Domingo, 23 de outubro de 2016 - 07h50
Sesta feira passada dia 21, durante a realização do projeto “Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba” a escola de samba Acadêmicos do São João Batista procedeu à leitura do enredo da escola que será apresentado nos desfiles do carnaval de 2017. “Manelão o General da Folia, o Rei da Alegria” é o tema cuja sinopse começou a ser entregue naquela noite aos compositores interessados me participar do concurso de samba enredo, que vai acontecer no dia 3 de dezembro no “Pagode Salves Jorge” na Vila Tupi.
Com a presença do presidente Alberto Rodrigues – Pai Beto, da rainha da bateria Jaqueline Dalia, Mestre da Bateria Silfarney Silva, secretario executivo Gilson Queiroz, e dos diretores Alex, Lúcia, Cristiane e Ana Célia. Silvio Santos como mestre cerimônia apresentou o Presidente da Honra da escola Álvaro Mendonça sobrinho do Manelão que fez as honras da casa.
Após a leitura da sinopse o compositor Ernesto Melo recebeu do presidente Pai Beto a sinopse se comprometendo a compor um samba a “Altura do meu amigo Manelão”, outro compositor que também solicitou a sinopse naquela noite, foi o Rafael Saideira que tem parceria com o Paulinho Santana e Carlinhos Maracanã, Altair Lopes o Tatá também pegou a sinopse “Quem sabe consiga um parceiro para musicar minha letra”.
Após a leitura da sinopse os integrantes da escola cantaram a Marchinha Hino da Banda e o samba enredo que a escola apresentou no carnaval deste ano: “O sonho de Assis e Nair” recebendo calorosos aplausos do público, que literalmente lotou a frente do Mercado Cultural para prestigiar “Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba”.
O enredo
Poucas pessoas foram e são tão consideradas e reconhecidas como o nosso homenageado no carnaval de 2017 Manoel Costa Mendonça – Manelão. Nascido no dia 09 de março de 1949 em Manaus capital do estado do Amazonas e criado no famoso Boulevard Amazonas, com apenas 14 anos de idade veio morar em Porto Velho Rondônia e de cara foi estudar na Escola SENAI onde iniciou mais não concluiu o curso de mecânico de manutenção (Torneiro Mecânico).
Menino Peralta não era bem visto pelas pais das MOIÇOLAS filhas dos chamados “CATEGAS” que residiam no bairro CAIARI. Quando saia do SENAI costumava ficar atazanando as meninas do Caiari rodando em sua bicicleta GULLIVER sem pára-lama, que mal tinha o guidon, o freio eram seus pés arrastando no chão.
Tudo isso ele fazia, para tentar ingressar na escola de samba “Pobres do Caiari” fato que conseguiu, após conquistar a amizade do João Ramiro filho da modista da escola dona Florípedes Carvalho e a amizade com o Silvio Santos compositor e um dos fundadores da escola.
Na época a direção da escola colocava uma quadrilha junina que se apresentava nas festas juninas do Clube Ypiranga (de madeira) e Manelão foi escolhido comonoivo. Era a quadrilha do Zé Piapó.
Boêmio por excelência, apesar de muito jovem Manelão freqüentava assiduamente as boates mais conhecidas como “Cabaré” da Mãe Preta, Tambaqui de Ouro, Anita, Madame Elvira (Tartaruga), Maria Eunice e tantas outras. Era tão viciado nessas casas que chegou a morar na Maria Eunice.
A Taba do Cacique era reduto obrigatório nos finais da noite. Cercado de mulheres Manelão parecia o Deus Baco ou era o verdadeiro Momo o Rei da Folia.
Ainda jovem fez o curso de piloto no aeroclube de Porto Velho. Ao receber seu brevê (licença para pilotar avião), promoveu várias estripulias utilizado os chamados aviões Paulistinha inclusive, muita estórias pitorescas passaram a fazer parte do anedotário (mentiroso) do Manelão.
Após ter participado de uma aprontação em Porto Velho, foi pra São Paulo onde aprendeu o oficio de chaveiro e abridor de cofre.
Desde quando passou a se entender por gente, Manelão sempre gostou de brincar carnaval. Não apenas de brincar, mais de criar blocos também. Assim nasceram: Bloco do Bode, Bloco do Escorrega la Vai Ume o Bloco do Zé Atraca e o Bloco do Purgatório que era um cortejo fúnebre, que inclusive não tinha música, era apenas um sino dobrando o tempo todo e os brincantes com velas acessas. Após muita luta, Manelão conseguiu entrar para o Bloco da Cobra – Um cordão formado por empresários bem sucedidos. Só entrava quem realmente tivesse posse e fosse da elite social da cidade. Ele era o responsável pelo corte da calça nos ‘Neófitos’ era o “Carrasco”.
O Presidente da Pobres do Caiari
De um determinado tempo em diante, Manelão passou a ser uma das pessoas mais respeitadas dentro do Grêmio Recreativo Escola de Samba Pobres do Caiari. Era tão considerado que numa das crises financeiras da escola, assumiu a pedido da maioria dos diretores, a Presidência. Era o ano de 1988 para o carnaval de 1989 ano em que a escola completaria 25 anos de fundação. E com o enredo “Mundo Infantil” com destaque para o Programa da Xuxa a escola foi a grande campeã do carnaval naquele ano.
A Banda do Vai Quem Quer
Em 1979 Manelão foi convidado para ser o Rei Momo da cidade de Porto Velho e aceitou fato que aconteceu também no carnaval de 1980. Porém, ao final do carnaval de 80 a prefeitura não assumiu a dívida da Corte contraída por ordem da Comissão Municipal de Carnaval. Quando se aproximou o carnaval de 1981 a prefeitura mais uma vez o convidou para ser o Rei Momo. A corte se reuniu e foi quando alguém falou: “Se é pra gente bancar a nossa dívida no carnaval vamos criar nosso próprio bloco” e assim, durante uma reunião que aconteceu num sábado do mês de janeiro de 1981, regada a muita cerveja, wisk e cachaça que começou no Bar do Casimiro e terminou no Bar Chopão que ficava a Rua Duque de Caxias com a José Bonifácio no bairro Caiari, nasceu a Banda do Só Vai Quem Quer.
Epílogo - Manelão faleceu no dia 28 de fevereiro de 2011 justamente na data da fundação da escola de samba Pobres do Caiari (28.02.1964) e data do primeiro desfile da Banda em 1981.
Seu enterro foi o mais concorrido até hoje em Porto Velho. Um verdadeiro desfile da Banda do Vai Quem Quer.
Premiação
A parceria vencedora do concurso de samba enredo vai ganhar R$ 1.500,00 o 2º colocado R$ 1 Mil e o terceiro colocado R$ 500,00.
A sinopse pode ser solicitada através do telefone (69) 99302-1960. Pode participar qualquer pessoa, inclusive os compositores das demais escolas de samba de Porto Velho e do Brasil.
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