Domingo, 2 de dezembro de 2012 - 06h08
Tem uma frase que diz: Quando tem que ser, será. Assim acontece com a história do Dalton Di Franco que nasceu Enéas Rômulo em um seringal de Ariquemes e que depois de “ralar” muito, “Fui engraxate, lavador de carro, vendedor de saco, vendi sanduiche naqueles tabuleiros, vendi pão e empurrei cadeira de aleijado ajudando meus pais a criar meus 11 irmãos”, terminou de ser eleito vice-prefeito de Porto Velho numa parceria com o Dr. Mauro Nazif. Dalton foi vereador e deputado estadual, na época foi considerado a grande revelação da política de Rondônia se transformando na grande esperança da população de Porto Velho. De repente abandona a política, “Fui estudar porque até então só tinha o 2º grau”. Sua volta ao mundo politico aconteceu este ano quando, foi convidado pelo senador Acir Gurgacz a ser candidato a prefeito pelo PDT. No final terminou formando parceria com o Dr. Mauro Nazif saindo candidato a vice na coligação “A Hora é Agora” e o resultado, é que no próximo dia 14, Danton Di Franco será diplomado vice-prefeito de Porto Velho.
E N T R E V I S T A
Zk – Você nasceu aonde e qual seu nome de batismo?
Dalton Di Franco – Meu nome de batismo é Enéas Rômulo de Araújo, nasci no seringal Recreio que fazia parte da área do Distrito de Ariquemes no município de Porto Velho, em 1960.
Zk – Isso quer dizer que você foi registrado como se fosse nascido no município de Porto Velho?
Dalton Di Franco – Exatamente! Naquela ocasião Rondônia era Território Federal e tinha apenas dois municípios, Porto Velho pegando daqui até Vilhena e Guajará Mirim que era até o Vale do Guaporé.
Zk – Seus pais faziam o que?
Dalton Di Franco – Meu pai era seringueiro e minha mãe doméstica. Sou o mais velho de uma família de 12 irmãos.
Zk – E sua formação escolar como foi?
Dalton Di Franco – Fiz a alfabetização na Mineração Jacundá cuja estação de trabalho funcionava perto de Itapuã D’Oeste. Quanto completei 10 anos de idade meu pai mudou pra cá pra Porto Velho com a família e aqui estudei na Escola Carlos Costa (já extinta), no colégio Kennedy, João XXIII, colégio Rio Branco, fiz Administração na Uniron e estou concluindo direito na Ulbra.
Zk – Como foi a sua infância?
Dalton Di Franco – Aliás, não tive infância, por necessidade, aos 10 anos tive que começar a trabalhar: fui engraxate, lavador de carro, vendedor de saco, vendi sanduiche naqueles tabuleiros, vendi pão, empurrei cadeira de aleijado, tudo isso para conseguir alguma coisa para ajudar meus pais a sustentar meus irmãos.
Zk – Qual o nome do seu pai e da sua mãe?
Dalton Di Franco – Enéas Rômulo de Melo que hoje é nome de uma rua lá na Zona Leste, ele veio pra Rondônia em 1922. Nascido em Corumbá Mato Gross serviu o exército em Óbidos (PA). Em 1922 teve um levante no exército e por conta disso, os militares que se rebelaram, ou foram presos ou fugiram e ele foi um dos que fugiram.
Zk – Então ele fazia parte do regimento do Aluizio Ferreira?
Dalton Di Franco – Não sei bem se ele fazia parte do mesmo pelotão, mas foi na mesma ocasião, quando o Aluizio Ferreira também se refugiou no Vale do Guaporé, que meu pai veio pra cá. Naquela ocasião o ouro do mundo era a borracha.
Zk – Por que seu pai não voltou para o exército após ser anistiado?
Dalton Di Franco – Meu pai se embrenhou no seringal e quando houve a anistia ele não quis voltar, porque achava que era melhor continuar na vida que estava vivendo. Aluizio Ferreira retornou e se tornou o primeiro governador de Rondônia em 1943.
Zk – E sua mãe?
