Quando o banzeiro parecia ter acalmado, quanto à saída da Secel do Francisco Leilson Chicão, eis que o governador Confúcio Moura anuncia a nomeação do engenheiro civil Emanuel Neri para a secretaria. De imediato promoveu-se a posse do novo titular da pasta da Cultura e do Esporte, com o Chefe da Casa Civil Juscelino Amaral representando o governador na assinatura na manhã da última terça feira, do termo de posse do Emanuel. Na sala do prédio do relógio onde está instalado o gabinete do secretário, os colegas dos vários órgãos da imprensa local, perguntavam entre si, quem é o Emanuel Neri de onde ele veio, quem pode nos falar sobre seu currículo. “Zekatraca você que trabalha na Secel fala pra gente sobre o novo secretário!”. O certo é que ali ficou constatada a inexperiência da equipe responsável pela solenidade da posse. O correto era distribuir à imprensa, pelo menos um breve perfil da pessoa Emanuel Neri, assim, os colegas teriam mais segurança ao elaborarem suas perguntas na hora da coletiva. Na tentativa de fazer o secretário mais conhecido, perante não só aos colegas da imprensa, mas,o público de um modo geral, resolvi fazer a seguinte pergunta ao secretário que está se virando para promover a abertura do Arraial Flor do Maracujá na próxima sexta feira dia 31.
E N T R E V I S T A
Zk – Quem é o Emanuel Neri?
Emanuel – O Emanuel Neri é esse rondoniense que você ta vendo aqui, filho de Porto Velho de origem afro-descendente por parte do meu avô, pois meu bisavô é africano e veio pra Bahia na época da escravidão e os meus avós migraram pra cá na década de sessenta por parte da minha mãe. Meu pai é de origem cabocla amazônica filho de descendência indígena, com meu avô que veio do Maranhão.
Zk – Nasceu em Porto Velho em qual bairro?
Emanuel – No bairro do Roque ou Trevo do Roque como é mais conhecido. Estudei no Joaquim Vicente Rondon, JesusBurlamaqui Hosannah, no Eduardo Lima e Silva que na época, registre-se, era a melhor escola de Porto Velho. O ensino médio foi no colégio Classe A depois comecei o curso de economia na UNIR, mas, passei pra engenharia civil na Federal do Amazonas no mesmo ano e acabei indo estudar em Manaus com 16 pra 17 anos de idade.
Zk – Depois de formado?
Emanuel – Conclui em 2001 minha graduação, trabalhei no interior do estado do Amazonas por dois anos e voltei pra cá onde desenvolvi minha carreira no serviço público.
Zk – Culturalmente falando?
Emanuel – Enquanto estive fora, participei de grupos de música, de banda, coral no grupo religioso que freqüento, gravamos inclusive um CD na época do grupo Harmonia que é distribuído pelo Grupo de Arte pro país inteiro, participei de algumas apresentações de teatro, em musical no teatro Amazonas com o grupo Spiritu’s e com o grupo Angelis.
Zk – Em Porto Velho?
Emanuel – Em 2005 comecei meu trabalho na prefeitura no Departamento de Estradas, depois na Secretaria de Agricultura, na Secretaria de Administração, tive uma passagem muito rápida na Secretaria de Esportes, auxiliando na parte dos projetos de obras, que eles tinham que licitar e estavam com algumas dificuldades e logo depois, fui convidado para a Secretaria Municipal de Serviços Básicos – SEMUSB onde fiquei de 2010 até ser convocado para assumir a Secel. Emanuel é essa pessoa simples, companheiro de diálogo aberto.
Zk – O nome dos seus pais?
Emanuel – Meu pai é o professor José Ribamar Piedade conhecido por muita gente aqui em Porto Velho, fundador do MDB. Foi a pessoa que na época que o prefeito era o José Guedes e o governador o Oswaldo Piana trabalhou na articulação junto com eles para conseguir a construção naquele espaço que hoje é o Cedel da AFA. Meu pai jogou futebol no São Domingos. Minha mãe é a professora Maria Raquel. Sou espírita!
Zk – Vamos falar agora do Emanuel Neri militante comunista pelo PC do B?
Emanuel – Militei no movimento estudantil na Universidade na Juventude Socialista, no Grêmio Estudantil e em 2004 quando voltei pra Porto Velho me filiei ao PC do B. Disputei eleição em 2008 para vereador quando consegui uma votação maravilhosa, foram 1028 votos, com isso ajudamos o partido a eleger os dois vereadores que estão na câmara até hoje. Fui secretário de Juventude do Partido no período de 2005/2006.
Zk – Falando sobre a Secel. Como foi o desenrolar do processo político para chegar ao seu nome como representante do Partido e conquistar a aceitação do governador para o cargo de Secretário?
Emanuel – O partido tem muitos quadros. No momento que o Partido foi chamado para apresentar uma lista tríplice para eventual substituição do Xhicão, foi pedido um currículo dos candidatos e isso foi apreciadopelo governo do estado que chegou a decisão de nos convidar, no momento que solicitaram o camarada Chicão para contribuir em uma outra tarefa. Fiquei muito feliz por ter sido o meu nome o melhor avaliado dentro do quadro. Dentro de um contexto onde o governo precisava de alguém que já tivesse experiência de gestão pública, acabei surgindo com a possibilidade melhor.
