Domingo, 7 de julho de 2019 - 06h00
Por sugestão do turismólo Saulo Giordani, batemos um papo muito descontraído com seu Chaguinha. Acontece que Chaguinha é bom conversador e ótimo contador de histórias e quando o assunto é turismo, a conversa vira aula.
Muito antes de começarmos a entrevista, ligamos nosso gravador, pra não perder nenhum detalhe da conversa. Conversa que começou com Chaguinha alertando: “É preciso se fazer alguma coisa, para que as pessoas voltem a ter orgulho de ter sido madeireiro, por quê”? Porque foi uma economia interessante no passado. Daqui uns dias a pecuária vai ser substituída pela soja. Aí você vai chegar e perguntar, você foi pecuarista? É rapaz! Esse negócio que dizem que estragou o meio ambiente, nunca fui isso não, gosto mesmo é de soja! Não precisávamos estar enterrando nossos ciclos econômicos”.
Daí pra frente a entrevista fluiu muito bacana. Acompanhe.
ENTREVISTA
Zk – Então vamos falar sobre os ciclos econômicos em Rondônia?
Chaguinha – Os ciclos econômicos que considero da maior importância são: Ciclo do Diamante e o 1º Ciclo da Borracha que trouxeram os nordestinos com dinheiro para investir na região. Num segundo momento, foi uma ação de guerra aí trouxeram os nordestinos dizendo que seriam Os Soldados da Borracha e o que fizeram, foi escravizar esses trabalhadores. Depois tivemos o Ciclo do Ouro que se repete por várias vezes. Depois vem novamente o da borracha, embora acharmos que tenha sido marginal, ele gera economia! Depois vivemos uma temporada do Ouro e da Cassiterita e aí se instala o ciclo da Madeira que foi muito rápido, pois nós não soubemos pereniza-lo, por sermos imediatistas, derrubamos a floresta e esquecemos de reflorestar. Não podemos esquecer a Cassiterita que é uma economia muito importante do Vale do Jamari. Agora estamos vivendo ainda, o Ciclo da Pecuária que está migrando para o grão soja, arroz etc.
Zk – Quem é o Chaguinha?
Chaguinha - Francisco das Chagas Souza, professor, pedagogo e turismólogo. Vim pra Rondônia em 1983, na época do governo reformador do Coronel Jorge Teixeira. Costumo dizer que sou dos poucos homens, que veio atrás de outro homem, pois, vim pela figura do Coronel. Minha família é a esposa, duas filhas, duas irmãs e os sobrinhos. Todo mundo enfronhado na cultura de Rondônia. Na época trabalhei uma temporada em Costa Marques como professor, depois mergulhei na área de turismo por acidente.
Zk – Que acidente?
Chaguinha – Passei a atuar como assessor na área do turismo nas prefeituras de Costa Marques e quando o Acir Gurgacz foi prefeito de Ji Paraná assumi a pasta de turismo, por causa disso, me especializei em turismo e acabei descobrindo que essa era a minha vocação. Hoje trabalho numa assessoria na Assembleia Legislativa de Rondônia no gabinete do deputado Ismael Crispim.
Zk – Por falar nisso. Qual o potencial turístico de Rondônia?
Chaguinha – Na época do governo Raupp se criou um programa chamado Proecotur do qual eu fiz parte, elaboramos um trabalho que resultou em cinco Polos que receberiam recursos do governo federal. Essa coisa não virou porque um governo vem e outro vai e via de regra, não dão sequencia ao trabalho iniciado pelo antecessor. As florestas não viraram produto. Fizemos os zoneamentos, foram criados os Parques de Conservação etc. Definimos bem as Resex, em seguida foi feito um trabalho de plano de manejo de fauna e flora dessas unidades e isso foi andando devagar quer dizer, como produto não vingou ainda. Os governos até hoje não entenderam a importância disso como negócio. O primeiro governo que entender isso como negócio, transforma Rondônia numa Costa Rica.
‘Não sabemos vender o Soldado da Borracha, não sabemos vender a história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré; estamos querendo recupera-la pro povo fazer lazer. Isso custou muito dinheiro. Não sabemos vender um negócio que é do tamanho do mundo, que é a população do Baixo Madeira’
Zk – Por que Costa Rica?
Chaguinha – Costa Rica é um país vizinho, dez vezes menor que nós, mais é a Meca do turismo de floresta e vive disso, a renda percapita é muito alta. Aqui podemos trabalhar três negócios o Turismo Rural que pra mim é o filé. No turismo é bom que primeiro se trabalhe com os de casa, que é pra ele poder respeitar o que tem, para aprender a vender e é bom que você trabalhe com o vizinho. Antes de você pensar em vender pros Estados Unidos venda aqui pro Mato Grosso, para o Acre. No ambiente Rural temos uma potencialidade que numa escala de um a dez eu chamo de DEZ. Somado a isso temos uma diversidade cultural muito rica, o estado é feito de gente de vários estados e isso tem um valor enorme.
Zk – Outro Polo?
