Segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 - 07h04
MANELÃO
Banda deve sair sem ‘general’
Aos 61 anos, o carnavalesco Manuel Costa Mendonça, conhecido como ‘Manelão’, o general da Banda do Vai Quem Quer, continuava até às 13h de ontem respirando com a ajuda de aparelhos após sofrer três ataques cardíacos na noite de sábado. Ele foi hospitalizado no pronto-socorro João Paulo II em estado grave. Manelão, que também é empresário, já havia sofrido um princípio de infarto há dois anos.
O médico cardiologista do carnavalesco, Antônio de Azevedo Accioly, estava viajando e chegou à Capital ainda na madrugada de ontem para avaliar seu estado de saúde. Manelão chegou a ficar 15 minutos sem sinais vitais e mesmo depois de reanimado teve outra parada. Segundo a família, o quadro clínico deve-se à um endema pulmonar ou à falta de respiração com parada cardíaca.
Mesmo com o estado grave do general da banda, a filha dele, Cecília Andrade, disse que o cronograma do carnaval está mantido. “Independente do Estado dele, a banda vai sair, pois é o sonho dele”, garante.
Hiran Brito Mendes
O Baluarte da Pobres do Caiari
O samba enredo mais cantado nas rodas de samba e pagode de Porto Velho até hoje, é o “Ceará, Lendas, Crenças e Costumes – Ceará de Iracema”, graças a decisão do Hiran Brito Mendes em sugerir ao presidente Chagas Neto que a gravação teria quer ser feita no Rio de Janeiro, pela mesma equipe de produtores e músicos que gravavam os sambas enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro. Foi justamente durante a gravação desse samba que Hiran recebeu o apelido de “Baluarte”. “Só tínhamos três músicas e o disco era um compacto duplo com quatro músicas e o Laila sugeriu que o Baba escrevesse o nome de todos que colaboravam com a escola e gravasse um agradecimento tendo como fundo musical a música Exaltação ao Caiari do Silvio Santos e na hora de falar meu nome ele colocou: ‘Hiran Brito Mendes o Baluarte’ aí o apelido pegou”. Hiran fala da influencia que dona Marize Castiel exerceu não só na Pobres do Caiari, mas, no carnaval de Porto Velho como um todo. “A velha sabia das coisas e sempre que colocava um enredo era pra ganhar”.
São muitas as histórias vividas pelo Hiran a frente da Caiari. “O Chagas gostava de mim pelas minhas decisões”. Tem aquela que ele foi a TV Rondônia e disse que a escola não iria sair por falta de recursos e quando chegou, a Praça das Caixas D’água estava lotada de simpatizantes da escola, “Resultado, mudamos o enredo e a escola foi campeã”.
Essas e outras histórias, você vai acompanhar na entrevista que segue:
E N T R E V I S T A
Zk
– Como surgiu o apelido de Baluarte?
Hiran – Quem me deu esse título foi o finado Baba. Acontece que a gente foi gravar o primeiro disco de samba enredo da escola de samba Pobres do Caiari em setembro de 1984 com o samba Ceará, Lendas e Crenças – Ceará de Iracema enredo do carnaval de 1985. Na época era compacto duplo quer dizer teria que ter cinco faixas e nós só tínhamos três músicas que era o próprio samba enredo, o samba Exaltação ao Caiari e o Hino da Banda do Vai Quem Quer
Zk – E a quarta faixa?
Hiran – O produtor do disco foi o famoso Laíla juntamente com o saudoso Rivaldo. Bom, como não tínhamos outra música para preencher a última faixa do disco, o Laila sugeriu que o Babá anotasse o nome das pessoas influentes da escola de samba e gravasse uma espécie de agradecimento a essas pessoas em cimas do fundo musical com a música Exaltação ao Caiari. No meio de tantos nomes Babá relacionou o meu nome como e o Baluarte Hiran Brito Mendes e como estava gravado no disco o apelido pegou, tem gente que me chama de baluarte até hoje.