Zk – A gente sabe que apesar da política cultural ser uma política de estado e não de governo, cada administrador tem seu estilo. O que muda do Chicão para o Neri dentro da Secel?
Emanuel – Olha, não tenho o que falar a respeito do trabalho que o Chico realizou, nem da forma como ele conduzia, como você mesmo disse, pessoas são pessoas e são diferentes, o que posso dizer, é que minha gestão vai ser uma gestão pautada na transparência e no diálogo. Dificilmente você vai chegar aqui e encontrar a porta fechada.
Zk – Diante disso, existe uma marca que pode ser considerada como da gestão Emanuel Neri?
Emanuel – Existe sim! Pretendo que seja marca na nossa gestão. A gestão pautada na busca do diálogo com quem pode nos ajudar, de discutir com quem faz a cultura, mas, com quem pode financiar esse investimento que é necessário ser feito. Vamos buscar o diálogo aberto, franco, buscar parceria com os deputados da Assembléia Legislativa e também com a bancada federal. Vamos tentar estabelecer um marco na nossa gestão que é o de abrir o diálogo com a iniciativa privada.
Zk – No seu discurso de posse ficou claro que a Secel vai trabalhar com Editais. Explique pra gente como vai funcionar esse sistema?
Emanuel – Nacionalmente a gente pode olhar... Por exemplo, hoje está aberto o Edital do Ministério da Cultura para inscrição de projetos que sejam financiados com recursos do Fundo Nacional de Cultura... Da mesma forma vamos trabalhar para que a partir do ano que vem a gente já tenha essa política de Editais estabelecidas, para que os agentes da cultura possam apresentar seus projetos.
Zk – No dia da sua posse o Chicão fez questão de lhe entregar um caderno com o Programa de Editais desenvolvidos pela equipe do Departamento Mais Cultura da Secel que tem como título “Batelão Cultural”. O senhor já analisou esse material?
Emanuel – Não vou mentir pra você. Por conta dessa situação que é o Flor do Maracujá que está no meu calo desde o momento que fiz o juramento.Tô com meu foco realmente voltado na questão de conseguir garantir as condições de realização do evento que já é insustentável a adiação, mas, a abertura do Flor do Maracujá vai acontecer na sexta feira dia 31 e na segunda feira dia 03 de setembro meu foco já volta para a realidade nossa, na ampliação dessas etapas. Inclusive, vou ver se consigo fazer a leitura desse material (Batelão Cultural), pra poder estar discutindo e promover sua implantação.
Zk - A gente tem plena certeza que muitas pessoas estão lhe procurando em busca de cargo. A pergunta é: Vai acontecer mudança no quadro de Gerentes e Diretores de Departamento da Secel?
Emanuel – Olha! Uma coisa que pedi ao governador quando ele me convocou para informar da minha nomeação, foi que não houvesse exonerações no período em que eu pudesse avaliar as pessoas que estão trabalhando. Até porque, as vezes a pessoa certa, simplesmente está colocada no lugar errado e ela pode render mais em outra posição. Não vim aqui para exonerar todo mundo, vim pra fazer Esporte, Cultura e Lazer e se as pessoas que estão aqui estiverem com vontade deembarcar nesse projeto, de afinar a viola comigo e levar esse barco, vamos levar juntos.
Zk – Logo depois do Flor do Maracujá outro grande evento que sempre contou com o apoio do governo estadual chama-se carnaval. O senhor já está pensando em como ajudar as escolas de samba e blocos e o carnaval de Rondônia em 2013?
Emanuel – Vamos sentar discutir, traçar estratégias, estabelecer prioridades, ver quais são os caminhos que vamos seguir. Assim que passar o Flor do Maracujá vamos sentar pra traçar uma agenda no sentido do carnaval. Vamos pensar no carnaval com o orçamento de 2013 porque o de 2012 já foi.
Zk – Para encerrar fale sobre o Flor do Maracujá?
Emanuel – O Flor do Maracujá vai ser uma evento bonito. É um evento que está sendo trabalhado com muito afinco, pelas pessoas envolvidas. A gente agradece a dedicação desses abenegados, não apenas os nossos funcionários da Secel, mas, também os de fora, o pessoal do artesanato, o pessoal das quadrilhas o pessoal dos bois bumbas. O Flor do Maracujá é o maior Arraial do Norte e vai continuar sendo. Estamos continuando um trabalho que foi começado com o Chicão é importante a gente não desvalorizar o trabalho do camarada que foi dedicado e foi valoroso.
Zk – O senhor brincou boi ou quadrilha?
Emanuel – Brinquei muita quadrilha. Dancei a dança do boiadeiro, o frevo na época que teve o primeiro Festival Folclórico de Porto Velho no Centro Educacional Maria de Nazaré. O festival tinha um lema: “Promover, divulgar ecultivar para não deixar morrer, a nossa cultura, a nossa história, pra não deixar morrer quem nós somos”. É esse lema que trago aqui pra dentro da Secel.