Sábado, 14 de setembro de 2013 - 19h18
Recentemente o professor e historiador Edilson Lucas de Medeiros nos procurou, com o intuito de falar sobre a origem do nome da cidade de Porto Velho, até ponderei. dizendo que esse assunto já tinha gerado muito polêmica, pois os historiadores que estudam a história de Rondônia, até hoje, não chegaram a um consenso, quanto à origem do nome Porto Velho. Mesmo assim, Edilson insistiu que tinha como provar a existência do velho Pimentel e ainda contou detalhes de como conseguiu a certeza de que realmente ele ao chegar por essas bandas, montou sua choupana, no local conhecido como Porto Velho dos Militares. “Aqui foi Porto Amazônia, Porto Velho dos Militares e porque não pode ser o Porto do Velho Pimentel”.
Como Porto Velho completa no próximo dia 2 de outubro, 99 anos como município, nada melhor que mais uma vez provocar a discussão sobre a origem do seu nome.
Vamos as justificativas do historiador Edilson Lucas de Medeiros.
E N T R E V I S T A
Zk – Você nos procurou dizendo que tem algo importante sobre o surgimento de Porto Velho. Quer nos falar sobre isso?
Edilson Lucas - Você sabe que existe uma série de discussão sobre o surgimento de Porto Velho. No livro: A história sócio política de Rondônia que escrevi em 2004 e agora estou lançando a segunda edição, fiz uma pesquisa verificando com muito cuidado, a respeito disso. Não podemos negar que a origem do nome de Porto Velho vem desde o Porto Velho do Amazonas, Porto Velho dos Militares e Porto Velho do velho Pimentel.
Zk – É aí que mora a polêmica. Como você chegou à conclusão de que realmente existiu o velho Pimentel?
Edilson Lucas – Algumas pessoas discordam da figura do velho Pimentel, mas, se você pesquisar direitinho, vai descobrir que existe fundamento que provam a presença desse homem, que ficou conhecido como velho Pimentel, que aqui chegando, fixou residência nas instalações do exército que foi montado durante a guerra do Paraguai que aconteceu de dezembro de 1864 a março de 1870, então é inegável a presença do velho Pimentel.
Zk – Existe alguma prova da existência do velho Pimentel?
Edilson Lucas – Tem um artigo escrito pelo Dimas Fonseca, uma pessoa séria, pesquisador da nossa história que merece toda credibilidade. Ele diz o seguinte: Que Percival Farquar mandou a Cia para terminar o serviço da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em junho de 1907 e em 1908 foi negociada (comprada), a área onde se construiu o hospital da Candelária e outra parte foi doada pelo governo, para que fossem fixadas as instalações da Madeira Mamoré, isso em terras do estado do Amazonas. Diz mais, que esse local teria sido sugerido em 1883 pelo engenheiro Carlos Morsing cujo relatorio sugeriu que o inicio da ferrovia deveria ser a 7 km abaixo da cachoeira de Santo Antônio e escreve Dimas que esse local era o sítio do velho Pimentel.
Zk – Tem mais provas?
Edilson Lucas – Tem outra coisa que busquei durante um trabalho que realizei em 2006, sobre a Candelária. Na época entrevistei o filho do Natanael Shoknes um ex-funcionário da EFMM e ele me disse: “Olha, meu pai não só conheceu o velho Pimentel, foi contemporâneo dele". Então não é possível que todas essas situações sejam mentiras.
Zk – Outra polêmica é quanto o ano do surgimento de Porto Velho, uns dizem que foi em 1907 e outros garantem que foi em 1908. Qual a data correta?
Edilson Lucas – Uma das coisas que nos preocupou durante a pesquisa, foi justamente a data ou o ano do surgimento de Porto Velho e o que achamos de oficial diz que em janeiro de 1908 começou o desmatamento do local onde foram construídas as instalações da Madeira Mamoré. A história diz que até dezembro de 1907 a empresa trabalhava em Santo Antônio, havia 140 homens trabalhando efetivamente na construção da ferrovia em Santo Antônio.
Zk – E onde podemos constatar a data de 1908 como sendo a da criação de Porto Velho?
Edilson Lucas – No livro A ferrovia do Diabo. Esse livro é um dos documentos mais precisos a respeito da historicidade da fundação de Porto Velho, da construção da ferrovia, o escritor é o Manoel Ferreira.
Zk – E quem pode ser considerado como fundador da cidade de Porto Velho?
Edilson Lucas – Aí não temos dúvida, foi o Percival Farquar.
Zk – Vamos voltar à origem do nome. Você falou em Porto Amazonas e os demais como surgiram?
Edilson Lucas – Zé, é uma coisa interessante, quem é historiador sabe da relação dos fatos históricos que é um produto de um determinado tempo e do meio geográfico, então, dos fatos que acontecem que vai gerar o conteúdo que prove se aquele fato é verdadeiro, então você pega, por exemplo: Porto do Velho ou Porto Amazônico, Porto dos Militares. Esse nome, ao longo do tempo vai adquirindo uma série de situações que a cada dia vai sendo colocado mais visível na boca do povo.
