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Silvio Santos

Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi?


HISTÓRIAS DO NOSSO CARNAVAL  - Por Sílvio Santos
Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi?

Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi? - Gente de Opinião
Eliezer Santos popularmente conhecido como Bola Sete, chegou a Porto Velho como Soldado da Borracha, justamente no mês de setembro de 1943, ano e mês em que o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto de criação do Território Federal do Guaporé.

Como Soldado da Borracha, Eliezer deveria, ao desembarcar no porto de Porto Velho, seguir para algum seringal, porém por se destacar entre seus companheiros, pois sabia ler e escrever, foi contratado para trabalhar no Hospital São José pelo governo territorial.

Seu único filho Jorge Bola nos forneceu uma breve biografia: Eliezer Santos conhecido como Bola Sete, nasceu no dia 11 de agosto de 1923, no município de Itororó no estado da Bahia. Chegou em Porto Velho em setembro de 1943 como soldado da Borracha, trabalhou no Hospital São José/ foi jardineiro na praça Mal. Rondon Vendedor de bom bom boxer e lutador de Luta Livre/ criou a primeira academia de box e luta livre do Território do Guaporé e foi o primeiro cambista da cidade, como seus amigos gostavam de chama-lo porque vendia bilhete da Loteria Federal e escrevia Jogo do Bicho. Precursor dos primeiros movimentos carnavalescos além de ser criador do Movimento das Pastorinhas/ juntamente com amigos fundou a escola de samba "Deixa Falar" em 1946, a primeira escola de samba de Porto Velho e em conseqüência do Território do Guaporé; é considerado como um dos fundadores da escola de samba "Os Diplomatas do Samba" a escola do seu coração.

Bola Sete faleceu no hospital Prontocor aos 33 minutos do dia 13 de dezembro de 1985, no momento de seu passamento estavam no quarto os carnavalescos. Silvio Santos, Babá (Bola deu último suspiro nos braços do Babá), Manelão além do Dr. José Augusto

O Vendedor de Ilusão
Bola Sete se tornou conhecido de praticamente toda a população de Porto Velho, quando passou a vender bom bom (bala) na porta do Cine Teatro Resk e Bilhete da Loteria Federal pelas ruas da cidade. Seus amigos, por essa atividade o chamavam de cambista, pois além dos bilhetes da Federal ele também escrevia Jogo do Bicho. Na porta do Cine Resk principalmente aos domingos, quando o filme em cartaz era passado em duas sessões, uma que iniciava às 19 horas e a segunda às 21 horas, dificilmente alguém entrava no cinema, sem comprar algum bom bom no carrinho do Bola Sete. De dia com sua pasta ele percorria as principais repartições públicas e os escritórios dos empresários, oferecendo bilhete da Loteria Federal além de instiga-los a dar um palpite no Jogo do Bicho.

Por algum tempo, Bola Sete trabalhou como jardineiro na praça Marechal Rondon, isso foi logo que ele chegou na cidade.

Sempre ativo, malandro, no bom sentido da palavra, Bola Sete era um dos lideres da famosa Vila Confusão e foi lá que juntamente com alguns amigos criou a primeira escola de samba de Porto Velho a "Deixa Falar", A respeito da criação dessa escola de samba o Severino que este ano vai ser homenageado pelo Bloco Rio Kaiary conta o seguinte:

Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi? - Gente de Opinião
Deixa Falar a primeira escola de samba
"Eu estava servindo na terceira Cia de Fronteira em 1946. Era eu Antônio Leiteiro e outros que trabalhávamos no rancho, cortamos sacos de sarrapilha no fundo e do lado e fizemos a fantasia. Nascia ali a escola de samba "Deixa Falar". O comandante ficou olhando. Tinha também o Alípio irmão do Bainha, o Preguinho apelido do Walter Bartolo, Jaime, Antônio Campo que era irmão do Cabeleira e o Inácio Campo pai; O Bola Sete era um dos baluartes e ainda tinha o Antônio Coxó e eu com a Cobra. Quem deve ter esse retrato, é a Rosilda mãe do Buchada porque o baiano marido dela o "Caveira de Cachorro" Avelino Santana" também fazia parte desse grupo", Conta Severino. Alexandre da Silva.

História protagonizadas pelo Bola Sete: Bola Sete gostava de pregar peças em seu amigos, principalmente na turma que militava na escola de samba Diplomatas.

A Cobra Jibóia – Bola gostava de criar cobra jibóia em seu quarto que ficava na rua General Osório onde hoje é o Hotel Iara. Certa vez ele convidou, Cabeleira, Bainha, Leônidas, Pelado e outros sambistas para uma panejada. O panelão com tripa fina, tripa grossa, livro, bucho, mocotó e todos os temperos próprios de uma "panelada" foi colocado no terreiro em frente ao apartamento do Bola, e a turma ficou bebendo cachaça Cocal dentro do quarto. Bola Sete avisou que ia tomar um banho e que a turma podia ficar a vontade. Bom! a algazarra tomou conta do ambientem Bainha cantando samba enquanto os demais acompanhavam na palma da mão colher e outros instrumentos. de repente o cabeleira avisou que a tábua do assoalho estava se mexendo. "Olha Bainha, essa tábua está se mexendo"; Quando o Bainha olhou a "bichona" botou o lombo de fora. O grito que o Leonidas deu foi escutado no Mocambo e com o grito a confusão, já que todos queriam passar pela única porta existente no quarto de uma só vez. Bola Sete ao ouvir a gritaria correu pra ver o que estava acontecendo e só deu pra ver a turma na maior carreira subindo a Sete de Setembro e o Bola Atrás: A penelada tá pronta, a panelada tá pronta....

