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Gente de Opinião

Silvio Santos

Grácia Benelli


Rondônia no Circuito Internacional de Arte
A artista plástica Grácia Benelli uma paranaense que desde 1989 reside em Vilhena-RO, esteve participando como curadora em Rondônia do Colege Arte, do XII Circuito Internacional de Arte Brasileira que levou trabalhos de 160 artistas brasileiros aos países, Áustria; China e Tailândia nos meses de maio e junho. "Na realidade o encerramento aconteceu durante coquetel de confraternização oferecido pelo Colege Arte no dia 21 de julho no Museu de Arte de São Paulo – Assis Chateaubriand em São Paulo".
Grácia contou com o apoio do governo estadual através da Secel e da prefeitura de Vilhena para participar do evento. Ao retornar Grácia esteve em Porto Velho acompanhada da também artista plástica Regina Villas Boas de Ji-Paraná, onde manteve encontro com o Secretário da Secel Jucélis Freitas para agradecer o apoio e logo em seguida procurou o Superintendente do IPHAN Beto Bertagna com quem conversou a respeito do órgão responsável pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, liberar as taxas que são cobradas dos artistas para levar suas obras para exposições no exterior. "A idéia é promover uma exposição internacional com obras de artistas de Rondônia". Ainda na Secel a curadora do Colege Arte manteve contato com o artista plástico Geraldo Cruz no sentido de se realizar na Casa da Cultura Ivan Marrocos um concurso entre os artistas rondoniense que vai selecionar uma obra para participar das futuras exposições coordenadas pelo Colege Arte livre de parte das despesas que hoje giram em torno de 2 mil reais. "Vamos trabalhar para que esse concurso aconteça ainda este ano".
Rondônia se fez representar na XII Circuito Internacional de Arte Brasileira através de trabalhos das artistas Regina Villas Boas e a Adélia Bezerra de Ji-Paraná e Sayonara Lobato e Grácia Benelli de Vilhena. "Na China aprendi a falar caraneiro assado e passei uma semana comendo esse prato. Já na Tailândia aprendi a pedir espaguete a bolonhesa e foi só o que comi". Nessa entrevista Grácia nos fala sobre os projetos sociais desenvolvidos em Vilhena além dos projetos que podem ser desenvolvidos em Porto Velho "E quem sabe uma exposição internacional apenas com obras de artistas de Rondônia"
Grácia Benelli - Gente de Opinião
ENTREVISTA
Zk – Como funciona o Circuito Internacional de Arte Brasileira?
Grácia Benelli – O Circuito é feito em duas etapas no ano, em maio e junho e depois em outubro e novembro.
Zk – Qual o critério usado para cada uma das etapas?
Grácia Benelli – A primeira etapa é sempre feita em três países. Nessa primeira fase levamos trabalhos de maior número de artistas. Na etapa de outubro e novembro o número de artistas e seus trabalhos são sempre menores, isto porque fica muito dispendioso participar dos dois eventos já que para o artista participar com seus trabalhos, é necessário que deposite uma quantia de aproximadamente dois mil reais em dinheiro, que vai ser investida no transporte e locação de local (galeria) para a montagem das exposições. Vale salientar que o Colege Arte procura sempre as melhorem galerias dos países onde a exposição acontece.
Zk – Como o artista pode participar sem ter que recolher a taxa cobrada pelo Colege Arte?
Grácia Benelli – Ele pode conseguir um patrocinador, uma empresa ou um órgão que possa pagar por ele essa planilha de custos que é em torno de 1.900 a 2000 Reais por cada etapa do circuito. Essa importância é para cobrir gastos com o IPHAN, com aluguel de galeria, convite, gastos com o pessoal que vai viajar com as telas, hospedagem, alimentação táxi, a gente usa muito táxi. Para baratear a gente dispensa interprete. Tem também a documentação, filmagem, fotos. Tudo é feito para que o artista tenha o trabalho dele bem documentado.
Zk – O que é o Colege Arte e onde fica sua sede?
Grácia Benelli – O Colege Arte tem sua sede em Belo Horizonte (MG) e trabalha com todos os estados brasileiros e com vários seguimentos de artes visuais, no caso escultura, desenho artístico, fotografia e pinturas mesmo.
Zk – Qual sua participação no Colege Arte?
Grácia Benelli – Faço parte do Conselho Curador da entidade. Nossa missão é selecionar os artistas através das fotos dos trabalhos que nos são enviadas. Existe alguns critérios para que os trabalhos sejam analisados, por exemplo, existe uma medida para a concepção do trabalho, um peso especifico em caso de escultura; O currículo e as fotos que são enviadas pra gente. Depois que recebemos todo o material mandamos para a curadora geral e ela é quem seleciona quem pode participar ou não.
Zk – Além de todo esse procedimento, o artista precisa ser reconhecido pelo menos em sua cidade, ou não?
Grácia Benelli – Não, o artista não precisa ser conhecido, basta que seu trabalho tenha qualidade para participar de uma exposição fora do Brasil.
Zk – Vamos falar a respeito da artista Grácia Benelli. Quando você se descobriu artista plástica?
