Domingo, 25 de novembro de 2007 - 14h03
Entre os jovens que tocam violão em grupos de pagode em Porto Velho, poucos são os que não querem imitar o "Papai". Papai é como todos chamam o Genésio. Na realidade ele gosta mesmo é de ser chamado de Genésio da Guitarra, inclusive, durante essa entrevista tentamos saber o seu nome de batismo ou de registro e o mais que conseguimos foi o primeiro nome Rogério, assim mesmo com a intervenção do Manelão da Banda do Vai Quem Quer. "Meu nome é Genésio da Guitarra papai". Em 1986 Genésio veio a Porto Velho a convite do sanfoneiro Evandro para tocar em sua banda e ele não lembra o quem foi que aconteceu, que quando viu, estava tocando na Banda Os Cobras do Forró. "Era o auge da lambada e acho que fui pra lá porque sabia solar lambada na guitarra". Entre os puxadores de samba enredo 99% querem o Genésio os acompanhando, seja durante a gravação do CD ou mesmo No dia dos desfiles na passarela do samba. Nas Bandas de Toadas de Boi-Bumbá durante o Flor do Maracujá lá está o Genésio acompanhando os levantadores de toadas. No grupos de chorinho lá está o Genésio solando no cavaquinho. "Hoje toco mais de vinte instrumentos". Podemos dizer com certeza que o Genésio é o músico mais querido e solicitado de Porto Velho. Dificilmente você encontra um Genésio aborrecido, chateado mesmo quando pega o cano de algum contratante. Ele está sempre disposto a colaborar, tocando até sem cachê, quando se trata de show cultural. Recentemente podemos apreciar a performance do "Papai" no Vilas Bar todas as sextas feiras onde se apresenta (sem cachê) com o Grupo Casa de Bamba. "A turma do atual Casa de Bamba é muito boa. Tem o Nicodemo. A Rose, o Júnior, o Bubu e o Paulo Humberto". Quando o produtor musical Alkbal pega um contrato para gravar em seu Estúdio Verde o primeiro violonista que ele convoca é o Genésio. Vamos acompanha a história desse competente músico que tem como fã o "Papai" dos violonistas de Porto Velho.
E N T R E V I S T A
Zk – Vamos falar um pouco da sua vida. Como foi que você veio parara em Porto Velho, você é cearense, paraibano ou pernambucano?
Genésio da Guitarra – Nasci em Fortaleza me criei em Fortaleza no bairro de Montese. Participei de várias bandas. Talvez uma 110 bandas, toquei no conjunto do 5º Batalhão da polícia por onze anos com Clementino Moura, todo ano a gente gravava um LP (vinil) que naquele tempo era chamado de "bolachão". Passei uma temporada tocando em circo e no ano de 1986 vim aqui pra ficar numa banda e terminei ficando nos Cobras do Forró por uma temporada e estou por aqui até hoje.
Zk – Sabemos que você gravou com muita gente boa. Quer nominar alguns dos famosos que você participou das gravações?
Genésio da Guitarra – É verdade, acompanhei muitos cantores, entre eles José Orlando, Reginaldo Rossi, Waldik Soriano, Alípio Martins, Maurício Reis, Fernando Lélis, todos esses cantores e mais um boca, passaram pela minha mão, só não passou ainda o Roberto Carlos e também não vai passar porque está muito longe.
Zk – Quando você tocava nas bandas de Fortaleza o ritmo que prevalecia era o forró?
Genésio da Guitarra – Aliás, hoje não é mais forró que eles tocam, é aquele batidão. Naquela época era discoteca, axé, aí mudou pra forró. Fiz uma temporada em Cajazeiras quatro tocando nos Bem Bem uma banda muito grande, todo ano era um CD (já era CD); Aí vim aqui me acostumei e fiquei em Porto Velho.
Zk – Com quanto de idade você começou a tocar?
Genésio da Guitarra – Comecei a estudar com quatro anos de idade, gostava muito de violão, fiz um pouco de conservatório e fiquei lá mesmo fiquei na Banda e nunca mais parei de tocar.
Zk – Conta a história do seu primeiro violão?
Genésio da Guitarra – Quando comprei meu primeiro violão a moeda ainda era o tostão, mil réis e graças a Deus até hoje estou bem, gosto da profissão.
Zk – Você chegou a tocar com Luiz Gonzaga?
Genésio da Guitarra – Toquei com Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Três do Nordeste. Com Luiz Gonzaga ceguei a tocar aqui em Porto Velho. Com o Trio Nordestino fiz uma temporada; fizemos um São João na Bahia, fizemos show em Campinha Grande.
