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Silvio Santos

Jucélis Freitas: Flor do Maracujá não tem mais espaço


Em virtude de mais um golpe, sofrido pelos movimentos culturais de Rondônia e em especial os de Porto Velho, com a venda do espaço onde a SECEL até este ano, montou o Arraial Flor do Maracujá, área que foi vendida pelo Exército para a Assembléia Legislativa e a pendenga também com o Exército, que envolve a liberação do terreno onde o governo estadual pretende dar continuidade a construção do teatro. Procuramos o secretário de estado da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer – Jucélis Freitas: Flor do Maracujá não tem mais espaço - Gente de OpiniãoSECEL Jucélis Freitas para falar não apenas sobre esse assunto, mas, sobre as ações que estão sendo ou foram desenvolvidas pela secretaria durante o ano de 2007. Ao lado do secretário estava o Gerente de Cultura Ricardo Erse Moreira Mendes que também fez intervenção durante a entrevista lembrando algumas ações da sua gerencia e da Secel como um todo.  Jucélis nos informou, que, em conversa informal com o governador Ivo Cassol, ficou sabendo que está nos planos do governador transformar o Palácio Presidente Vargas numa super Casa de Cultura onde a SECEL vai poder montar o Museu Histórico de Rondônia e além de poder realizar eventos nos vários seguimentos culturais. sobre a Madeira Mamoré o Gerente de Cultura Ricardo Erse Moreira Mendes informa, “A Madeira Mamoré não tem a ver com o Estado. Agora é responsabilidade da Prefeitura de Porto Velho”. Outro problema que perturba a direção da SECEL é quanto o prédio da Biblioteca José Pontes Pinto que a Academia de Letras insiste em dizer que lhes pertence. “A Biblioteca José Pontes Pinto está aguardando a liberação de uma  emenda do deputado Eduardo Valverde que logo que seja liberada entra em reforma”. Essas e outras ações que estão sendo desenvolvidas pela SECEL na área cultural, você vai ficar sabendo na entrevista que segue.

ENTREVISTA

Zk – Recentemente, o governo estadual perdeu o direito de usar dois espaços, considerados importantes para apresentações de espetáculos produzidos pelos seguimentos das Artes Teatrais e Folclóricas. Estamos nos referindo a área onde seria construído o teatro e do espaço conhecido como Flor do Maracujá que foi vendido a Assembléia Legislativa pelo Exército. Como o senhor analisa essas ações do Exército?

Jucélis Freitas
– A cultura sofreu realmente um impacto grande de perda nesses últimos dias. Primeiro pela ação do Exército de não ter deixado a retomada da construção do teatro. Essa obra estava parada há dez anos por conta de  empecilhos burocráticos e financeiros e orçamentários do estado. Agora o governo  retomou essa obra com recurso (diga-se de passagem, foi uma luta pra conseguir) e aí nosso seguimento cultural sofreu esse golpe, com o Exercito impedindo o prosseguimento. Agora, uma outra novidade, foi que, o espaço onde a gente realizava o Flor do Maracujá, que é um espaço já tradicional, vem a notícia de que a Assembléia adquiriu o terreno para a construção do novo prédio da Assembléia Legislativa. Foi mais uma perda, mais um golpe que a cultura recebeu nesses últimos dias. Esse terreno onde já vinha sendo realizado o Flor do Maracujá ha muitos anos, já tinha sido oferecido pelo Exército a outras empresas do Amazonas, inclusive essas empresas já haviam adquirido através de Edital de compra, mas, não sei o que foi que houve que o Edital ficou sem efeito. O que soube foi que uma empresa de Manaus teria adquirido o terreno por 3 milhões de Reais. Agora aparece o presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia dizendo que comprou o terreno por Três Milhões.

