Domingo, 24 de novembro de 2013 - 00h08
O professor Queiroz como é chamado, apesar de ter atuado como editor do jornal Estadão do Norte por mais de vinte anos, o jornalista Antônio Queiroz é o nosso entrevistado de hoje, dentro da sequencia, “Os melhores editores de jornais impressos de Rondônia”. O Paraibano que veio para Rondônia com o intuito de exercer a profissão de professor de matemática, apesar de em Campina Grande (PB), ter trabalho no jornal Diário de Borborema do grupo Diários Associados. “Lá eu era uma espécie de faz tudo. Faltava o editor de política, chama o Queiroz que ele resolve, faltava o de esporte era a mesma coisa”. Acontece que o Diagramador Paulo Lira pediu que ao chegar em Porto Velho procurasse saber quanto estavam pagando um diagramador profissional e ao chegar na redação do Estadão para fazer a consulta, terminou por ser convidado a trabalhar como repórter. “Fiquei no estadão de 1º de abril de 1985 até 27 de dezembro de 2007”. Antônio Queiroz é conhecido nas rodas de jornalistas como grande contador de “causos” jornalísticos. “Só que são casos verdadeiros vividos por mim”. Então vamos conhecer algumas dessas histórias na entrevista que segue.
E N T R E V I S T A
Zk – Como e por que você veio para Rondônia?
Antônio Queiroz – Dia 26 de fevereiro de 1985 aqui desembarquei. À época eu tinha uma colega chamada Maria do Socorro Brito professora de biologia e como na infância moramos em Campina Grande frente com frente. Ela veio aqui primeiro e disse que aqui pagava muito bem. Lá na Paraíba o salário era uma desgraça e então ela me convidou a vir lecionar em Rondônia. Foi difícil chegar aqui.
Zk – Por quê?
Antônio Queiroz – Porque não tinha recursos para pagar a passagem de avião. Pedi ao meu pai pra vender um telefone (na época telefone era muito valioso) e o dinheiro deu pra comprar a passagem e ainda sobrou um pouco para minha manutenção e assim cheguei aqui.
Zk – Aqui chegando foi fazer o que?
Antônio Queiroz – Primeiro fui ver a situação da cidade pra poder tomar uma posição. Aqui tinha duas horas de energia elétrica e faltava quatro, só tinha asfalto na 7 de Setembro, uma parte da Prudente de Moraes, ao lado do palácio do governo, Pinheiro Machado, o restante não tinha nada. No dia 8 de março de 1985 fui contratado como professor de matemática pelo governo do estado de Rondônia.
Zk – O Jornalista surge quando?
Antônio Queiroz – O jornalista vem da Paraíba, em 1974 através dos Diários Associados eu trabalhava no Diário da Borborema em Campina Grande que era com sistema de rádio, jornal e televisão, eu era uma espécie de faz tudo dentro da empresa. Faltava o comentarista de esporte, chama o Queiroz, no programa da televisão faltava alguma coisa o Queiroz resolve o problema, quer dizer, eu era o homem dos Sete Instrumentos nos Diários Associados lá na Paraíba.
Zk – E o Estadão?
Antônio Queiroz – Quando trabalhava no Diário da Borborema tinha um diagramador chamado Paulo Lira que ao saber que vinha pra Rondônia solicitou que eu verificasse o valor do salário do diagramador aqui. Em abril de 1985 fui até o jornal Estadão que era na Duque de Caxias e quando cheguei não tinha ninguém, era oito e meia da manhã (8h30). Fui recebido pelo seu Rodrigo que era o porteiro que me disse que o pessoal só começa a chegar pra trabalhar, após as 10h00, daqui a pouco começou a chegar pessoas para dar entrevista ou fazer denuncia aquela coisa toda e eu fiquei aguardando a chegada do editor que era o Washington que por sinal também era paraibano. Acontece que antes dele chegar eu fui fazendo as entrevistas com aquele pessoal e quando ele chegou por volta das 10h30, mostrei as matérias que havia feito e então ele me fez uma série de perguntas e disse que queria me contratar como repórter. Eu vim aqui apenas saber quanto é que vocês pagam para o diagramador profissional, ele me deu o valor, liguei pro Paulo Lira que se interessou, tanto que no mês seguinte desembarcava em Porto Velho e ele então efetivamente, participou desse início da retomada do sucesso do jornal Estadão que reputo como a coisa principal a partir da minha entrada no jornal.
