Domingo, 19 de maio de 2013 - 05h53
Classificar alguém como pioneiro de uma região, estado ou cidade, não é tarefa fácil, porém, quando passamos a conhecer o trabalho desenvolvido no estado de Rondônia pelo cidadão Amilcar Machado Profeta não temos dúvida, estamos diante de um Pioneiro de verdade. Mineiro criado e lapidado no estado do Paraná precisamente na cidade de Maringá, Profeta se mudou definitivamente para Rondônia no inicio do ano de 1983. “No final de 1982 vim sondar o ambiente e vi que o ordenado aqui era três vezes o que ganhava em Maringá então fui buscar a família e fiquei”. Nesse tempo todo, Profeta sempre esteve trabalhando em prol do desenvolvimento do esporte e mesmo depois de aposentado, aceitou o convite do amigo Zé Carlos e empresta seus conhecimentos à Gerencia de Esportes da Secel. Profeta não é apelido é sobrenome mas, bem que poderia ser reconhecido pela visão de futuro que tem esse professor de educação física aposentado mas, que não cansa de colaborar com o desenvolvimento do estado de Rondônia.
E N T R E V I S T A
Zk – Quem é o Profeta?
Profeta – Amilcar Machado Pr ofeta, mineiro de Governador Valadares desde 1946, onde vivemos até os 15 anos de idade, quando meu pai resolveu mudar para o Paraná na época chamado de o Eldorado do Brasil e nós fomos para Maringá. Viúvo da professora Mérly Deffune Profeta com quem tive cinco filhos. Professor de educação física formado pela Universidade Estadual de Maringá (PR), em 1975.
Zk – E Rondônia?
Profeta – Cheguei em dezembro de 1982, fui buscar a família que estava em Maringá e retornei em 1983 definitivamente. Em Maringá fui secretário de Cultura Esporte e Turismo, depois fui diretor presidente da Autarquia Municipal de Esportes levando o município a ser campeão do estado nos jogos abertos e campeonatos das federações em várias modalidades.
Zk – Você falou em Autarquia do Esporte. Por que em vez de Secretaria uma Autarquia?
Profeta – É importante dizer que o projeto da criação da Autarquia de Esporte de Cacoal foi eu que fiz. A Autarquia se diferencia da Secretaria porque tem autonomia financeira, esse é o grande mote. Quando isso foi criado o esporte era muito ligado a Secretaria de Educação e nós sabemos que existem leis que protegem especificamente o orçamento da educação e o que sobra é aquele pouquinho, que sempre era investido no esporte. Com o advento da Autarquia todo dinheiro que entrar para o esporte, fica e é empregado no esporte.
Zk – Você estava falando que sua vinda para cá foi em decorrência de uma visita que o Ministro Mário Andreazza fez a Maringá. Conta como aconteceu o convite?
Profeta – Coincidiu que quando ele foi lá participar da inauguração de um conjunto habitacional na época do BNH que era ligado ao Ministério do Interior e ao lado desse conjunto tinha um centro esportivo com piscina, quadra coberta, cozinha, administração e lotado de criança. Então ele perguntou ao prefeito: “Que trabalho é esse?” e o prefeito respondeu: “A ideia disso tudo, é desse garoto aqui” me apresentando ao Ministro, na época eu estava com 35 anos. Então Mario Andreazza falou pra mim: “Olha, meu cunhado Teixeirão é governador lá em Rondônia e está precisando de gente como você, porque os profissionais que existem lá estão todos na capital Porto Velho e o interior está precisando demais de profissionais. Tá nascendo escola em tudo quanto é lugar do estado, a migração é muito grande e por isso o Teixeirão precisa de profissionais, você não quer dar um pulo lá pra conhecer?” Respondi, se tiver o convite e pagando bem, que mal tem?
Zk – E embarcou no primeiro ônibus da Eucatur rumo a Rondônia?
Profeta – Posteriormente aconteceu uma visitação de técnicos de Rondônia a Maringá talvez até em consequência da conversa do Ministro com o Teixeirão e esses técnicos, foram visitar as faculdades convidando os recém-formados a virem pra cá. Eles também foram a minha casa especificamente e me convidaram para vir ser o Diretor de Esportes do Estado em substituição ao Domenico Laurito. Vim dar uma sondada e como o ordenado era três vezes o de Maringá aceitei o desafio.
Zk – É verdade que quando você chegou em Vilhena o prefeito praticamente exigiu que você ficasse lá?
Profeta – Foi exatamente isso que aconteceu. O vice-prefeito de Vilhena era médico em Maringá, o secretário de saúde o diretor do departamento de terras, secretário de educação tudo era de Maringá e eles me intimaram: “Não Profeta, você trabalha em administração pública desde 1967 e a prefeitura depende muito de Porto Velho, agora nós somos município e precisa ter uma estrutura e você entende de estrutura administrativa”. Ficamos e criamos a estrutura básica da prefeitura de Vilhena, propusemos a Lei Orgânica. Pra você ter uma ideia, Vilhena foi a primeira cidade em Rondônia a ter Plano Diretor. Por isso é organizadinha.
Zk – Quer dizer que você foi administrador de Vilhena?
