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Silvio Santos

Descansa em paz Naná!


 Descansa em paz Naná! - Gente de Opinião

Lenha na Fogueira
 

E lá se foi Nana Vasconcelos o melhor percussionista do Mundo e também uma das pessoas mais humanitárias desse planeta.

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Tive a honra de conhecê-lo em Brasília durante o 1º Seminário de Cultura promovido pelo Ministério da Cultura em 2004. Na oportunidade passamos várias horas conversando sobre os acontecimentos musicais do momento, éramos como se fossemos velhos amigos se encontrando após longos anos ausentes.

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Ali fiquei sabendo da vontade que ele tinha de conhecer nosso estado, inclusive pediu para seu produtor me passar todos os seus contatos “Quem sabe, para futuros shows”, disse ele. O mais interessante era que o show que iria apresentar naquela noite (e apresentou) levava o título de “Encontro das Águas” e se passava nos rios da Amazônia.

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Passei a manhã de ontem procurando as fotos que fizemos juntos no espaço do centro de convenções de Brasília, e como naquele tempo não tinham tanta facilidade de armazenamento como hoje, não as encontrei entre dezenas de fotos reveladas ainda no papel.

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Na oportunidade o entrevistei para nossa coluna, essa entrevista foi publicada no Diário da Amazônia daquele tempo. Como nosso arquivo ainda não está digitalizado, não teve como recuperar a entrevista. (minha intenção era publicá-la na edição de hoje).

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À noite assisti uma dos melhores espetáculos musicais da minha vida. Nana com suas tralhas, transformou o ambiente no Rio Amazonas com direito a cachoeira e até a pororoca. Tudo isso utilizando seu corpo, folhas e flande, e as palmas da platéia. Vi e ouvi o barulho das águas como se estivesse no meio do rio. Foi um espetáculo fascinante.

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Ao retornar a Porto Velho conversei com o nosso melhor percussionista Bira Lourenço sobre a vontade de Nana Vasconcelos conhecer Rondônia em especial as cachoeiras do Teotônio e Santo Antonio (ambas ainda existiam).

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O sonho dele se concretizou somente em 2010 quando ele veio a Porto Velho e se apresentou no Teatro Banzeiros patrocinado pelo SESC inclusive ministrou oficina de percussão no Sesc que viabilizou participação dele no evento do Sesc foi a Ceiça Farias.

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Nosso Bira Lourenço foi o cicerone do grande percussionista e com certeza aprendeu muita coisa com ele.

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Quem assistiu qualquer espetáculo do Nana Vasconcelos, com certeza jamais esquecerá, pois os sons que ele conseguia tirar de qualquer coisa era maravilhoso. Numa audiência pública no Congresso nacional, um deputado questionou: Faltou você trazer seus instrumentos para nos presentear com um show. Nana saiu batendo pelas cadeiras, xícaras de cafezinho, canetas e utilizando seu corpo como instrumento e terminou aplaudido de pé pelo espetáculo de percussão. Ele era assim.

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O som para Nana Vasconcelos estava em qualquer objeto. “Tudo é instrumento musical ou tudo tem sua musicalidade”, dizia ele.

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Não foi a toa que ele ganhou 08 Grammy o maior prêmio da música mundial.

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O governo de Pernambuco decretou luto oficial pela morte de Nana Vasconcelos. O Ministro da Cultura Juca Ferreira publicou nota de pesar assim como a presidente Dilma e muitas outra autoridades. Celebridades do mundo todo postaram condolências nas redes sociais. Os jornais do mundo destacaram a morte do nosso percussionista.

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Gostei das declarações do rapper Gabriel Pensador: "Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu".

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Nem eu! Descansa em paz Naná!


Naná Vasconcelos morre aos 71 anos

Descansa em paz Naná! - Gente de Opinião

O percussionista Naná Vasconcelos, de 71 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (9), no Recife. Ele tinha câncer de pulmão e estava internado há dez dias. De acordo com a assessoria do Hospital Unimed III, o músico teve uma parada respiratória e passou por um procedimento, mas não resistiu e faleceu às 7h39. 

Até o dia 29 de fevereiro, ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, mas, depois, foi transferido para um quarto, onde pôde ter mais contato com a família.

