Segunda-feira, 21 de maio de 2018 - 21h43
‘Queremos também estimular as empresas da região a apoiarem projetos culturais, identificamos que há um potencial de uso não utilizado. Muitas empresas não conhecem, não sabem, não têm experiência, acham que é bicho de sete cabeças e na verdade não é’
‘Eu sabia que meu amigo Zekatraca ia fazer essa pergunta! Ele vai ter a resposta da maneira como sempre gostou de ter! Há 20 anos, ainda como deputado estadual, apresentei uma Lei de Incentivo a Cultura na Assembléia Legislativa que foi aprovada...’
Conversa com o Ministro da Cultura e com o governador Daniel Pereira
Na
última sexta feira 18, o Ministro da Cultura Sergio Sá Leitão veio a
Porto Velho abrir o Seminário “Circuito #culturagerafuturo” e durante
entrevista coletiva, no hall de entrada do Teatro Guaporé, aproveitamos e
fizemos alguns questionamentos, exemplo: Por que o MinC parou com o
Programa Cultura Viva (Pontos de Cultura). Aproveitamos também, a
presença do governador de Rondônia Daniel Pereira e perguntamos: Quando o
governo pretende sancionar a nossa Lei de Incentivo a Cultura que há
alguns anos foi aprovada pelos deputados estaduais. Por que até hoje, o
governo do estado não depositou nenhum tostão na conta do Fundo de
Cultura, aprovado e sancionado?
Após a entrevista, Sá Leitão
falou por aproximadamente duas horas, sobre as Leis Rouanet, do
Audiovisual e outros mecanismos de fomento administrados pelo MinC.
Da
coletiva participaram praticamente repórteres de todos os canais e
Televisão e alguns sites, porém, só quem fez perguntas foi à repórter da
TV Rondônia Maríndia Moura e este colunista que estava representando o
Diário da Amazônia.
E N T R E V I S T A
Maríndia - O senhor veio trazer que boas notícias pra cultura do estado?
Ministro da Cultura
– O objetivo deste Seminário é compartilhar informações para que
possamos ter mais projetos apresentados aqui no estado, aos mecanismos
de fomento à cultura, que temos em nível federal, não só a Lei Rouanet,
mas, Lei do Audiovisual, Fundo Setorial de Audiovisual, Edital de
Culturas Populares e outros mecanismos. O objetivo realmente é aumentar o
investimento que fazemos, aqui em Porto Velho e em todo o estado de
Rondônia. Recentemente introduzimos uma nova regulamentação da Lei
Rouanet que desburocratizou muito o mecanismo. Agora está muito mais
fácil acessar a Lei Rouanet. Queremos também estimular as empresas da
região a apoiarem projetos culturais locais, identificamos que há um
potencial de uso não utilizado. Muitas empresas não conhecem, não sabem,
não têm experiência, acham que é bicho de sete cabeças e na verdade não
é, ou pelo menos deixou de ser. É muito mais simples, tanto para quem
apresenta projetos, como para quem patrocina. Queremos realmente
sensibilizar as empresas da região para que se utilizem mais da Lei
Rouanet para patrocinar projetos culturais locais.
Maríndia – Governador, é boa essa oportunidade para o estado?
Daniel Pereira
– Com certeza! Quero aproveitar a oportunidade, para agradecer a
presença do Ministro Sá Leitão aqui no estado de Rondônia e a deputada
Marinha Raupp que foi a grande articuladora para que ele viesse. Creio
que seja muito oportuna a presença do Ministro aqui até pra que a gente
tenha um diálogo diferente com os empresários, que infelizmente, devido a
uma série de ocorrências num passado não muito distante, até mesmo os
empresários que poderiam contribuir, ficam receosos de fazê-lo. Eles
preferem fazer a declaração de Imposto de Renda e recolher normal para a
União, pra não se envolver em problemas. Acredito que com a presença do
Ministro aqui, isso vai nos criar condições para um novo diálogo com os
nossos empresários. Estimular o povo da cultura para que possa
apresentar os projetos e isso vai ajudar também na área do esporte,
porque o mesmo tratamento que se dá a captação de recursos para a
cultura se dar também para o esporte.