Zk – O Trio Nordestino não era apenas Sanfona, Triângulo e Zabumba?
Genésio da Guitarra – Eles sempre tiveram o apoio dum violão duma guitarra inclusive nas gravações eles usavam um violão. Era o Lindu, Cobrinha e Coronel mais a gente para ajudar eles aí o Lindu morreu e desmoronou tudo. As pessoas famosas estão todas em Fortaleza, naquela beira de praia, não falta ninguém. Aqui passa quinze dias ou mais pra vim um cantor, lá é direto e quando chega, pega aqueles músicos de nome pra acompanhar, é no Bola Branca, é no clube dos Médicos, Clube dos Oficiais é nos grandes clubes isso aqui não funciona.
Zk – Acontece que em Fortaleza existem muitos músicos e a concorrência é grande?
Genésio da Guitarra – A concorrência é muita, porém tocam três quatro bandas num canto. É meia hora aqui, meia hora ali e todo mundo ganha dinheiro. Só que a gente já se acostumou aqui.
Zk – Na realidade quem te trouxe pra cá?
Genésio da Guitarra - Quem me trouxe pra cá foi o Evandro pra tocar no Mexe Mexe o Evandro era o maestro da Banda Nordestina, sanfoneiro bom. Há algum tempo eles queriam me trazer pra cá, o Josevan; o Paulo do Casarão do Barco, eu sem querer vir, aí vim e fiquei foi nos Cobras do Forró.
Zk – E como é que eles ficaram sabendo que você era bom na guitarra. Eles foram lá te ver tocar?
Genésio da Guitarra – Eles me conheciam apenas de nome, não foram lá não. Pelo que sei foi que fui indicado como um dos bons guitarristas de Fortaleza e eles se interessaram em me trazer para a banda deles. Na verdade quem me indicou foi Dedin Gouveia.
Zk – Esse Dedin da Televisão. E como foi que ele te indicou para os donos de banda em Porto Velho?
Genésio da Guitarra – Acontece que o Dedin já andava por aqui, inclusive ele queria me trazer pra cá, pra tocar na banda Iang Som.
Zk – Além da guitarra e do violão você toca outros instrumentos?
Genésio da Guitarra – Toca. Estudei violão, mas hoje toco vinte e poucos instrumentos. É, pandeiro, é tan tan, rebolo, baixo, xarango, guitarra, cavaquinho. Sou solista, faço hamonia, sou arranjador de CD. Agora mesmo terminei de gravar um CD com o doutor Samuel, não é pra vender, foi pra doar aos amigos, foi o primeiro trabalho do doutor Samuel inclusive foi uma surpresa pra mim, foi muito bom. Fiz um CD com a Silvana uma jovem que trabalha na Assembléia o Alkbal deu uma força, foi muito bem também.
Zk – Aqui em Porto Velho, além dos Cobras, você já tocou em outras Bandas?
Genésio da Guitarra – Toquei no Xodó, Banda Skala, Banda Ellen, Azes do Pagode durante 5 anos; no Chope Gelado, no Bahamas, Chopapo´s, Lá Barca por todo canto.
Zk – Agora?
Genésio da Guitarra – Agora tô com um grupo de chorinho muito bom, muito afinado que é o Caso de Bamba, aliás, o Casa de Bamba já está com 17 anos e sempre toca em show promovido pela prefeitura. É o Júnior, Bubu, Nicodemo é bom demais o Casa de Bamba.
Zk – Você é o responsável pela formação de vários músicos que tocam violão na noite de Porto Velho. Cita alguns que passaram pela sua mão e que hoje tocam na noite?
Genésio da Guitarra – Olha quase todos que estão fazendo sucesso na noite de Porto Velho passaram pela minha mão, entre eles me orgulho do Júnior de Castro Alves; o Silvio José; o pessoal da Banda do Papo de Esquina, a Tina, muitos participam de bandas evangélicas, tem a Tânia dos Cobras a Régia que faz sucesso numa banda na Bahia.
Zk – Voltando a Fortaleza. Você chegou a tocar em alguma orquestra ou era apenas de grupos de forró?
Genésio da Guitarra – Naquela época e até hoje o músico profissional tem que saber tocar todos os ritmos. Toquei na Orquestra Senador Pompeu uma orquestra com 22 músicos, ali a gente tocava de tudo, do bolero ao samba e até fox chorinho, não é todo músico que sabe tocar chorinho não, fazer um pouco de violão clássico também é muito importante, não fácil fazer Dilermando Reis, Toquinho não é pra qualquer nego, é muito trabalhoso.