Zk – Por qual motivo?
Antônio Queiroz – Era uma imoralidade o jornal fechar a 2h00 da madrugada e às vezes até 3h00. Então o Washington começou a fazer proposta e eu expliquei que não poderia assumir o jornal porque tinha contrato com o governo do Estado e ele disse que ia conversar com o dono do jornal. O Mário me chamou fez o convite eu disse que não queria e ele ficou telefonando de manhã, de tarde e de noite, aperreando mesmo e então fiz uma proposta que eu considerava para a época, uma verdadeira aberração, era muito dinheiro para minha surpresa o Mário aceitou!
Zk – O que mudou no Estadão a partir da sua chegada?
Antônio Queiroz – Eu chegava ao jornal sete e meia da manhã, era o primeiro a chegar e quando as pessoas estavam pensando em chegar eu já tinha realizado todo o meu serviço e já ia embora. Como já tinha trabalhado com o Paulo Lira sabia como era a diagramação e então deixava tudo prontinho, qualquer problema, como eu morava próximo ao jornal, ali na Gonçalves Dias eu ia lá e resolvia. Deixava tudo pronto e ia dar minhas aulas de matemática no colégio Getúlio Vargas.
Zk – Quem fazia parte da equipe de jornalismo do Estadão à época?
Antônio Queiroz – Quando cheguei era uma confusão dos diabos, pelo seguinte: era nego que só queria estar no Bangalô (Bar), enchiam a cara, com todo respeito aos meus amigos, e chegavam meia noite uma da madrugada pra fechar página, capitaneados pelo Paulo Queiroz (foto). Aliás, até hoje reputo o Paulo Queiroz como um dos melhores profissionais na área da política que Rondônia já teve. Aí vinha Jorcenes Martinez, Carlinhos Araujo um garotão iniciando a carreira, Idelfonso Valentim era realmente uma equipe muito boa.
Zk – Já era offset?
Antônio Queiroz – Quando cheguei ainda era a época do chumbão, tanto que a pessoa mais importante dentro da redação não era o jornalista e nem o dono do jornal, era o gráfico. Se o gráfico por ventura, dissesse, vou tomar uma cachaça, parava o jornal, porque era ele que fazia todo o trabalho de montagem. Foi quando o Mário viu que tinha que fazer alguma coisa para melhorar e então começou o processo do compuser e depois o Mário foi até Manaus e comprou o equipamento offset do jornal A Crítica. A impressão era feita numa impressora plana, a rotativa veio depois.
Zk – Como editor do jornal Estadão você sofria muita pressão política. Tipo não coloca essa matéria, essas coisas?
Antônio Queiroz – Inclusive, estou escrevendo três livros simultaneamente, porque são tantas as histórias de bastidores que em um só livro não cabe. Coincidentemente estava passando nas proximidades do palácio Presidente Vargas e encontro o fotografo José Wildes que estava indo para uma coletiva do governador no palácio, como não estava fazendo nada o acompanhei. Só que o auditório estava superlotado e então fiquei lá fora. Quando o governador Confúcio chega, bate no meu ombro e diz: Aqui está a biblioteca ambulante do jornalismo de Rondônia, pena que não tenha colocado isso num livro. A partir daquele momento resolvi então escrever a história dos bastidores do jornalismo em Rondônia. Eu seria muito egoísta se morresse sem contar a história desses bastidores.
Zk – Vamos adiantar algumas dessas histórias?
Antônio Queiroz – Na campanha de 1994 o senador Ronaldo Aragão que ainda teria mais quatro anos para cumprir. No dia que ele veio falar comigo, pensei: Não tenho material para a manchete impactante desse final de semana e ao ver o senador bolei: Senador vamos dizer que o senhor vai renunciar o atual mandato de senador para concorrer de novo nas próximas eleições que vão eleger 2/3 do senado. A matéria foi publicada e causou um grande reboliço nos meios políticos. Vendeu bastante jornal, para você ver como são os bastidores. Foi a partir daí que vi a importância da política no jornal.
