Segunda-feira, 17 de agosto de 2009 - 07h17
Almir Canduri Pinheiro proprietário do hotel Fênix em Guajará-Mirim, é daquelas pessoas, que não pode ficar fora do roteiro turístico de quem visita a Pérola do Mamoré. No nosso caso, batemos um papo com o amigo de longas datas, durante o XV Festival Folclórico que reuniu os bois Flor do Campo e Malhadinho no Duelo da Fronteira nos dias 7, 8 e 9 passado. Político dos mais respeitados na cidade, Almir Canduri se diz muito chateado com a cúpula do PMDB principalmente com o senador Valdir Raupp. “Onde já se viu o presidente de um partido como o nosso, apoiar o candidato de outro partido”. Falando em política, Almir assumiu por algum tempo a secretaria de saúde de Guajará. “Pode perguntar a população se não deixei saudade. Saí da secretaria liso, inclusive sem carro”. Contador de histórias e estórias, Canduri não deixa o “freguês”, sair sem antes ouvir um de seus causos. “Numa campanha política, fui assistir o comício dos adversários e o candidato Curió ao me ver, saiu-se com essa”. ‘Tem uma pessoa que está aqui, que mete o pau na secretária de educação por trás, eu não, quando tenho que meter o pau, meto pela frente’. Filho do famoso Jovito Canduri que viveu em Porto Velho na esquina da rua José de Alencar com a Duque de Caxias. “Meu pai tinha uma lanchonete no trem Bossa Nova e eu saía vendendo cachorro quente pelos vagões”. Canduri faz um apelo. “Conclamo a população de Guajará a aderir aos bois Flor do Campo e Malhadinho enfeitando suas casas e ruas com as cores do seu boi preferido durante o Duelo da Fronteira”. “Precisamos valorizar mais esse festival que é o único evento que realmente movimenta Guajará-Mirim”. As histórias do Almir Canduri que para os mais íntimos é apenas “Birula” podem ser conhecidas a partir de agora. “Antes quero que você coloque, que tudo que sei, devo ao seu Cláudio Feitosa. Que há 40 anos sou casado com a Maria Brito da Rocha a Nelci e que agradeço o Monteiro da Motomaq e um abraço ao meu primo Negão”.
E N T R E V I S T A
Zk – Você é de onde?
Almir Canduri – Nasci em Porto Velho em 1950 e depois vim pra Guajará-Mirim. Meu pai é o seu Jovito Canduri Pinheiro. Dos meus dez irmãos, só quem é Canduri sou eu, meu nome é Almir Canduri Pinheiro meus irmãos nenhum tinha o sobrenome Canduri, porém, todos nós éramos e somos conhecidos como Canduri. Hoje a história se repete, meu filho chama-se Fábio Rocha Pinheiro e minha filha Fernanda Rocha Pinheiro, entretanto são chamados de Fernanda Canduri e Fábio Canduri.
Zk – É verdade que seu Canduri tinha um restaurante nos trens da Madeira Mamoré?
Almir Canduri – Isso foi nos idos de 1960. Primeiro o negócio era do Humberto Amorim do Café Santo, então a estrada de ferro criou aquele trem “Bossa Nova” e instalou um bar com lanchonete e o Amorim vendeu pro meu pai.
Zk – O que vocês vendiam?
Almir Canduri – Meu pai fazia cachorro quente e eu saia vendendo pelos vagões de passageiros. Gozado que até hoje tenho uma camisa que ficou toda furadinha em virtude das faíscas que saiam da chaminé do trem.
Zk – Quer dizer que desde aquele tempo você praticamente vive em Guajará?
