Domingo, 13 de julho de 2014 - 05h04
“Quando vim para Ji Paraná passei a escrever artigos no jornal “A Palavra” do Samuel Garcia, Dionísio Xavier da Silveira – Dió e do Nelson Townes de Castro e em 1976 tentei criar o jornal “O Gy Paraná”, com “Gy”porque essa é a grafia oriunda dos indígenas
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Arlindo Viana Xavier Filho
Cidadão de Ji Paraná por excelência
Durante a feira “Rondônia Rural Show” que aconteceu em Ji Paraná no final do mês de maio passado, visitamos o pioneiro da comunicação regional Arlindo Xavier, com o objetivo de ouvir sua história vivida no município, que foi criado pelo presidente Ernesto Geisel em 11 de outubro de 1977. “Não teve festa porque a emancipação foi um ato totalmente governamental, sem a participação da população”. Arlindo Xavier é o jornalista/radialista polêmico mais respeitado de Rondônia, tanto que é consultado por tudo quanto é autoridade. Assinou a Ata de fundação do Clube Vera Cruz que até hoje é o maior clube social de Rondônia e jamais aceitou título honorário de cidadão Ji Paranaense ou Rondoniense. “Se nasci no Brasil sou cidadão de todas as cidades brasileiras, sem precisar de um papel que diga isso”. Arlindo Xavier é pioneiro de Rondônia
E n t r e v i s t a
Zk – Por que veio para Rondônia
Arlindo Xavier – Por eu ser por natureza, aventureiro e por uma razão trágica, que foi a morte da minha filha aos 12 anos de idade em Campo Grande. O lugar que achei foi Vila Rondônia, aonde cheguei num domingo 4 de fevereiro de 1964.
Zk – E o que tinha em Vila Rondônia naquela época?
Arlindo Xavier – Basicamente nada, tinha um núcleo administrativo do município de Porto Velho cujo administrador era o acreano Clóvis Arrais Chaves. Tinha dois times de futebol o Vera Cruz e o Vila Nova então comecei a me entrosar com o pessoal do Vera Cruz, foi nessa época que eles queriam acabar o time de futebol e eu que era espírito de porco, avacalhei com a reunião. Não tem clube nenhum, vocês vão acabar o que? É só não jogar mais e pronto, não tem mais time. Foi então que surgiu a idéia de se criar o Clube Vera Cruz, formamos uma comissão, eu fiquei encarregado de elaborar os estatutos. Lavrei a Ata de fundação e depois o Dr. Claudionor Roriz que assumiu a presidência, meteu a cara e construímos a sede. Até hoje o Vera Cruz é o maior clube social de Ji Paraná e de Rondônia.
Zk – Voltando a suas origens?
Arlindo Xavier – Nasci na ilha de Cananéia o núcleo urbano mais antigo do Brasil, no dia 1º de novembro de 1926 quer dizer, vou fazer 88 anos de idade. Martim Afonso aportou em Cananéia em 1531 e fundou São Vicente em 1532. Quando ele chegou já existia o porto do famoso Bacharel que tinha um exército grande de índios e escravos. De lá saí pra São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rondônia.
Zk – Quando é que surge o jornalista, comunicador?
Arlindo Xavier – Desde quando estudava o segundo ano do curso Clássico em São Paulo onde fundamos um clube chamado “Centro de Oratória” que existe até hoje.
Zk – E em Ji Paraná?
Arlindo Xavier – Aqui comecei na hoje rádio Alvorada fazendo comentários no programa do Camata. Depois passei sete anos em Porto Velho e criei o programa “A Hora do Povo” que até hoje é apresentado na Rádio Rondônia do Odacir Soares. O nome foi tirado do MR8 que tinha um jornal com o nome “Hora do Povo” acrescentei apenas o “A”. Fui jornalista no Paraná, em Campo Grande onde criei o jornal “Panfleto” inspirado no Pasquim. Já em Rondônia trabalhei no jornal “Sete Dias” em Porto Velho do qual fui diretor. Quando vim para Ji Paraná passei a escrever artigos no jornal “A Palavra” do Samuel Garcia, Dionísio Xavier da Silveira – Dió e do Nelson Townes de Castro e em 1976 tentei criar o jornal “O Gy Paraná”, com “Gy” porque essa é a grafia oriunda dos indígenas.
Zk – Como foi o movimento para emancipar Ji Paraná, quem encabeçou?
Arlindo Xavier – Foi um movimento direto do governo do território que a época tinha como governador o Humberto da Silva Guedes. Como eu tinha feito a campanha do Odacir ele me encarregou de coletar assinaturas de eleitores para mudar o nome de Vila de Rondônia para Ji Paraná, alguns moradores entre eles eu, preferia que o nome permanecesse Vila de Rondônia, mas o governo e o pessoal da Arena resolveu colocar Ji Paraná em função do rio que banha a cidade. Quem sancionou a Lei criando o município foi o presidente Ernesto Geisel no dia 11 de outubro de 1977.
Zk – Quem foi o primeiro prefeito de Ji Paraná?