Profeta – Eles me chamavam de gerente. Vocês vão falar lá com o Gerente da Prefeitura o Profeta. O prefeito me deu essa autonomia. Quando criei a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo de Vilhena o Teixeirão me puxou pra cá pra Porto Velho, se bem que o Élcio negociou com ele e eu fiquei até março. Fiz o primeiro carnaval de Vilhena criei duas escolas de samba, montamos o teatro, ajudamos a criação da Academia de Letras de Vilhena, abrimos o Museu Rondon. Isso tudo com a participação da minha primeira mulher a Mérly que passou a cuidar da parte da cultura. Criamos a primeira creche, fizemos o levantamento aerofotogramétrico.
Zk – Esse levantamento aerofotogramétrico foi realizado com qual objetivo?
Profeta – O Élcio Rossi que assumiu a prefeitura em substituição ao Vitório Abraão que havia sido cassado, chegou e falou, como é que vamos cobrar imposto, precisamos de dinheiro, não podemos ficar toda hora pedindo pro governo do estado! Faça um levantamento aerofotogramétrico e faça o valor venal dos terrenos pela fotografia do teto, Vai uma distância “X” tem técnica pra isso e lançava o imposto. Vilhena foi o primeiro município a criar o carnê do IPTU. Fizemos uma projeção da cidade na época, para 250 mil habitantes, hoje Vilhena tem quase 100 Mil, isso é visão de futuro e nós viemos de uma administração pujante como era Maringá com essa visão de futuro. O Teixeirão me deixou ficar só um ano em Vilhena. Terminou o carnaval na quarta feira de cincas eu estava em Porto Velho assumindo como Diretor de Esportes quando o professor Vitor Hugo era o secretário da Secete.
Zk – Nesse cargo qual o destaque?
Profeta – Ampliamos o Departamento. Na época o Departamento cuidava de escolinha. Esse negócio de escolinha é para a prefeitura realizar, somos um Departamento de Estado, vamos fomentar cursos de formação dos técnicos para que eles nos municípios criem as escolinhas e o estado passa o dinheiro ou o material esportivo. Junto com o Domenico e a professora Isabel Avanço criamos os Jogos Intermunicipais de Rondônia que começou com apenas quatro modalidade, já em 1984 quando assumi realmente o Departamento ofereci doze modalidades os Jogos foram em Cacoal. Exatamente quando o Teixeirão mais o Ministro Mário Andreazza inauguraram o asfalto da BR 364, foi uma grande festa.
Zk - E a sugestão passada ao governador de que os estudantes dos municípios da BR conhecessem a origem do estado de Rondônia?
Profeta – Propusemos pro Teixeirão e ele aceitou, financiar todos os 16 municípios a irem conhecer a Pérola do Mamoré – Guajará Mirim para conhecer a origem do Estado, não sugerimos Porto Velho porque Porto Velho já tinha muita migração. Naquele tempo ainda não tinha estrada para Costa Marques e o governo levou os atletas daquela cidade, em dois barcos da Enaro para Guajará Mirim.
Zk – Em 1985 o Teixeirão deixou o governo e você foi pra onde?
Profeta – Trabalhamos com o Ângelo Angelim e ficamos um ano e meio com o Jerônimo Santana quando o Abelardo Castro era o secretário. Aí sai e fui ser Chefe de Gabinete em Vilhena. Foi quando propusemos ao Élcio Rossi a criação da Associação dos Prefeitos dos Municípios de Rondônia, pois começou o processo democrático de eleições diretas e eu falei pro Élcio: Se vocês prefeitos, não se reunirem, o governador faz o que quiser com o orçamento do estado.
Zk – Além de Vilhena quais outros municípios contaram com sua colaboração?
Profeta – Em Pimenta Bueno fui convidado pelo Marco Aurélio e elaboramos o projeto de criação da secretaria de cultura e esportes. Com o Marco Aurélio fizemos uma troca, ele entendia de Heráldica que era a crítica dos brasões das cidades e eu queria fazer o Brasão de Vilhena, aliás, Vilhena foi o primeiro município de Rondônia a ter brasão e bandeira municipal. Também fui convidado pelo Piana e ajudei na criação da Suder da qual fui Diretor junto com o Heitor Costa. Ainda trabalhei no governo Bianco e me aposentei.
Zk – E agora no governo de Confúcio Moura?
Profeta – O professor José Carlos Barbosa foi convidado pra assumir a Gerencia de Esportes da Secel e ele já tinha sido meu assessor na Suder e precisa de uma pessoa com a visão institucional, como o esporte em Rondônia não tem legislação específica, elaborei o projeto que cria o Sistema de Esportes do Estado de Rondônia esse Projeto já está na PGE e nesta terça feira deverá ser encaminha a Casa Civil e certamente este ano vai ser aprovado pela Assembleia Legislativa. Com o Sistema estamos estabelecendo as regras para a criação do novo Conselho Estadual de Esportes, a Justiça Desportiva, a Medalha de Mérito Desportivo Dr. Cezar Queiroz e o Fundo Estadual do Desenvolvimento do Desporto. Paralelamente a isso, estamos propondo uma Lei que estabelece a Bolsa Atleta e Para Atleta. Com isso vamos acabar com o aventureiro de pastinha debaixo do braço.
Zk – Para encerrar! Como você ver a Secel nos dias de hoje?
Profeta – Acredito muito na Eluane. Ela é uma jovem promissora e como tal, tem o espírito despojado. Ela dando autonomia as Gerencias e exigindo que as Gerencias cumpram seus planejamentos, certamente o Estado vai fazer alguma coisa, mas, há marasmo, principalmente na nossa área, que espero que seja revertido o mais breve possível, através das ações da própria secretária numa cobrança mais efetiva junto a nossa Gerencia.
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