Silvio M. Santos
Na festa de inauguração a população vai poder prestigiar o cantor Bado e alguns músicos regionais
No próximo domingo 18, o prefeito de Porto Velho inaugura a reforma do Mercado Central, prédio que fica no quadrilátero formado pelas ruas Percival Farquar, Euclídes da Cunha, Henrique de Dias e Renato Medeiros. De acordo com material distribuído pela assessoria de comunicação da prefeitura, o empreendimento contou com os investimentos de cerca de um milhão e oitocentos mil reais.
Os 79 boxes distribuídos entre bancas de frutas e verduras, açougue, peixaria, lanchonetes e restaurantes vão funcionar a partir deste domingo, 18, das 06 da manhã até as cinco da tarde. “O prefeito Roberto Sobrinho entrega neste domingo à população, o maior e mais confortável mercado da capital”.
Vamos lembrar de como uma feira que funcionava apenas no final de semana se transformou no principal Mercado da cidade de Porto Velho
A Feira Livre
Os agricultores do baixo Madeira e as “banqueiras” que serviam refeições vendiam mingau e outras iguarias típicas da região Amazônica montavam suas bancas na Feira Livre que funcionava em frente ao Mercado Público Municipal (hoje Mercado Cultural) pela rua José do Patrocínio, ainda não existia nem o Palácio Presidente Vargas e nem a Praça Getúlio Vargas. Com a inauguração do Palácio em 1952 a feira foi transferida para o espaço que ficava entre o Clube Internacional (hoje Ferroviário) e a rua Farquar bem em frente ao prédio do Serviço de Água Luz e Força do Território Federal do Guaporé – Salft no espaço onde hoje funciona a sede da Eletrobras/Ceron e em frente ao prédio sede da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (Relógio). Bom, essa feira funcionou até a inauguração do galpão definitivo da Feira Livre de Porto Velho cuja construção aconteceu entre os anos de 1955 e 1956. O galpão foi construído no espaço entre as ruas Farquar, Euclides da Cunha (naquele tempo não tinha esse nome e nem era considerada rua), Henrique Dias e a hoje travessa Renato Medeiros (que também não tinha nome na época). O Galpão quadrado ocupava todo o espaço, só que a parte central não era coberta e era onde ficava um chafariz que abastecia de água os feirantes.
A Feira funcionava de quinta feira ao meio dia de sábado. Quinta feira chegava do Teotônio o Trem da Feira, que estacionava num ramal da Ferrovia nas proximidades da Avenida Farquar e a Lancha do Beiradão do Serviço de Navegação do Madeira (SNM) que trazia os produtos produzidos pelos agricultores que moravam entre São Carlos e Porto Velho. De 15 em 15 dia chegava à lancha do Machado com produtos dos agricultores que moravam em Tabajara, Cachoeira 2 de Novembro e Calama, na realidade com produtos da “Seregipa”. Quando a feira passou a funcionar nesse galpão, comerciantes de Porto Velho também se instalaram e então quando a feira fechava ao meio dia de sábado, esses comerciantes enlonavam seus produtos (sacos de farinha, feijão, arroz etc.) até a quinta feira seguinte, enquanto os colonos que moravam ao longo da Estrada de Ferro embaraçavam no trem da feira de volta para suas colônias e os chamados “Beradeiros” embarcavam na lancha do beiradão retornando às suas localidades.
Na Avenida Farquar, no perímetro da Sete de Setembro até a hoje Travessa Renato Medeiros, existia uma vila de casas (ali vivi minha infância e adolescência), cujos proprietários mantinham comercio de venda de cereais e bebida alcoólica e as famosas “pensões” (se fosse hoje seriam restaurantes) que serviam comida.
Durante aproximadamente dez anos, esse galpão funcionou apenas no modelo feira, aliás, o nome era “FEIRA MODELO”.
O Mercado que surgiu das cinzas
Em 1966 o Mercado Público Municipal (hoje Mercado Cultural), pegou fogo e os comerciantes concessionários dos boxes, de dentro do mercado, além de perderem toda mercadoria, não tinham onde recomeçar. Foi então que o governador e o prefeito da época transformaram o galpão da “Feira Modelo” em Mercado Central.
As paredes foram levantadas e também construíram boxes, o meio foi coberto e ali passaram a funcionar os boxes de venda de verduras, frutas, queijo, legumes, mel e ervas. Na estrada pela Farquar foram instaladas as bancas de venda de peixe e os açougues. Pela Porta da rua Henrique Dias para o lado esquerdo de quem entrava, ficavam os boxes de venda de cereais. Para o lado direito as bancas de vendas de lanches e refeições. Pela Porta da Euclides da Cunha lado esquerdo, uma lanchonete/restaurante e pelo lado direito os banheiros. Pela Porta da Renato Medeiros na entrada, tinha banca de jornal do seu Barroso. Pelo lado direito um açougue e bancas de venda de comida. Pelo lado esquerdo bancas de frutas, raízes, tucupi e outras iguarias.
Quando o prefeito Roberto Sobrinho resolveu reformar o Mercado, mandou construir uma galpão de madeira no meio da rua Henrique Dias. Para quem não sabe, no local onde foi construído esse galpão para abrigar provisoriamente os comerciantes, existiu um dos casarões construídos pela administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, onde chegou a funcionar algumas repartições da empresa, com a inauguração do prédio do relógio, funcionou como alojamento dos jogadores do time do futebol do Atlético Clube Ferroviário. Na parte de baixo desse casarão construído em pinho de Riga, os arigós que vinham do Nordeste passaram a morar. Muito antes, o “Quirino” construiu uma de suas choupanas. Quirino era um lunático que viveu em Porto Velho cuja paranóia era montar palhoça para se abrigar, em vários cantos da cidade.
A partir desse domingo, a Henrique Dias passa a dar passagem até a Avenida Farquar e Porto Velho ganha seu mais bonito mercado. “Mercado Central” Inaugurado no dia 18 de abril de 2010.
Fonte: Sílvio Santos
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Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)