Quinta-feira, 18 de agosto de 2016 - 22h06
O samba da Amazônia está em festa! Nesta sexta feira dia 19, Ernesto Melo o Poeta da Cidade completa 65 anos de vida e para comemorar a data, vai realizar no Mercado Cultural show especial dentro do Projeto a Fina Flor do Samba com a participação de Bainha, Silvio Santos e Torrado “A famosa prata da casa”. De Manaus vem os artistas Junior Rodrigues, Edson Melo, Onésio 7 Cordas, Paulo Roberto (flauta) e Rubinho do Cavaco e de Humaitá o Bimba do contra baixo.
Batemos um papo com o Ernesto Melo sobre sua carreira artística e ouvimos seu desabafo, contra a falta de apoio dos governos municipal e estadual. “Não sou contra trazerem shows de artistas nacionais, mas, deem condições aos nossos artistas também”.
Hoje estão todos convidados a prestigiar o show em comemoração aos 65 anos de Ernesto Melo o Poeta da Cidade a partir das 20h30 no Mercado Cultural.
E N T R E V I S T A
Zk - Nesses 65 anos, quantos são de boemia?
Ernesto Melo – Quem pode falar sobre isso mais do que eu é você. Em 1976, você me apresentou aos boêmios que frequentavam o Bar do Casimiro, Capivara e Rasgado foi ali que começou tudo. O interessante, é que você não sei se já me conhecia, talvez pela história do Papai que estava sempre envolvido com isso, apostou na gente e me convidou para ir a esses recintos. São mais 40 anos de boemia e de samba.
Zk – O que te levou a escrever músicas com letras que contam a história de Porto Velho?
Ernesto Melo – Eu gostava de escrever e quando fui estudar fora mandava para o jornal Alto Madeira minhas poesias. Sempre tive mais facilidade em fazer samba e falar de Porto Velho. Confesso, por exemplo: se for falar de Boi Bumbá eu não sei fazer isso. Não sei se é porque o Boi que a gente conheceu com Galego, com Salgado, Augusto Queixada e outros, não têm nada a ver com o Boi atual. Coincidência ali no “Céu” (prédio na esquina da Prudente com a Almirante Barroso) eu ia sempre com o Papai, ali perto tinha uma fábrica de colchão que era cheio com capim, era o caminho para a Baixa da União e ali também tinha o boteco do Zelada então eu sempre estava presente nesses ambientes. Quando o garçom Marta Rocha assassinou o Camurça eu fui lá ver o corpo e era na zona onde ficavam os “puteiros” da cidade na Joaquim Nabuco entre a D. Pedro e a Afonso Pena e adjacências. Outro crime de assassinato bastante comentado na época foi quando o Boca Larga matou um cidadão no Bar Guanabara do Cabo Lira que ficava no Mercado Municipal pelo lado da José de Alencar. Lembro-me do Ismael Camurça fechando as portas da loja do seu pai a Casa Colombo para não ser testemunha. Por aquele lado da José de Alencar me lembro da loja do José Oceano Alves, Ponto Caçula do Pedrinho e do Cabeça Branca (pai), que também foi assassinado em sua loja que a época era em frente à Casa Saudade.
Arte do saudoso Bortolete / Arquivo Gente de Opinião |
Zk – E a música?
Ernesto Melo - Quando os artistas cantores vinham se apresentar em Porto Velho geralmente iam lá em casa. Naquele tempo o cantor vinha sozinho, não tinha essa de trazer banda, quem veio com seu violonista foi o Altemar Dutra e assim mesmo, foi o maior quiprocó com o Bainha. Nem mesmo o grande Bienvenido Granda trouxe banda, quando esteve aqui e se apresentou nas escadarias do Porto Velho Hotel. Meu pai me levava pra conhecer tudo isso, assim conheci o baterista Adamor, João Miguel, Jorge Marim, Manga Rosa, Ivo Santana. O Jorge Andrade praticamente era nosso vizinho, pois, sua namorada e depois esposa Ana Amélia cuja família era proprietário do Iracema Hotel Bar (hoje sindicato dos Bancários) na Gonçalves Dias. Essa turma toda ensaiava lá em Casa, Nerino Silva do sucesso “Eu gosta da minha sogra, pode falar quem quiser...”, toda vez que vinha aqui nos visitava. Com tudo isso a gente foi tomando gosto pela boemia. O Liberato dizia me gozando, porque minha irmã que faleceu era médica, o Edson é médico, Esmitinho matemático e ele dizia: Porto Velho perdeu um médico, mas, ganhou um grande sambista.
