Segunda-feira, 21 de setembro de 2009 - 05h16
Show musical prisma luminoso
“Você precisa ver, para sabe como é, que andava o trem da Madeira Mamoré”. “Olha menino sou moleque atrevido, sou mais que bandido, me criei no Areal. Olha menino eu vi a destruição, da Baixa da União pelos generais...”. “Mas, que prosa, a serraria das onze horas... Precisa ver o Amadeu...” É o Bubu Johnson dando inicio a sua participação no espetáculo musical “Prisma Luminoso”, sexta feira passada, dentro da programação da Fundação Iaripuna em homenagem aos 95 anos de criação do município de Porto Velho. O trecho da rua Carlos Gomes entre a Tenreiro Aranha e a Marechal Deodoro foi interditado para o trânsito de veículos e a equipe responsável pela programação, armou o palco na calçada da Utilar enquanto o público se acomodou em mesas colocadas no meio da Carlos Gomes bem em frente ao Villas Bar, considerado a sede do Clube do Choro em Porto Velho. O grupo musical formado pelo Genésio ao cavaquinho, Norman Júnior violão de seis cordas, Nicodemo violão de sete e Júnior Lopes na bateria, começou brindando os presentes, com um repertório recheado de chorinhos de grandes compositores brasileiros. Muito aplaudido, surge Bubu Johnson cantando Paulinho da Viola. Elton Medeiros, Ney Lopes, Noel Rosa, e tantas outros compositores, cujos trabalhos não aparecem na mídia. Entre uma música e outra surge o poeta Mado pedindo silencio. Silêncio, “si-lên-ci-o...”! Então começa o seu show, que podemos classificar como espetáculo misto, pois tem poesia, crônica da cidade, humor e muita crítica. “Si-lên-ci-o...” que o Bubu está de volta. Os aplausos ecoam pela Carlos Gomes e vias adjacentes, dona Nadir proprietária do Villas, não se contem de tanta felicidade, Zé de Nana se acomoda a beira da sarjeta apreciando os olhos “mariados" d’água, da jornalista Ana Aranda ao ver seu maridão sendo calorosamente aplaudido. A noite ultrapassa a meia noite e chega a madrugada, Bubu dá uma olhada para o júnior e este dedilha o arranjo de mais uma música que logo começa a ser interpretada pelo Jesuá. Aí lembramos do Milton Carlos: “Do bate papo, do disse-me-disse, da “Maria Eunice”, ai que saudades nos dá...”.
Se você não teve a oportunidade de comparecer à Carlos Gomes naquele memorável noite de 18 de setembro, não se desespere. Na próxima quinta feira dia 24, Bubu volta a apresentar o Prisma Luminoso no Teatro Banzeiros às 20h, dentro do projeto 5ª Cultural do Basa.
E N T R E V I S T A
Zk – Vamos começar pela sua identificação, nome, onde nasceu impressão digital, descendência, essas coisas?
Bubu – Meu é Jesuá Johnson, conhecido por Bubu. Sou descendente de uma família de barbadianos, a família Johnson. Nasci em Porto Velho em 1951. To trilhando nesse caminho da cultura há 30 anos ou mais.
Zk – Que dizer lapidado?
Bubu – É! Estamos pronto para dar continuidade aos trabalhos, nesse espetáculo que vamos realizar no dia 24 dentro do Projeto 5ª Cultura do Banco da Amazônia.
Zk – O que esse espetáculo musical representa pra você?
Bubu – Os espetáculos musicais que assistimos desde a inauguração do Mercado Cultural de Porto Velho estão fazendo com que a gente forneça os laços culturais da cidade e reacendendo, digamos assim, o resgate dessa música maravilhosa que é a música popular brasileira, que é o CHORO e as músicas dos grandes compositores que a gente não ver na mídia. Quando a gente fala em Prisma Luminoso e CHORO. Então, o objetivo desse show e do Clube do Choro, é fazer com que essa música seja ouvida pela nova geração.
Zk – Estamos habituados a ver o Bubu como produtor. Como e quando surgiu o cantor?
Bubu – Comecei a cantar no Coral da 1ª Igreja Batista. Acompanhava meu pai.
Nem sei se estava no nível dos adultos. Aos 12 anos de idade eu ia pra igreja participar do coral, cantava exatamente ao lado do meu pai que era um tenor maravilhoso ele e o meu irmão Afonso que faleceu recentemente. O regente do coral era o senhor Shoknes, além de contar com o Samuel Menezes, Mauricio Calixto. Por estar dentro desse contexto, ouvindo os grandes cantores de coral, acabei absolvendo um pouco do conhecimento deles.
Zk – Vamos falar agora da sua formação escolar. Em quais colégios você estudou?
Bubu – Comecei meus estudos, no Grupo Escolar Barão do Solimões, passei para a Escola Batista Loney Dolly que pertencia a 1ª Igreja Batista que foi onde aprendi a ler e escrever alguma coisa, fui para o Presidente Vargas e depois que terminei o 2º Grau aqui, fui estudar em Campo Grande hoje capital do Mato Grosso do Sul em 1970. Na época a gente encarava uma estrada super precária, eram dez dias daqui pra Cuiabá.