Zk - Porto do Amazonas por quê?
Edilson Lucas – Naquele tempo a produção de borracha era muito grande nos rios Jamari, Candeias e Machado cujos seringais ficavam dentro do estado do Amazonas. A produção desses seringais eram encaminhadas para a Cachoeira de Samuel e Calama. Já a mercadoria que se dirigia ou vinha da Bolívia e calha dos rio Mamoré e Guaporé tinham como ponto a cachoeira de Santo Antônio daí a idéia de se ter o Porto Amazônico. Quando surgiu a guerra do Paraguai o exército ocupou o então Porto Amazônico que passa a ser chamado de Porto dos Militares. Veja que o nome Porto sempre está presente.
Zk – E o velho Pimentel?
Edilson Lucas – Como já disse, esse senhor que chamamos de Pimentel ao chegar por aqui, se instalou justamente no dito Porto dos Militares que após a guerra do Paraguai ficou abandonado e o velho Pimentel se instalou ali. Tem outra coisa que as pessoas não comentam, um dia desses vi um historiador falando o seguinte: “Disseram que ele (Pimentel) tirava lenha mas, um homem com 70 anos não tem forças para cortar uma árvore da espessura das árvores da Amazônia”. Acontece que era comum naquele tempo, os navios queimarem lenha, isso durou até a década de 1950 e sabemos também que existem árvores finas e de grossura média. Lembro também que as locomotivas da Madeira Mamoré queimavam lenha. Daí o Porto do Velho Lenhador como também ficou conhecida a choupana do seu Pimentel. Tem a história da água potável.
Zk – Qual a história da água potável?
Edilson Lucas – Quem subia o rio Madeira em embarcações, sabe que se parava no rio Aripuanã, na foz do rio Machado e aqui também, conforme as fontes de pesquisas, os comandantes dos vapores diziam, vamos pegar água potável lá no igarapé das Sumaúmas que depois ficou conhecido como igarapé do Burrinho que abastecia a cidade de Porto Velho de água potável. Assim também eles paravam as embarcações para pegar lenha em pontos estratégicos.
Zk – Tem também a história do ponto das caçadas?
Edilson Lucas – Exatamente. Quem conhece a história da Amazônia sabe muito bem que as populações que habitam a floresta se alimentam de carne de caça. As pessoas cansadas de comer peixe ou carne de boi em Santo Antônio formavam equipes e marcavam encontro no “Chupador” (ponto de espera de caça) e o encontro era na cabana do velho Pimentel onde deixavam parte das tralhas e seguiam até o “chupador" ou barreiro de Anta, Paca, Veado e outros animais, que ficava onde hoje é a praça Jonathas Pedrosa, na madrugada voltavam para a casa do velho Pimentel tratavam a caça e pela manhã subiam de canoa rumo a Santo Antônio.
Zk – Que história é essa de que o velho Pimentel foi até maçom?
Edilson Lucas – Pois, tem uma informação dando conta de que ele foi um dos primeiros maçons da região. No livro Ferrovia do Diabo tem alguma coisa sobre isso, outra coisa Zé.
Zk – Não me mete nessa história
Edilson Lucas – Você como eu, vivemos nossas vidas desde criança aqui e a gente ouvia através da história oral que esse homem existiu.
Zk – Você é formado em história?
Edilson Lucas – Sou licenciado. Minha primeira formação foi em geografia pelo núcleo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e quando a UNIR se instalou eu passei no vestibular para história e conclui, depois me especializei em história amazônica e metodologia do ensino superior. A história de Rondônia me fascina.
Zk – Para encerrar:
Edilson Lucas – Fico triste quando chego aqui e vejo a cidade maltratada eu amo Porto Velho. Tenho uma poesia onde digo: Amo essa cidade como amei a primeira namorada. Porto Velho faz parte da minha história. Sempre digo que sou doutor em extrativismo de borracha, pois minha vida até os 18 anos foi extraindo o látex e fazendo borracha.
Lenha na Fogueira com o filme "O Pecado de Paula" e os Editais da Lei Aldir Blanc
A Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), realiza neste sábado (16), o ensaio para a gravação do filme em linguagem teatral "O Pecado de Pau
Lenha na Fogueira com o Museu Casa Rondon e a eleição da nova diretoria da FESEC
Entrega da obra do Museu Casa Rondon, em Vilhena. A finalidade do Museu é proporcionar e desenvolver o interesse dos moradores pela rica história
Lenha na Fogueira com o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças
Hoje os católicos celebram o Dia de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil. Em Porto Velho as celebrações vão acontecer no Santuário de Apareci
Jorgiley – Porquinho o comunicador que faz a diferença no rádio de Porto Velho
Tenho uma maneira própria de medir a audiência de um programa de rádio. É o seguinte: quando o programa ecoa na rua por onde você está passando, dando