Zk – Você ensina violão para muitas pessoas, inclusive médicos advogados, professores e até juiz de direito e suas esposas. Você tem um método especial. Um método que pode ser chamado de Método Genésio da Guitarra?
Genésio da Guitarra – O método é cortar aquelas pestanas, cortas aqueles acidentes e deixar, por exemplo, uma música de dez notas pronta para ser tocada com apenas seis notas. Esse negócio de ficar com teoria, teoria, teoria não vai, teoria não é tocar. Tocar é fazer o prático, colocar o dedo e tocar, as vezes você canta ruizim, mas o violão chama tia voz e você faz um trabalho bem feito.
Zk – O Genésio é do chorinho, do pagode, da banda de forró, da música romântica. E o Genésio tocando Boi-Bumbá como aconteceu?
Genésio da Guitarra – O Boi-Bumbá era uma coisa que eu achava muito bonita e lá pro Nordeste eu não conheci aí o pessoal do Boi chegou e disse, Hei Genésio vem fazer o violão aqui, fui e fiquei conhecido pelo seguimento, conheci você que é um grande baluarte da toada de Boi-Bumbá. Hoje tocamos nas Bandas de Bumbá. Pra mim um dos folclores mais bonitos é o Boi-Bumbá.
Zk – Você pode gostar de ser chamado de Genésio da Guitarra, mas, a turma gosta mesmo é de ver você tocando violão e agora estamos vendo o Genésio tocando cavaquinho no grupo Casa de Bamba. Por que?
Genésio da Guitarra – É porque nós tínhamos um cavaquinista muito bom, que era o Dada e ele faleceu e nós ficamos sem solistas, quando o grupo ia tocar era problema aí eu disse pro Júnior, rapaz, vou passar pro cavaquinho. Acontece que depois que você pega um bom conhecimento na música, e se for um cara curioso, toca qualquer instrumento.
Zk – Teve um tempo que a guitarra, principalmente aqui pro lado do Norte, ficou famosa. Era o tempo da Lambada e aí surgiram o Oséias da Guitarra, André Amazonas gravando e tantos outros. Você nunca se interessou em gravar um disco tocando guitarra?
Genésio da Guitarra – Naquele tempo não, eu gostava mais de acompanhar os grandes cantores. Agora, estou fazendo um CD de Lambada, já tem umas seis músicas prontas e o objetivo é chegar a doze faixas. Vou fazer os três estilos de Lambada
Zk – Quais são esses três estilos?
Genésio da Guitarra – Tem a Lambada Arrasta-pé; Lambada estilo Teixeira de Manaus e tem a Lamba tipo Forró.
Zk – Como você compara o forró do tempo de Luiz Gonzaga, Três do Nordeste, Trio Nordestino, com o forró tocado hoje?
Genésio da Guitarra – Na realidade naquela época o Luiz Gonzaga mesmo era Baião; já o Trio Nordestino e Os Três do Nordeste faziam forró. Esse forró de hoje, quiseram modernizar e fizeram um Batidão. É um batidão sem harmonia, só é o baixo no meio do mundo, ninguém escuta sanfona, não escuta guitarra não escuta nada e mesmo assim o pessoal gosta e pegou agora forró mesmo, dessas bandas que estão gravando por aí quem toca mesmo é a Banda Mastruz com Leite.
Zk – Você também é muito requisitado no carnaval. Fala sobre essa participação?
Genésio da Guitarra – O primeiro carnaval que toquei eu estava com 15 anos de idade, foi naquela Banda do 5º Batalhão de Fortaleza depois passei a montar banda para tocar no carnaval. Aqui em Porto Velho, fiz a Banda do Vai Quem Quer por alguns carnavais, toquei no Galo da Meia. Estou montando uma Banda de carnaval para tocar no próximo carnaval ou aqui ou no interior o nome é "O Bom da Banda" aquela banda que tocou por muitos anos na Banda do Vai Quem Quer
Zk – Uma pessoa que participa do seu curso de violão e guitarra em quantos dias começa a tocar alguma música?
Genésio da Guitarra - Isso vai depender muito do aluno. Tem que raspar a unha direitinho, ter um violão pra treinar. Por pior que ele seja, na primeira aula ele sai com três músicas em cima. Não é partitura, é música cifrada. A hora dele mudar, tocar o violãozim dele. Agora mesmo matriculei duas crentes na primeira aula elas me disseram, valeu por três meses de aula que fizemos num curso aí.
Zk - Você se atreveu a gravar cantando?
Genésio da Guitarra - Não, eu não canto nada!
Zk – Nem mulher?
Genésio da Guitarra - Nem mulher! Deixo elas me cantarem.
