Segunda-feira, 27 de outubro de 2008 - 06h26
No último dia 5, tão logo terminou a apuração dos votos para vereador em Porto Velho, a equipe que estava de plantão (e eu estava no meio), na redação do Diário da Amazônia, festejou com palmas e houve até quem gritasse a eleição do colega jornalista Marcelo Reis, é claro, que nem todos votaram no Marcelo, mas, uma coisa é certa, todos estávamos torcendo pelo seu sucesso.
Muito antes de ser contratado pela empresa Diário da Amazônia, colaborava com o colunista Lucar Di Valença, que nada mais, nada menos, era o pseudônimo usado pelo seu Emir Sfair e pelo Marcelo Reis. Lembro que o Marcelo quando se referia a apresentações de blocos e escolas de samba, usava o termo "marchinha" e não desfile como é o correto, na época o Zekatraca era publicado no jornal Estadão, mas passávamos as informações relativas aos blocos e escolas de samba ao Marcelo. Vem daí nosso conhecimento, que podemos até classificar como amizade. Na redação convivemos durante 14 anos e o Marcelo atuava como uma espécie de ponte, entre os demais reportes e a direção da empresa (ele sempre foi e ainda é considerado pelos diretores da empresa). Como colega é dos melhores.
Quando saiu candidato pela primeira vez, chegamos a fazer gozação dizendo que ele não conseguiria voto nem para guarda de quarteirão, quando as urnas foram abertas, ele quase era eleito. Já na segunda candidatura, passamos realmente a acreditar em sua eleição e mais uma vez, só não chegou, por falta de coeficiente eleitoral, porque voto ele teve para se eleger.
Na terceira tentativa, cansei de falar por onde andava e nas rodas de "fofocas", que o Marcelo Reis estaria entre os eleitos, não deu outra.
Hoje, trazemos o ex engraxate, saqueiro, soldador, garimpeiro, operador de VT; jornalista, apresentador de programa de televisão (Programa Allamanda Hoje), pescador, pai de família exemplar, amigo do Chiquinho e de todos aqui no Diário, vereador eleito com mais de 2 mil votos Marcelo Reis, para falar sobre como foi a campanha e sobre seus projetos políticos.
Com vocês o rondoniense da gema, Marcelo Reis.
E N T R E V I S T A
Zk – Como foi desenvolvida a vitoriosa campanha para vereador?
Marcelo Reis – Para falar dessa campanha, vamos ter que fazer um resgate de toda uma história política.
Zk – Então vamos a esse resgate!
Marcelo Reis – Tudo começou em 1996, com a campanha que a gente vez pro então governador Valdir Raupp, daí criamos gosto pelo processo político. Em 2000, saí candidato a vereador e obtive 556 votos, lembro que teve vereador eleito com menos votos, mas coligações têm desses dissabores. Passado a ressaca daquela eleição, continuamos nosso trabalho, me envolvi em campanhas políticas pro Acir, Gazoni, Beto do Trento e fiquei inserido nesse processo.
Zk – Como você analisa o trabalho em prol de outros candidatos?
Marcelo Reis – É o seguinte, quando você faz campanha pros outros, não deixa de estar fazendo pra si. Em 2004 saí novamente candidato a vereador e tive 1034 votos, fui bem votado, precisava de 1.300 votos para ficar entre os eleitos.
Zk – E a campanha de 2008, a vitoriosa?
Marcelo Reis – Nessa de 2008 a gente se preparou melhor e conseguimos êxito. Tivemos 2.484 votos garantindo o segundo lugar na coligação e o quinto na totalização geral dos vereadores eleitos.
Zk – Como é o dia-a-dia do candidato a vereador?
Marcelo Reis – É árduo. Quando você chega na casa das pessoas, para pleitear um voto, tentar convencer, conquistar aquele voto, a pessoa já te vê com outros olhos, não todo mundo, mas, para boa parte dos eleitores, esse candidato se torna marginal. 'O candidato é um político aí'. Às vezes você visita o eleitor o ano inteiro pelo menos uma vez por semana e na época de eleição ele diz, 'ó, só aparece agora, de quatro em quatro anos', até os parentes falam isso. Tirando essas problemáticas que acontecem e os pedidos que são muitos, a população tem que se educar também.
Zk – Você diz se educar, em relação aos pedidos?