Zk – Isso quer dizer que a Secel ficou sem espaço para realizar o Flor do Maracujá em 2008?
Jucélis Freitas -  Nós procuramos o presidente da Assembléia e perguntamos, se haveria ainda, uma possibilidade da gente realizar o Flor do Maracujá ainda naquele local em 2008.Jucélis Freitas: Flor do Maracujá não tem mais espaço - Gente de Opinião

Zk – E qual foi a resposta dele?
Jucélis Freitas -  Ele respondeu, Não sei, não posso prometer se vai estar disponível para a realização do Flor do Maracujá em 2008 porque nós vamos já começar a licitação.

Zk – E o que a Secel pretende fazer, caso não possa montar o arraial naquele espaço?
Jucélis Freitas – Significa que temos que buscar outro local, convocar todo o seguimento das manifestações populares, para em conjunto a gente vislumbrar e ou ir buscar um outro local.

Zk – E quanto ao teatro, que já tem inclusive os recursos disponibilizados em conta, o que, que o governo pretende fazer?
Jucélis Freitas
– Aquele local lá, tornou-se mais complicado, porque o Exército cedeu uma parte para o Ministério do Trabalho construir um prédio lá, isso complicou ainda mais, é um outro golpe, é uma outra perda grande da cultura de nossa cidade. Não sei que o Exército pretende fazer com aquela estrutura que já está, o estado gastou mais de 500 mil Reais na construção daquela estrutura, que é a base do teatro.

ZK – E quanto o Exército está pedindo naquele pedaço de terra onde está a construção do teatro?
Jucélis Freitas -  Naquele pedaço de terra ali, eles estão pedindo agora Hum Milhão e Trezentos Mil Reais. Antes eles pediam Dois Milhões, acontece que o Tribunal de Justiça adquiriu um pedaço por 700 Mil Reais.

Zk – E o governo estadual vai comprar?
Jucélis Freitas -  Nós não achamos justo e nem legal o estado comprar um terreno que pertence ao povo de Rondônia porque se pertence a União é do povo e tem mais o seguinte, a lei que criou o estado de Rondônia no seu Artigo 15 é bem clara. Todo Móvel ou Imóvel que pertence ao Território de Rondônia passa a ser do domínio do estado de Rondônia. Isso não está sendo obedecido.

Zk – Se a Lei que criou o estado de Rondônia diz isso, por que o Exército se diz dono da área?
Jucélis Freitas – As Forças Armadas, antes da existência do Ministério da Defesa, fizeram um documento dizendo que tudo que fosse da União que estivesse no estado de Rondônia o Exército teria o domínio e esse documento está prevalecendo pra eles. Quando o Coronel Jorge Teixeira era governador em Rondônia aquela área era livre, inclusive foi feito um documento que não lembro se foi Decreto Lei, dizendo que toda aquela área que vai do Ginásio Cláudio Coutinho até chegar nas Esplanadas seria para equipamentos comunitários, ou seja, área de lazer, praça etc. Não sei como foi que de repente apareceu a construção de um monte de casas de Oficiais, tanto do Exército como da Aeronáutica. Eu considero isso uma invasão.

Zk – Voltando a área do teatro. O governo estadual vai deixar por isso mesmo?
Jucélis Freitas - Em relação a liberação da área, continua a negociação em Brasília do senador Expedito e do senador Valdir Raupp que fizeram uma proposta ao Ministério da Defesa que colocariam emendas parlamentares para a construção de casas para o Exército aqui em Rondônia. Eu conversei com o governador e ele ainda está esperando a resposta do Ministro da Defesa. Não podemos nem dizer que vamos procurar outro espaço, porque estamos aguardando a resposta. A partir do momento que eles disserem que não tem acordo, vamos pensar em arrumar um outro local. Que seja um local acessível a população e central, porque teatro não se constrói fora da cidade. Fora da cidade se constrói cemitério, presídio, mas teatro tem estar no meio do povo.