Chaguinha – O turismo de eventos. Todo o estado fica de olho nesse filão, só que não são todas as cidades, são as cidades colocadas centralmente. JI Paraná é a nota dez a nota onze é a capital então fica Porto Velho primeiro, Ji Paraná segunda, Vilhena e Cacoal terceira. Outra que ninguém tá dando a menor importância, é Guajará Mirim, Poderíamos estar desenvolvendo eventos importantes durante todo o ano em Guajará Mirim porque tem uma característica cultural diferenciada das demais cidades. A capital já tem capengando, uns três eventos culturais importantíssimos.
Zk – Quais são?
Chaguinha – O Arraial Flor do Maracujá, o Homem de Nazaré e sem percebermos, na capital acontecem eventos institucionais durante o ano todo que não estamos percebendo como negócio. O carnaval de Porto Velho precisa ser vendido como produto turístico, por enquanto ele é apenas lazer e lazer não gera dinheiro, precisamos formatar os eventos. Os gaúchos de Vilhena não conhecem o carnaval de Porto Velho. Precisamos fazer o povo do estado viajar dentro do estado.
Zk – O terceiro?
Chaguinha – O Turismo Cultural. Nesse, estamos capengando, Não sabemos vender o Soldado da Borracha, não sabemos vender a história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré; estamos querendo recupera-la pro povo fazer lazer. Isso custou muito dinheiro. Poderíamos estar vendendo isso aí a peso de ouro. Isso tem que fazer parte de um grande projeto de turismo cultural. Não sabemos vender um negócio que é do tamanho do mundo, que é a população do Baixo Madeira. Temos uma história no Baixo Madeira que é milenar, que é anterior a história da Estrada de Ferro.
‘Quando um empreendimento vira patrimônio histórico, a finalidade dele é o turismo não é lazer. Hoje não estamos fazendo nenhuma coisa nem outra. A iniciativa de colocar a Litorina é louvável, mas, é apenas lazer. Enquanto não tiver uma política pública de incentivo ao turismo usando a Estrada de Ferro, não se justifica recuperar o trem’
Chaguinha – O Turismo Cultural. Nesse, estamos capengando, Não sabemos vender o Soldado da Borracha, não sabemos vender a história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré; estamos querendo recupera-la pro povo fazer lazer. Isso custou muito dinheiro. Poderíamos estar vendendo isso aí a peso de ouro. Isso tem que fazer parte de um grande projeto de turismo cultural. Não sabemos vender um negócio que é do tamanho do mundo, que é a população do Baixo Madeira. Temos uma história no Baixo Madeira que é milenar, que é anterior a história da Estrada de Ferro.
Zk – Não sei se através de decreto ou apenas pesquisa, transformaram Porto Velho na Capital Nacional da Pesca Esportiva, porém, o que se ver, são os turistas pescadores desembarcando no Vale do Guaporé. Qual a explicação para isso?
Chaguinha – No caso, a propaganda está sendo feita no lugar errado. Isso é da matéria do marketing, você vende o destino aonde você quer. O que tem sido vendido até no boca a boca intencional, é o Vale do Guaporé. O interessante é que o turista de pescador não está deixando dinheiro no Vale do Guaporé, ele leva ou trás da sua cidade estado, até o carvão para assar o peixe na beira do rio. Tudo por falta de estrutura das cidades do Vale. O turismo tem que ser bom pra comunidade. Ao praticar a pesca no Vale do Guaporé você não está apenas pagando o peixe, você está usufruindo do ar, da cor da água, a história do Vale do Guaporé está inserida naquele Surubim que você pegou. O Vale do Guaporé não tem preço.
Zk – Por falar em Vale do Guaporé. Qual sua opinião sobre a Festa do Divino Espírito Santo?
Chaguinha – Que bom que você lembrou, pois, tinha me esquecido de inserir a Festa do Divino como um dos maiores negócios da Amazônia. Estamos deixando um evento daquela magnitude continuar sendo um evento de interesse e lazer do povo da região. Faça uma viagem pelas figuras do Batelão do Divino que você vai conseguir rememorar uma história de muitos mil anos, que remonta lá atrás, a vida dos Reis que ainda pensavam em colonizar as Américas.
Zk – E a Madeira Mamoré?
Chaguinha – Num momento pra trás, ela era infraestrutura, foi construída para transportar borracha da Bolívia para beira do rio Madeira em Porto Velho. Passou o ciclo da borracha ela ficou ociosa, porque não criamos outro ciclo nessa região da Estrada aí, o investimento se deteriorou, enferrujou e está largado, infelizmente virou sucata. Quando um empreendimento vira patrimônio histórico, a finalidade dele é o turismo não é lazer. Hoje não estamos fazendo nenhuma coisa nem outra. A iniciativa de colocar a Litorina é louvável, mas, é apenas lazer. O que precisamos criar é a Rota Mad Maria aí ela entra no negócio. Enquanto não tiver uma política pública de incentivo ao turismo usando a Estrada de Ferro, não se justifica recuperar o trem.
Zk – Encerando?
Chaguinha – É uma honra estar sendo entrevistado por você, pois, sou leitor assíduo da sua coluna. Obrigado!
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