Domingo, 25 de novembro de 2012 - 06h14
Antes do Território Federal do Guaporé completar dois meses de criação, nascia no Hospital São José, Fernando Sadeck filho da professora Odaléa e do seu Vitor Sadeck família tradicional em Porto Velho. “Minha infância, posso considerar, como totalmente feliz”. Fernando logo que concluiu o cientifico ingressou na carreira de bancário no Banco do Brasil. “Após dez anos consegui transferência para Brasília onde fui gerente geral de várias agencias”.Porém, muito antes de viajar para a capital federal, juntamente com seus irmãos, primos e amigos formou o “Atlético Sadeck” time de futebol de salão considerado dos melhores de Porto Velho juntamente com o Sampaio Correia, Bancrevea e Cinco Azes. O time entrava na quadra sempre com a seguinte formação: Vitinho (goleiro), Chico, Luiz Guilherme, Dorival Matos e Fernando Sadek também entravam Walter Santos, Serrão e Ney Simões. “Era um timaço”. Sexta feira 23, durante o velório do Walter Bártolo na Assembleia Legislativa de Rondônia gravamos a conversa que os senhores vão conhecer o teor na entrevista que segue:
E N T R E V I S T A
Zk – Você nasceu no Amazonas ou no Guaporé?
Fernando Sadek – Nasci em Porto Velho no dia 10 de novembro de 1943 no Hospital São José, logo depois do Presidente Getúlio Vargas ter criado o Território Federal do Guaporé em 13 de setembro.
Zk – Você viveu toda sua infância no bairro Caiari?
Fernando Sadek – Não! Primeiro moramos na rua José do Patrocínio e só depois fomos para o Caiari. Devo dizer que fui muito feliz na minha infância e adolescência. Comecei a estudar no Grupo Escolar Barão do Solimões com oito anos de idade, acontece que naquele tempo não tinha esse negócio de maternal 1 maternal 2. No Barão conclui o primário. Depois fiz o exame de admissão passei e fui pro Colégio Presidente Vargas onde fiz o ginásio e o científico. Na época,a professora Marize Castiel era a Diretora de Educação.
Zk – O Presidente Vargas funcionava aonde?
Fernando Sadek – Era assim, pela manhã era Escola Nornal e a tarde funcionava o Ginásio Presidente Vargas.A noite funcionava o Ginásio e o Comercial que hoje é o Estudo e Trabalho.
Zk – Você tem algum curso superior?
Fernando Sadek – Como na época eu não podia sair daqui, porque tinha dois irmãos já estudando fora, que era o Vitor fazendo medicina e o Francisco (Chico), fazendo geologia, um em Belém e o outro em Brasília a coisa ficou complicada. Tive a sorteporassim dizer, de ter passado no concurso do Banco do Brasil e ali fiquei até minha aposentadoria.
Zk – E o professor de matemática?
Fernando Sadek – Quando conclui o científico, como já disse, a professora Marize sempre foi perspicaz em realizar uma renovação no quadro de magistério do Território e eu fui guindado junto com meus amigos, Cezar Nunes da Silva, Amizael Gomes e o Dudu para lecionar no ginásio, cada um na sua matéria.
Zk – Você viu nascer a praça Aluizio Ferreira. Fala como vocês utilizavam a praça naquele tempo?
Fernando Sadek – Quando fomos morar no Caiari ela não existia o que aconteceu logo depois da nossa mudança para o bairro. O bairro Caiari era residencial por excelência, quer dizer, não tinha nenhum comercio e todas as famílias se conheciam. A praça era o nosso paraíso. Ali fizemos o nosso campo de futebol, tinha a quadra de vôlei, pista de corrida e ainda tinham três lagos com duas pontes onde a gente tomava banho. Depois colocaram um poraquêe nós não podíamos mais tomar banho, não sei quem matou o bicho, só sei que ele morreu.
Zk – O bairro Caiari era famoso também por abrigar as moças mais bonitas da cidade. Você foi namorador?