Almir Canduri – Com um agravante, Jamais imaginei quando vim morar em Guajará-Mirim que essa BR-364 que não existia, fosse crescer dessa maneira, desenvolver economicamente as cidades que ficam ao seu longo e Guajará ficar nisso que ficou. Eu deveria ter permanecido no mínimo em Porto Velho. Todas as cidades ao longo da BR-364 cresceram e estão crescendo cada vez mais e Guajará-Mirim foi regredindo. Guajará-Mirim era bem desenvolvida e hoje ta nisso que você vê, é aquela vai-mas-não-vai. Agora vou dizer uma coisa.
Zk – Que coisa?
Almir Canduri – Houve um erro tremendo, não só da população que não se manifestou, como dos políticos. Foi a criação das reservas. Hoje, o povo não sabe no Brasil, não sabe em Rondônia e nem os que moram aqui, que Guajará-Mirim é a cidade mais ecológica do mundo. É a única cidade do mundo aonde tem 95% de suas terras como reserva. Reserva indígena, reserva ecológica, reserva extrativista, reserva de reserva. Isso não deixa a cidade desenvolver. Nós só temos direito a 5% das nossas terras. Outro dia aconteceu uma audiência pública e os índios queriam mais reservas e então eu disse: Daqui a pouco não vai sobrar nem o cemitério pra gente enterrar nossos mortos. A culpa disso é dos políticos como o senhor Valdir Raupp.
Zk – Por que o senador?
Almir Canduri – Porque essas reservas foram criadas quando ele era governador do estado. Então falei, quando os senhores foram criar as reservas não nos chamaram para saber se a gente concordava. Lamento muito nossos deputados de Guajará-Mirim, deixarem isso acontecer, inclusive bato no peito e confesso minha culpa minha máxima culpa, mas a minha parte eu fiz e continuo fazendo. Hoje ta difícil voltar atrás, entretanto, nós podemos exigir o troco dessas reservas. Nós temos que usufruir de algum benefício.
Zk – Por falar em política, você continua presidente do PMDB de Guajará?
Almir Canduri – São 40 anos. Acho que no Brasil sou o presidente que mais tempo ficou na direção do PMDB desde o tempo que era apenas MDB.
Zk – Como você analisa o atual PMDB?
Almir Canduri – Hoje o partido não é mais aquele PMDB de responsabilidade. Um partido que você se orgulhava de participar, da luta da democracia. Hoje é essa vergonha nacional.
Zk – Por que a briga com o senador Valdir Raupp?
Almir Canduri – Nunca vi na história partidária o cara presidente de uma sigla, apoiar candidato de outro partido como aconteceu com o Valdir Raupp aqui em Guajará. Soube que o Fernando Prado deixou a presidência do partido em Porto Velho, foi uma briga danada e agora o rapaz sai. Essas coisas não existiam naquela época de Arena e MDB. Ou você era oposição ou situação não tinha meio termo. Hoje não existe mais isso, são os interesses individuais que prevalecem. O partido se esfacelou, no senado é uma vergonha. Uma vergonha pro Brasil. Isso porque está faltando responsabilidade. Lamento muito, mas vou continuar na luta pela democracia e o respeito para com o cidadão. Fui preso.
Zk – Preso! Por conta de que?
Almir Canduri – Fui preso várias vezes pelo exército aqui de Guajará-Mirim e hoje muitas vezes até companheiros do partido tentam me desafiar como o Valdir Raupp como se ele me amedrontasse, ele não é nada, é um simples cara que entrou no PMDB passando por cima de alguns companheiros e taí o partido triste, esfacelado. Eu já falei que não vou sair do PMDB porque quando cheguei, eles não estavam. Apesar de dizerem: O Canduri só sabe perder.
Zk – Quantas eleições você já perdeu como candidato?
Almir Canduri – Imagina uma pessoa que perdeu dez eleições e ainda está pronto para ser candidato outra vez! É muita raça né?
Zk – É verdade que durante suas várias campanhas políticas como candidato, vários fatos pitorescos aconteceram. Fala sobre alguns desses casos?