Patrícia Vasconcelos, mulher e produtora do músico, disse que Naná passou mal após um show realizado em Salvador, no dia 28 de fevereiro, com o violoncelista Lui Coimbra. Ao retornar ao Recife, foi internado.

No ano passado, o artista passou mais de 20 dias no mesmo hospital. Naná também se sentiu mal antes de um show, mas achou que não era nada demais e seguiu com a agenda. No Recife, após uma bateria de exames, descobriu que tinha câncer.

"Pegou todos de surpresa, porque ele havia feito um raio-x do pulmão no ano de 2014 e uma revisão geral há dois meses e nada foi encontrado. Foi tudo muito rápido, um susto", declarou Patrícia à época.

Ao ser liberado, pouco mais de 20 dias depois, o músico falou sobre o desafio de enfrentar a doença. "Eu tenho essa situação, e tenho que enfrentar com força, pensamento positivo. E vou enfrentar com o pensamento de que eu vou chegar lá", disse no ano passado.

Naná prosseguiu, então, com o tratamento, que incluiu sessões de quimioterapia e de radioterapia, por 40 dias.

Apesar do câncer, Naná participou da abertura do Carnaval do Recife no Marco Zero, neste ano, na companhia de 400 batuqueiros. Em seu último carnaval, o percussionista dividiu o palco com o Clube Carnavalesco Misto Pão Duro, grupo centenário homenageado no carnaval do Recife, com o Maracatu Nação Porto Rico, também celebrado, e com os cantores Lenine e Sara Tavares, de Cabo Verde.

Descansa em paz Naná! - Gente de Opinião

Vida e obra

Apelidado de Naná pela avó, a música sempre foi a mola propulsora de Juvenal de Holanda Vasconcelos. Ele não media palavras para descrever seu amor e conexão com ela. Era como se a música fosse a energia, a batida, que movia o coração do percursionista.

No ano de 1960, Naná deixou o Recife e foi morar no Rio de Janeiro, onde gravou dois discos com Milton Nascimento. Com o cantor Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do Quarteto Livro, que acompanhou Geraldo Vandré no icônico Festival da Canção.

A obra de Naná foi propagada e respeitada dentro e fora do Brasil. Ele fez parte do grupo Jazz Codona, com o qual lançou três discos. Chegou a gravar com B.B King, com o violinista francês Jean-Luc Ponty e com a banda Talking Heads, liderada por David Byrne, um dos grupos precursores do movimento "new wave". Nacionalmente, ele participou de álbuns de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte e Mundo Livre S/A.

O pernambucano também fez trilhas sonoras para filmes nacionais e norte-americanos. Foi eleito oito vezes, por revistas especializadas em música nos Estados Unidos, como o melhor percussionista do mundo.

Em contraponto, por sempre acreditar que a música podia transformar e melhorar a vida das pessoas, também era um humanitário nato. Naná foi responsável por criar diversos projetos sociais como o "Língua Mãe", que reuniu crianças de três continentes: América do Sul, Europa e África. Naná também defendia levar a música para dentro das comunidades carentes do Recife como forma de incentivo à educação e cultura.

Há 15 anos, a abertura do carnaval do Recife seguia sob o comando firme e talentoso de Naná. Com 12 maracatus, 600 batuqueiros e o coral Voz Nagô, o marco ocorria sempre na sexta-feira de carnaval, levando magia e beleza para a multidão de foliões. Um espetáculo que só a criatividade de Naná e a força do carnaval pernambucano podiam criar.

Repercussão

Gabriel, O Pensador, rapper, no Facebook: "Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu". Gilberto Gil, músico, no Twitter: "Minha maneira de pensar música vai continuar viva depois de mim" - Naná Vasconcelos. Descanse em paz, querido. Jair Oliveira, músico, no Twitter: "Descanse em paz, Naná Vasconcelos". Lucas Lima, músico, no Twitter: "Putz... Naná Vasconcelos...". Lenine, músico, no Twitter: Estou muito triste. Naná me deu a grande honra de caminharmos juntos em seu último cortejo. Siga em paz, mestre!". Alceu Valença, cantor e compositor, no Twitter: "Hoje viajou um dos maiores artistas e percussionistas de todos os tempos: Naná pernambucano, brasileiro...".Elba Ramalho, cantora, no Instagram: "As alfaias serão sempre tocadas em sua homenagem! Descanse em paz, queridíssimo #nanavasconcelos"

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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