Zk – Ta certo! Acontecer que o teatro pode ser construído amanhã e daqui a dois, cinco anos, mas o Arraial Flor do Maracujá já está na porta. Já existe um plano “B” em relação a uma outra área?Jucélis Freitas: Flor do Maracujá não tem mais espaço - Gente de Opinião
Jucélis Freitas
- Como eu falei lá no inicio, o presidente da Assembléia disse que se até junho do ano que vem eles não tiverem iniciado a construção ele sede o espaço. Eu acredito que vamos realizar o Arraial em 2008 naquele local porque sabemos que a burocracia é muito grande para se liberar o inicio de uma obra.

Zk – E se realmente eles começarem a obra antes do mês de junho, para onde vai o Flor do Maracujá?
Jucélis Freitas – È claro que a gente não pode trabalhar dentro do “si”, já estou pensando em conversar com o governador, para localizarmos outra área e prepara-la com piso etc. Mas, é preciso que os seguimento cultural através de várias representações, tanto da parte folclórica, como dos bois-bumbás, quadrilhas blocos, escolas de samba, comecem também a trazer uma proposta pra gente discutir com o governador.

Zk – Já que estamos falando em boi-bumbá. Como está a construção do Bumbodromo de Guajará-Mirim?
Jucélis Freitas – Estamos renovando o convênio junto ao Ministério da Cultura para construir com o valor, ainda da emenda parlamentar do deputado Casara.

Zk – Por que  esse atraso no inicio da obra?
Jucélis Freitas
-  A gestão anterior não conseguiu a liberação da prorrogação ou não solicitou. O que estamos fazendo agora é a prorrogação do convênio que é de 370 Mil e o Estado vai entrar com a contrapartida de 130 Mil que completa 500 Mil

Zk – 500 Mil Reais é o suficiente para a construção de um bumbódromo?
Jucélis Freitas
– A gente estava conversando com a comunidade envolvida com o assunto em Guajará-mirim justamente sobre isso. Para se construir um bumbodromo de verdade são necessários no mínimo de 5 Milhões de Reais, com toda a infra estrutura de camarote, palco, camarim, banheiros, oficinas enfim... Esse projeto está na Secretaria de Obras. Agora com 500 Mil o que, que eu faço, faço uma quadra cujo projeto está pronto na Secretaria de Obra aguardando apenas a liberação do convênio e então vamos fazer a licitação. Volto a afirmar não é um bumbódromo, é uma quadra com duas sacadas de arquibancada sem iluminação, sem estrutura de banheiro, sem nada, é uma quadra apenas é o eu da pra fazer com 500 Mil.

Zk – E a área onde será construída essa quadra?
Jucélis Freitas
- A construção vai ser na área do estádio João Saldanha que já foi doada pelo prefeito de Guajará ao Estado, inclusive já está regulamentada através de Escritura Pública. Pra você ter idéia de como 500 Mil é pouco para se dizer que, o que vai ser construído é bumbodromo, só no aterro e na drenagem da área vai ser investido aproximadamente 100 Mil Reais.

Zk – Houve um problema quanto a cobrança de ingresso no último Festival de Guajará. Alguém do governo estadual acha que não poderiam cobrar ingresso porque o evento foi patrocinado pelo  governo. Como está este processo?
Jucélis Freitas – Realmente houve a cobrança de ingresso porém os grupos folclóricos Flor do Campo e Malhadinho estão justificando que o arrecada com essa cobrança não visou e nem visa fins lucrativos, e que o arrecadado foi aplicado na complementação das despesas oriundas da produção da montagem das alegorias e indumentárias. O dinheiro que o estado repassa, eles gastam com pagamento de infra-estrutura, palco, som, iluminação, arquibancadas e camarotes, porém, eles necessitam de outros recursos para manutenção e essa justificativa a gente acata aqui. Diante disso a Secretaria também está fazendo sua justificativa a CGE no sentido de liberar a cobrança de ingresso no Festival de Guajará.

