roberto, Monteiro, Nazareno, Edmar e a Priscila e quando é preciso o Guery nos teclados.
Zk – O Tata vai continuar com as crônicas “Bordejo do Carnaval”?
Tatá – Eu gosto mesmo é de escrever sobre Porto Velho. Antigamente era bonito se ver a estrutura romântica da arquitetura de Porto Velho as fachadas do Cine Brasil, da Casa Saudade, da Associação dos Seringalistas, da residência dos Resk. No meio da Sete de setembro teve um camarada que montou uma secretaria e manteve a parte de cima tal qual como era no passado essa pessoa deve ser prestigiada.
Zk – E os Bordejos?
Tatá – Vamos sim, continuar a escrever sobre os bastidores das nossas escolas de samba, sempre na página do Zekatraca.
Fonte: Sílvio Santos / www.gentedeopiniao.com
zekatracasantos@gmail.com
Foto: Serginho / Gentedeopinião
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