Zk – Além da faculdade você desenvolvia outras atividades em Mato Grosso?
Bubu – Uma delas era a participação nos Movimentos Negros, enfrentando a polícia. Naquela época para se pregar um cartaz na rua tinha que ficar um na esquina vigiando se a polícia vinha e quando ela vinha a gente tinha que sair correndo para não ser preso.
Zk – Quer dizer que sua militância em prol dos Movimentos Negros começou em Campo Grande. E em Porto Velho como foi?
Bubu – Trouxemos a experiência adquirida na faculdade para Porto Velho – A arte como instrumento de transformação social, de melhoria e defesa do patrimônio histórico. Principalmente da cidade de Porto Velho.
Zk – Vamos dar um tempo em você para falar sobre sua família. Seus pais vieram para essa região trabalhar na construção da EFMM, correto! Porém, o que notamos é que a família Johnson é formada praticamente por professores. Explica essa preferência pela docência?
Bubu – Noventa por cento dos integrantes da nossa família são professores. Minha mãe falava o seguinte: “Você pode tomar tudo de uma pessoa, só não rouba o conhecimento”. Então ela investiu tudo que ela tinha nessa história. Nós éramos obrigados a estudar. Quem ficava reprovado apanhava surras daquelas, não podia reprovar. Dona Elvira Johnson jogava pesado nesse sentido. É por isso que noventa por cento da nossa família tem formação de professor.
Zk – Voltando a boemia. Fala sobre o relacionamento de vocês com a dona Maria Eunice a da boate que até hoje funciona em frente à casa dos seus pais?
Bubu – Maria Eunice era um reduto de trabalho. Naquele tempo não tinha água na cidade e a gente ajudava na manutenção da boate carregando água, isso na adolescência. A gente tava ali na frente!
Zk – Era só isso mesmo?
Bubu - Dona Maria Eunice era muito amiga da minha mãe. Existia uma amizade fantástica entre dona Elvira minha mãe e dona Maria Eunice, meu pai era muito amigo dela também. Acabou virando uma amizade interessante. Fora as meninas que eram mais interessantes ainda.
Zk – Como surgiu o Movimento de Criação Cabeça de Negro?
Bubu – Depois que voltei formado de Mato Grosso, encontrei um poeta chamado Adaídes Batista o Dada que vinha de Manaus uma outra realidade, mas, também de Movimento Negro. Desse encontro que aconteceu no Bar do Canto quando o poeta Mado era seu administrador, aliás, o Bar do Canto era o ponto de referencia da cidade e depois de entornarmos uma caixa de cerveja Antártica a famosa “Faixa Azul” ele me mostrou uns poemas, umas músicas que ele tinha e tal. Então eu disse: Vamos fazer um show cara! E ele, como? – Vamos fazer um show!
Zk – Fala sobre a produção desse show?
Bubu – Depois disso, fomos lapidando as músicas, Norman Júnior fez vários arranjos, Carlinhos Maracanã surgiu depois, ele e o Orlando, contamos também com o apoio da imprensa e de pessoas como Ana Aranda, Cristina Mendes dentre outros profissionais da imprensa. Isso fez com que o Movimento ficasse conhecido na sociedade de Porto Velho.
Zk – O que você considera como de grande relevância para o Movimento?
Bubu - O mais interessante foi que essa semente que foi lançada naquele tempo, essas ações, acabaram virando políticas públicas do governo federal hoje. Não se pode mais falar em Movimento Negro sem envolver os outros seguimentos, como a questão indígena, GLBT e outros. As conferências que estão acontecendo pelo Brasil a fora, são frutos desses movimentos.
Zk – Voltando ao primeiro show?
Bubu – Aconteceu que tivemos que reabrir um teatro que estava abandonado. A equipe se juntou com outros amigos e fez uma pequena reforma no teatro e fizemos o show. Teatro sem ar condicionado e mesmo assim ficou super lotado. Depois disso não paramos mais. Esse teatro ficava na rua Joaquim Nabuco com a Duque de Caxias.
Zk – Depois desse primeiro show as portas se abriram?
Bubu – Em parte sim. Recebemos apoio do Chiquilito Erse que era muito influente a época. Em conseqüência disso criamos o espetáculo “Nos tempos do rádio” que contava a história da origem do rádio em Porto Velho e fomos pra frente.
Zk – E o Projeto Cinco e Meia?
Bubu – O Cinco e Meia foi uma experiência baseada no Projeto Pixinguinha que acontecia na década de 1970 nas Universidades principalmente. Quando vim pra cá de Mato Grosso tentei trazer pra cá através do Sesc. Um dia discutindo com a Ana Aranda e o Júnior no restaurante Cheiro Verde, rolou a idéia de fazer um espetáculo para os servidores público que saiam do trabalho, para assistir antes de ir pra casa. Dessa discussão saiu o “Projeto Cinco e Meia”.