Zk – Governador, sabemos
que a Lei Rouanet é muito boa e tal, mas, é federal. Quando o estado de
Rondônia vai ter sua Lei de Incentivo à Cultura?
Daniel Pereira
– Eu sabia que meu amigo Zekatraca ia fazer essa pergunta! Ele vai ter a
resposta da maneira como sempre gostou de ter! Há 20 anos, ainda como
deputado estadual, apresentei uma Lei de Incentivo a Cultura na
Assembléia Legislativa que foi aprovada, o governador da época vetou e
nós deputados derrubamos o veto e ela nunca foi regularizada, então
Silvio, to convidando você e toda sociedade cultural de Rondônia que a
gente debruce em cima de uma proposta que seja exeqüível, que o estado
de Rondônia tenha condições de fazê-la.
Zk – Fomos o primeiro
estado a aderir ao Sistema Nacional de Cultura, criou-se o Conselho e o
Fundo de Cultura porém, até hoje o governo não depositou nenhum tostão
no Funcultura. Por quê?
Daniel Pereira – Acredito que essas
situações que você acaba de me trazer, uma complementa a outra! Vamos
sentar e você está nomeado sem remuneração evidentemente, pra nos ajudar
buscar solução pra isso. Qualquer sugestão sua está antecipadamente
acatada.
Zk – Para o ministro. Em vários Seminários que
participamos, sempre ouvimos dos colegas da região Amazônica a cobrança
do Custo Amazônico. Acontece que fica difícil para nós produtores
culturais da Amazônia, participar dos editais do MinC, porque os
recursos desses Editais em se tratando da nossa região, são poucos. As
nossas distâncias, torna a produção muito cara?
Ministro –
Aonde eu vou às pessoas dizem que ali o custo é mais alto. Na verdade,
nós não temos quando fazemos um Edital, como dar um Prêmio de valor mais
alto para um estado do que pra outro, isso poderia ser visto como
injustiça. Temos aberto hoje, o Edital de Culturas Populares, alocamos o
maior valor que esse Prêmio já teve que é R$ 10 Milhões. Serão 500
projetos beneficiados, CEM por região, criamos aí uma regra nova, uma
distribuição equânime entre as regiões, queria aproveitar a oportunidade
pra convidar os Mestres e Mestras, Grupos, Entidades e Associações de
Rondônia a se inscreverem nesse Edital. A idéia é que possamos
reconhecer, valorizar e estimular financeiramente aquelas pessoas que
mantêm viva as tradições culturais do Brasil, que estão no DNA da
sociedade brasileira, são ativos no município, estado e no país e
precisam ser valorizadas e apoiadas.
Zk – O grande programa do
Ministério da Cultura durante algum tempo foram os Pontos de Cultura. O
que está acontecendo que o MinC parou com o Programa?
Ministro
– Na verdade não está parado. O que houve, foi que por força de algumas
decisões, na minha visão, equivocadas, que foram tomadas no passado. Ao
modo como o Programa foi construído se acumularam uma série de
problemas que levaram quase a sua inviabilidade. Quando entrei no
Ministério tinha uma recomendação do TCU para acabar com o Programa e eu
disse: Não podemos acabar, é um Programa muito importante, que tem uma
função, é um Programa de micro fomento, que apóia expressões artísticas
fundamentais que nunca antes receberam apoio do poder público.
Zk – E o que o Ministério fez?
Ministro –
Reformulamos o Programa também para atender as exigências e demandas do
TCU, mudamos a modalidade, agora não é mais Convenio, é Prêmio,
exatamente como fazemos com o Cultura Populares. Estamos repactuando os
Convênios existentes com estados e municípios, foi o que decidimos
priorizar, temos mais de 30 Convênios ativos, com recursos em conta, que
estavam paralisados por conta dos problemas. Assim que terminarmos de
repactuar esses Convênios existentes, vamos abrir para novas inscrições e
o programa voltará a funcionar normalmente.
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