Arlindo Xavier – Depois que saiu o Clovis Arrais veio pra cá um engenheiro chamado Valdecir que não deu certo, aí mandaram o Walter Bártolo. Fui encarregado de fazer o discurso de saudação e disse: Finalmente mandaram um igual a nós pra cá, um sujeito que vai governar isso aqui sem frescura. Ele foi um ótimo administrador e quando a Vila passou a município foi o primeiro prefeito nomeado, depois dele veio o Nunoy, Canuto, Lamego. Em 1982 aconteceu a primeira eleição para prefeito e o Roberto Jotão Geraldo foi eleito.
Zk – Como foi a festa da emancipação?
Arlindo Xavier – Foi uma coisa apagada. Foi estritamente burocrática, não teve a participação do povo. Só depois de alguns anos, passamos a comemorar a data e assim mesmo comemoramos na data errada. Comemoramos no dia 22 de novembro quando a Lei de criação do município é de 11 de outubro. Não houve a instalação. A Lei que criou o município dizia o seguinte: O município será instalado com a posse da primeira câmara de vereadores, então não houve instalação, o município era apenas um apêndice do governo já que o prefeito era nomeado e prestava contas ao governo do Território.
Zk – Lembro que quando ainda era Vila de Rondônia vocês formavam uma confraria bastante sintonizada. Quem fazia parte dessa confraria?
Arlindo Xavier – O Walter Bártolo cantava, tocava violão e bebia, Claudionor Roriz que foi senador bebia muito, o Waldir Estrela, José de Abreu Bianco bebia demais, Nelcides da Casa Saudade, Luiz Defunto é claro que eu também tomava as minhas canas.
Zk – Quando instalaram a Comarca de Ji Paraná quem foi o primeiro Juiz de Direito?
Arlindo Xavier – Antes da eleição de 1982, criaram o fórum de Ji Paraná e transformaram em Comarca, o Juiz foi o Dr. Edmundo. Se você tiver interesse na história vou lhe contar a história dos cartórios em Ji Paraná!
Zk - Claro que temos interesse. Vamos lá?
Arlindo Xavier – Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Vila de Rondônia não tinha cartório. Pra gente reconhecer uma firma tinha que ir a Porto Velho aí o Nunoy que era vereador em 1976, me perguntou, “o que Vila de Rondônia precisa?” e eu numa ressaca dum porre que tinha tomado no aniversário do Bianco, falei pra ele, vocês são uns vereadores de merda! É um absurdo a gente ter que andar mais de 300 km para reconhecer uma firma, por que você não apresenta uma indicação ao Juiz de Porto Velho que pelo menos mande uma pessoa para reconhecer firma aqui em Ji Paraná! Resultado, ele pediu e eu totalmente embriago datilografei a indicação, um troço totalmente deselegante e ofensivo, mesmo assim, foi apresentada. O presidente da Câmara era o Zé Viana que colocou a indicação em votação e foi aprovada por unanimidade, o Juiz era um cidadão de sobrenome Figueiredo um jovem de seus 26/27 anos, quando recebeu aquilo, ficou puto, isso que está aí é mentira, a pessoa andar mais de 300 km para reconhecer uma firma é mentira, o escrivão me contou o episódio, o Juiz mandou a indicação para Brasília então criaram uma filial do cartório de Porto Velho. O primeiro cartorário andou fazendo umas besteiras e então nomearam o Bianco que foi o primeiro Tabelião da Vila de Rondônia.
Zk – Casado com quem e quantos filhos tiveram?
Arlindo Xavier – Completei 53 anos de casado com a dona Agostinha Xavier tivemos seis filhos, uma filha morreu em Campo Grande.
Zk – Sobre a Ji Paraná de hoje?
Arlindo Xavier – É um município de economia sólida, não tem tido prefeitos excepcionais, mas, tem tido prefeitos razoáveis, A cidade cresceu muito, hoje tem mais de 100 mil habitantes, é uma cidade mais ou menos estruturada, não tem favela, a miséria é administrável, como já disse, é a melhor cidade que encontrei pra viver.
Zk – Você já foi homenageado pelo município ou pelo estado?
Arlindo Xavier – Não! Houve tentativa de dois vereadores no sentido de me conceder o título de Cidadão Honorário de Ji Paraná e eu não aceitei por uma razão: Não preciso desse título, porque sou cidadão de Ji Paraná. Por quê? Porque quando nasci em Cananéia já era cidadão de Rondônia, porque nasci no Brasil. O Jesualdo quando era deputado estadual (hoje é prefeito de JI Paraná) também externou a possibilidade de apresentar moção me reconhecendo como cidadão rondoniense, agradeci a bondade dele, mas não aceitei também, acho que não fiz nada em Rondônia para merecer o Título de Cidadão Honorário do Estado.
Zk – Para encerrar. O que devemos fazer para chegar aos 88 anos assim em forma?
Arlindo Xavier – Em primeiro lugar não ter medo; segundo, não levar a vida muito a sério. Pra viver muito tempo tem ser meio largadão. Cheguei a Vila de Rondônia com 47 anos de idade, sem conhecer ninguém e sem dinheiro, é loucura. O corpo decaiu um pouco, porém a mente permanece intacta.
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