Zk – Você entrou para a Pobres do Caiari quando?
Hiran – Desde o inicio! Quando a turma saiu pintada de urucu eu estava no meio.
Zk – Seu Vivaldo Mendes teu pai em certo ano colocou a Pobres do Caiari com alegorias que lembravam as composições da Madeira Mamoré. Fala sobre esse enredo?
Hiran – Não tenho certeza se foi em 1968 ou n1969 o certo foi que o “Velho” encheu a rua de vagão, cegonha, locomotiva, trole e ainda vestiu alguns brincantes de cassaco. Até hoje você aprecia no Museu da Estrada de Ferro a miniatura da máquina 12 que foi feita para desfilar pela Caiari. Podemos dizer, que aquele desfile foi a primeira tentativa de se colocar um enredo em uma escola de samba de Porto Velho, no caso só faltou o samba enredo.
Zk – Você além de batuqueiro na Pobres do Caiari era baterista. Como surgiu o baterista Hiran?
Hiran – Nós participamos de três conjuntos musicais. Primeiro foi Os Átomos que era Eu, Chiquilito, Piana e o Licurgo esse conjunto era só vocal, a gente tentava imitar os Golden Boys, Renato e Seus Blues Cap´s etc., logo em seguida criamos o Fórmula Quatro que contava com a participação do Chiquilito, Piana, Pituca e Eu aí a gente já tocava mesmo, guitarra, baixo e bateria. Quando o Fórmula Quatro foi desfeito participamos da formação de um novo grupo musical que contava com o Helio na guitarra solo, Lúcio irmão do Helio, Antônio Curubinha e na época apareceu por aqui o MAN que até hoje ninguém sabe o nome dele era só Man o cara cantava demais. Esse Conjunto fez muito sucesso, O Helio era um excelente guitarrista e comandava a turma. Eu sempre disse o seguinte que eu era o melhor baterista porque só tinha eu.
Zk – Vocês tocavam aonde?
Hiran – A gente tocava no Ferroviário que ficava na Praça Mal. Rondon. Todo artista que vinha aqui como o Sergio Reis que ainda cantava jovem guarda no tempo do “Coração de Papel”, Antônio Marcos, Vanusa e outros era o nosso conjunto quem acompanhava. Geralmente as apresentações aconteciam no Cine Lacerda que a época não tinha nem cobertura.
Zk – E a amizade com o Chiquilito?
Hiran – A gente era vizinho, eu morava na Santos Dumont e ele na Duque de Caxias no tempo que no bairro Caiari só moravam os chamados categas, nosso amizade durou até sua morte. Quando ele assumiu a Secretaria de administração no governo do Teixeirão eu trabalhava na Eternit e um dia ele foi a minha casa e me convidou para ir trabalhar com ele no governo, respondi que se o salário fosse melhor do que o da Eternit aceitaria o certo foi que fui trabalhar no governo e não mais sai, quando ele foi eleito prefeito me levou para a prefeitura. Infelizmente não deu para ele cumprir seu objetivo que era ser governador de Rondônia.
Zk – Voltando ao carnaval. Você era folião de freqüentar os bailes carnavalescos?
Hiran – Não era muito chegado ao carnaval de clube não, ia ao Ypiranga nas matinês porque a sede ficava perto da nossa casa. Comecei a brincar carnaval mesmo na escola de samba Pobres do Caiari já com meus 15/16 anos de idade.
Zk – No primeiro desfile?
Hiran – Exato. Lembro que na hora que a gente ia sair, fui lá em casa e “roubei” a frigideira da minha avó. Lembro que tava todo mundo correndo atrás dos instrumentos, uns traziam lata de querosene até penico foi utilizado como instrumento musical a única coisa que não tinha era instrumento coberto de couro como surdo e tamborim.
Zk – Quando o Baba colocou o apelido de Baluarte ele não estava errado não. Foi você o responsável pela gravação do primeiro disco de samba enredo de uma escola de samba de Porto Velho. Digo disco bem produzido. Fala sobre esse feito?