Zk – Apesar de ser muito divulgada a SECEL apóia ações culturais durante o ano. Que falar sobre esses apoios?
Jucélis Freitas -  Exatamente! Apesar de não haver uma  divulgação maciça das nossas ações, nós temos dado avanços significativos em apoio e fomento a nossa cultura. O governador tem se sensibilizado com a questão da cultura, tanto que ele faz questão de construir esse teatro, uma outra coisa é que ele criou cargos específicos aqui na SECEL para dar um suporte técnico para que ela tenha um desenvolvimento de ações maior em apoio a cultura do Estado, criou cargo de Gerencia de Cultura, criou o cargo de Diretor da Casa da Cultura Ivan Marrocos, está criando cargos também para tender a área desportiva, diretores de Cedel, de Ginásios de Esporte e Estádio de Futebol. Tem dado apoio a grupos musicais com passagens aéreas, com deslocamento de artistas para outros estados. Apoio ao seguimento de artes plásticas, artesanato inclusive Rondônia tem participado coim seu artesanato, que diga de passagem, tem feito grande sucesso lá fora nas feiras.

Zk – Agora mesmo atendeu uma reivindicação dos artistas plásticos?
Jucélis Freitas – Essa é uma reivindicação grande dos artistas plásticos, para realmente voltarem à Casa da Cultura de cabeça erguida, foi criada uma sala exclusiva para as artes visuais  e esse espaço voltou a receber o nome do grande artista Afonso Ligório. É como o Kaka está dizendo aqui, estamos dando apoio a todos os grupos, Movimento Negro, Hip  Hop, Festival de Rock Beradeiros. Recentemente mandou quatro músicos representar Rondônia em João Pessoa (PB), Ceiça Farias, Bira Lourenço e outros que fazem parte do show “Cordas & Barros”

Kaka Erse gerente de Cultura -  Outra forma de apoio da SECEL que não é divulgada porque é uma coisa meia de bastidores, são os convênio que fazemos com as entidades sem fins lucrativos, na área do esporte, muita coisa na área da cultura, lazer.

Jucélis – Em nível de Estado também ajudamos muitos municípios. Não fechamos as portas para ninguém.

Zk – Estamos em plena elaboração do orçamento do governo estadual para o ano de 2008. A cultura será contemplada com quanto no orçamento do próximo ano?
Jucélis Freitas - Aquelas ações que já estão contempladas que são referencia em nosso calendário cultural continuam com apoio contemplado em nosso orçamento, mas, aí deixamos uma margem no orçamento para atender outros eventos, eventual ações que possam vir dentro da demanda cultural.
 
Kaka – Outra coisa que esquecemos de falar. Há cinco anos estamos apoiando o FestCine Amazônia que está acontecendo ou que aconteceu esta semana. Além de livros que estão sendo analisados para serem adquiridos pela SECEL e até publicados. Uma coisa que precisa ser dita é que essa secretaria tava uma “Zona” quando o Jucélis assumiu e ele está corrigindo tudo. Quer dizer estamos deixando a SECEL limpinha, toda arrumadinha. Estamos organizando a casa.

Zk – Qual o orçamento para 2008?
Jucélis Freitas
– Vamos trabalhar no próximo ano com um orçamento de 12 Milhões. Além disso temos ajuda da bancada federal, por exemplo, o deputado Moreira Mendes está colando uma emenda 410 Mil para a SECEL utilizar em ações culturais, como produção de CDs, editar Livros vamos trabalhar com festivais nos bairros, cinema nos bairros etc.

Zk – Para encerrar. E o apoio às agremiações carnavalescas sai quando?
Jucélis Freitas
– Já estamos solicitando ao pessoal que trabalham com escola de samba e blocos carnavalescos que apresentem seus projetos ainda este ano, para a secretaria analisar e fazer gestão junto ao governador  para que sejam contemplados com os recursos logo no inicio de janeiro. O governador já garantiu que abrirá o Orçamento em Janeiro. As escolas de samba e os blocos não vão ficar desamparadas.

Fonte: zekatraca@diariodaamazonia.com.br

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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