Grácia Benelli – Acho que desde quando me entendi como gente. Sempre pintei, desenhei só que eu não dependia da pintura pra viver e então fazia mais por hobi, assim foi parte da minha vida, depois me aposentei no Paraná e voltei a pintar com mais freqüência, voltei a fazer exposições inclusive passei a participar de exposição fora do Brasil, até porque meus filhos já estão grandes já não moram com a gente.
Zk – E Rondônia?
Grácia Benelli – Vim pra cá quando meu marido assumiu como auditor da Secretaria de Estado da Fazenda em 1989. Escolhi Vilhena por ser um local mais fresquinho para a gente acostumado com a temperatura do Paraná e em Vilhena continuei minha atividade como pintora, depois voltei a trabalhar de novo na educação, eu sou concursada como supervisora de escola, sou formada em letras e em pedagogia e as artes plásticas é uma atividade paralela.
Zk – Sabemos que você desenvolve um trabalho social em Vilhena, vamos falar sobre essa atividade?
Grácia Benelli – Esse trabalho começou quando fundamos a Galeria Associação Vilhenense de Cultura, mas, como é difícil você exercer a função na escola e ainda cuidar de uma associação. O que eu fiz, me desvinculei da Associação e continuei recebendo apoio da prefeitura como artista e funcionária. Eles me liberam pra viajar, liberam inclusive passagem, assim como o governo do estado está fazendo. Assim desenvolvemos dois projetos que estão em andamento há quatro anos.
Zk – Quais são os projetos?
Grácia Benelli – Temos o projeto "Arte na Praça" que consiste em dar aulas para alunos carentes e esses alunos depois participam de exposições com seus trabalhos. No colégio onde eu trabalho, nós temos uma professora de arte que é responsável por um projeto que a gente fez, que é "O resgate da cidadania através da arte". O aluno que quer aprender alguma coisa de pintura, de trabalhos manuais, de artesanato no caso, a gente pede pra que ele venha no horário oposto as aulas normais. Essas aulas são gratuitas. Esse projeto social foi que me valeu trabalhar como curadora do Conselho Curador do Colege Arte dentro do estado de Rondônia.
Zk – Para desenvolver esse trabalho social vocês contam com apoio de órgãos oficiais?
Grácia Benelli – Não! Não tem nada disso, apenas a professora de arte que trabalha com a gente no projeto é funcionária da prefeitura de Vilhena só que não recebemos nenhuma remuneração para desenvolver o projeto e nem mesmo material, aliás, o material quem trás é o aluno ou então a gente faz uma espécie de ação entre amigos para conseguir o material necessário para o desenvolvimento das atividades, até porque, a gente que trabalha com pintura sempre tem alguma sobra de material e leva para o projeto.
Zk – Essa atividade social é feita apenas com alunos do colégio municipal?
Grácia Benelli – Além das atividades com os alunos, a gente vai ao "Lar dos Idosos", nesses tempos foi dado curso de bijuteria no presídio. Esse trabalho social que desenvolvemos não tem a intenção que o poder público tome conhecimento, é mais uma maneira de fazer com que o pessoal que não entende de arte tenha uma vida melhor através da perspectiva de ter uma renda familiar melhor. Agora nosso objetivo é expandir a rede de voluntários, estamos disponibilizando planilhas de custo aos artistas que se dispõem em dar cursos de artesanato, pintura, desenho para alunos carentes, para entidades assistenciais. Quem sabe a gente descubra entre esses alunos carentes um artista em potencial.
Zk – Tem algum exemplo?
Grácia Benelli – Temos um artista de Goiás que está participando com a gente teve um de suas telas escolhida para ficar no consulado da Áustria. Essa tela foi entregue ao Consulado da Áustria no MASP. De uma hora pra outra a vida de uma pessoa muda, o menino era desconhecido e de repente tem um trabalho escolhido para ficar numa embaixada.
Zk – Você teve uma conversa com o Beto Bertagna do IPHAN. Essa conversa foi a respeito de que?
Grácia Benelli – Acontece que todo artista que quer expor seu trabalho fora do Brasil tem que obedecer a determinadas regras do IPHAN . A tela sai carimbada daqui para uma Mostra como essa que participamos pelo Colege Arte na China, Áustria e Tailândia e como se trata de uma Mostra essa tela tem que voltar ao Brasil para ser dado baixa. É assim se por acaso alguém se interessar por uma tela numa Mostra com a que participamos, nós não podemos vendê-la ou até vendemos, só que a tela tem que voltar ao Brasil para ser dado baixa no IPHAN como participante daquela Mostra.
Zk – E a conversa com o Beto?
Grácia Benelli – Fomos ver a possibilidade de a gente trabalhar os artistas de Rondônia em conjunto com o IPHAN e com a SECEL pra que possamos fazer a nossa exposição internacional com artistas de Rondônia. Se conseguirmos essa parceria o custo com certeza vai ficar mais em conta .
Zk – Essa exposição contaria com a curadoria do Colege Arte?
