Lenha na Fogueira
E o carnaval já está pegando fogo em Porto Velho. Os blocos estão ensaiando e as escolas de samba também.
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Este ano, ao contrário do ano passado e isso, não tem nada a ver, com eleição para governador, senador, deputado estadual e federal, a prefeitura de Porto Velho investiu na cultura popular no segmento carnaval.
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A programação oficial, começa na próxima sexta feira dia 26, com a realização do Baile Municipal que vai acontecer na Talismã II e já no sábado, a Funcultural promove o primeiro “Arrastão Carnavalesco” com uma banda animando foliões por algumas ruas da Zona Leste.
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É o resgate do carnaval tradicional, pois, a banda de música que vai animar os foliões, vai no chão. Nada de trio elétrico, vai ser apenas um carro de som para a voz dos cantores. Será o verdadeiro carnaval de rua. Nota dez para a equipe da Funcultural. Leia-se Ocampo Fernandes
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Esse estilo de carnaval acontecerá também na Zona Norte e Zona Sul, é claro que em dias diferentes.
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Outra programação sob a responsabilidade da Funcultural será no Mercado Cultural nos dias 3 e 12 de fevereiro, quando a banda do Alkbal vai animar os que comparecerem, só com marchinhas tradicionais e sambas de carnaval.
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Outro bloco que faz esse estilo de carnaval, além da Banda do Vai Quem Quer, é o Pirarucu do Madeira que vai desfilar no dia 4 de fevereiro. A Bandinha também vai tocando no “chão”. No Pirarucu do Madeira não tem venda de camiseta e muito menos de abadá. A concentração será em frente ao Complexo Deroche Pequeno Franco na rua Pinheiro Machado – bairro Caiari.
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Se estamos falando de carnaval tradicional, não podemos deixar de citar os blocos: “Até Que a Noite Vire Dia” e o bloco da “Canto da Coruja”. Aliás o Canto da Coruja após alguns anos ausente do carnaval de rua de Porto Velho, volta este ano, tocando apenas marchinhas, frevos e samba de carnaval.
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Samba de carnaval é um estilo de samba que se fazia antigamente e que era tocado nos bailes carnavalescos antes da moda do samba enredo. Veja alguns exemplos: “Vem chegando a madrugada, o sereno vem caindo. Cai, cai sereno devagar, que o meu amor está dormindo...”
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Outro samba de carnaval: “Neste carnaval não quero mais saber, de brigar com você. Vamos brincar juntinhos, água na boca pra quem ficar sozinho...”. Outro: “Lata d'água na cabeça, la vai Maria, la vai Maria. Sobe o Morro e não se cansa, pela mão leva a criança. La vai Maria...”.
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Esse estilo de música, você vai ouvir no carnaval que a Funcultural vai realizar na Zona Sul, Norte e Leste de Porto Velho este ano. Ótima idéia Ocampo!
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No próximo dia 28 de deste mês de janeiro, a escola de samba, acadêmicos do São João Batista vai promover o concurso “Mulata de Ouro”. A festa vai acontecer no Clube social do SINDSEF à rua Rio de Janeiro do bairro Lagoa.
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Na oportunidade será servida para os compradores de convite, uma deliciosa feijoada. Durante a feijoada vai acontecer o concurso com a apresentação da Ex Rainha do Carnaval (2014) do Rio de Janeiro Letícia Guimarães. Este ano a Letícia vai desfilar como Musa da escola de samba União da Ilha e como Rainha da escola de samba de Belfor Roxo.
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Se você quer ser a Mulata de Ouro, procura a direção da escola São João Batista e te inscreve. A inscrição é gratuita e a premiação muito boa;
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Agora, se você quer assistir um superespetáculo de mulata, vai aplaudir o show de samba da Letícia Guimarães. Ela é um espetáculo de sambista.
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Show mesmo foi a promoção da Banda com a troca de alimentos por um chapéu com a logomarca do maior bloco da Amazônia.
Até que a noite vire dia,
oito dias sem o Mourão
Sábado passado dia 13, aconteceu no cemitério dos Inocentes em Porto Velho, o sepultamento do baluarte da cultura popular no segmento carnaval, Benjamim Mourão.
Mourão desembarcou em Porto Velho no ano de 1979, como desenhista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma agraria – INCRA e foi trabalhar no interior do estado. Após alguns anos, fixou residência em Porto Velho e passou a se envolver no movimento carnavalesco, primeiramente no Galo da Meia Noite bloco do qual era presidente quando morreu. Foi um dos criadores da Unibloco e chegou a ser seu presidente, mesmo com a 'parada' da entidade, jamais deixou de colaborar com os blocos que se apresentam no carnaval de Porto Velho. “Para o Mourão não tinha tempo ruim quando o assunto era lutar pelos blocos de rua”, lembra o advogado Segismundo.