Zk – Você vive exclusivamente da música?
Genésio da Guitarra - Vivo da música, até porque não pode estudar porque me envolvi muito na música. Quanto a apoio aqui nós temos apoio. Apoio aqui é só Deus. É uma vida espinhosa, não é só aqui é em qualquer lugar.
Zk – Você chegou a tocar nos puteiros do Ceará?
Genésio da Guitarra - Toquei muito. Toquei banjo sete anos em cabaré em Orós, fui o banjista mais conceituado do Nordeste. Na hora da chuva esfriava o couro a gente fazia um fogo e esquentava o couro e mandava ver. Foi lá que chegou um doutor e me levou pro clube de Orós onde tocava o maior músico do mundo o Gutembergue que tocava 32 instrumentos fiquei com ele por cinco anos, foi nesse clube que peguei minha primeira guitarra, uma Gianini que veio de avião pra mim de São Paulo.
Zk – E a vida de músico de circo?
Genésio da Guitarra – A vida no circo é muito espinhosa. Trabalhei nos circos, Fantástico; Orlando Orfei; Garcia e muitos outros. Tocando em circo eu andei a Bahia, Ceará, Pernambuco e o Piauí cidade por cidade, quando o circo era menor a gente fazia cidade pequena, mas, nos grandes a gente só fazia as capitais. A gente morava em ônibus. Eu tinha o repertório do circo todo na cabeça, Música pra leão, música de leoa. Música de vôo da morte, música de trapezista só não tem música para o globo da morte.
Zk – Para encerrar. O que a pessoa tem que fazer para estudar com você?
Genésio da Guitarra – Ele pode se dirigir a Rua D. Pedro II, 1.010 pertinho do Hotel Samauma, tem dois violões desenhados na parede.
Zk – E o telefone pra contato?
Genésio da Guitarra – 9954-8816.
Zk – Você vive exclusivamente da música?
Genésio da Guitarra - Vivo da música, até porque não pode estudar porque me envolvi muito na música. Quanto a apoio aqui nós temos apoio. Apoio aqui é só Deus. É uma vida espinhosa, não é só aqui é em qualquer lugar.
Zk – Você chegou a tocar nos puteiros do Ceará?
Genésio da Guitarra - Toquei muito. Toquei banjo sete anos em cabaré em Orós, fui o banjista mais conceituado do Nordeste. Na hora da chuva esfriava o couro a gente fazia um fogo e esquentava o couro e mandava ver. Foi lá que chegou um doutor e me levou pro clube de Orós onde tocava o maior músico do mundo o Gutembergue que tocava 32 instrumentos fiquei com ele por cinco anos, foi nesse clube que peguei minha primeira guitarra, uma Gianini que veio de avião pra mim de São Paulo.
Zk – E a vida de músico de circo?
Genésio da Guitarra – A vida no circo é muito espinhosa. Trabalhei nos circos, Fantástico; Orlando Orfei; Garcia e muitos outros. Tocando em circo eu andei a Bahia, Ceará, Pernambuco e o Piauí cidade por cidade, quando o circo era menor a gente fazia cidade pequena, mas, nos grandes a gente só fazia as capitais. A gente morava em ônibus. Eu tinha o repertório do circo todo na cabeça, Música pra leão, música de leoa. Música de vôo da morte, música de trapezista só não tem música para o globo da morte.
Zk – Para encerrar. O que a pessoa tem que fazer para estudar com você?
Genésio da Guitarra – Ele pode se dirigir a Rua D. Pedro II, 1.010 pertinho do Hotel Samauma, tem dois violões desenhados na parede.
Zk – E o telefone pra contato?
Genésio da Guitarra – 9954-8816.
Fonte: zekatraca@diariodaamazonia.com.br
Lenha na Fogueira com o filme "O Pecado de Paula" e os Editais da Lei Aldir Blanc
A Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), realiza neste sábado (16), o ensaio para a gravação do filme em linguagem teatral "O Pecado de Pau
Lenha na Fogueira com o Museu Casa Rondon e a eleição da nova diretoria da FESEC
Entrega da obra do Museu Casa Rondon, em Vilhena. A finalidade do Museu é proporcionar e desenvolver o interesse dos moradores pela rica história
Lenha na Fogueira com o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças
Hoje os católicos celebram o Dia de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil. Em Porto Velho as celebrações vão acontecer no Santuário de Apareci
Jorgiley – Porquinho o comunicador que faz a diferença no rádio de Porto Velho
Tenho uma maneira própria de medir a audiência de um programa de rádio. É o seguinte: quando o programa ecoa na rua por onde você está passando, dando