Fernando Sadek – Era um namoro que não é igual ao de hoje, naquele tempo havia muito respeito. O bairro Caiari foi concebido com toda a estrutura, tinha água encanada, rede de esgoto e outros serviços, por isso era chamado como você disse, o bairro dos categas. Realmente tinha umas meninas muito bonitas e os namoros existiam, elas eram muito paqueradas, não só pela gente do bairro.
Zk – Fala sobre seus pais?
Fernando Sadek – Evidente que hoje resta a saudade. Meu pai foi um homem muito honrado, correto, aguentou o revés da vida, nós nascemos em berço de ouro. Fred, depois o Francisco, depois o Vitor. Até o Vitinho nós tivemos berço de ouro. Na época meu pai era seringalista e os Estados Unidos tinha interesse na nossa borracha, havia um fomento muito grande, tanto que o Banco da Amazônia era chamado de Banco da Borracha. Quando acabou a guerra, acabou também os incentivos e a coisa foi naufragando e ele terminou como tesoureiro da prefeitura de Porto Velho.
Zk – O seringal era aonde?
Fernando Sadek – Era lá em Fortaleza do Abunã eu não cheguei a conhecer não. Meu pai era libanês naturalizado amazonense, veio pra cá com os pais ainda pequeno e não quis voltar para sua terra natal, ficou aqui com uma irmã que era a tia América, por último, se é que posso falar assim, a mamãe partiu par o céuagora em outubro e logo depois nossa irmã mais nova a Araceli e aí aumentou mais a nossa saudade, o coração ficou transbordando de tristeza.
Zk – Você sabe como aconteceu o encontro do seu pai com a dona Odaléia sua mãe?
Fernando Sadek – As vezes eles falavam, mas, quem mais contava essa história era o seu Lucine Pinheiro. O Lucine participou muito do inicio do namoro, foi inclusive padrinho de casamento. Mamãe era paraense e chegou aqui muito nova com o seu Elias Gorayebe e como seu Elias também era libanês já se dava com o papai, e fizeram uma aproximação entre os dois e aconteceu o casamento.
Zk – Tudo em Porto Velho?
Fernando Sadek – Nada disso! Na época do seringal nós tínhamos casa em Porto Velho, Manaus e Belém. Eu nasci aqui, o Fred e o Francisco em Belém e o Vitor em Manaus. A coisa foi degringuelando e viemos pra cá de novo,onde nasceram a Leinha e a Araceli.
Zk – O seu Vitor chegou a ser prefeito de Porto Velho?
Fernando Sadek – Não, chegou a secretário geral na época do prefeito Dr. Gondim. Quando o Dr. Gondim saiu papai foi ficando por lá, depois veio o seu Amaral e ele terminou ficando na tesouraria como tesoureiro onde encerrou sua trajetória municipal.
Zk – Lembro que você, Pedro Otino, Vladimir Carvalho, Batista, Claudio Pintada e outros do Caiari eram amantes do samba. Fala sobre esse ritmo na vida de vocês?
Fernando Sadek – Nossa turma era uma turma muito boa. Nossa escola de samba começou com uma brincadeira, por isso que a gente botou seu nome de “Pobres do Caiari”, porque a batucada era feita com lata, panela, frigideira e até penico e fazíamos uma batucada bem ritmada, porém a escola só tomou vulto e chegou a ser considerada uma das melhores da Amazônia, quando a professora Marize Castiel assumiu sua direção.Eu era da bateria eu e o Batista fazíamos a marcação no surdo o Vitor ia pro tamborim depois virou mestre sala.
Zk – Você brincou em algum bloco carnavalesco de clube social?
Fernando Sadek – O Ypiranga era numa casa de madeira em frente onde hoje é a Embratel. O Ypiranga praticamente era do Caiari. Naquele tempo os desfiles carnavalescos eram apenas com os blocos dos clubes Guaporé, Ypiranga, Imperial e Danúbio Azul. Com o tempo surgiu o Bancrevea e o Flamengo. Extraoficial eram duas categorias, Ypiranga e Bancrevea na especial e os demais em outra categoria isso com o devido respeito.
Zk – E as batalhas de confete?
