Domingo, 26 de maio de 2013 - 05h05
Sexta feira passada 24, fomos ao Mercado Cultural prestigiar a Fina Flor do Samba e assim que chegamos, um cidadão nos abordou, dizendo: “há muito tempo gostaria de conhecê-lo, para agradecer por você ter publicado uma carta minha que escrevi e enviei la de Santarém (PA), em homenagem ao meu pai”. Era o Tenente da reserva da PM amazonense João Aristino Moura dos Reis. Após breve conversa, resolvemos entrevistá-lo, pois apesar de morar atualmente em Santarém (PA), Aristino nasceu e se criou em Porto Velho. “Nasci na Baixa da União e me criei na Arigolândia”. filho de um Guarda Territorial e de uma quituteira. “Minha mãe fazia bolo e eu ia vender pélas ruas da cidade”. Fã de carteirinha do Poeta da Cidade Ernesto Melo se identificando com a música “Tributo a Silvio Santos”. “Essa música que o Ernesto compôs em sua homenagem, tem muita a ver também com a minha história. Eu e você somos vencedores”.
Foi nesse clima que batemos o papo com o João Aristino que veio a Porto Velho festejar o aniversário de 65 anos de seu irmão Petronilio Moura.
E N T R E V I S T A
Zk – Você é de Porto Velho nascido aonde?
João Moura – Nasci na Baixa da União no dia 24 de junho de 1942, fui criado no bairro Arigolândia. Quando ainda morava na Baixa além das peraltices de criança, ajudava meus pais, pois minha mãe fazia bolo e eu ia vender no centro comercial, inclusive no Mercado Municipal (hoje Cultural), vendi pipoca ali no canto da Casa Saudade, trabalhei na Sorveteria Elite que ficava na esquina da José de Alencar com a Sete de Setembro, era assim.
Zk – Na Baixa da União existia um campo de futebol bem no meio do aglomerado de casas. Você batia bola lá?
João Moura – Dificilmente conseguia participar das peladas naquele campo, acontece que nosso pai não deixava, o caso dele era trabalho e pra gente jogar bola tinha que fugir, mas, quando chegava da bola, apanhava.
Zk – Quem era seu pai?
João Moura – Ele era guarda territorial, inclusive você fez uma homenagem a ale a qual aproveito a oportunidade para agradecer, o nome dele: Benedito Ferreira dos Reis.
Zk – E a quando vocês se mudaram da Baixa da União para Arigolândia?
João Moura – Eu devia ter meus dez/doze anos, quando mudamos para a Arigolândia e lá a batalha também foi grande. Ali meu pai conseguiu um lote de terra que podia ser considerado como sítio, onde a gente plantava roça pra sobrevivência.
Zk – Fala mais sobre sua vida?
João Moura – Servi o exército na então 3ª Cia de Fronteira (hoje 17ª Brigada), estudei sete anos no colégio Dom Bosco e depois fui trabalhar na CEM – Campanha de Erradicação da Malária.
Zk – Na CEM você chegou a borrifar DDT nas residências?
João Moura – Coloquei muito DDT. Trabalhei na borrifação entre Porto Velho Guajará Mirim. Nossa equipe viajava numa Calamazul da Estrada de Ferro e ia parando de casa em casa de Porto Velho a Guajará Mirim. Calamazul era um veículo motorizado menor que a Litorina.
Zk – Que história é essa de ter sido expulso de casa. Qual o motivo?
João Moura – Como já disse, meu pai não dava moleza pra gente não, tinha que trabalhar e ajudar no sustenta da casa. Talvez por eu ter largado o emprego da CEM ele me expulsou de casa.
Zk – E foi parar em Manaus?
João Moura – Como Porto Velho ainda era muito pequena eu não queria tá presente vendo meu pai todo dia,então consegui uma passagem de FAB (Força Aérea Brasileira) e fui pra Manaus, isso foi em 1963. Por alguns meses, como diz o ditado,“comi o pão que diabo amassou”, mas, consegui me equilibrar. Foi quando encontrei um amigo de Porto Velho que servia na polícia de lá e ele me convidou para entrar para a PM e eu aceitei. Hoje sou aposentado como oficial da Polícia Militar do Amazonas.
Zk – E Santarém como aconteceu na sua vida?
João Moura – Santarém foi uma consequência. Ao me separar da primeira mulher, fui pra Belém onde conheci uma jovem que até hoje é minha esposa. Fizemos 25 anos de casados em abril passado. Ela é de Monte Alegre e então viemos morar aí onde permanecemos até hoje.
Zk – Certa vez recebi uma correspondência sua falando sobre seu pai e até publiquei no jornal a sua homenagem. Na Guarda Territorial ele fazia o que?
João Moura – No tempo que meu pai entrou para a Guarda Territorial os guardas faziam de tudo, era uma espécie de trabalhador braçal, pois o Território era recém-criado e então o governo utilizava a mão de obra dos guardas, para fazer vários serviços. Meu pai por exemplo, tirou muito lenha que era utilizada na cozinha da guarda e na caldeira da usina de luz. Naquele tempo o comando da guarda escalava alguns guardas que tinham conhecimento do assunto, para pescar e os peixes eram utilizados na alimentação da tropa. Existiam competições esportivas e meu pai fazia parte da equipe do Remo disputava as Regatas como representante da Guarda Territorial. Por isso escrevi aquele material que você publicou na sua coluna, pois, muitos fizeram por essa terra e nunca foram reconhecidos. Apesar de ter sido expulso de casa, jamais deixei de admirar meu pai, principalmente pela educação que nos proporcionou e seu trabalho como Guarda Territorial.
