Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - 05h20
A partir das 20h00 de hoje (16), até o dia 25, Porto Velho se transforma na capital brasileira do Teatro de Rua. É a terceira edição do Festival Amazônia Encena na Rua, uma realização do grupo O Imaginário que tem a frente o ator Chicão Santos e a atriz Zaine Diniz.
Há três anos, O Imaginário produziu a peça “Mistérios do Fundo do Poço” e com ela saiu por aí, até que o Chicão Santos teve a idéia de apresentá-la em praça pública, para isso, convidou alguns grupos de teatro do estado do Acre e outros do Amazonas, especificamente das capitais Rio Branco e Manaus e com o apoio da Caixa Econômica Federal, realizou o primeiro Festival, que aconteceu na Praça das Caixas D’água. Com o sucesso do 1º evento, a superintendência da Caixa garantiu o patrocínio da segunda edição e agora da terceira. Paralelo a tudo isso, Chicão Santos foi convidado a participar de um encontro de grupos de teatro de rua na Bahia e nesse encontro, foi criada a Rede Brasileira de Teatro de Rua da qual, O Imaginário pode se orgulhar de ser um dos grupos fundadores. Sempre procurando ampliar a participação do grupo rondoniense no meio cultural nacional, Chicão e Zaine Diniz passaram a freqüentar eventos como Seminários, Conferencias e Festivais sobre teatro de rua e dança.
Hoje o grupo é conhecido nacionalmente como realizador de uma dos melhores festivais de teatro de rua do Brasil. Basta lembrar, que este ano, 17 grupos vão se apresentar com um total de 23 espetáculos
Antecipando a realização do Festival Amazônia Encena na Rua acontece a partir de hoje 16, às 20h00, o Seminário Amazônico de Teatro de Rua com vasta programação, também na praça das Caixas D’água e na Casa da Cultura Ivan Marrocos.
As apresentações teatrais começam segunda feira dia 19 e as oficinas quarta feira dia 21.
A partir do dia 21 O Imaginário também realiza o Festival de Dança uma ação integrada ao Projeto Amazônia Encena na Rua, agraciada com o Prêmio Klaus Viana que vai acontecer na praça Aluizio Ferreira. Vale salientar, que o Festival Amazônia Encena na Rua também conta com apoio do prêmio Funarte Myrian Muniz de Fomento ao Teatro.
Entre os ministrantes de oficinas, contamos com o palhaço, diretor e produtor Leo Carnevale que desde a última terça feira, está em Porto Velho juntamente com o diretor André Garcia Alvez colaborando com a equipe do O Imaginário na produção do Festival. Aliás, eles praticamente desembarcaram no aeroporto Jorge Teixeira e vieram direto para a redação do Diário da Amazônia atendendo nosso convite para a entrevista que segue.
E N T R E V I S T A
Zk - Sua participação na programação do Festival Amazônia Encena na Rua se resume apenas na aplicação de oficinas?
Leo Carnevale – Na realidade, tenho um trabalho pessoal de palhaço. Sou ator, diretor de teatro, trabalho nas onze no teatro, inclusive se precisar, sou o Office boy.
Zk – Como você está vendo a realização, já em terceira edição, do Festival Amazônia Encena na Rua?
Leo Carnevale – Acho fantástico, você vê que é um caminho de fortalecimento do Projeto. Cada ano que o projeto acontece, é mais um ano que se fortalece, cresce, trás alguma renovação, informação, comunhão com a cidade, isso é importante.
Zk – O teu contato com o teatro de rua vem de onde. Do circo, já que você atua como palhaço?
Leo Carnevale – Na verdade sou palhaço a partir do teatro. O circo é uma coisa nova na minha vida. Quando comecei a trabalhar com a arte foi dentro do teatro como ator. Dez anos depois foi que descobri o palhaço e comecei a trabalhar na rua. Hoje em dia a rua é uma constante na minha vida.
Zk – Como você vê o teatro de rua no Brasil?
Leo Carnevale – O teatro de rua está tendo uma renovação, na verdade, uma repaginada, tem um novo olhar hoje em dia para o teatro de rua. Criamos com pessoas de outros estados do Brasil, uma rede de troca de conhecimento e de encontros que é a Rede Brasileira de Teatro de Rua e através dessa rede, mantemos uma comunicação virtual constante, através de e-mail além de manter duas reuniões presenciais por ano. Atualmente no Rio de Janeiro a gente tá conseguido fortalecer uma rede estadual.
Zk – Essas reuniões virtuais são abertas a quem quiser. O que é preciso fazer para ter acesso?
Leo Carnevale – Todo mundo se comunica com todo mundo, é um grupo de e-mail onde qualquer pessoa que trabalha com teatro de rua ou pessoas interessadas, podem se inscrever e participar das discussões. Hoje em dia, a gente tá cada vez mais antenado com a relação política do país em termos de propagação da arte, como um bem importante para o cidadão, para a cidade e para cada município.
Zk – A gente sabe que é muito difícil conseguir apoio para os projetos culturais. Como o teatro de rua consegue superar essas dificuldades?
Leo Carnevale – O teatro de rua tem uma produção que precisa acontecer, por isso que hoje em dia, atores do teatro de rua são também produtores do seu próprio trabalho, é o que acontece comigo, por exemplo, tenho uma empresa pessoal de produção. Você vai pra rua fazer o seu espetáculo, vende para uma empresa, ou consegue um Edital do governo seja federal, estadual ou municipal, mas, também temos uma produção pessoal, a gente vai pra rua fazer o nosso trabalho, o trabalho é meu, posso fazer em qualquer lugar. Com qualquer outro financiamento que o governo ou qualquer outra entidade me dá, fortaleço a ação que já realizo.
