Segunda-feira, 25 de junho de 2018 - 23h15
'Pra gente conseguir realmente a posse da área, era exigido que a pessoa que ganhasse terreno, construísse em até dez dias, tinha que ser casa de madeira ou alvenaria, nada de lona. Quem não cumprisse perdia o terreno'
'Fomos disputar as eliminatórias no Flor de Cacto e quando a quadrilha começou a entrar de mãos dadas, balançando pra cima e pra baixo, ele chegou comigo e perguntou: de onde é essa quadrilha? – É do Esperança da Comunidade! Vocês não saem daqui do Cacto, não é nosso estilo'
Fernando Rocha – Fernandão – 2ª Parte
Quadrilha A Roça é Nossa nasce no
Esperança da Comunidade
Conforme o prometido, hoje publicamos a segunda parte da entrevista com o Fernando Rocha. Desta feita, sobre seu envolvimento com o segmento da cultura popular, precisamente sobre a criação da quadrilha junina “A Roça é Nossa” e da Federação de Grupos Folclóricos de Rondônia – Federon entidade presidida por ele. “No bairro tinham duas quadrilhas, a Sapé que se transformou em “A Roça é Nossa” e a quadrilha “Flor da Bananeira” que era do Castanheira”. Fernando volta a lembrar o início do Esperança da Comunidade, a colaboração do então vice-prefeito Sérgio Carvalho e como a comunidade conseguiu afastar as gangs. “Sete horas da noite já estava todo mundo recolhido dentro de casa com medo. Era tiro e briga pra todo lado”.
Fernando continua presidente da Associação do Bairro Esperança da Comunidade e também é quem comanda os grupos folclóricos de Quadrilhas e Bois Bumbás como presidente da Federon.
E N T R E V I S T A - Segunda parte
Zk – Voltando a história do Esperança. Você lembra quem fazia parte da Comissão?
Fernando Rocha – João Bosco que foi o primeiro presidente da Associação e eu 1º vice, finado Ribinha, o Ceará Camarão, Negão Alcides, eram mais de 15. Tinha o Josué Shoknes e o radialista Águia Azul que andavam com o Índio. Era uma equipe muito atuante. Pra gente conseguir realmente a posse da área, era exigido que a pessoa que ganhasse terreno, construisse em até dez dias, tinha que ser casa de madeira ou alvenaria, nada de lona. Quem não cumprisse perdia o terreno.
Zk – E a Novacap?
Fernando Rocha – A Novacap é uma imobiliária que apresentou uma carta e se denominou dona do terreno e exigiu a reintegração de posse, tinha um advogado que foi Conselheiro do Tribunal de Contas que também dizia que era dono de parte da terra. Hoje ele é advogado da Novacap. o que comprova que os dois sempre andaram juntos.
Zk – E o que vocês fizeram pra mudar o visual do bairro?
Fernando Rocha – Como disse, aqui não tinha nada, todo mundo se trancava dentro de casa com medo de sair porque o que se ouvia era tiro, briga de gang, a energia era muito pouquinha, era uma escuridão enorme. Na época do Sérgio Carvalho a gente dançava quadrilha num sapezal. Tinha uma área aqui, inclusive uma minha cunhada, quase foi estuprada, ela vinha da escola, naquele tempo o único acesso era pela rua Amazonas a gente estava ensaiando e ela não havia chegado, quando demos fé ela saiu correndo de entro de uma mata alta que tinha, dizendo que tinha um cara com uma arma perseguindo ela.
Zk – E o Sérgio Carvalho o que tem a ver com isso?
Fernando Rocha – Ele era vice-prefeito e assumiu como Diretor do DER Metropolitano no tempo do Raupp; ele desmatou isso aqui e disse: Fernando vocês precisam criar um campo de futebol aqui, porque aonde o homem pisa não cria mato.
Zk – Então! Como nasceu a quadrilha A Roça é Nossa?
Fernando Rocha – Aqui existiam duas quadrilhas a “Sapé” e a “Flor da Bananeira” que era do Castanheira da família Jordão e a gente disputava. De vez em quando saia briga. Aconteceu que essas apresentações se transformaram num arraial aonde a população vinha jogar bingo e com isso, foi afastando as gang. Nossa quadrilha “Sapezal” foi batizada de “A Roça é Nossa”, passou a ser convidada para dançar em arraial de igreja e a gente ia. O Flor do Maracujá pra nós era meio complicado, a gente não tinha condições e eu nem sabia que tinha recurso para quem dançava no Flor.
Zk - E como vocês resolveram participar do Flor do Maracujá?
Fernando Rocha – Quando foi um dia, Rubão na época vereador, passando por aqui, viu o nosso movimento e fez o convite pra gente disputar as eliminatórias para o Flor do Maracujá que aconteciam no Arraial Flor de Cacto criado por ele. Era o ano de 2002, eu disse que a gente não tinha condições financeiras e ele até ajudou a comprar os tecidos. Em cima disso, resolvi: Vou ao Ceará ver o que tem de novidade. Cheguei lá com minha irmã, fui a vários arraiais e ela filmando as apresentações das quadrilhas com uma filmadora portátil e eu trouxe pra cá e começamos a estudar os passos e incrementamos na nossa quadrilha. Eu não queria que a nossa quadrilha fosse igual as que já se apresentavam no Flor do Maracujá, tinha que ter um impacto novo.