Hiran – Acontece que eu tinha muita facilidade porque trabalhava na Administração do governo como chefe do almoxarifado o que me mantinha em contato com muitas empresas de fora. Assim descobri o telefone dos produtores do LP de samba enredo das escolas de samba do Rio de Janeiro Laíla e Rivaldo. Meu primeiro contato foi com o Rivaldo que era diretor musical da gravadora RCA depois virou Ariola, pedi o orçamento e exigi que toda a equipe que participava da gravação do LP de samba enredo das escolas do Rio de Janeiro fosse contratada inclusive se você pegar o Compacto Duplo com a gravação do Ceará de Iracema e ler a ficha técnica vai encontrar nomes como o do famoso cavaquinista Alceu Maia do percussionista Beloba do Grupo de vocalista As Gatas e todos que participavam da gravação dos sambas das grandes escolas de samba do Rio. Apresentamos o orçamento ao Chagas Neto e ele aprovou. Por outro lado utilizando o status de comprador do governo estadual conseguir apoio financeiro dos fornecedores e em troca colocamos a logomarca de suas empresas na contra capa. Até hoje ninguém fez uma produção parecida com aquela em Porto Velho.
Zk – Como foi feita a capa do disco?
Hiran – O layout da capa tinha que estar pronto antes da gravação, para poder oferecer o produto aos patrocinadores. Peguei a Neguinha e o Baba fantasiados de Porta Bandeira e Mestre Sala e sete horas da manhã com todo mundo passando para o trabalho e a gente fotografando na Praça das Caixas D’água.
Zk – Por que o Mestre Sala Babá foi escolhido para cantar as músicas do disco?
Hiran – Na época percebemos que o Baba era o que se aproximava do estilo de cantar como os puxadores de samba das escolas do Rio de Janeiro apesar de na hora da gravação do Ceará de Iracema o Laila ter que se virar para colocar “calços” na voz dele para poder sair parecido com os sambas do Rio. Tinha o Jair Monteiro que tinha voz boa para puxar samba só que ele era da Diplomatas.
Zk – Outra história pitoresca que envolve o Ceará de Iracema foi com o puxador do samba no dia do desfile. Como foi que você emplacou o Walfredo da Esquina?
Hiran – Sempre antes de começar os ensaios da escola, Walfredo pegava o microfone e ficava simulando a transmissão de um jogo de futebol e até imitava o Garotinho e ele também ficava cantando samba enredo das escolas do Rio de Janeiro e eu fui prestando atenção na voz dele e então o chamei e sugeri que ele passasse a cantar o samba da Caiari.
Zk – É verdade que dona Marize não aceitava o Walfredo como puxador de samba?
Hiran – Dona Marize ainda era muito pelo estilo clássico de se cantar samba, era aquele negócio muito melodioso. Certa vez ela me questionou a respeito do Walfredo e eu disse que samba enredo tinha que ser cantado com garra levantando a galera, era duas horas de “pau” e o Walfredo se encaixava nesse estilo. Os preferidos dela era o Sandro e o Cascão que haviam ganhado a disputa do samba em 2003 para o carnaval de 2004 e cantaram na avenida só que a escola perdeu, mas, dona Marize preferia os dois cantando o samba da escola. Certo dia dona Marize chamou o Walfredo em sua casa e quando ele voltou ficou todo jururu ali pelos cantos e desapareceu. Quando o procurei me disseram que ele estava lá na Praça Aluizio Ferreira cheguei lá e o encontrei chorando e então ele me disse que a Dona Marize havia dito que ele não tinha voz pra música e coisa e tal. Então tomei a decisão e disse pra ele: Agora é que você vai ser o puxador da escola de samba, pode ir pro ensaio, pegar o microfone e cantar o samba você tem o meu apoio e de toda a bateria da escola.
Zk – E o Chagas Neto?