A vingança foi no necrotério
A turma não conformada com o susto, da Cobra do Bola Sete, armou uma pro negão. Todos sabiam que o Bola Sete tinha pavor de defunto, velório ele até que ia, mas ficava no terreiro, jamais ia olhar o defunto no caixão. Convidaram o Bola para uma roda de samba regada a cachaça Cocal. Tudo foi armado para acontecer a noite, o samba comendo no centro e a turma empurrando birita no Bola Sete. "Vamos nessa, fundo branco pra todo mundo". Só que no copo da turma o que existia era água, apenas o Bola bebia cachaça, do meio pro fim, disseram que a "cana" tinha acabado e passaram a servir vinho "Sangue de Boi", colocaram uma mulata sambista dos Diplomatas na roda e o Bola todo "enxerido" foi pro meio do terreiro sambar, a cada rebolada da morena, era servido mais um copo de vinho, por volta das duas horas da madrugada o "negão" capotou. Na realidade ele entrou em como alcoólica, foi então que a segunda parte da vingança foi colocada em ação. Colocaram o Bola num carro e foram até o Necrotério que ficava ao lado do Hospital São José de frente para o cemitério dos inocentes e o deitaram na "PEDRA’ onde já estava um defunto (de verdade). Bola Sete dormia e roncava, quando por volta das seis da manhã se acordou, viu seu corpo arrudiado de velas, esfregou o olho, olhou o teto daquela casa esquisita e quando olhou pro lado viu o defunto (de verdade) bem ali, colado no seu corpo. Bola deu um pulo da pedra e desceu a ladeira no rumo Mocambo, a turma que estava na espreita, saiu gritando atrás, "Vem cá, vem cá, com voz de terror"

Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi? - Gente de Opinião
Luta Kid Biachi X Bola Sete

Como vimos na biografia inserida nessa página Bola Sete também foi lutador de boxe e luta livre, certa vez chegou por aqui um vendedor, chamado Kid Biachi que também era exímio lutador de luta livre, Biachi parece que não estava se dando bem em suas vendas e procurou o Bola Sete para fazer uma luta cujo único objetivo era arrecadar algum, afinal de contas o italiano estava meio por baixo de "grana". O combinado era que ninguém iria bater pra valer, seria, como se diz na gíria dos lutadores "marmelada" só que o povo não precisava ficar sabendo. Tudo combinado, alugaram o Cine Lacerda que naquele tempo não tinha nem cobertura, foram com o Humberto Amorim, que passou a divulgar a grande luta, no serviço de Alto Falante "A Voz da Cidade". No dia da luta a fila para comprar ingresso, dobrava a Gonçalves Dias o Cine Lacerda ficou super lotado. Bola Sete convidou para ser seu "Segundo" o Inácio Campos" pai do cabeleira que era massagista. Primeiro, segundo, terceiro Ronde tudo bem. No quinto assalto o Bola Sete não aguentando ficar só naquele de faz de conta, acertou um direto no queixo do Kid Biachi, foi o suficiente para o lutador italiano se aborrecer. Vale lembrar que o Biachi era lutador profissional com um cartel de lutas internacionais e que naquele dia estava apenas cumprindo o que havia combinado, ou seja, não bater pra valer. Quando O Bola lhe acertou o direto pra valer, ele ficou meio grogue e ao se recuperar da surpresa e da "porrada" segura, partiu pra cima do adversário como um leão partindo pra cima da caça. Bola Sete mal conseguia ficar em pé de tanta sopapo. Foi então que o Inácio Campos com pena do seu pupilo jogou a toalha no ringue, para provocar a paralisação da luta. Bola Sete caído no ringue e o juiz contando, já estava quase no DEZ quando Bola de joelhos pegou a toalha, jogou para fora do ringue e levantou atacando o Kid Biachi, foi uma verdadeiro "suicídio". Kid Biachi não perdoou seu adversário que insistia em ficar de pé, resultado Bola Sete agüentou até o décimo assalto, mas saiu do Lacerda direto pro Pronto Socorro que era ali pertinho, em frente ao Hospital São José. A turma foi questionar o Kid Biachi ele apenas respondeu, ele foi quem não cumpriu o trato.

As histórias do Bola Sete são muitas. Nosso "vendedor de sonhos", merece todas as homenagens, por isso, enaltecemos o empresário Chagas Neto por ter construído a praça no Bola Sete no Conjunto 4 de Janeiro e ao prefeito Roberto Sobrinho por ter recuperado e transformado a praça no ponto de encontro das famílias do Conjunto 4 de Janeiro.

Bola Sete – Ou Eliezer Santos quem foi? - Gente de Opinião

MARCHA PARA O BOLA-SETE
Marcha-Carnavalesca – Ernesto Melo, DEZ/1985.

Com serpentina, pó de arroz
E confete,
Os diplomatas choram
Pelo Bola Sete. Neste carnaval
Eu vou ficar na minha
Não vai ter igual
O repique do Durval
E a chama do Mãozinha; Com serpentina, ...
Teu vermelho e branco
Que o carnaval engalana
Filho de Iansã,
Canta Urucumacuã
Mas já cantou com Veriana;
Com serpentina, ...
Dia 13 de dezembro
Aos trinta e três minutos
A cidade inteira ficou
Toda coberta de luto;
Com serpentina, ...

   zekatraca@diariodaamazonia.com.br

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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