Marcelo Reis – É isso mesmo! Chega uma pessoa dizendo que tem pretensões políticas, que é candidato, o cara (eleitor), já mete a faca na goela. Pede de tudo, até túmulo de cemitério me pediram e a gente não tem como resolver isso. Não é o papel do vereador, mas, faz parte do processo de campanha. Fora esses dissabores têm as coisas boas, os amigos, as pessoas que simpatizam com você e lhe adotam como candidato delas, abraçam sua causa. Graças a Deus, na minha campanha contei com muita gente, centenas de pessoas que abraçaram a causa, como se cada uma fosse também candidato. É o processo de campanha eleitoral a caminhada. A caminhada não é sozinha, o candidato não pode ser onipresente, não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Essa eleição foi a eleição do amigo pedindo voto pro amigo, que pede voto pro amigo e você faz uma corrente de pessoas.
Zk – Quantas horas do dia você dedicava à campanha?
Marcelo Reis – É uma pergunta muito pertinente. No passado, nas duas eleições que disputei saia do jornal (Diário da Amazônia), sete horas da noite. Eu fazia campanha de sete da noite até onze horas ou meia noite e fazia aos finais de semana.
Zk – E nessa?
Marcelo Reis – Nessa agora, houve dedicação. Praticamente o dia inteiro e a noite. Eu saí de Casa 8 horas da manhã voltava para almoçar, saia novamente, chegava meia noite e até duas horas da madrugada, todos os dias de segunda a domingo, tanto na área urbana, quanto na área rural de Porto Velho. Isso deu resultado, as pessoas querem ver o candidato, quer saber da proposta dele, mas, por ele e esse contato ajuda muito. Eu usei muito da sinceridade, esclarecimento, contei minha história o que ajudou muito a convencer o eleitor.
Zk - O fato de você ser apresentador de televisão contribuiu para sua eleição até que ponto. Na sua primeira candidatura você era apresentador?
Marcelo Reis – Eu já estava afastado do Bronca Livre quando saí candidato pela primeira vez. Saí da televisão (SBT) em 1998 e só saí candidato em 2000. O processo, três meses antes das eleições você fora da TV já atrapalha. Se pudesse fazer campanha estando na televisão seria muito bom. Disse na minha campanha e digo por onde passo, que o Allamanda Hoje (AH), foi e é minha camisa número 10. A TV te dá o acesso, quando você chega a casa do eleitor, ele já sabe quem é você e o que você faz. Você só tem que falar das propostas, isso já é a metade do trabalho que você teria para convencer alguém.
Zk – Na próxima legislatura municipal, você será o único representante da imprensa. Em outras legislaturas tivemos outros representantes. Como você analisa a não continuação desses colegas em cargos eletivos?
Marcelo Reis – Olha, todos me fazem essa pergunta. Por conta, vamos dizer assim, da falta de sensibilidade e até mesmo da desistência, os representes dos meios de comunicação que foram candidatos eleitos, você vê que a maioria foi vereador e deputado estadual, nós tivemos o caso do Everton Leone que chegou a ser candidato a prefeito de Porto Velho. Baseado no defeito desses colegas, numa falha, se é que pode se dizer assim acredito que eu não vou incorrer no mesmo erro. Elogio o trabalho do Dalton Di Franco um bom parlamentar, infelizmente eleição é complexa. Hoje você tem quase 3 mil pessoas que simpatizam comigo e amanhã, será que elas vão estar comigo? A mesma coisa pode ter acontecido com o Dalton, Everton, Lucivaldo Souza, Elizeu da Silva, Vivaldo Garcia e Osmar Vilhena. Como eleitor, avalio algumas falhas dos meus colegas que com certeza farei tudo para não incorrer no mesmo erro
Zk – O que fez a diferença nessa sua campanha?
Marcelo Reis – União. Não basta eu ter a televisão, chegar com palavras bonitinhas ou fazer uma boa aparência pro eleitor. Temos que ter um grupo consolidado. Eu não tinha dinheiro como você sabe disso, sou assalariado, mas, tinha estrutura. Peguei o Clube de Pescas "Só Pescar" junto com meus amigos para defender os interesses na área de preservação ambiental, por isso me filiei ao PV; peguei os colegas de jornal, rádio e televisão. Jornalista se você avaliar, só saiu um e radialista saíram oito candidatos, então conseguimos ser o único da categoria, isso facilitou muito. Na eleição passada, era cinco jornalistas concorrendo. Fui de bairro em bairro, principalmente no meu bairro que fica na Zona Leste e tenho um trabalho na Zona Sul através da televisão e pedi para que as pessoas se sensibilizassem dos problemas existentes. Esse fortalecimento do grupo, uma infra-estrutura boa e condições para trabalhar me ajudou muito. Tenho muito a agradecer os colegas colaboradores, voluntários e também as empresas que me deram material de campanha. Tenho contrato com algumas empresas como o SEBRAE e a própria Câmara dos Vereadores. Atribuo essa eleição a infra-estrutura e o apoio de todo o pessoal que esteve envolvido na campanha.