Fernando Sadek – As Batalhas de Confete eram aspré-carnavalescas e eram disputa mesmo, com troféu e tudo. Os foliões eram animados pelas bandas de seus clubes, Jazz Brasil do Bancrévea, Potiguar do Danúbio era assim. A gente descia a Presidente Dutra e se apresentava para as autoridades no palanque montado ali entre o antigo Banco do Brasil (hoje restaurante do Sesc) e a Associação Comercial, dobrava na Sete de Setembro subia a José de Alencar e voltava pela Presidente novamente.
Zk – É verdade que esses blocos no sábado magro de carnaval iam recepcionar o Rei Momo na estação da Madeira Mamoré?
Fernando Sadek – Exatamente! O Rei Momo chegava no trem da Madeira Mamoré juntamente com sua corte, recebia a chave da cidade das mãos do prefeito e era recepcionado por todos os blocos, dali saia o cortejo rumo a praça Rondon. Era a última batalha de confete do ano, pois na outra semana já era o carnaval oficial. Outra tradição da época era a chegada do Papai Noelque também desembarcava na estação da estrada de ferro aonde chegava de litorina.
Zk – Por algum tempo você morou em Brasília. Por que?:
Fernando Sadek – Na época, aqui tinham duas agencias do Banco do Brasil uma em Porto Velho e outra em Guajará Mirim então as oportunidades de você conseguir ascensão profissional eram muito restritas, aí apareceu uma oportunidade, em Lorena (SP), Pires do Rio e Brasília, me candidatei as três e fui chamado para Brasília. Trabalhei no Banco aqui por dez anos e vinte foi em Brasília aonde cheguei a ser gerente geral de várias agencias. Aproveitei o tempo que morei lá e fiz faculdade de direito
Zk – Como você analisa o serviço bancário ao cliente nos dias de hoje?
Fernando Sadek – Naquele tempo, o cliente por manter a conta no banco já era remunerado. Hoje o cliente é que paga pelos serviços do banco. Antes bastava ter uma conta e semestralmente fazia a correção de juros pela média do saldo e remunerava o cliente. Naquela época não tinha essas taxas todas não.
Zk – Você casou com quantos anos?
Fernando Sadek – Com 27 anos com a dona Ceci Couceiro com quem tive três filhos Flavia, Samara e o Fernando, com o tempo nos separamos e então casei com a Tânia Gondime tivemos dois filhos o Fábio e o Bruno esse também não deu certo; Por último tive um relacionamento com dona Luciana Pereira resultando na filha Luciana Sadeck que é tão amada quanto os demaisfilhos. Hoje estou solteiro a disposição, porém com muita prudência. “Gato escaldado tem medo de água fria”.
Zk – Para encerrar. Vamos comparar a Porto Velho da sua juventude com a Porto Velho de hoje?
Fernando Sadek –Pelo lado do progresso isso aqui evoluiu muito não resta a menor dúvida, mas, em termo de RH – Relações Humanas a coisa ficou meio complicada. Naquela época ninguém tinha grades em suascasas. As casas do Caiari eram padronizadas, muro baixinho isso acontecia em outros bairros como Arigolândia, São Cristóvão, Olaria, Morro do Querosene enfim, os muros eram de um metro e ninguém entrava na casa de ninguém sem ser anunciado. Aquela Porto Velho era muito gostosa de viver, mas, em termo de tecnologia era muita atrasada. Hoje é evidente que nessa parte avançou muito. Via Internet você tá no mundo todo, naquela época quando muito, tínhamos a Rádio Difusora do Guaporé e depois veio a Rádio Caiari. Em 1974 foi que entrou a televisão com o governador Marques Henrique, Dilson Machado comandando com o Dimas e então a coisa cresceu tanto, que hoje somos o que somos. Naquele tempo não tinha nem linha de ônibus os táxis eram jeeps que ficavam estacionados atrás do Cliper do João Barril na Sete de Setembro. A vida da gente é um somatório de emoções como diz Roberto Carlos. Sou muito feliz com a minha vida graças a Deus e aos ensinamentos da professora Odaléa e do seu Vitor Sadeck.
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