Quinta-feira, 26 de junho de 2014 - 00h02
Lenha na Fogueira
Particularmente posso dizer que perdi um amigo, professor e conselheiro, com o falecimento do seu Dionísio Shochness.
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Entre 1981 e 1982 morei de aluguel numa casa que pertencia ao seu Dionísio ali na Carlos Gomes, pertinho da residencia dele.
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Sempre ficávamos conversando sobre tudo que acontecia na cidade, era época do fim do Território Federal e começo do estado de Rondônia.
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Ele feliz da vida por ter voltado há dedicar seu tempo a Estrada de Ferro Madeira Mamoré a convite do governador Jorge Teixeira – Teixeirão. “É um prazer colaborar com a restauração do maquinário da Madeira Mamoré”,
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As conversas sempre aconteciam ou no portão da casa dele ou no da minha. Tinha apenas um problema:
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Ele era Flamenguista e eu Vascaíno. Só que ele era muito mais fanático e quando o Flamengo perdia principalmente pro Vasco, era cômico.
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Segunda feira pela manhã, ele ficava espreitando do portão da casa dele se eu estava na varanda da minha casa, caso eu estivesse ele voltava para dentro de casa. Às vezes de pirraça eu ficava plantado na varanda e sabe o que acontecia?
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Ele não sai para ir trabalhar. Então eu ia até o portão da sua casa e falava, pode sair que não vou fazer gozação. Era assim o nosso relacionamento, porém:
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Quando o Flamengo vencia o meu Vasco ou outro qualquer time, era a semana toda ele me esperando para falar sobre determinada jogada do seu querido “Framengo”.
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Já como colunista do Diário da Amazônia, ele me concedeu uma entrevista na qual contou a sua vivencia como ferroviário da Madeira Mamoré.
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Provou através de documentos que a Estrada de Ferro Madeira Mamoré nunca deu prejuízo, contestando a alegação de Percival Farquar para abandonar a Ferrovia.
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É uma entrevista que estou recuperando e quem sabe publique de novo.
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Quando o Osmar Silva me convidou para participar do Programa Pioneiros – A História de Todos Nós sugeriu, que abríssemos o Projeto entrevistando o seu Dionísio Shochness isso foi no mês de abril.
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Ao chegar em sua casa fomos informado da impossibilidade de gravarmos a entrevista porque ele não estava muito bem!
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Fomos negligentes ao não voltarmos em outro dia. Ainda teve a festa de seus 92 anos no dia 19 de abril e não o procuramos para gravar seu depoimento como Pioneiro de Rondônia.
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Ontem pela manhã, fomos informado do seu falecimento.
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Não morreu apenas o seu Dionísio, com ele foi parte da nossa história. Da história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Sinceramente, não conheço nenhum historiador, que conheça a história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré como conhecia seu Dionísio Shochness.
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Ele sabia desde a origem dos parafusos de cada máquina, até a administração burocrática. Os bastidores do prédio do relógio, pois seu pai trabalhou na construção da ferrovia.
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Dionísio sabia inclusive o modo de apitar o trem de cada maquinista. O Aleluia dobrava o apito, na curva do Km 4, o Canastra apitava mais longo e assim, descrevia o estilo de cada maquinista.
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Pelo barulho do arranque da locomotiva ele sabia se a máquina estava boa ou não para a viagem.
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Ao olhar os “desvios” sabia da posição dos trilhos.
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Não sei se posso escrever: Morreu o último verdadeiro ferroviário da Madeira Mamoré. Tem mais algum daquele tempo vivo? Mais velho que seu Dionísio?
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Não quero ser egoísta. Mas, sinceramente, perdi um grande amigo e professor.
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Uma vez Flamengo! Sempre “Framengo”. Descansa em paz Dionísio Shochness!
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