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Gente de Opinião

Silvio Santos

O fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil


ASFALTÃO

O samba em meio a guerra fria - (I-II)

Por: Altair Santos (Tatá)O fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil - Gente de Opinião

Amigo leitor: pense num clima de acirrada disputa é esse que envolve a escolha do samba da Escola Asfaltão! Há dois meses o tempo fechou, embaçou de vez, após a diretoria haver divulgado a sinopse do enredo aos seus muitos compositores. Desde então o que se vê é uma frenética movimentação ornada por blá blá blá, ti ti ti e disse me disse. É parceria pra cá e pra lá, é um tal de falar baixinho e pisar macio, olhar de banda, ou seja, é uma crescente guerra de nervos onde impera a investigação, a abelhudice, a espionagem, a xeretagem, os xavecos, os desafios e blefes, de parte a parte. Uns a todo o custo, tentam desestabilizar os concorrentes e, pelas vias do psicológico, se creditar de vantagens iniciais, afinal é disputa e, como tal, faz parte do jogo. Ancorados na experiência do amigo Zekatraca traçamos uma estratégia investigativa e saímos em busca dos acalorados fatos que emolduram a já aquecida e nervosa disputa. Na missão andamos lá pela região do Bairro Santa Bárbara e arrabaldes. Partimos do Bar do Calixto garimpando poucas e boas sobre a dita contenda. Passamos pela Tenda do Tigre, Varanda do Takanã, Bar do Antonio Chulé e rondamos na frente de algumas residências nas ruas Bolívia e Jaci Paraná, sem obter êxito nas investidas afinal, por ali, exceto nas sextas e sábados tudo está em visível calmaria, um silêncio sepulcral neste pós feriado de 2 de novembro. De certo a turma resolveu esconder o jogo. Sabe-se que muitos levantaram acampamento, sumiram da área, indo trabalhar suas composições e ensaios bem longe dos olhos e ouvidos dos curiosos e tagarelas que, por seu turno, estão ávidos pra saber como a escolavai pra avenida. Confessamos não ter sido fácil romper a cortina do silêncio e persuadir tigres e tigresas pra que dissessem algo sobre suas composições. Após semanas de muita busca e, quase vencidos pelo cansaço, veio uma luz. No último domingo, fomos ao Bairro COHAB - na residência do amigo Zigo pra comemorar o seu aniversário. Lá, num golpe de mestre, após um suculento rega bofe com muita birita e samba, conseguimos que alguns segredos fossem cervejadamente revelados. Dentre os presentes, representantes de quatro sambas concorrentes estiveram lá. De cara um clima perfeito para sondagens e descobertas. Inicialmente apenas as pastoras marcavam presença. Após a vasta comilança e desenfreada bebericagem, já se via por lá o Trio de Ouro, leia-se Zé Baixinho, Oscar Knightz e Bainha, além do Danilo e seus parceiros do Grupo Fina Batucada e o Misteira, que neste ano fechou potencializada parceria com Mávilo Melo e Fernando Chapéu pra entrar na briga. Na festa, todos se comediam em gestos, economizavam palavras, se limitavam a pequenas e leves insinuações, em forma de doces e suaves alfinetadas pra ver se alguém escorregava e entregava o jogo cantando - ou falando que fosse - ao menos uma frase de seus sambas. Ocorre, porém, amigo leitor, que a certa altura, nos acréscimos do jogo, quando ninguém mais esperava veio a boa! Os ânimos se exaltaram, começaram os desafios em todas as direções. E aí foi o maior trololó. Pastoras desafiavam o Trio de Ouro e num ataque súbito, quase despem o mestre Oscar knigthz de suas vestes, numa revista pra lá de detalhada pelos bolsos da calça do negão, em busca da letra do samba.



O fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil - Gente de OpiniãoO fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil, principalmente quando nos deparamos com pessoas que teimam em acreditar que o fazer cultura é gerar despesas.

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Segunda feira passada dia 5, bem que poderíamos ter o prazer em divulgar, vasta programação cultural, já que oficialmente o 5 de novembro é o Dia Nacional da Cultura Brasileira.

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Passamos em branco, como passamos em branco o centenário da criação ou fundação da Cidade de Porto Velho que aconteceu no dia 4 de julho de 2007.

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É bom lembrar, que Rondônia é um estado cuja principal marca cultural é a mistura, principalmente quando nos reportamos a sua capital Porto Velho, que desde sua criação abriga gente de diferentes povos e culturas.

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Os americanos que vieram dirigir a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré trouxeram a cultura da arrogância, mas, também nos ensinaram a persistir naquilo que queremos.

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Ao chegarem aqui encontram os indígenas e a cultura da pesca e da caça e a mais importante de todas, que é a cultura de só tirar da natureza o que tinha serventia para o sustento do povo da tribo. Essa ninguém assimilou até hoje!