Zk – Agora já eleito. Quando assumir o cargo qual vai ser sua grande bandeira em favor do povo?
Marcelo Reis – Aqui na televisão a gente recebe todos os problemas de Porto Velho. Infra-estrutura: saneamento básico, iluminação, saúde, segurança, educação em fim, todos, porém, temos dois problemas primordiais em Porto Velho que devem ser solucionados. E esses dois serão nossa bandeira.
Zk – Quais são?
Marcelo Reis – Saúde e geração de cursos profissionalizantes que vai incluir a educação. Por que saúde: Quantas pessoas nesse momento estão nas filas nos postos de saúde em busca de atendimento, quantas pessoas não passam duas a três semanas para conseguir uma ficha e garantir o atendimento. Se tivermos um posto de saúde com uma equipe médica adequada, um corpo clínico cumprindo o seu horário vamos conseguir amenizar o problema. Alguns médicos chegam no posto de saúde e passam no máximo uma hora, não atende cinco pessoas, se ele tem uma carga horária de cinco horas, vai ter que cumprir. Não é assinando uma folha de ponto que vai resolver o problema. Vai ter que ser um ponto digital vou adotar, não contra os médicos, mas, contra essa situação que gente ver. Se tivermos, um pediatra, um clínico geral e um ginecologista atendendo pelo menos três vezes na semana, vamos diminuir o número de pacientes que vão em busca de atendimento no João Paulo II, Cosme Damião e Hospital de Base.
Zk – E na educação?
Marcelo Reis – Já conversei com a diretoria do SEBRAE, diretoria da Fecomercio, vou conversar com a diretoria da Fiero para a gente levar os cursos profissionalizantes para os bairros. O morador não tem 4 Reais por dia para pagar ônibus e fazer um curso no SEBRAE ou em outra instituição do sistema "S" e também não tem 30, 40 Reais pra pagar esse curso. Mas, se fizermos uma parceria com a prefeitura e a câmara dos vereadores com o sistema "S" destinando um percentual mínimo, eles vão deslocar os profissionais para aplicar o curso básico.
Zk – Quais seriam esses cursos?
Marcelo Reis – Panificação, tecido, artesanato, técnicas de venda, relações humanas. São cursos básicos, quem te abrem as portas do mercado de trabalho e aí o morador não precisa se deslocar e nós vamos favorecer a geração de emprego através disso.
Zk – Vamos deixar u8m pouco a política e o político. Quem é o Marcelo Reis?
Marcelo Reis – Marcelo é um beradeiro. Os mais antigos de Porto Velho sabem, quem não recorda do Café Santos, Cine Reski, Lacerda, Cine Brasil, a praça Marechal Rondon onde eu engraxava sapato. Na realidade só nasci em Guajará-Mirim. Aliás, minha família toda é de Guajará-Mirim, porém no meu caso vim para Porto Velho logo após o nascimento, por isso me considero porto-velhense.
Zk – Fala da infância em Porto Velho?
Marcelo Reis – Vamos dizer assim. Meu nascimento e surgimento foi na Arigolândia e depois, quando já estava beirando os cinco anos fui morar no Tucumanzal. Só vim ver carro, com 7 anos de idade a velha Rural, Veraneio, vim ver televisão com 7 anos de idade. Do Tucumanzal saí para vender picolé, engraxar sapato, vender saco na feira. O saqueiro, profissão que nem tem mais. Uma tradição que se perdeu em Porto Velho foi aquela que a família saia para o mercado central, mercado do Km-1 ao mercado do peixe e levar a sacola de sarrapilha ou a cesta de cipó para colocar os produtos, porque se não, tinha que enrolar no jornal. então o saqueiro era fundamental. Só comecei a estudar com 10 anos de idade, porque tinha que trabalhar para ajudar minha mãe, meu pai morreu muito novo. Sou Contra essa medida adotada pelo governo federal e o juizado da infância e da juventude, que menor de 16 anos não pode trabalhar, é um absurdo. 16 anos o menino já faz filho, já tem uma autonomia e vota.