Depois de passar a participar da diretoria do Galo da Meia Noite criou em parceria com amigos do bairro Mocambo, o bloco “Até Que a Noite Vire Dia”, e fez algumas marchinhas que passaram a ser executadas durante o desfile do bloco em todos os carnavais.
Mourão cujo nome de batismo é Benjamin Mourão da Silva Júnior até dias antes de seu falecimento, lutou para que o bloco do Galo da Meia Noite não ficasse fora do carnaval deste ano, infelizmente não conseguiu.
Ontem a igreja de Nossa Senhora de Fátima, com certeza, ficou repleta de amigos e carnavalescos, que foram assistir a missa de sétimo dia de falecimento do Mourão.
Ensaio
A direção do bloco “Até Que a Noite Vire Dia”, atendendo “ordem” do Mourão, logo após a missa rezada as 19 horas, na igreja de Nossa Senhora de Fátima no bairro Areal, realizou na praça São José do bairro Mocambo mais um ensaio, visando o desfile do próximo dia 2 de fevereiro. “É verdade, ele disse antes de morrer, que o bloco não poderia parar suas atividades, afinal de contas, disse ele, sou ou não carnavalesco”, informou sua esposa Francisca Araújo a Chica.
Os abadás já estão a disposição dos foliões. A direção do bloco informa que a venda é no carnê e que os primeiros 500 compradores ganham um copo de brinde.
Faz frio em Vilhena,
Faz calor em Porto Velho.
Do ponto mais elevado do estado, o Pico do Tracoá, imagino o mundo mágico em volta com muitos acidentes geográficos e biomas que se perdem na vastidão do pensamento.
Rondônia múltipla, preciosidade que o Brasil ainda não conhece.
Da chicha, do chimarrão e do tacacá. Que reúnem o povo como o vinho em Porto.
Dos ritos tão antigos nas aldeias, da Ayahuasca, das cantigas centenárias da Irmandade do Divino, do folclore rico e raro no Baixo Madeira.
Dos velhos mercados e da Calçada da Fama da capital, em que a tímida igrejinha de Santo Antônio convive ao lado da usina colossal que gera energia para milhões de brasileiros.
Do Vai Quem Quer, do Duelo da Fronteira, da Festa do Divino, da Flor do Maracujá, do Festejo de Nazaré... A festa nunca acaba nestas paragens do poente.
Das fronteiras imensas e verdejantes de um Brasil que não está na tela da TV, há cor e vibração positivas de causos e contos de velhos seringais.
Muita riqueza e fartura também nas lavouras sem-fim, no extrativismo, na pesca, na nascente indústria, na cultura e no turismo.
Rondônia de quilombolas, de beiradeiros, de seringueiros, de índios e de nações perdidas: Inca, indígenas, pomerana.
De emigrantes de todo o mundo, dominadores e dominados. Dos latifúndios, dos lavradores, dos sem-terra e dos com-poesia.
“Azul, nosso céu é sempre azul”, entoa o Hino mais belo da Nação. Azul cobrindo rios repletos de iaras, cobras-grandes, botos traquinas, peixes os mais sortidos do planeta.
Encontros das água: dos rios Mamoré e Pacaás; do Beni e o Mamoré (formando o Madeirão, o maior de todos por aqui, onde vivem 800 espécies de peixes, mais rica ictiofauna da Terra). Rios tantos, quase 100: Madeira, Guaporé, Roosevelt, Machado, Jamari, Pimenta, 14 de Abril, Iquê, Candeias...
Rondônia das águas, também do serrado, da savana, do pantanal e da Amazônia, biodiversidades que encanta a todos...
De cidades-perdidas no tempo como Santo Antônio que um dia foi o maior município do mundo, e de outras que nascem e crescem no estalar dos dedos com comércios fortes, casas bonitas, bairros inteiros que brotam no chão sagrado pelas mãos e sonhos de homens e mulheres que fizeram daqui a Canaã; urbes antenadas à tecnologia presente até na agricultura e ricas às custas do trabalho de tantos...
Rondônia de lugares misteriosos e cheios de histórias: Forte Príncipe da Beira, Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Urumacuã, postos telegráficos abandonados pelos caminhos de Rondon...
De todas as línguas, Torre de Babel que deu certo. Há ecos até de línguas desconhecidas ou pouco conhecidas e já extintas: nambiquara eu me lembro, porque está eternizada em Tristes trópicos!
Rondônia dos carris que foram as veias desse lugar, conduziram vidas e histórias na Estrada de Ferro atravessando vilarejos do faroestes caboclo, seringais, terras boas, de riquezas minerais, por onde andaram tantos povos, o modernista Mário de Andrade e a cientista feminista Emilie Snethlage...
Enfim, somos a terra de gentes de todos os tipos que movimentam a nova civilização chamada Rondônia, único estado que personifica e ostenta com orgulho um herói nacional em seu próprio nome.
Rondônia, terra de Rondon no dizer de Roquette-Pinto; portal de entrada da sagrada Amazônia, no coração da América do Sul.
Júlio Olivar