Quinta-feira, 30 de maio de 2019 - 10h42
Em carta emitida na manhã desta quinta feira 30 de maio, a Federação de Quadrilhas e Bois Bumbás de Rondônia – FEDERON comunica que os dirigentes dos grupos folclóricos a ela filiados, decidiram que não irão se apresentar na 38ª edição do Arraial Flor do Maracujá que a Sejucel pretende realizar entre os dias 28 de junho e 7 de julho.
LEIA A CARTA EMITIDA PELA FEDERON.
Porto velho 30 de maio de 2019
O Arraial Flor do Maracujá e a FEDERON
Durante os últimos 38 anos a cidade de Porto Velho, em uma grande parceria entre os setores das administrações públicas do Estado de Rondônia e do Município de Porto Velho e a iniciativa privada, através da Federação de Quadrilhas e Bois Bumbás de Rondônia/FEDERON, têm realizado, a duras penas o Arraial Flor do Maracujá, que tem seu ponto alto no Concurso de Quadrilhas e Bois Bumbás apresentado pela FEDERON, filiada da CONFEBRAQ.
Neste ano de 2019, após tantas dificuldades para manter viva nossa última festa popular, assistimos, indignados, às muitas calúnias e difamações que têm sido feitas contra a Federação de Quadrilhas e Bois Bumbás de Rondônia/FEDERON. As mídias têm noticiado um choque de ideias e princípios entre as autoridades ligadas à cultura no estado de Rondônia e a representação dos grupos juninos, que, historicamente tem realizado o festejo do Arraial Flor do Maracujá.
De um momento para o outro as coisas começaram a desandar nas, até então, bem estruturadas, relações entre a FEDERON e SEJUCEL. Contando com a força do cargo, o novo Superintendente, deixou evidente seu desprezo ou desconhecimento por décadas de trabalho das diretorias juninas e disparou ataques superficiais e sem consistência à Federação de Quadrilhas e Bois Bumbás, acusando-a, sem prova alguma de fazer mal uso do dinheiro arrecadado com o aluguel de barracas e de direitos de comercialização de produtos por ambulantes durante os festejos. Um erro crasso. As contas da FEDERON foram todas apresentadas, ano a ano, quer durante a audiência pública realizada sob a presidência do Deputado Jair Montes e que contou com a participação do Deputado Marcelo Cruz, na ALE, em 20/05/2019 ou na reunião de conciliação entre as partes, corrida na FEDERON, em 27/05/2019.
Como bem ressaltou o jornalista e folclorista Sílvio Santos, o Zekatraca, em sua coluna Lenha na Fogueira, datada de ontem, 29/05: “O negócio que já não andava muito bom entre a SEJUCEL e a FEDERON, em relação à realização do Arraial Flor do Maracujá. Piorou após a entrevista do superintendente da SEJUCEL, ao jornalista e apresentador Léo Ladeia na noite da última terça feira 28, na Rede TV-RO.”
Salientamos que a FEDERON sempre foi parceira da SEJUCEL em todas as realizações do Flor do Maracujá, desde sua criação há mais de quinze anos, até o presente ano.
Por desconhecimento dos assuntos de sua própria pasta, nosso Superintendente, dispara, em programas de TV, sua máxima, o valor cobrado pela FEDERON, em relação ao carrinho de pipoca, que atua com exclusividade, ao longo de dez dias no Arraial.
Em momento algum ele manifestou como iria conseguir manter a festa, viabilizando recursos para os grupos juninos, que por si mesmos arcam com gastos gigantes para apresentar um belo espetáculo ao povo de Porto Velho e de Rondônia. Seu problema está situado na obsessão de tornar a FEDERON, a responsável pelos preços cobrados em alimentos, ou demonstrar que ela não pode cobrar valores sobre o evento que é celebrado em espaço público, como ressaltou o Procurador Jurídico do Estado, na reunião de 27/05. O curioso é que no fim de semana seguinte, valores de dez reais eram cobrados pelo estacionamento, nesse mesmo espaço, pelos organizadores públicos do festival Boto Rock. Fica aquela dúvida: pode ou não pode cobrar ? E se pode pra um, pode menos pra outro? Mais uma vez citando o líder das colunas juninas em Rondônia, Zekatraca, mas alterando o tempo de alguns verbos, ressaltamos: “Por sugestão do Procurador a Comissão (de Conciliação) iria consultar o MP para saber sobre o assunto. Caso o responsável pelo segmento cultural no MP respondesse que não tinha problema, as coisas estariam resolvidas. Palavras do Procurador do Estado responsável pelo segmento cultural.”
No entanto, numa demonstração clara de seu desprezo e falta de habilidade política, o Sr Superintendente optou por novo confronto, dessa vez em um programa televisivo, onde o carrinho de pipoca foi, mais uma vez o mote dos ataques contra a FEDERON.
Novamente citamos o jornalista Zekatraca, que tão bem, capturou o conflito: “Talvez por falta de experiência ou até querendo mostrar, quem realmente é responsável pela realização do Flor do Maracujá este ano, saiu-se com essa:
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O Flor do Maracujá não é da FEDERON, não é de Porto Velho, não é da SEJUCEL ele é um evento do estado de Rondônia.
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Assim sendo, caso os grupos filiados à FEDERON não aceitem se apresentar, vamos convidar grupos de quadrilhas do Colégios, convidar os Bois de Guajará Mirim e até grupos de Humaitá.”