Almir Canduri – Nessa vida política de dez campanhas que perdi., muita coisa engraçada aconteceu. Acontece que tem aquele político que faz política pra se completar pra ganhar beneficio e tem aquele político que nasceu para ser político como é o meu caso. Não ganho porque não me beneficio das coisas que o partido pode oferecer ao presidente. Nunca me beneficiei do partido, fui Juiz Classista por indicação do Amir Lando e jamais me beneficiei do cargo. Fui secretário municipal de saúde e saí da secretaria liso e sem carro. Agora pergunta ao povo se não sentem saudade da minha administração.
Zk – É verdade que sempre que acabava uma campanha política você ficava quase na falência?
Almir Canduri – A mulher chegou a se esconder debaixo da cama para não ser perturbada pelos cobradores. Teve um ano que o nosso supermercado quando acabou a campanha não tinha nada. Minha mulher me encontrou no outro dia da apuração sentado em cima de uma caixa com a mão no queixo olhando para as prateleiras totalmente vazias, eu dava tudo aos eleitores e eles não correspondiam nas urnas. Muitos fatos que considero como folclóricos aconteceram nas minhas campanhas.
Zk – Exemplo?
Almir Canduri – Os enterros que eu fazia entraram para a história do folclore político de Guajará-Mirim e do Brasil. Eu sai enterrando tudo quanto achava que não estava correto. Fazia umas passeatas com enterros simbólicos. Enterrei o Teixeirão, o Sarney já naquele tempo, se fosse agora cremava, enterrei presidente da república, enterrei a Ceron, Caerd, Prefeitura, enfim. Acontece que ia ao mercado e avisava “os pés” inchados de que tal hora iria enterrar tal coisa ou pessoa, comprava umas garrafas de cachaça e colocava dentro do caixão que era para a turma comparecer. Aqueles enterros se transformaram em tradição junto “aos pés” inchados do mercado. Eu seguia na frente com o carro de som discursando e a turma vinha atrás com o caixão em cima de uma camioneta. A cidade toda ficava esperando os meus enterros. A policia chegava dava pancada na gente, levava preso, era aquela confusão. Acontece que certa vez o morto era de verdade e foi então que o caldo entornou.
Zk – O que foi que aconteceu?
Almir Canduri – Eu tinha uma pikaup C-10 reformadinha onde carregava o defunto. Bom como já disse quem acompanhava os enterros eram “Os PÉS” inchado e eu comprava foguetes que era para eles soltarem durante o cortejo, enchia o caixão de pinga. Numa dessas tinha morrido de fato um cidadão e a viúva veio comigo e pediu o carro para fazer o enterro. Acontece que no mesmo dia, estava programado o enterro da Ceron para as cinco horas da tarde. Ainda pedi ao motorista que não passasse pelo Boca Negra e nem pelo Mercado com o defunto de verdade, para evitar qualquer problema.
Zk – E aí?
Almir Canduri – Foi mesmo que não pedir. Quando ele passou com o enterro verdadeiro pelo Boca Negra e pelo Mercado os “Pés inchado” começaram a soltar foguete, pei, pei, pei o foguete comendo no centro e o pior, foi que eles queriam porque queriam abrir o caixão pra tirar a cachaça, só que naquele caixão ia realmente um morto. Com aquela confusão do abre-não-abre o caixão, a viúva já baixando o “cacete” nos “pé inchado”, foi então que o motorista correu no hotel onde eu estava e me avisou o que estava acontecendo. Cheguei lá estava à viúva segurando o caixão e a turma querendo abrir pra tirar a pinga. Aí comecei a explicar: Esse aqui ainda não é o nosso enterro é outro enterro, e os caras de cara cheia gritavam: Muito bem! Muito bem Canduri e soltavam foguete. Eles pegavam aqueles mangara de banana e tacavam em cima do caixão. “Filha da “p” libera nossa cachaça”. E eu gritava parem, parem e não tinha jeito. E a viúva já passando mal dizia: “Ai meu Deus, nunca imaginava que esse povo odiava tanto meu marido”. Tive que levar a viúva pro hospital no carro que estava o defunto. Quando chega o médico e vê o caixão diz: “Você ta brincando comigo, lugar de defunto não é no hospital não, é lá pro necrotério. Doutor vou lhe explicar, mas ele não queria saber de explicação. Peguei o carro com o defunto e levei pros parentes enterrarem de verdade. Nessas alturas já estava anoitecendo. Teve o caso da candidata a vereadora.