Zk – Agora visitando Porto Velho sua cidade natal. Tem motivo especial para essa visita?
João Moura – Acontece que meu irmão Petronilio Moura Reis vai completar 65 anos de idade, no próximo dia 31 de maio e eu vim prestigia-lo. Quando eu completei 70 anos ele foi lá em Santarém festejar comigo e agora vim prestigiar a festa dos seus 65 anos e rever os amigos.
Zk – Você estava me falando que tem tudo sobre a Banda do Vai Quem Quer e divulga as músicas lá em Santarém, Como foi que você conheceu o Manelão?
João Moura – Foi o Ernesto Melo quem me apresentou ao Manelão aí cheguei e perguntei: É você que é o Manelão. É você o homem da Banda Vai Quem Quer? Então meu irmão, vim só lhe prestigiar! O Beto Cezar (ainda era Carimbó) estava presente e então lembrei o pai dele o Camucim, do José Vieira Caúla, do Teodorino do Pedrinho todos da Casa Saudade e o Menelão quando falei em Camucim disse, apontando para o Beto, olha o filho dele aí e o Beto me deu um CD. Manelão então me deu camisetas do bloco e o CD que divulgo até hoje lá em Santarém. Hoje tenho o prazer de conhecer você que é o compositor da maioria das músicas da Banda.
Zk – Outra coisa, você também divulga as músicas do Ernesto Melo e tem uma que é especial. Fala sobre essa música do Ernesto?
João Moura – A música que admiro é,“Tributo ao Silvio Santos”, pelo que o Ernesto diz na letra, você sofreu muito. Quando ele diz “... Você sofreu e hoje é um vencedor...”. Essa homenagem que o Ernesto faz a você eu peguei um pedacinho e mandei prum locutor da rádio 94 FM de Santarém o Domingos Campo que sofreu como você e como eu sofri também, quer dizer, somos vencedores.
Zk – Como você ver a Porto Velho de hoje?
João Moura – Melhorou muito, não tem nem comparação. Naquele tempo você sabe, Baixa da União tinha aquela vala, era vizinho de uma lado vizinho do outro. Quando chegava fruta do interior a gente ia ajudar desembarcar fosse do trem ou dos barcos que faziam o beradão. Hoje como diz o Ernesto em sua música: “... O Alto do Bode hoje é baixo e não tem mais a Baixa da União... Madeira Mamoré só por pirraça, calou a Maira Fumaça ferindo o meu coração...”. É saudosismo puro e eu sou saudosista por excelência. Pra mim é um orgulho, a cidade onde nasci progrediu e muito. Poucas cidades no Brasil alcançaram tanto progresso como a nossa Porto Velho.
Zk – Você falou que o terreno de vocês na Arigolândia era tipo um sítio e o que aconteceu?
João Moura –Quando chegou o Coronel Oliveira no 5º BEC ele loteou o terreno do papai dando para outras pessoas. No terreno o papai plantava macaxeira, café, banana e muito mais. Pois é, essa é a recordação que o BEC nos deixou.
Zk – Foi nesse tempo que você atuou como vendedor de galinha?
João Moura – Acontece que no tempo da infância e adolescência, todos nós tínhamos que ajudar no sustento da casa. Certa vez chegou um cidadão e falou pra minha mãe, “deixa o Aristino vender galinha pra mim”? e lá fui eu com as galinhas na capoeira ou presas no cambão. Certa vez um cara pegou cinco galinhas levou, dizendo que voltava pra pagar e até hoje não apareceu, fui roubado!
Zk – Tem filhos?
João Moura – Em Santarém tem dois e em Manaus um do primeiro matrimônio: O de Manaus chama-se João Aristino Moura dos Reis Júnior os de Santarém são o Arisjoão Moura dos Reis e minha filha Vanilara Moura dos Reis minha esposa Maria Vângela Moura dos Reis.
Zk – Para encerrar?
João Moura – Só tenho a dizer que você pra mim é um elemento que não tem predicado, pra mim você é tudo em matéria de cultura, assim como o Ernesto Melo o Poeta da Cidade. Só tenho é que render minha homenagem a vocês e ter orgulho de ter vocês na minha terra. Que Deus abençoe todos os rondonienses e em especial os nascidos em Porto Velho.
Lenha na Fogueira com o filme "O Pecado de Paula" e os Editais da Lei Aldir Blanc
A Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), realiza neste sábado (16), o ensaio para a gravação do filme em linguagem teatral "O Pecado de Pau
Lenha na Fogueira com o Museu Casa Rondon e a eleição da nova diretoria da FESEC
Entrega da obra do Museu Casa Rondon, em Vilhena. A finalidade do Museu é proporcionar e desenvolver o interesse dos moradores pela rica história
Lenha na Fogueira com o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças
Hoje os católicos celebram o Dia de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil. Em Porto Velho as celebrações vão acontecer no Santuário de Apareci
Jorgiley – Porquinho o comunicador que faz a diferença no rádio de Porto Velho
Tenho uma maneira própria de medir a audiência de um programa de rádio. É o seguinte: quando o programa ecoa na rua por onde você está passando, dando