E aí repousa o atual estado de confusão. Diante dessas declarações, pairou a dúvida sobre a alegação inicial do Superintendente, quanto à ausência de recursos, que a FEDERON sempre obteve, através da administração e gerenciamento do Arraial Flor do Maracujá, para o apoio mínimo aos grupos de Quadrilhas e Bois Bumbás. Se não há recursos para os grupos locais, como nosso Superintendente pretende trazer grupos de fora, que lhe custarão apoio financeiro para sua preparação, passagens, hospedagens, alimentação? O dinheiro, finalmente, apareceu? E, se apareceu, porque não foi melhor informar aos Grupos e á própria FEDERON, de que a SEJUCEL, agora dispõe de recursos capazes de assegurar a parte mais importante do evento: os grupos juninos que se apresentam e abrilhantam o maior Arraial do Norte?
Passando por cima da representatividade e precedência que, por direito, tem a FEDERON de conclamar seus filiados a realizar a festa, o Superintendente preferiu, novamente, o caminho da hostilidade. Depois de difamar, em rede televisiva, a Federação, da qual fazem parte TODOS os grupos juninos que se apresentam no Arraial Flor do Maracujá, o senhor Superintendente resolveu convidar um a um para, sem a participação ou apoio da FEDERON, levá-los à arena do 38ª Flor do Maracujá e anunciou que, no próximo domingo, dia 02 de junho, realizará, sozinho e por vontade pessoal, interrompendo os procedimentos de conciliação, o lançamento do Arraial no Shopping de Porto Velho.
De uma forma triste, assistimos a mais este ato de imaturidade de uma autoridade que deve zelar pelas boas relações daqueles que representam o maior valor de sua pasta: os artistas, folcloristas, presidentes e brincantes dos grupos juninos. Foram oferecidas vantagens àqueles que abandonassem seus vínculos com a FEDERON e optassem por se apresentar no lançamento do evento, confiando apenas nas promessas de que se iria buscar o financiamento capaz de viabilizar a preparação dos grupos.
O resultado único de tal procedimento é a imediata saída da FEDERON de todo o processo de preparação, organização e apresentação do e no Arraial Flor do Maracujá/2019. Esperamos que, como uma fraternidade consolidada que somos, nossos filiados se retirem junto conosco. Nas condições impostas pelo atual gestor da SEJUCEL, NÃO participaremos do evento.
Esperamos que nossos filiados nos acompanhem e se solidarizem com essa dura decisão. Será a primeira vez que, em 38 anos, o Flor do Maracujá não contará com suas principais atrações, os tradicionais grupos de Quadrilhas e Bois Bumbás que formam a FEDERON.
Como conhecedores de todo o processo de realização do Flor do Maracujá, sabemos que comidas vendidas a supostos preços mais baratos (nada garante isso) e promessas sem lastro de recursos que poderão aportar nos pátios dos grupos, mas que há menos de um mês do evento nunca se materializaram, não fazem a festa por sí mesmas.
Sabendo de nossa responsabilidade para com TODOS os Grupos Juninos de Quadrilhas e Bois Bumbás e do apreço de nossa população pelas festas juninas de qualidade, nosso único festejo sobrevivente à última década de desastradas intervenções dos poderes públicos locais (que destruíram outras festas como o Carnaval de Rua, Carnaval na Praça, Concursos de Fanfarras, EXPOVEL e outras), tomamos a decisão de nos desvincularmos do poder público que nos rejeita e hostiliza.
Buscaremos formas para a realização do único e legítimo Concurso de Quadrilhas e Bois Bumbás em Rondônia, que só pode ocorrer, através da FEDERON, entidade vinculada à Confederação Brasileira de Quadrilhas/CONFEBRAQ.
Desejamos poder retornar ao Flor do Maracujá, tão logo cessem as hostilidades e acusações infundadas e o diálogo posa prevalecer sobre a difamação infundada.
Cidade de Porto Velho, Quadrilheiros Juninos de todos os bairros e comunidades, Bumbeiros, que guardam, há um século, nossas mais preciosas tradições folclóricas. Juntem-se a nós. Como Federação continuaremos existindo e superaremos esse tempo adverso, governos e gestores passam e o espirito festeiro do povo junino sobrevive.
Informamos que já estamos tomando providências para a realização, independente de nosso Arraial, que será a nova e grande tradição junina do Estado de Rondônia, daqui para o futuro. Desejamos vida longa ao Flor do Maracujá, nosso ninho de felicidades e competições ao longo desses 38 anos. Voltaremos em algum momento.
Como diz a música: “Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer”. Vamos fazer nossa história, refundar nossas tradições, desimpedidos e sem nenhum tipo de cabresto ou arrogância.
A FEDERON, em breve, apresentará, já para agosto, seu próprio arraial, onde celebraremos o início dessa nova tradição junina: o Primeiro Arraial dos Arraiais da FEDERON, que vem com tudo o que você gosta: Concurso Estadual de Quadrilhas e Bois Bumbás, Comidas Típicas, Espetáculos, Duelo Tribal e muita festa.
Porto Velho pode esperar, estamos preparando um grande evento junino, para pairar no nível ou acima daquilo que fizemos de melhor até então, o Flor do Maracujá.
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