Zk – Outra?
Antônio Queiroz – Nós tínhamos em Cacoal o deputado estadual Pedro Kempes que era produtor rural e praticamente semi analfabeto e também o deputado Amizael Silva presidente da Assembleia que gostava muito de brincar. Então estava o Pedrão fazendo um discurso sobre determinado assunto, quando o Amizael(foto)pede um aparte e diz: “Olha, eu quero elogiar a postura de vossa excelência porque o considero um BORDALENGO e começou a utilizar palavras que o Pedro com certeza não sabia o significado. Quando terminou o discurso, alguém perguntou; Pedro você sabe o que é Bordalengo? E foi explicando o que significava aquela palavra, que o Amizael o havia chamado de imbecil, otário, idiota. O Amizael como você sabe, utilizava uma bengala para se apoiar e o Pedro mais vermelho que pimentão, botou pra pegá-lo. Era o Amizael caxingando na frente e o Pedrão pega não pega atrás, foi àquela algazarra.
Zk – Você também falou sobre a liberação de recursos para a peça O Homem de Nazaré. Como aconteceu?
Antônio Queiroz – Naquele tempo, a peça O Homem de Nazaré tinha o patrocínio do governo estadual. Houve o acerto só que o repasse estava demorando a sair e já estava na semana da encenação e os meninos do Grupo Êxodo assumindo compromissos, pois haviam contratado serviços de terceiros etc. a informação que se tinha era que o repasse só seria realizado no mês posterior a realização da peça. Então chegou à redação o José Monteiro, João Zoghbi, o Cristo, Joel Limoeiro e o Carlinhos Noé, desesperados pedido que eu fizesse uma matéria metendo o cacete no governo. Fizemos as fotografias, eles foram embora e eu fiquei pensando, não vou fazer matéria nenhuma metendo o pau no governo. Então publiquei a seguinte matéria: Como grande incentivadora da cultura no estado de Rondônia, a primeira Dama iria no dia seguinte, convocar a imprensa para fazer a entrega do cheque ao integrantes do Grupo Êxodo para a realização da peça O Homem de Nazaré. Depois liguei pra primeira Dama e disse: Estou publicando amanhã uma matéria dizendo isso e isso e a senhora não vai me decepcionar, ela naquela vaidade, foi até o governador e disse que precisava do cheque no valor do convênio, para encurtar a conversa no outro dia estava lá toda a imprensa e a primeira Dama entregando o checão aos meninos.
Zk – Você chegou a ser ameaçado de morte?
Antônio Queiroz – Demais. Vou contar uma: minha mesa eram três gavetas, na segunda gaveta sempre mantinha um revolver e ela sempre ficava aberta para qualquer eventualidade. Um belo dia, era carnaval de 1991 e a gente publicava uma página espelhada com fotos dos foliões e a legenda, o Botafogo estava sempre lotado e lá o fotografo Quintela fez a foto de um casal se beijando. Resultado o cidadão chega na redação com um jornal Estadão amassado embaixo do braço, querendo saber quem era o responsável pelo jornal, eu disse: O dono é Mário Calixto e eu sou o responsável pela editoria, do que se trata? Quero saber a respeito de uma fotografia que foi publicada no jornal de hoje. Vi que naquele jornal que estava embaixo do braço dele tinha uma faca peixeira de 12 polegadas. Levei o cidadão na fotomecânica e expliquei que só existia o negativo e mostrei vários fotolitos, ele era garimpeiro, não entendia nada do assunto, voltamos para a sala e pedi à secretária que providenciasse um cafezinho pro cidadão e mandei que ele sentasse, e ele não sentava de jeito nenhum, aí fui ficando preocupado. Quando ele prestou atenção no fotolito disse: Olhe, acho que essa aqui é minha mulher. Tava no garimpo e quando cheguei vi essa fotografia no jornal, só queria ter certeza, porque vim aqui pra lhe matar e sair daqui e matar minha mulher. Nisso peguei o revolver sem ele ver. Então ele apontou pro jornal dizendo que estava com a faca e eu respondi: Isso não me intimida não porque estou com um revolver aqui e apontei o 38 no rumo do peito dele. Não precisa dizer que o cidadão na mesma hora ficou branco, amarelo, enfim...Outras ameaças foi na Morte do Olavo Pires?