Zk – Da turma de sambistas compositores mais antigos como Bainha Silvio e Babá você foi e é o que mais se destaca, pois é o único que conseguiu gravar um CD. O que você acha que faltou para os mesmos deslancharem?
Ernesto Melo – Me causa muito mal estar. Hoje é fácil gravar um CD. Tive a sorte de gravar o meu e você sabe muito bem como foi que aconteceu: Um cidadão comerciante durante um show meu na Taba do Cacique se sensibilizou com meu lamento e mandou dizer que bancaria a gravação do meu CD e bancou, no momento pediu para não ter seu nome citado e só depois fiquei sabendo que era o Manelão. Gravamos mais não conseguimos apoio para prensar e então conseguimos prensar o trabalho em Manaus pela Fundação Cultural Villas Lobo. Cadê o CD do Sebastião Araujo – Baba. Cadê o CD do Bainha do Silvio Santos esses caras não são eternos, por isso, é necessário registrar a obra deles.
Zk – E a festa dos 65 anos de idade?
Ernesto Melo – A gente tá trazendo um pessoal de Manaus para se apresentar junto com os sambistas de Porto Velho na Fina Flor do Samba no Mercado Cultural. A praça Getúlio Vargas está sem iluminação, o Mercado conseguimos que a Semdestur iluminasse. A gente parou quase dois meses com a Fina Flor porque era impossível fazer show em virtude da falta de iluminação. Em suma: Não temos apoio de ninguém, eles liberam o espaço (sofrível) e ainda acham que estão fazendo o bastante.
Zk – Onde entra o carnaval aqui?
Ernesto Melo - Fizemos o Projeto Carnaval para a FESEC obedecendo todas as diretrizes da Lei 866 e demorou quase um ano para ser homologado pelos órgãos municipais e aí veio o Alceu Valença e a prefeitura aprovou os Recursos em 12 dias. Não sou contra trazerem shows de artistas nacionais, mas, é preciso valorizar o artista local também.
Zk – O Projeto a Fina Flor do Samba é um dos classificados para o prêmio da Sejucel Zezinho Maranhão de Música. O que você tem a dizer sobre essa iniciativa?
Ernesto Melo – Se formos selecionado entre os seis que receberão os recursos do Edital vamos ter que nos adequar, pois o recurso é pouco para atender o que o Edital exigi. O ganho maior caso sejamos contemplados, é para o nosso Portfólio. De qualquer maneira já é um começo.
Zk – Como vai ser o show de hoje a noite a Fina Flor do Samba?
Ernesto Melo – Nossa banda conta com o Ney (cavaquinho), Enio Melo (violão de 7 cordas), Chico Lobo (rebolo), Walber (pandeiro), Beto Ramos (ritmo), José Áureo (surdo) de Humaitá vem o Bimba (contra baixo). Tem mais três atrações locais: Bainha, Silvio Santo e Torrado. De Manaus Júnior Rodrigues, Edson Melo, Onésio 7 Cordas, Paulo Roberto (flauta) e Rubinho do Cavaco.
Zk – Horário?
Ernesto Melo – Vamos começar as 20h30 com o apoio da Semdestur e Funcultural. Temos que agradecer nossos familiares em especial a minha esposa Erenir que é quem faz o contato com mídia e o Beto Ramos que faz a arte dos cartazes.
Zk – Finalmente?
Ernesto Melo – É muito gratificante como realização pessoal, por você, Bainha, Torrado pela minha mulher, Enio Melo. É isso que eu gosto. A música não pode ser esquecida. Esse apelo se estende à Sejucel. Dêem-nos condições que faremos o resto!
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