Grácia Benelli – Não sei se o Colege Arte aceitaria participar dessa parceria porque eles tem um custo. O ideal é a gente desenvolver um projeto nosso, com os artistas de Rondônia. Um projeto que pode ser coordenado pela Associação "Amigas da Arte" de Ji-Paraná e podemos juntar com artistas de Ouro Preto, Ariquemes, Guajará Mirim, Vilhena que é o pólo onde estou e Porto Velho. A gente pode realizar esse projeto que não precisa ser aonde o Colege Arte vai.
Zk – Nesse caso seria aonde?
Grácia Benelli – Podemos expor onde já temos facilidade nas embaixadas. Por exemplo, em Madri na Espanha; Lisboa em Portugal; em Roma – Itália; em Buenos Ares na Argentina.
Zk – Na sua concepção, quanto tempo levaria para montar e colocar em prática esse projeto?
Grácia Benelli – Nós começamos hoje e não vamos dar sossego, temos facilidade na prefeitura de Vilhena, a Regina vai trabalhar em Ji-Paraná e o Geraldo Cruz em Porto Velho no sentido de conseguir o que for preciso para colocar em prática o projeto. Talvez esse ano ainda não seja possível, mas, para o ano, temos certeza que vamos realizar essa exposição internacional com artista de Rondônia.
Zk – Você também está com a idéia de selecionar o trabalho de um artista para participar do Colege Arte sem gastos.
Grácia Benelli – Esse é um outro projeto. A gente gostaria de montar um concurso, uma exposição na Casa de Cultura Ivan Marrocos e nessa exposição se faria uma seleção dos trabalhos. O trabalho premiado ganharia uma planilha gratuita para esse artista participar, custo vai ter, não tem jeito. Nesse concurso de artes visuais no caso, a gente poderia selecionar um de cada seguimento; um escultor; um desenhista; um artista plástico e um fotografo. Para que isso aconteça precisamos contar com a parceria do IPHAN da SECEL, precisamos de parceiros para a divulgação através da mídia, gráfica, filmagem, tudo isso.
Zk – Do Circuito Internacional quais os artistas de Rondônia que já participaram?
Grácia Benelli – Em 2002, 2003 e 2004 apenas eu participei como artista de Rondônia. No ano passado ao todo participaram 13 artistas, de Ji-Paraná participou a Regina Villas Boa, Doile Molina e Cida Rocha. De Ariquemes participou a Mariles Shoan. De Guajará O Denis Ardaia e de Ouro Preto a Rosângela Corsijo. Participaram também, artista de cidades mato-grossenses de perto de Vilhena como de Comodoro, Campo de Julho. Em 2007 participaram a Regina Villas Boas e a Adélia Bezerra de Ji-Paraná e de Vilhena a Sayonara Lobato e eu e o pessoal de Goiás que contou com esse menino que falei o Paulo Ricardo que teve a tela selecionada para ficar na embaixada da Áustria.
Zk – Por que os artistas de Porto Velho não participaram?
Grácia Benelli – Isso aí, tem que fazer a mea culpa. É difícil pra eu vir aqui e conversar com eles, igual estou fazendo agora com o Geraldo Cruz que só conhecia por telefone, a Babel eu já conhecia mas, ela não é artista, precisa ir também até a Iaripuna, inclusive o Ariel é artista também. Eu precisaria ter vindo mais aqui, mas, como tudo é gasto e o gasto é por minha conta fica difícil até porque tenho que cumprir minhas quarenta horas de trabalho, apesar da prefeitura de Vilhena me liberar para algumas atividades e viagens.
Zk – Voltando a exposição Internacional que aconteceu na China, Austrália e Tailândia de onde você está retornando. É verdade que você comeu até rato na China. Vale salientar que na China comer rato e outros animais é normal?
Grácia Benelli – Não! Não comi rato não, só experimentei um escorpiãozinho e assim mesmo para tirar foto. Pequim apenas há dez anos se abriu para o Ocidente, inclusive, ainda são poucas as pessoas que falam inglês. O pessoal da embaixada nos buscou no aeroporto providenciou tudo direitinho. A China é um pais de cultura milenar, coisas lindas fabulosas, os palácios, cidade proibida. A Tailândia também é um país muito bonito e de grande tradição. Visitamos a famosa Praça da Paz Celestial.
Zk – E a exposição foi montada aonde?
Grácia Benelli – Na China foi no Distrito Artístico um Distrito destinado a arte chamado Anxai é o lugar mais caro que a gente pagou, foram 4.200 dólares por uma semana. Os chineses dão muito valor à arte e a nossa foi à primeira exposição de artes plásticas brasileira no país.
Zk – Quantos trabalhos vocês levaram?
Grácia Benelli – Levamos obras de 160 artistas. Estavam lá a curadora Geral da Colege Arte e sua secretária, Eu como curadora por Rondônia e a Curadora do Distrito Federal.
Zk – Para encerrar, vamos divulgara os contatos?
Grácia Benelli – Temos o site www.graciabenelli.com.br pelos telefones: (Vilhena) 69 3321-3496 que é da minha casa; celular 8112-2676 ou na Escola Municipal Marcos Donadon onde fico oito horas por dia, 3919-7053.
Fonte: zekatraca@diariodaamazonia.com.br 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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