Hiran – O Chagas Neto gostava muito da minha maneira de administrar, com decisões rápidas. Lembra aquele samba seu e do Baba que eu decidi de madrugada em frente ao Reza Forte que seria o samba da escola. Foi naquela crise que fui a TV Rondônia dizer que a escola não iria desfilar porque não tinha dinheiro para desenvolver o enredo “De Orellana a Couteau” o presidente era o Flodoaldinho. Era assim.
Zk – Como foi esse episódio?
Hiran – Naquele ano o Flodoaldinho me chamou em sua casa e disse que não tinha dinheiro para colocar o enredo. Fui a TV Rondônia (o Jornal de Rondônia era ao vivo), falei com o diretor e ele me colocou no ar e eu disse que a escola de samba não iria desfilar por falta de recursos. Quando cheguei na Praça das Caixas D’água tava praticamente todos os moradores do bairro Caiari os brincantes da escola e simpatizantes e ali todos se propuseram a colaborar com a escola. Faltava menos de um mês para o carnaval e então por sugestão do Jader e do Flávio Daniel e se não em engano do Zé Carlos Lobo se resolveu criar um enredo de fácil concepção e então nasceu ali o tema “Das Loucuras da Vida a Ilusão do Carnaval” – O samba foi feito pelo Silvio Santos e O Babá no balcão do chaveiro do Manelão e foi justamente esse samba que eu aprovei na madrugada em frente ao Reza Forte. Para encurtar a história a escola foi campeã naquele ano de 1983 cantado “É feira, é feira, é condução. É trabalho no campo, que luta irmão...”
Zk – Como era a “briga” Hiran X Leônidas?
Hiran – O Leônidas não admitia que alguém falasse da Diplomatas e eu gostava de atiçar mas, numa boa, falava que o samba deles era fraco que a Caiari era a melhor escola de samba. Dizia que os carros alegóricos deles eram honrosos e o Leonidas ficava possessos. Lembro que uma vez eu estava dando entrevista numa rádio e antes de terminar a entrevista chegou o Jair e a turma do Leônidas para me contestar. Era uma disputa acirrada, mas, sadia e necessária.
Zk – Depois do Ceará de Iracema você produziu mais um disco para a Caiari já com o Walfredo como interprete oficial?
Hiran – Foi o samba “Empurrando Vai” contratamos a mesma equipe, comandada pelo Laila e pelo Rivaldo viajamos para o Rio de Janeiro com o Walfredo e o Laila ao ouvir a voz do Walfredo saiu-se com a seguinte frase “O garoto tem um vozeirão, é o Jamelão branco”. Infelizmente a escola não desfilou no carnaval de 1988 porque as fantasias pegaram fogo no Rio de Janeiro.
Zk – Você foi presidente da Pobres do Caiari?
Hiran – Pois é! O Chagas Neto me chamou e disse que iria sair candidato a deputado federal e por isso deixaria a presidência e disse que eu seria o presidente. Argumentei que não tinha condições de assumir uma escola como a Caiari e coisa e tal e ele me convenceu a assumir dizendo que me daria todo o suporte e assim foi feito. Fui presidente campeão.
Zk – Para encerrar. A escola teria condições de voltar a se apresentar no carnaval de Porto Velho?
Hiran – Na época que o Chagas Neto era o presidente e a escola fazia grandes desfiles, um dia ele me chamou e lamentou: “Hiran não entendo como que a gente dando todo suporte para a escola os meninos criam uma nova entidade”. Ele se referia aos batuqueiros da escola que criaram o bloco e depois escola de samba “Mocidade do Caiari”. Depois disso, a escola começou a definhar. Voltou a suspirar com a presidência do Aparício que fez grandes carnavais. Aquela turma assumiu depois do Aparício e a escola nunca mais se apresentou. Depois os moradores antigos do bairro Caiari já não moram mais lá o que dificulta a reativação da escola. Não vejo a possibilidade de a escola voltar a se apresentar. De qualquer maneira ficamos torcendo para que apareça um presidente que consiga colocar a escola na rua.
Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com
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