Domingo, 11 de junho de 2017 - 05h09
Portovelhense radicado em Mirassol do Oeste (MT), o publicitário Amaury Dantas tem como Hobby, pintar telas, foi assim que em 2012, ao visitar seus parentes na capital de Rondônia, conversou com o então secretário de cultura Francisco Leilson – Chicão sobre a possibilidade de ver quadros seus no acervo do museu estadual. “Pinta as telas expõe e quem sabe o governo compra”, essa foi a resposta. Cinco anos se passaram. No dia 5 passado, com a curadoria da coordenadora da Casa da Cultura Ivan Marrocos Margot Paiva, Amaury Dantas abriu a exposição “Trilhos do Tempo” sobre a história da Estrada de Fero Madeira Mamoré.
Até o dia 24 deste mês de junho, a exposição pode ser apreciada na Galeria Afonso Ligório da Casa da Cultura das 9 as 18 horas, de segunda a sexta e aos sábados até o meio dia.
Quer saber como Amaury produziu a coleção, lê a entrevista que segue.
E N T R E V I S T A
Zk – Vamos falar sobre sua origem?
Amaury – Meu pai trabalhou na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e a gente nasceu com essa coisa da arte, tinha avô José Ferreira Sobrinho que foi prefeito aqui de 1933 a 1938, poeta/escritor, o pai Heitor Dantas de Moraes também era metido a desenhar. Nasci em 1962 em Porto Velho.
Zk – Quando foi que você resolveu ir embora de Rondônia?
Amaury – Trabalhei no governo do estado em 1981/82. A Seplan na época, tinha como secretário do Dr. Renato da Frota Uchoa e naquele tempo, não existia aqui, agencia de publicidade, então, o governo montou uma house dentro da Seplan e contratou eu Amaury Dantas, Marco Aurélio (autor do Brasão de Armas do Estado) e o João Zoghbi. Nós três integrávamos a casa das ideias do governo de Jorge Teixeira. Quando foi em 83, recebi uma proposta de trabalho de Cuiabá e fui pra lá trabalhar numa agencia de publicidade. Estou fora de Rondônia há uns 35 anos. Atualmente moro em Mirassol do Oeste (MT).
Zk – Quando surgiu a ideia de criar as telas que compõem essa exposição sobre a Madeira Mamoré?
Amaury – Isso é um sonho que tenho há muito tempo. Em 2012 estive aqui, conversei com o Chicão que era o secretário de Cultura e falei que tinha observado que no museu estadual não existe quadros, não existe nenhuma referencia em obra de arte, com a história da ferrovia e então expressei a ideia de produzir uma coleção sobre as fotos mais icônicas de Danna Merril pra gente transformar em Óleo Sobre Tela. Ele respondeu, “Faça e traga pra gente ver, faça a exposição e o governo vai analisar e quem sabe, de repente a gente pode fazer uma aquisição pro estado ou para o município”. Passaram-se cinco anos (2012/17). Na realidade demorei quatro anos pra fazer esse trabalho.
Zk – Fala sobre a técnica utilizada?
Amaury – Quando estava pintando as telas, usei muito como referencia as fotos que estão no livro do Manoel Rodrigues Ferreira “Ferrovia do Diabo”. Eu usava as fotos como referencia fotográfica, só que, as telas aqui da exposição, mostram algo além, não é apenas uma reprodução da fotografia, sempre coloco uma criação minha, por exemplo: a tela da “Ponte Danificada”, da choupana, mais para direita, não existe na fotografia, aquilo é uma criação minha, o lenhador cortando a árvore, que é para o povo entender que aquela ponte foi uma árvore que foi derrubada. Outro exemplo, existe telas com araras, tucanos e outros bichos como onça etc. Na fotografia do Danna Merril essas aves e bichos não existem.
Zk – Um trabalho desses realmente é para fazer parte do museu estadual. Existe alguma negociação para que essas obras fiquem no acervo do estado?
Amaury – No dia do vernissage segunda feira dia 5, estiveram na galeria Afonso Ligório dois representantes, um do município o Ocampo Fernandes e um do governo do estado Rodnei Paes e na ocasião, conversamos a respeito da possibilidade das telas ficarem em Rondônia. Pediram que eu formalizasse a proposta, então durante a semana produzi um documento e entreguei aos dois secretários. Sexta feira dia 8, graças a você Zekatraca, estive com o presidente da Assembléia deputado Maurão de Carvalho e ele também pediu que eu protocolasse a proposta. Notei que ele ficou bastante interessado na coleção, já que o prédio novo da ALE que está para ser inaugurado, vai ser batizado, como “Madeira Mamoré”, coincidência melhor não poderia ser.
Zk – Uma coleção como essa que você está expondo, precisa ser do conhecimento dos nossos jovens, para que eles saibam como foi que Porto Velho surgiu. Essa coleção é de uma importância histórica sem precedentes. Você pretende dar prosseguimento nesse estilo, retratando outros monumentos históricos de nossa cidade e estado?
Amaury – Sim! Meu próximo projeto, será a retratação através de óleo sobre tela, do mobiliário urbano de Porto Velho dos prédios históricos. Vou pintar o palácio Getúlio Vargas, o antigo Porto Velho Hotel (Unir Centro), o prédio do relógio, tudo nesse padrão. Inclusive consegui junto a um órgão (fica na rua Calama) as plantas desses prédios (o projeto arquitetônico) eles me passaram em CD e minha intensão é desenvolver maquetes.
Zk – Esse material você vai produzir em Porto Velho?
Amaury – Não, vou fazer lá em Mirassol e quando estiver pronto venho expor aqui. Vou ficar sempre em contato com a direção da Casa da Cultura Ivan Marrocos, não sei se a Margot ainda vai estar aqui, mas sempre estarei perturbando quem estiver na direção da Casa.
Zk – Você tem trabalhos em artes plásticas com outros contextos?
Amaury – Agora dei uma parada, mas, já viajei muito pelo Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Nordeste e em todos esses lugares deixei alguma marca. Devo frisar que nunca vivi exclusivamente disso, sempre trabalhei com publicidade, a pintura em artes plásticas é uma coisa que faço tipo um hobby.
Zk – Para encerrar a nossa conversa. Quanto tempo passa para você concluir um trabalho no estilo dessa da Coleção Madeira Mamoré?
Amaury – Fiz um cálculo. Fiquei quatro anos pintando essas telas e cheguei à conclusão, que levei em torno de 90/120 dias pra pintar cada tela.
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