Zk – Ele saiu do Estadão e foi assassinado logo depois?
Antônio Queiroz – Recebi muitos telefonemas me ameaçando mesmo antes da morte do Olavo. Tive que mudar quase noventa dias o meu endereço, um dia dormia na casa da sogra no outro na casa do cunhado era um sufoco. Acontece que ele seria assassinado no jornal Estadão e só não foi porque a turma que ia entrar as 19h00 para trabalhar estava toda na portaria. A camioneta na qual estavam os pistoleiros estava em frente e em virtude do pessoal na portaria eles não tiveram ângulo para atirar, e só conseguiram o intendo na entrada da empresa do Olavo na Jorge Teixeira.
Zk – Como era o Mário Calixto como administrador?
Antônio Queiroz – A gente brigava de uma maneira que quem estivesse de fora pensava que um ia matar o outro, acontece que nossas brigas tudo era em prol do jornal, era uma briga no bom sentido. Mantínhamos o melhor relacionamento possível. Era um relacionamento de irmão pra irmão. Enquanto ele foi dono efetivamente do jornal eu permaneci lá. Quando ele saiu não entenderam dessa maneia e o Queiroz foi mandado embora.
Zk – Quanto tempo você passou no Estadão?
Antônio Queiroz –Tá na minha carteira de trabalho. Admissão no dia 1º de abril, dia da mentira, de 1985 até 27 de dezembro de 2007. Foram 22 anos dos quais 16 anos como editor que considero o maior tempo que uma pessoa passou como editor de um jornal impresso.
Zk – E o processo da informatização do jornal como aconteceu?
Antônio Queiroz – O grande culpado foi o Diário da Amazônia. Um belo dia tomei conhecimento que o Diário estava sendo implantado e que seria em cores além de todo informatizado, era uma coisa de vanguarda, vinha pra arrebentar mesmo. Consegui uma prova do jornal que estava sendo preparado. Chamei o Mário e falei inclusive que o jornal seria impresso em cores, e ele não acreditou, ainda disse, eu não vou aceitar levar esse furo. Eu quero ser o editor do primeiro jornal em cores do estado de Rondônia ele não acreditando que o Diária sairia em cores, então mostrei aquele jornal (teste) Diário da Amazônia todo colorido, quando ele viu endoideceu, e agora Queiroz? Agora é fácil!
Zk – Fácil por quê?
Antônio Queiroz – O Mauricio Calixto(foto)era deputado federal e eu disse: Vamos fazer uma série de fotografias na cidade de hoje até amanhã em cromo, vamos mandar pro Mauricio pra ele ir lá no Correio Brasiliense e fazer os fotolitos em cores e vamos imprimir o nosso jornal. Três dias depois o Jornal Estadão saiu todo colorido, antes do Diário da Amazônia e eu me transformei no editor do primeiro jornal em cores do estado de Rondônia.
Zk – A informatização realmente?
Antônio Queiroz – Aí foi imediata, a filha do Mário a Márcia morava nos Estados Unidos da América e ajudou na aquisição do material, trouxemos um professor de informática o Marcos Antônio do Senac para dentro da redação do Estadão, era trabalhando e aprendendo. Eu fui o testa de ferro que tive que aprender tudo para repassar, inclusive o Lúcio Albuquerque começava a escrever chamava: Queiroz o computador ta com problema, às vezes era só um Esc. Houve uma resistência inicial, principalmente com a turma mais da antiga.
Zk – Você falou em Lúcio Albuquerque isso quer dizer que era uma turma da pesada?
Antônio Queiroz – Tenho dito o seguinte: desprezando a humildade! Fui o melhor editor de jornal impresso do estado de Rondônia sou consciente disso, mas, sou consciente também que busquei os melhores profissionais da área; Paulo Queiroz, Abdoral Cardoso, Lúcio Albuquerque, Rubens Nascimento, Rubens Coutinho, Gilson Campeão, Idelfonso Valentim, Ana Aranda, Mara Paraguassu, Laura Vendas, Robson Oliveira, Carlinhos Araujo, Sérgio Valente, Jussara, Terezinha Barreto, Zé Katraca. Inclusive quero esclarecer quer você registre isso!