Zk – Por que o Cinco e Meia parou?
Bubu – O Projeto Cinco e Meia tinha dois patrocinadores fortes. Um era o deputado Natanael que saiu da cena política e o outro, era o Beron que também faliu. Quando perdemos esses dois patrocinadores, ficamos naquela da boa vontade dos amigos, mas já não era a mesma coisa. O governo nunca se envolveu com isso, nunca apoiou. Nem o governo municipal nem o estadual.
Zk – Isso quer dizer que não vamos mais contar com o Cinco e Meia?
Bubu – Peraí, não é bem assim. Estamos parados a espera de apoio. Assim que conseguirmos passar essa idéia para as instituições criadas para desenvolver a cultura, seja no âmbito do governo estadual ou municipal, que não conseguiram entender nossa idéia até hoje, vamos retornar com certeza.
Zk – O Cinco e Meia revelou muitos talentos?
Bubu – Muitos. Baaribu Nonato, Bado, Ernesto Melo, Banda Prisma, Dada o poeta Mado e tantos outros que até hoje se apresentam na noite de Porto Velho.
Zk – Hoje nos deparamos com o produtor cultural Bubu como atração principal no Projeto 5ª Cultural do Basa. Vamos falar sobre esse espetáculo musical que vai acontecer no próximo dia 24?
Bubu – (sorrindo muito). Vivendo no meio das feras; Uma semana é “Os Anjos da Madrugada”, na outra o “Casa de Bamba”, tu aprende alguma coisa, a influencia foi dessa rapaziada, principalmente da Igreja Batista. Outra coisa é reacender a música brasileira. Quando se fala de música brasileira hoje, o cara diz logo, isso aí é não sei o que e coisa e tal.
Zk – E o que é música brasileira na sua concepção?
Bubu – Música genuinamente brasileira é o CHORO a música que surgiu da fusão do folclore europeu, da música dos negros e da música indígena. Quando os filhos da corte iam estudar na Europa e retornavam para passar as férias vinham com a musica européia; aqui se juntavam aos negros nas senzalas e dessa fusão juntamente com a música indígena originou o CHORO a música que é genuinamente brasileira.
Zk – Por falar em choro. Como surgiu o Clube do Choro em Porto Velho?
Bubu – Ele é uma experiência vivida em Brasília. Em 2000 vimos o Clube do Choro em Brasília e então surgiu a idéia de criar isso em Porto Velho. Juntamos o Júnior meu irmão, Nicodemos e outros chorões no Villas Bar ali na Carlos Gomes e com a proprietária do ambiente concordando criamos o Clube do Choro de Porto Velho. Só que o Clube do Choro de Brasília foi tombado como patrimônio histórico do Distrito Federal. Seria bom se Porto Velho seguisse o que o governo de Brasília fez.
Zk – As reuniões do Clube do Choro acontecem quando?
Bubu – Acontece toda sexta feira no Villas Bar que fica na Avenida Carlos Gomes entre a Tenreiro Aranha e a Marechal Deodoro sem a partir das 21h.
Zk – Quem é Prisma Luminoso e quem é Clube do Choro?
Bubu – São as mesmas figuras. Só que quando se fala em Prisma Luminoso estamos defendendo as músicas de Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Neves aquela rapaziada que não tem visibilidade na mídia e que faz música de qualidade.
Zk – Vamos aos músicos que compõem o Prisma Luminoso?
Bubu – No cavaquinho Genésio, Bandolim Lito Casara (quando está na cidade), Norman Júnior no violão de seis cordas e o Nicodemo que faz o violão de sete cordas; Aí tem os convidados como o Paulo na percussão, Chiquinho (cavaquinho) o Bado aparece de vez em quando.
Zk – Para encerrar. O que vai rolar no show 5ª Cultural do próximo dia 24?
Bubu – Na inauguração do Mercado Cultural apresentamos o show com a seguinte fusão: música regional somando com choro, música de Elton Medeiros, Noel Rosa e Paulinho da Viola. A gente abre com a história da Madeira Mamoré depois cantamos alguns poetas e compositores da cidade. Esse também será o show que vai ser apresentado quinta feira 24, no Teatro Banzeiros no projeto do Basa.
Zk – Você está coordenando a parte dos shows que vão acontecer no dia 30 durante a assinatura dos convênios dos Pontos de Cultura. Como vai ser essa produção?
Bubu – O governador assina os convênios na praça da Caixas D’água no dia 30, para isso a Secel vai montar 30 barracas para que cada uma das entidades selecionadas como Ponto de Cultura façam uma pequena amostra do que vão desenvolver durante a vigência do convênio. Depois vamos ter a apresentação da quadrilha “Os Caipiras do Rádio Farol”, dança indígena com os Suruís. O encerramento será com o poeta da cidade Ernesto Melo cantando Porto Velho.
Fonte: Sílvio Santos -zekatracasantos@gmail.com
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