Segunda-feira, 22 de setembro de 2008 - 06h11
O sambista, compositor carioca Flavinho Silva esteve em Porto Velho neste final de semana, contratado pelo também sambista compositor, Beto Cezar para participar de duas apresentações. Convidado pelo Beto a participar de um almoço oferecido ao cantor, aproveitamos para bater um papo sobre a carreira do sambista, que é um dos integrantes do grupo de pagode 100%.
A conversa rolou descontraidamente tarde a fora, sobre o inicio da carreira de compositor e sobre como nasceu o Grupo 100%, considerado atualmente, como um dos melhores grupos de pagode do Brasil. Flavinho nos falou sobre o movimento que acontece no Rio de Janeiro na Lapa onde o samba de raiz está em ascensão junto aos novos sambistas.
Apesar de ter composto sua primeira música aos 12 anos de idade, só depois de muito tempo foi que viu, que sua praia, era a composição de samba. "Um dos fatores que despertou a necessidade de compor, foi a falta de repertório para a gravação do primeiro CD do 100%". Hoje Flavinho é um dos compositores mais requisitados pelos cantores de samba do Rio de Janeiro. "Tenho sambas gravados por Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Reinaldo, Diogo Nogueira e outros grandes do samba como o Grupo Fundo de Quintal".
Ouvindo o CD do grupo 100% me encantei com a mensagem que consta na letra da música "Fé em Deus", que em determinado trecho diz o seguinte:
A noite tá difícil, mas, não posso desistir/Depois da tempestade flores voltam a surgir/Mas, quando a tempestade demora passar/E a vida até parece fora do lugar/Não perca a fé em Deus/Fé em Deus que tudo irá se acertar/Aquele que não mata só nos faz fortalecer...
Vamos ao papo com Flavinho Silva.
E N T R E V I S T A
Zk – Desde quando você começou nessa onda de samba?
Comecei bem cedo! Bem cedo mesmo. Na realidade, meu pai comprou um cavaquinho pra ele aprender a tocar e deixou o cavaquinho de lado. Vendo o instrumento praticamente jogado, comecei a pegar.
Zk – Quantos anos você tinha?
Flavinho – Nessa época eu estava com 13 anos de idade. Devo dizer que sou autodidata. Com 17 anos já estava sobrevivendo de samba. Toquei em vários grupos, acompanhei vários artistas como Elcio do Forrogode, Jovelina Pérola Negra, Neguinho da Beija Flor. Depois passei a tocar em escola de samba, mais tarde comecei a estudar música realmente.
Zk – Qual a primeira composição que você fez?
Flavinho – A primeira composição foi numa gincana que teve na escola, acho que estava com uns 12 anos de idade. Só dez anos depois, foi que comecei a levar esse negócio de compor a sério.
Zk – E a primeira composição que fez sucesso. Quem gravou?
Flavinho – A primeira que fez sucesso já foi com o grupo 100%.
Zk – Direto assim?
Flavinho – Acontece que para gravar o nosso primeiro Cd tivemos dificuldade em selecionar o repertório. Acredito que, o que nós passamos, acontece com todo grupo que está iniciando e não tem aquela produção própria bem elaborada. Os compositores já consagrados apresentam certa resistência na hora de disponibilizar uma obra, para um grupo que não sabe se vai ou não, fazer sucesso.
ZK – Aí você resolveu assumir as composições do grupo?
Flavinho – Justamente! Por falta de repertório para gravar, acabei compondo, algumas músicas que foram gravadas. Duas delas tocaram bastante no Rio de Janeiro e a partir daí, a Beth Carvalho gravou música minha, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e tantos outros.
Zk – Quais foram as duas que passaram a tocar nas rádios do Rio de Janeiro e acabaram estourando no Brasil?
Flavinho – Mina Maneira que até hoje toca lá no Rio e Ingrata Paixão uma parceria com o Jojo.
Zk – Como surgiu o grupo 100%?