Dalton Di Franco – Minha mãe é uma beradeira, dona Nazaré Araújo nasceu no Lago do Cuniã. Ela é uma mulher muito sofrida, ela e o irmão Raimundo perderam os pais quando novos e foram criados por parentes. Tenho sangue de índio na minha genética, pois os meus avós eram índios lá no Ceará que vieram pra cá na época do primeiro ciclo da borracha, também tenho sangue de alemão por parte do meu pai já que meu avô era alemão, minha avó por parte de pai era paraguaia aí nasci com essa cara de índio.
Zk – E o Dalton Di Franco como surgiu?
Dalton Di Franco – Em 1978 já tinha trabalhado em várias empresas e fui trabalhar na rádio Eldorado que era do Mário Calixto inaugurada no dia 13 de setembro de 1978, fui um dos seus fundadores. Naquela ocasião eu usava o nome Rômulo Araújo mesmo. Enfim, era um repórter policial como qualquer outro.
Zk – Aí surge o Dalton Di Franco?
Dalton Di Franco – Foi o seguinte: Procurei a rádio Caiari e o Ivan Gonzaga que era o diretor na época me disse, “Olha, posso até arranjar um emprego pra você, mas, vamos criar um nome artístico”. Que nome artístico é esse? “Você vai se apresentar com um nome fictício pseudônimo”, Fui pra casa e comecei a pensar, então rabisquei três nomes: Paulo Ronaldo, Ricardo Franco e Dalton Di Franco.
Zk – E o critério para escolher o Dalton?
Dalton Di Franco – Fui pesquisar esses nomes e descobri que Paulo Ronaldo era o nome de um radialista em Belém do Pará então risquei, depois descobri no mapa de Rondônia que na região do Cone Sul tem uma localidade chamada Ricardo Franco que foi um dos pioneiros na época do Rondon então eliminei também, ficou o Dalton Di Franco que posteriormente eu o adotei. Hoje meu nome no registro é Enéas Romulo Dalton Di Franco de Araújo.
Zk – E a voz do Dalton Di Franco?
Dalton Di Franco – O Luiz Rivoiro era o diretor da rádio Caiari por ocasião daquele momento que Rondônia estava passando a condição de estado e como grande conhecedor de rádio trouxe uma grande leva de profissionais de fora, muita gente boa do rádio de São Paulo e eu fui um dos que ele aproveitou aqui de Porto Velho. Ele dizia o seguinte: “Um grande profissional precisa ter um nome, uma voz e uma música”. Em consequência dessa orientação, criei esse estilo de voz como uma maneira de marcar.
Zk – Você se inspirou em alguém para criar o timbre da voz?
Dalton Di Franco – Não! A única referencia que tive naquela ocasião foi a do Gil Gomes. Só que o Gil Gomes usa o falcete de voz é diferente do meu, eu uso a impostação, mudo de tom.
Zk – Nesse tempo todo apresentando programa policial, tem algum fato que pode ser considerado como pitoresco?
Dalton Di Franco – Temos vários exemplos. Certa ocasião chegou à rádio Caiari uma senhora muito “braba”, querendo falar com o diretor. Ela dizia, “olha, sou dona de um bar e o Dalton Di Franco foi ontem lá, comeu, bebeu e não pagou”. “A senhora tem certeza que foi o Dalton?” – “Tenho, ele falou que era o Dalton” – “Como era esse homem que senhora diz que é o Dalton”. Ela descreveu uma pessoa totalmente deferente e por fim, ele me chamou sem eu saber o que estava acontecendo e a mulher nem mesmo falou comigo, quanto mais reconhecer na minha pessoa aquele que lhe deu o “trambique”. Fui acariado sem saber.
Zk – Um fato triste?
Dalton Di Franco – Lembro que certa ocasião uma senhora muito humilde me procurou na rádio pra contar que os filhos dela meninos de 7 e 8 anos, saíram da escola sem avisar e foram tomar banho no igarapé Bate Estaca no Sentido Santo Antônio e morreram afogados. Os meninos que viram, ficaram com medo e se calaram e a mulher procurando pelos filhos sem saber o que tinha acontecido. Eu noticiei e depois se descobriu o que tinha acontecido e nós forçamos o Corpo de Bombeiros a ir lá procurar os corpos. Foi muito emocionante. Durante a campanha deste ano ela me encontrou e me fez relembrar o episódio.