Zk – Sim?
Antônio Queiroz – Um dia me chega o Manelão com um cidadão que não conhecia até então e diz: Queiroz esse é o Silvio Santos, esse cara sabe tudo da Pobres do Caiari, Diplomatas do Samba enfim de todas as escolas de samba e blocos e do carnaval como um todo, é um cara que vive a cultura de Rondônia vinte e quatro horas. Estava começando os preparativos para o carnaval de 1992. Gostaria, disse Manelão que você conseguisse um espaço para ele escrever uma coluna sobre carnaval, só que tem um detalhe, o nome Silvio Santos não pode ser revelado, tem que ser apenas a coluna do Zekatraca principalmente a coluna “Esquentando os Tamborins”. Depois do carnaval chamei o Zekatraca e o convidei a continuar escrevendo só que nós criamos outro personagem, que foi o Zé Matraca que, inclusive, metia o bedelho no meio político. Depois houve um desentendimento entre o Mário e o Manelão que não sei o motivo e o Manelão levou o Zekatraca para o Dário da Amazônia, isso já era 1994. Para minha surpresa a primeira coisa que fizeram no Diário da Amazônia foi identificar quem escrevia o Zekatraca, colocaram o nome do Silvio Santos. Fiquei fulo da vida com o Manelão por causa disso.
Zk – Naquele tempo existiam os colunistas sociais que realmente escreviam. Hoje as chamadas colunas sociais, só publicam fotografias com legendas. Vamos falar sobre os verdadeiros colunistas sociais, tipo Sergio Valente?
Antônio Queiroz – Quando cheguei ao Estadão tínhamos, Alice Drumond, Terezinha Barreto e Jussara. Esse era nosso time a Jussara chegou a dormir no jornal, a coluna dela era diária. Depois consegui trazer o Sergio Valente(foto) que escrevia na Tribuna, fui buscar o Zuza Carneiro que era do Alto Madeira. É como disse, se fui o melhor editor de jornal em Rondônia foi porque me cerquei dos melhores jornalistas que existiam na época. Também abrimos para a Berta Zuleika. Tinha uma coisa, comigo não tinha esse negócio de foto legenda, tinha que ser matéria com informação. O povo tinha que pegar uma coluna social e saber o que estava acontecendo efetivamente na sociedade. Hoje tem dez fotos na página só com a legenda: Queiroz é lindo, Zekatraca é feio e não da nenhuma informação e no fim do mês ou da semana, vai lá com a fotografia receber a fatura. Me desculpem os colunistas atuais, mas, uma boa parte faz só isso.
Zk – Você chegou a atuar como repórter ou foi só editor?
Antônio Queiroz – No jornal Estadão comecei na parte de Opinião que era na página 2. Escrevia o Editorial. Selecionava as cartas dos leitores, naquele tempo os leitores mandavam cartas com suas reivindicações e indicações. Na época não existiam jornalistas na praça, então tivemos que formar alguns como a Viviane, Paulo Ricardo, Rubens Nascimento, o Carlinhos Araujo era arquivista, Leivinha que hoje é o editor começou como Office boy. Hoje me orgulho em dizer que contribui com a formação dessa turma. De 1985 até 1988 fui repórter sim, cobria de tudo. Hoje não existe o jornalismo investigativo, esse é o grande problema. O jornal impresso só não vai acabar porque o pessoal gosta de manusear o jornal.
Zk – Para encerrar. O que você tem a dizer para os jovens que estão se formando em jornalismo?
Antônio Queiroz – É preocupante! A cada quinze dias faço uma palestra. É um absurdo o acadêmico de jornalismo não saber o que é uma retranca, lead, não saber identificar um texto. Meu recado para essa turma: Não se deixe levar pela vaidade. Tenho 39 anos de jornalismo e não sei absolutamente nada. Todos os dias eu aprendo. Quer ser um bom jornalista, tenha fontes. Seja ético, profissional, seja uma pessoa acima do bem e do mal.
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