Zk – Sempre no Tucumanzal?
Marcelo Reis – Não! Aos nove anos fui morar na Nova Porto Velho, foi a época que minha mãe casou de novo e então fui trabalhar em serralheria como serralheiro, com 17 anos fui trabalhar em metalúrgica fazendo lança, maracá, câmara 'L' de draga e então fui trabalhar no garimpo e do garimpo vim trabalhar na televisão.
Zk – Qual sua primeira função numa emissora de televisão?
Marcelo Reis – Sou o único no Brasil que começou a trabalhar em televisão como operador de VT, função que nem tem mais.
Zk – O que você fazia como operador de VT?
Marcelo Reis – carregava aquela caixa cheia de fita e saia correndo atrás do cinegrafista, com o cabo agarrado, era ralado, tinha VT de 15 quilos, isso na TV Rondônia.
Zk – Como você conseguiu o emprego na TV Rondônia?
Marcelo Reis – Foi uma história. Passei 30 dias para poder falar com o chefe de reportagem. Quando esse homem me recebeu e disse, 'você pode entrar aqui na redação', pra mim já estava bom. Se eu não fosse contratado já estava satisfeito, porque passei da portaria pra redação. Por benção de Deus e por perseverança minha com três meses já era cinegrafista. Aí fui estudar.
Zk – Quando você começou na TV Rondônia estava fazendo qual série?
Marcelo Reis – Estava terminando a 8ª série. Aí fui fazer supletivo. Trabalhava das 9 as 13 na TV, fazia curso das 7 às 9h no SENAC, já chegava atrasado na TV às 13 horas saia para a escola no colégio Universitário a noite, 19h voltava para o SENAC. Chegava em casa fedendo igual a um gambá porque passava o dia inteiro com a mesma roupa. Isso fiz durante dois anos e meio. Graças a Deus tive bons resultados. Disse pra mim mesmo, vou ser repórter. Com dois anos sai da TV Rondônia, Deus fez eu bater um carro e saí de lá como cinegrafista e fui trabalhar de repórter na NPP Produções uma repetidora da TV Bandeirante NE no mesmo ano o Diário da Amazônia se instalou, inaugurou em setembro e em dezembro eu estava lá.
Zk – É verdade que você foi colunista social no Diário da Amazônia?
Marcelo Reis – (rindo). Tem uma história de uma coluna social chamada "Lucar Di Valença". Até hoje pouca gente sabe quem era que escrevia aquela coluna. A coluna era escrita por mim e pelo saudoso Emir Sfair o jornalista que era uma dos donos da empresa Diário da Amazônia. Tinha alguns colabores como o Silvio Santos – Zekatraca que apesar de ainda não trabalhar no jornal nos passava informações, Natalino.
Zk – Tem algum fato pitoresco?
Marcelo Reis – Como seu Emir não saia na noite a gente era quem ia para as baladas, eu o Natalino, no outro dia as pessoas liam seus nomes na coluna e ficavam se perguntando, como foi que esse cara ficou sabendo disso? Passei por todas as editorías do Diário da Amazônia. Saí de lá depois de 14 anos para voltar a Televisão com o objetivo de consolidar meu projeto político.
Zk – Voltando à família. Seus pais são de onde?
Marcelo Reis – Minha mãe dona Marina Reis é de Porto Velho. Toda família Reis de Guajará, Nova Mamoré, Extrema, Vista alegra, Abunã é nossa. Meu pai é da família Louzeiro também nasceu aqui em Porto Velho morou em Humaitá, era soldador também assim como eu fui e morreu como soldador aos 23 anos de idade. Sou rondoniense da gema. Tenho oportunidade de viajar por esse Brasil inteiro, mas, minhas férias é pescando no baixo e alto Madeira!
Zk – Vamos começar a encerrar. Vamos falar do Marcelo Reis Pescador?
Marcelo Reis – É um robby, tem gente que gosta de viajar para fora do estado. Eu amo pescar, sou viciado em pescaria amadora. Fazemos parte do clube de pesca Só Pescar que não permite utilização de tarrafa, malhadeira e espinhel. Só usamos linha e molinete e usamos a atividade como lazer.
Zk – Quer dizer que você gosta de dar banho em minhoca?
Marcelo Reis – De molhar a minhoca!
Fonte: Sílvio Santos/Gentedeopinião
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