Zk – E o que Joãozinho da quadrilha Matutos da Cidade Grande disse quando viu a quadrilha de vocês?
Fernando Rocha – Fomos disputar as eliminatórias no Flor de Cacto e quando a quadrilha começou a entrar de mãos dadas, balançando pra cima e pra baixo, ele chegou comigo e perguntou: de onde é essa quadrilha? – É do Esperança da Comunidade! Vocês não saem daqui do Cacto, não é nosso estilo esse tipo de dança. Já o Rubão agiu diferente: “Rapaz que coisa bonita esse estilo da quadrilha de vocês”. Temos um lema, dançamos para agradar a população que nos assiste, sem a preocupação de ser campeão. Ser campeão é consequência de uma boa apresentação. Fomos classificados junto com a JUABP. Dançamos no Maracujá em 2002, 2013 e em 2004 caímos de novo para o Grupo de Acesso e fomos disputar as eliminatórias.
Zk – Qual o motivo da desclassificação?
Fernando Rocha – Fomos homenagear uma área que conhecia muito bem, que era o “Garimpeiro do Madeira”, porém, não soube desenvolver o tema, minha Flor que era um Diamante não abriu direito e dentro tinha um garimpeiro com a bateia. Naquele tempo as eliminatórias eram no mesmo ano e nós fomos disputar no ginásio Dudu e voltamos a subir junto com a “Arrasta Pé de Matutos” do Benevides. Homenageamos Luiz Gonzaga o Rei do Baião e aí tem a história do Gibão.
Zk – Essa história tem a ver com o seu Cangaço. Por quê?
Fernando Rocha – O professor Severino vendo nosso Cangaço la no SESC chegou e solicitou com toda humildade. “Fernando a gente tá querendo incrementar nosso Cangaço e gostaríamos que você nos cedesse o vídeo do Cangaço de vocês”. Convidei o Severino para ir assistir o vídeo lá em casa e nessa, ele levou um Gibão que havia conseguido em Campina Grande, era a coisa mais bonita, era uma cópia muito bem feita do Gibão do Luiz Gonzaga. Só que a Alzanira – Liri minha esposa, que era uma excelente costureira, pegou o Gibão e enquanto o Severino assistia ao vídeo do Cangaço ela vestiu meu genro com o Gibão e fotografou de todos os ângulos. Tanto que quando nós chegamos ao Flor do Maracujá no dia da nossa apresentação, Severino olhou, olhou e disse: “Vocês copiaram o meu Gibão todinho né?”Até hoje tenho esse Gibão guardado lá em casa. Tudo isso é malícia, ele tava olhando meu Cangaço!
Zk – Quantos título a Roça é Nossa tem no Flor?
Fernando Rocha – São três títulos, não é fácil, existe quadrilha mais velha que a nossa e não tem nenhum título no Flor. Batemos muito na trave ficando com o vice-campeonato. Fomos nós que implantamos a quadrilha cantada em Porto Velho. Cantada e coreografada. Tem uma quadrilha aqui que chegou comigo e disse: Seu Fernando eu tenho que imitar o que é bom, tanto que ela está subindo, é a Mocidade Junina do Rodrigo. Antes da gente, as quadrilhas aqui faziam roda, aquele xis era pra lá e pra cá e nós chegamos fazendo as quatro linhas. Me mostre hoje, qual a quadrilha que não dança em quatro linhas!
Zk – Como surge o Fernando líder do movimento folclórico. Presidente da Federon?
Fernando Rocha – Esse negócio de líder está impregnado na minha vida. Fui líder da minha classe quando estudava, fui líder na igreja como Coroinha, tinha meu time de futebol etc. Pra você ser líder, presidente de alguma entidade, você primeiro tem que saber ouvir, ser uma pessoa democrática, Em 2004 sentimos que era preciso ter uma associação para defender as Quadrilhas Juninas. O Moreira me procurou e terminei sendo o vice dele. Depois numa reunião na Associação dos Moradores do Esperança criamos a Federação aí veio o seu Aluízio Guedes quer dizer, juntou os Bois e as Quadrilhas e nasceu a Federon. Fui o primeiro presidente junto com o Severino, ficamos um tempo fora e os grupos vieram nos procurar de novo e então passamos a dividir a direção sempre com um dirigente de boi bumbá. Atualmente somos o presidente e seu Aluízio Guedes o vice.
Zk – E o Flor do Maracujá?
Fernando Rocha – Lutamos para iniciar o Flor do Maracujá 2018 no mês junho, infelizmente não foi possível. A pedido do governador e do prefeito transferimos a abertura XXXVII Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás – do Flor do Maracujá para o dia 27 de julho. Esperamos que a Sejucel cumpra a parte que lhe cabe. Podem ter certeza, com o apoio do prefeito Hildon Chaves e do governador Daniel Pereira, o Arraial Flor do Maracujá deste ano, vai ser dos melhores. Obrigado!
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