Zk – Como foi esse caso?
Almir Canduri – A gente passava a campanha fazendo os comícios em cima daquela pikaup. Acontece que no último comício, alugamos dois caminhões colocamos uma aparelhagem de som e a candidata na hora do seu discurso falou assim: “Meus conterrâneos, estou muito emocionada e muito nervosa, hoje pela primeira vez estou fazendo esse comício com esse povo todo. Passei a campanha todinha “trepando” em cima de uma C-10 e hoje to “trepando” em cima de caminhão”.
Zk – Tem outro caso?
Almir Canduri – Certa vez saí com a turma de candidatos para pedir voto, o Samuel Barros pode confirmar isso. Lá vem um cidadão já de idade avançada e eu todo faceiro falei pros candidatos. Prestem atenção como é que se pede voto. Fui até o cidadão e comecei a dizer da importância dele votar num dos nossos companheiros do PMDB principalmente para Guajará-Mirim e foram quase meia hora alugando o “velho” e ele só fazia “HUM”. Quando terminei meu discurso ele colocou a mão no meu ombro e disse: “Oh dom Canduri, io no voto, soi boliviano”. E os demais candidatos caíram de gozação em cima de mim.
Zk – Vamos falar sobre o Duelo da Fronteira. Você como empresário do ramo de hotelaria como vê o Festival Folclórico de Guajará-Mirim?
Almir Canduri – O que eu lamento mesmo é que, já que não temos terra para cultivar, devíamos desenvolver o turismo, é triste ter que dizer isso, os prefeitos que passaram não segurar um festival desse. Não são só os hotéis, são os restaurantes, os táxis, os bares, tudo. O dinheiro corre aqui na cidade durante esse festival - chego a me arrepiar quando falo isso. Já pensou se tivesse pelo menos umas cinco festas nesse estilo por ano.
Zk – Avalie o Festival dos Bois Bumbas Malhadinho e Flor do Campo?
Almir Canduri – Nenhum acontecimento, nada é mais importante na cidade de Guajará-Mirim que o Festival Folclórico dos Bois. Os hotéis estão todos lotados, veja aí (apontando para as mesas na calçada do hotel todas lotadas com os fregueses bebendo cerveja), isso só acontece durante o Duelo da Fronteira. Precisamos de um prefeito com mais garra, que transforme essa festa numa festa do município realmente. Era para a cidade estar toda enfeitada de azul e vermelho. Você sabe que adoro a cor azul, por isso meu hotel é todo azul, pois no tempo do Festival, para prestigiar a festa, coloco metade das lâmpadas vermelhas. Todo mundo aqui em Guajará tinha que fazer como Parintins, pintar ou decorar a frente de suas casas e comercio de vermelho ou de azul de acordo com a preferência de cada um.
Zk – Para finalizar?
Almir Canduri – To vendo que o Festival Folclórico de Guajará-Mirim está crescendo a cada ano. As pessoas que fazem os dois grupos são verdadeiros heróis por fazerem uma festa incomparável. Não existe em Guajará-Mirim, uma festa que traga tanta gente e renda para nossa cidade como o Festival que reúne os bois Flor do Campo e Malhadinho.
Zk – Para o ano tem eleição. Do PMDB qual o candidato que tem potencial para ser eleito por Guajará-Mirim?
Almir Canduri – Sou o candidato número 1. Aliás, sou candidato a candidato a deputado estadual. Só não vou apoiar o senador Valdir Raupp.
Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com
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