Zk – E o Dalton na política aconteceu quando?
Dalton Di Franco – Entrei para a política em 1988, já estava no rádio há muito tempo fazendo sucesso, tinha um nome e em 1988 sai candidato a vereador naquela ocasião fui o único que não teve horário eleitoral seja no rádio ou na televisão e nem teve palanque, foi só na visita de amigos e fui o segundo mais votado, quem ganhou de mim foi a Marlene Capeta. Fiquei na câmara por dois anos, fiz um bom trabalho o prefeito era o Chiquilito que me ajudou muito e então fui indicado para ser candidato a deputado estadual e fui o 6º mais votado.
Zk – Com toda essa aceitação, por que você abandou a carreira política naquela época?
Dalton Di Franco – Acontece que não fui político por uma determinação, eu diria assim, Deus quis que eu fosse não diria por acaso, porque fiz um bom trabalho tanto como vereador como deputado, mas, não tinha a intenção de ser político. Quando acabou meu mandato eu tinha outras coisas pra fazer. Fui estudar porque até então só tinha o 2º grau (agora é ensino médio), ingressei na faculdade fiz Administração de Empresa fiz pós-graduação me tornei professor universitário e há algum tempo iniciei o curso de direito na Ulbra, tô pra me formar.
Zk – O candidato, primeiro a prefeito e depois vice-prefeito?
Dalton Di Franco – Na verdade nesse ano de 2012 tinha a pretensão de me aposentar. Meus filhos se reuniram e falaram: “Pai é salário, se for a gente paga pro senhor ficar em casa”. Quando terminou 2011 caminhava nessa direção, em dezembro estava realizando palestra sobre drogas nas escolas e numa palestra no colégio 21 abril, convidei o senador Acir Gurgacz para participar, ele veio e ficou admirado com a maneira como as pessoas me recebiam.
Zk – E então?
Dalton Di Franco – Então ele fez a seguinte pergunta: “Você quer ser o nosso candidato a prefeito?” Respondi senador não tenho condição, não tenho nome, não tenho dinheiro e não tenho partido. “Você não é do PDT?” Sou mais o PDT tem outros nomes. “Não, você hoje é uma pessoa muito querida, as pessoas não me procuram, procuram você pra tirar foto, pedir autografo”. Aí a semente começou a semear e de repente me tornei o candidato do PDT a prefeito.
Zk – E a aliança com o Dr. Mauro?
Dalton Di Franco – Por uma circunstância, não conseguimos formar uma nominata completa de vereadores, nosso tempo de televisão era muito pequeno e ficamos numa situação muito difícil, poderíamos ter topado. Teria dado errado imagino eu. Mas, Deus sempre tem um plano. O Mauro tinha o mesmo projeto que o meu, ser prefeito de Porto Velho e ele nos procurou no último dia e nos convidou a fazer parte do projeto dele. Fizemos uma composição, elegemos um vereador que é o Cabo Anjo e eu me tornei vice-prefeito de Porto Velho. Acredito que tudo isso não foi por acaso, foi Deus que direcionou de maneira tal que caminhou tudo certo.
Zk – Na estrutura da administração do Dr. Mauro você será apenas o vice ou vai assumir alguma secretaria?
Dalton Di Franco – O Dr. Mauro tem dito em suas entrevistas que o vice dele vai ser como se fosse o prefeito e eu estou com essa disposição. Não quero ser o maior e nem serei o menor, serei alguém que sempre vai estar ao lado do prefeito pra resolver os problemas da comunidade. Devo esclarecer que essa eleição não foi só o Dalton e o Mauro que ganharam, foi um grupo de pessoas que clamaram por mudança, então vamos discutir com esses companheiros aquilo que é melhor para a nossa cidade e sua população.
Zk – Para encerrar?
Dalton Di Franco – Desejo um Feliz Natal para todos os porto-velhenses e que essa expectativa de esperança de mudança possa ser concretizada a partir de 1º de janeiro e por todos os dias do Ano Novo!
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