Domingo, 10 de dezembro de 2017 - 10h02
A conversa terminou porque a equipe da televisão avisou que a gravação iria começar e então desligamos o gravador e salvamos a conversa que você passa a acompanhar agora.
Binho – Minha infância foi no bairro do Cruzeiro, estudei no Murilo Braga no Nossa Senhora das Graças. Jogava bola no campo do cruzeirinho todo fim de tarde (onde até bem pouco tempo funcionava o Hotel Vila Rica), por ali mesmo aprendi a tocar violão, aprendi a cantar; tudo com os amigos. Naquela época não tinha escola de música, não tinha nada, aprendi olhando a mão dos outros. Os amigos que sabiam mais, sem muito paciência, passavam alguns acordes pra gente.
Binho – Quando fiz minha primeira música já tinha meus 18 anos de idade. Os festivais aconteciam lá no Flamengo aí resolvi inscrever com os amigos, uma música.
Binho – Acho que primeiro foi o músico, porque quando comecei a escrever eu já tocava algumas coisas bem básicas da música popular, não da MPB, to falando da música popular no geral, dos caras que faziam sucesso Fernando Mendes, José Augusto. Algumas bandas norte-americanas e inglesas. Sempre gostei do inglês. De tanto escutar na casa dos Johnson que era um lugar que eu freqüentava, dava minhas cacetadas. Aprendi tudo de ouvido. Acho que quem veio primeiro foi o cara que estava tentando aprender a tocar um instrumento
Binho – Não! O poeta surge de uma experiência colegial. Eu tinha alguns amigos que escreviam e me davam os poemas pra passar a limpo, porque eu tinha a letra bonita, aquela coisa da caligrafia. – Dá pro Binho escrever que fica bonito – Aí, de tanto escrever, passei a perceber que já arrumava o texto dos caras, fazia umas modificações umas correções e quando me toquei já estava praticamente refazendo o poema do cara. O que aconteceu? Disse se é para reescrever o poema dos meus amigos, posso até continuar reescrevendo, mas, vou passar a escrever as minhas. Comecei aquela coisa bem empírica, falando das coisas do dia-a-dia, das paixõezinhas, da questão da família, umas temáticas muito pessoal, depois comecei a olhar ao redor e veio essa coisa que alguns chamam de regionalismo, que é um nome que prefiro evitar. Acho que a gente faz tudo em nível universal, a nossa música não serve só pra cá, serve pro mundo inteiro. A gente esta aqui, assim como o cara está em São Paulo e não é regionalista. Tu vai dizer que o Arnaldo Antunes é regionalista, mais ele faz música em São Paulo, então ele faz numa região. Acho que a coisa do tema amazônico que comparece muito nas minhas letras, mas, não como regionalismo.
Zk – Você não é compositor de um ritmo, é de vários estilos?
Binho – Comecei fazendo umas baladas porque tinha muita influencia do rock in rol, depois comecei a descobrir os ritmos brasileiros de um modo geral. Me envolvi com a Bossa Nova, depois com a MPB e continuei com o rock, aliás, escuto rock a vida toda por isso considero uma escola forte na minha composição, embora ela não apareça de modo explícita, ela aparece de forma amenizada nos arranjos, nos vocais, na maneira de cantar.
Zk – E a parceria Binho e Bado?
Binho – Aí foi outra questão interessante, porque também foi num festival, acho que naquele festival da minha primeira música, porque daí o Sesc me chamou e chamou o Bado pra gente realizar uns trabalhos, eles tinha criado o Laboratório Musical Harmonia que tinha o Júlio Yriarte, o Zega, Serginho, o próprio Laio já estava la dentro e nós fomos chamados e então fizemos nosso primeiro show em parceria. A partir daí começamos a fazer música, foi uma época que produzimos bastante. Depois, cada um foi buscando seus caminhos.
Binho – Muitas! Porem estava acontecendo uma coisa que estava deixando a gente meio sem jeito, os caras começaram a achar que a gente era uma dupla caipira, assim “breganejo”, não era nem caipira. “Bado & Binho” e tal, queriam vender essa coisa. Pra gente não rolou, os amigos tiravam sarro. Temos música como Lavadeiras, Com Beira na Beira do Rio Madeira, Mana Manauara uma música que faz sucesso aqui e a moçada de Manaus toca também.
Zk – Tem um negócio que eu admiro em você. É a paixão pela brincadeira de Boi Bumbá?
Binho – O Boi Bumbá é uma coisa de bairro. No meu bairro tinha o terreiro do seu Januário que era um lugar onde dançavam vários Bois e toda vez que tinha apresentação eu ia pra lá. Depois consegui entrar no Boi porque eles iam dançar de casa em casa, paravam e aquela casa dava ali um gorozinho, uma comidinha pra rapaziada e o Boi dançava ali na frente, era realmente uma coisa popular, hoje, acho que encurralou demais, o Boi ficou mais escola de samba. Naquela época a garotada saia correndo atrás do Boi na rua. Na matança era aquela festa, todo mundo ia esconder o Boi, todo mundo queria a língua do Boi, os vaqueiros com aquelas roupas que no olhar dos meninos, parecia uma coisa super elegante, os penachos, que na época eram de penas verdadeiras, nosso conceito ecológico era muito frágil.
Binho – Não sou mais pro reitor, hoje sou apenas professor. Trabalho na área de literatura mais especificamente com o curso de Letras na área da poesia contemporânea e na área da crítica literária que é aonde eu atua melhor, sinto que dar mais resultado, até por essa minha pesquisa constante da poesia brasileira e de outros países, mais essa poesia de agora da década de 1980 pra cá, que é minha meta de estudo e de trabalho.
Binho – Acho que as bandas de garagem aconteceram no Brasil inteiro. Aquelas bandas que a gente montava pra fazer as festinhas com os amigos, pra trazer as namoradinhas, ou as futuras namoradinhas, era um local de paquera, tinha aquele charme e então tirávamos os repertórios das baladinhas The Feveres, Renato e Seus Blues Caps. algumas das bandas internacionais que faziam sucesso. A garagem era ponto de encontro de quase todo dia, porque aconteciam os pseudos ensaios, na verdade a gente só se divertia.
Binho – Barzinho nunca foi o meu forte, primeiro que meu repertório de música popular não era exatamente o que o bar queria. Os bares sempre tiveram essa tendência de optar por uma música de consumo, essa coisa que toca na rádio e o cara vai pro bar escutar o que ele já escutou em casa. Começou a surgir alguns bares como o “Casa da Gente”, que foi o primeiro bar especificamente de MPB que era do Júlio de Carvalho e tinha o sócio dele o Nilsola e ali a gente podia tocar o que queria. Na realidade eu gostava mesmo era de fazer show em palco, esse negócio de atender pedido, daqueles recadinhos no guardanapo eu ficava meio agoniado, porque eu não tocava tudo que pediam;
Binho – Sou casado com a Carla que também é professora universitária, tenho uma filha a Clara Luz. Sou um cara comum, to aí na cidade vivendo o que é possível viver.
Binho – Natal é o momento das famílias se reunirem pra festejar as vitórias do ano, pra renovar os sentimentos, pra se ver, pra comer um bocado, engordar um pouco, encher a cara às vezes pra quem gosta de beber. Natal é um momento que a gente tem que valorizar. É uma coisa que nos interliga com um passado de vida. Geralmente no Natal, você lembra-se dos outros natais.
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