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Os negros antilhanos e caribenhos que vieram para Rondônia à época da construção da EFMM trouxeram a cultura do fazer bem feito e a cultura religiosa, inclusive o que hoje chamamos de religião de matrizes africanas que em sua maioria são praticadas nos terreiros.

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Foram as chamadas barbadianas que ensinaram as caboclas beradeiras e bolivianas a fazer quitutes, pois enquanto seus maridos estavam no trecho ajudando a construir a linha férrea elas (as barbadianas), estavam juntamente com seus filhos vendendo doces e bolos de casa em casa pelas ruas de Porto Velho.

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Depois foi a vez dos nordestinos chegarem trazendo seus costumes, sua culinária e sua dança que ficou mais conhecida como forró. Trouxeram então a música nordestina e o caboclo da beira do Madeira-Mamoré passou a dançar arrastando a chinela no chão pra ver a poeira levantar. Veio o charque com feijão, prato que os beradeiros agregaram o jerimum e se tornou mais delicioso.

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E lá vieram os indianos, mostrando que é bom se vestir com roupas coloridas, os “turcos” em seus regatões embelezaram nossas caboclas com seus brincos, batons e espelhos. É a cultura da vaidade no meio beradeiro e porque não dizer indígena.

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Os paraenses trouxeram a culinária, com pratos como pato no tucupi, tacaca e maniçoba,

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O amazonense o Jaraqui frito com baião de dois e a caldeirada que em Porto Velho recebeu o reforço do tambaqui, do dourado e da piraíba.

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Os cariocas trouxeram o samba e as escolas de samba, a feijoada e a malandragem. Já percebeu como o portovelhense nato é “malandro” (no bom sentido).

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Os gaúchos trouxeram suas prendas, o chimarrão e o churrasco.

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O paulista a vontade de produzir e ser o melhor entre os melhores. Rondônia é um dos estado mais produtivos da região norte.

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E assim fomos montando nossa cultura. Os bolivianos no ensinaram a gostar de salteña, galinha picante e de dançar La Cumbia.

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O maranhense viu seu bumba-meu-boi ser transformado em boi bumbá e os nordestinos viram que a dança da quadrilha em Porto Velho é diferente da dançada por lá. Tudo, fruto da miscigenação na formação do povo de Porto Velho

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Os mineiros nos fizeram gostar de queijo e do tutu e do porco a pururuca. Já os goianos o frango com pequi e a galinhada.

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Os índios que sempre viveram por aqui nos mostraram que tartaruga e tracajá é um prato delicioso. Infelizmente a pesca desses quelônios está proibida.

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Infelizmente essa miscigenação também nos trouxe os políticos corruptos e os mais temidos bandidos do Brasil.

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Essa diversidade cultural nos trouxe as usinas do Madeira e o desmoronamento das barrancas do Madeira.

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A cultura rondoniense é uma das mais diversas do Brasil que muitos mal informados ainda insistem em dizer que Rondônia não tem identidade cultural. “Avali” se tivesse!

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Por falar em diversidade, hoje a programação do Festcineamazônia está das melhores.

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No teatro Banzeiros, no terreiro, no bairro e nas escolas. É cinema pra tudo quanto é lado. É a cultura do audiovisual que também faz parte da cultura de Rondônia.

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Por falar em cultura. A prefeitura através da Iaripuna vai lançar mais um livro sobre o centenário da Madeira Mamoré. É cultura da facilidade!



 

PETROBRÁS  

Inscrições para patrocínio cultural prorrogadas

A edição 2012 do Petrobrás Cultural vai destinar R$ 67 milhões, a maior verba de todas as edições

A Petrobrás prorrogou até a próxima semana o prazo para inscriçãO fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil - Gente de Opiniãoo de projetos no Programa Petrobrás Cultural em nove áreas: Apoio a museus, arquivos e bibliotecas; Memória das artes; Patrimônio Imaterial; Manutenção de grupos e companhias de teatro; Manutenção de grupos e companhias de dança; Circulação de exposições; Produção de filmes de longa-metragem para salas de cinema; Produção literária: ficção e poesia; e Apoio a artistas, grupos ou redes musicais.

A edição 2012 do Petrobrás Cultural vai destinar R$ 67 milhões, a maior verba de todas as edições, em 11 áreas culturais dentro das linhas Preservação e Memória, Produção e Difusão. As inscrições, que começaram em 17 de agosto deste ano, podem ser feitas pelo site www.PETROBRÁS.com.br/ppc.

Está é a nona edição da Seleção Pública do Programa Petrobrás Cultural. As oito edições anteriores abrangeram 80 áreas e destinaram R$ 313 milhões a mais de 1,3 mil projetos contemplados entre mais de 26 mil inscritos.


Novo prazo

Dia 07/11, até 18h

 - Produção de filmes de longa-metragem para salas de cinema, Produção literária: ficção e poesia


Dia 08/11, até 18h

- Apoio a artistas, grupos ou redes musicais

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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