Flavinho – Na realidade a gente jogava futebol toda segunda feira no Esporte Clube Iguaçu e tinha aquele pagode sem compromisso. Acabou que o futebol não estava mais rolando, mas o pagode continuava. A galera começou a chegar cada vez mais tarde, justamente no horário do pagode e aquilo virou um sucesso danado na Baixada Fluminense. Vinha gente de tudo quanto era lugar. Um ano depois, graças ao Paulo Tenente que na época era presidente da escola de samba Nova Iguaçu, que nos proporcionou a gravar o primeiro CD. Tudo aconteceu muito rápido. A partir daí o grupo já estourou em todo o Brasil.
Zk – Por falar em escola de samba. Você chegou a participar de concurso de samba enredo como compositor?
Flavinho – Participei! Fui cavaquinista da escola de samba Tradição durante três anos e conheci vários compositores de samba enredo. Lourenço, Gilson Berlini, inclusive com o Gilson Berlini tivemos algumas canções gravadas pelo Diogo Nogueira (filho do João Nogueira), no seu mais recente CD e outros grupos de menos expressão.
Zk – E os sambas enredos?
Flavinho – Daí compus pra Mocidade, Portela, Beija Flor e outras. Perdi todos, mas estava lá. Acabei ganhando dois concursos de samba enredo em escola de cidades menores, na região dos Lagos. Fui campeão pela Absínia dois anos consecutivos e depois me aposentei como compositor de samba enredo.
Zk – Você tem uma composição no CD do 100% que eu particularmente acho muito linda. Quando escutei esse samba disse, é gospel. É?
Flavinho – É o samba Fé em Deus. Esse samba eu fiz num momento bastante delicado da minha vida. Em todos os setores a nossa vida tem altos e baixos e naquele momento eu estava no baixo. Tava pensando em desistir da música, seguir outra carreira; não tinha mais o que pensar e então comecei a pedir a Deus que me ajudasse e desse uma orientação, a partir dali comecei a trabalhar nessa música. Ele veio surgindo na minha mente. Fiquei uns três Meses trabalhando nela. Às vezes ficava uma hora com o violão na mão, papel a caneta, escrevia uma frase, riscava aquela frase e começava do zero de novo. Depois de três meses a música ficou pronta.
Zk – E o 100% gravou fez sucesso e você se libertou do baixo astral?
Flavinho – Então! Ela foi gravada também pelo Diogo Nogueira em seu recente CD; o Reinaldo também gravou e ainda tem gente querendo gravar. A mensagem é realmente muito bacana. Você até tocou no assunto gospel. Ela fala de Deus de uma maneira que todo mundo se identifica, independente de religião. Todo mundo acredito em Deus, mesmo os que se dizem Ateu.
Zk – Vocês do grupo 100% foram a exceção à regra, estou me referindo ao espaço de tempo que vocês levaram da formação do grupo a gravação do primeiro CD. Fale sobre essa rápida ascensão?
Flavinho – Realmente foi muito rápida. Inclusive seria bom se tivesse demorado um pouco, porque nós estávamos em ascensão e atingimos certo destaque no mercado fonográfico nacional, quando estávamos completamente despreparados para tudo aquilo que estava acontecendo.
Zk – Vamos falar dessa internacionalização do grupo?
Flavinho – Estamos embarcando para uma turnê pela Europa agora no dia 23. Vamos fazer Suíça, Holanda, Itália, Portugal e Espanha.
Zk – Tem alguma programação no Brasil?
Flavinho – Tem sim! Em dezembro a gente vai estar por aqui de novo, Aqui na região Centro Oeste e Norte, inclusive tem uma data agendada para Porto Velho Rondônia. Essa turnê vai acontecer na primeira semana de dezembro.
Zk – O 100% já está pensando na gravação de um novo CD?
Flavinho – Já estamos pensando nisso. Inclusive já gravamos três músicas do próximo Cd. Paramos as gravações por conta de estarmos fazendo muito show pelo Brasil. Quando voltarmos da Europa, vamos nos dedicar a esse trabalho no mês de novembro.
Zk – Vamos encerrar esse papo. É Flavinho da Silva?
Flavinho – É Flavio da Silva Gonçalves nascido no dia 2 de setembro de 1975 com essa cara de 83. Sou recém casado (um mês de casado) com a dona Jackeline Bernardo que sempre vai comigo ao samba, só pra ela ver como é o trabalho. Para os novos sambistas digo apenas: Tenha fé, vá na fé, nunca perca a fé em Deus.
Fonte: Sílvio Santos
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