Zk – E o MinC?
Leo Carnevale – A gente tem que reconhecer que o Ministério da Cultura no atual governo, tem contribuído bastante pro fortalecimento da arte. Ainda falta muito pra que esse processo se amplie, falta ter mais verba para que mais pessoas possam ser agraciadas com prêmios e assim poder democratizar a arte. O papel que eles estão fazendo é fundamental, é uma gota no oceano e a partir dessa primeira gota é que nós também da Rede Brasileira de Teatro de Rua estamos cada vez mais atentos e buscando fortalecer essas ações e cobrando que essas ações sejam acrescentadas de mais verbas, de mais ações, de mais editais, para que assim a arte possa chegar a toda gente.
Zk – O que é melhor, o Edital de Prêmios ou a Lei Rouanet?
Leo Carnevale – Olha, acho que o governo segundo a nossa constituição, tem que garantir a cultura para todos. A Lei Rouanet num momento em que não se tinha nada, ela foi criada para tentar reverter esse processo, para as companhias de teatro continuarem produzindo, foi um momento tenebroso da nossa vivência que um presidente da República no passado, foi lá e meteu a mão e tirou todas as instâncias de governo. Acho que a Lei Rouanet não é igualitária, ela sempre privilegiou não só uma região do país, mas, um eixo de produção. Nesse sentido ela não é muito boa, ela não abrange o país inteiro, não favorece o pequeno produtor regional ou o produtor de um estado mais afastado da região sudeste. Como mecanismo de cultura a Lei Rouanet é boa, porém como é utilizada não é boa porque não democratiza. Nesse sentido os editais ampliam. O Edital possibilita, por exemplo, que o estado de Rondônia participe e que tenha muitos grupos sendo agraciado com esse prêmio que é disputado pelo Brasil inteiro.
Zk – Agora vamos falar sobre a oficina que você vai ministrar aqui em Porto Velho?
Leo Carnevale – Vamos fazer a oficina de Gestão Cultural. Já milito na área artística há mais 23 anos, mas, há 11 asnos sou palhaço e nesse processo todo tenho criado um sistema de produção pessoal em cima de conhecimentos de trabalho com outros grupos, tenho bebido muito na fonte do pensamento empresarial. O que quero levar nessa oficina é justamente essa noção de gestão. Posso chamar minha oficina de “Gestão de um Ofício”, porque gosto dessa ligação com o artesanal. Você enquanto artista é um oficineiro, é uma pessoa que está construindo alguma coisa, é como um sapateiro é um artesão e aí junto à questão da gestão com a questão do artesão e tento mostrar como é possível usar esses mecanismos também para que um artista possa também se produzir e levar a sua arte a qualquer outro lugar.
Zk – Você vem de onde?
Leo Carnevale – Vim do Rio de Janeiro sou petropolitano nasci na cidade de Petrópolis. Mas, moro na capital desde pequeno, já me considero carioca. Comecei com o teatro em 1987. Em 1999 nasceu o palhaço Afonso Xodó e desde então venho trabalhando com ele pelas ruas. Aqui vou apresentar meu espetáculo que se chama “Pulitrica”.
Zk – O que é “Pulitrica”?
Leo Carnevale – É uma palavra que só existe no Maranhão. Meu trabalho é de itinerância mesmo viajando de país em país, de cidade em cidade, de praça em praça apresentando os meus trabalhos e uma vez me apresentando no Maranhão, fazendo mágicas e uma pessoa chegou perguntando: “Quem está por aí fazendo essa pulitricagem?” e então fui pesquisar o que queria dizer aquela palavra e descobri que pulitrica quer dizer acobracia.
Zk – E o espetáculo?
Leo Carnevale - Afonso Xodó é um falastrão e conhecedor de ciências ocultas. Tenta mostrar uma elevada capacidade em números, que criam efeitos e fenômenos extraordinários, contrários ás leis da natureza. Utilizando-se do humor, a brincadeira toma conta da cena enquanto ele tenta iludir os espectadores, que acabam acreditando mais nos efeitos do riso do que nos efeitos da magia.
Zk – Conversando agora com ator André que vai falar sobre a programação do Amazônia Encena na Rua. Como está a 3ª edição do Festival?
André – Este ano a produção mantém a mesma premissa da questão da troca, acho que os artistas que estão vindo, são artistas que normalmente são da região, da Amazônia Legal são artistas que nunca vieram para o Amazônia Encena. A torça vai ser melhor, não só com o público, mas, com os artistas.
Zk – Foi divulgado que o Festival aconteceria na Praça da Madeira Mamoré. Por que mudou?
Leo Carnevale – No último momento tivemos que passar para a praça das Caixas D’água porque a reforma da Madeira Mamoré não vai ficar pronta e infelizmente não temos como levar o público pra lá, pois iríamos correr o risco de acontecer algum acidente ou um contra tempo qualquer com a obra ainda acontecendo. Então vamos fazer na Praça das Caixas D’água.
Zk – O Encena na Rua começa quando?
Leo Carnevale – Segunda feira dia 19 o Festival propriamente dito começa com o cortejo de abertura sai às 17h00 da teatro grego e a partir das 20h00 a apresentação do primeiro espetáculo na Praça das Caixas D’água. Aproveito para convidar a população a participar dessa programação do Grupo O Imaginário que é dirigido pelo Chicão Santos e pela Zaine Diniz.
Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com
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