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Silvio Santos

Os Pobres do Caiari completa 57 anos e os dez anos sem o Manelão


Os Pobres do Caiari completa 57 anos e os dez anos sem o Manelão - Gente de Opinião

Era o carnaval de 1964, os desfiles carnavalescos estavam acontecendo na ladeira da avenida Presidente Dutra. Naquele tempo a grande atração do carnaval eram os desfiles dos Clubes Sociais.

Um dos pontos de concentração dos espectadores dos desfiles carnavalescos, era a Varanda Tropical do Porto Velho Hotel. Justamente na Varanda Tropical do Hotel mais chic da Cidade estavam alguns jovens moradores do bairro Caiari entre eles, Zeca Melo, Luiz Hosana, Mel Otino, Paulo França, João Gouveia, Tucano (Zé Carlos Lobo), João Ramiro e o Pinga Tinoco entre outros (se alguém ficou de fora, me liga que corrijo) e por sugestão do Zeca Melo resolveram desfilar. Correram para o bairro e concentrados na casa do Zeca se pintaram de Urucum, Maisena, Carvão e outras tintas, conseguiram latas, frigideiras, panela e até penico e foram para a Presidente Dutra e desceram a ladeira, batucando no rumo do Palanque Oficial armado na rua Henrique Dias, entre a Agencia do Banco do Brasil (hoje restaurante do Sesc) e o Prédio da Associação Comercial de Rondônia.

Atuando como Mestre de Cerimônia estava o locutor Milton Alves que ao ver aquele Bloco se aproximando do Palanque, sem saber de quem se tratava, foi até a frente da sede do Banco da Borracha (BASA), e identificou alguns dos foliões que estavam “melados” de urucum e de volta à locução anunciou: “Se Aproxima do Palanque Oficial o Bloco OS POBRES DO CAIARI.

Passado o desfile que naquele ano de 1964, aconteceu no dia 11 de fevereiro, uma terça feira, (naquele tempo os desfiles oficiais aconteciam terça feira de carnaval), Zeka Melo junto com o José Carlos Lobo que já vinham conversando sobre a ideia de criar uma escola de samba no bairro Caiari. Essas conversas aconteciam sempre num comercio de propriedade do Zé Carlos Lobo que ficava no Mercado Municipal com frente para a travessa Renato Medeiros (hoje calçadão Manelão), e eu sempre participava. No dia 28 de fevereiro daquele ano (1964), Zeka Melo e Zé Carlos na presença de vários moradores do Caiari e eu estava presente, anunciou a Criação do IMPÉRIO DO SAMBA “OS POBRES DO CAIARI”.

Em 1965 o Império do Samba Participou dos desfiles das Escolas de Samba de Porto Velho que desde de 1960, só contava com a Escola Os Diplomatas. Comandando a bateria estavam Zé Carlos Lobo e Silvio Santos. A escola passou pelo Palanque da Presidente Dutra cantando o samba: “Um dia encontrei Rosa Maria, na Beira da Praia...); Já em 1966 Zeka Melo resolveu colocar desfilando com a Bateria do Império do Samba Os Pobres do Caiari, um bloco de Originalidade, fato que se repetiu no carnaval de 1967, não lembro bem a ordem dos temas, mas, Zeka colocou como tema o bloco dos “Chapéus” e bloco da “Malária”, ambos foram campeão nas suas categorias.

A Caiari desfilava apenas com a bateria acompanhando esses blocos. Em 1968, Seu Vilvaldo Mendes influenciado pelo seu Filho Hiran Brito Mendes, mandou confeccionar na oficina da Estrada de Ferro Madeira Mamoré alegorias com as miniaturas de uma composição férrea, como a Locomotiva 12, Trole, Cegonha e outras composições. Todos os brincantes das alas desfilaram vestidos de trabalhadores da Madeira Mamoré com alguns portando como adereço: enxada, pá, picareta e outras ferramentas. Apesar de não ter música própria como Samba de Enredo, aquele desfile que ficou conhecido como o “Bloco do seu Vivaldo”, podemos considerar como o primeiro enredo a ser apresentado por uma escola de samba de Porto Velho, o que jamais chegou a ser reconhecido como tal.

Em 1969 a escolinha como era chamada a Caiari, fez um desfile recheado de fantasias luxuosas e mesmo assim, não ganhou da Diplomatas, porém, a professora Marise Castiel estava na avenida e prestou atenção no desfile da Caiari porque algumas de suas filhas desfilaram. Passados alguns dias, ela procurou a direção da escola e se propôs a ajudar no que fosse preciso para melhorar, o que ela considerou como falta de organização e assim, assumiu a direção de carnaval da escola com a missão de fazer o que achava melhor para levar a escola a sua primeira vitória.

Marise então, resolveu colocar o enredo “Sinhá Moça e a Abolição” e convocou o Silvio Santos para fazer o samba de enredo e o resultado, foi que no carnaval de 1970, a Caiari ganhou o seu primeiro título de campeã do carnaval de rua de Porto Velho, fato que se repetiu em 1971 com o enredo “Isto é o Brasil” (samba de Silvio) e em 1972 com o enredo “Brasil Esplendor das Três Raças” (samba de Silvio e João Feitosa); em 1973 a escola não desfilou, voltou em 1974 com o enredo “Odoiá Bahia” de Silvio e Bainha.

A Caiari parou de desfilar em 1975 e só voltou no ano de 1979, quando voltou a ganhar os títulos de 1979, 1980 e 1981.

Na década de 1980 houve uma alternância no campeonato, um ano a Caiari ganhava e no outro a Diplomatas. A Caiari venceu em 1983, 1985 (empatada), 1986 e 1989 (em 1988 Caiari e Diplomatas não desfilaram), voltou a vencer em 1991 e até suspender os desfiles em 2000 não ganhou mais nenhum título, apesar de na década de 1990, ter colocado na avenida, enredos geniais, porém, não conseguiu vencer nem um carnaval.

Em 1984 Chagas Neto Assume a coordenação da escola e a transforma em Grêmio Recreativo Escola de Samba “Os Pobres do Caiari” o que permanece até os dias de hoje.

Mesmo sem desfilar desde o ano de 2001 a Caiari continua funcionando como pessoa física, inclusive com diretoria eleita. Há alguns anos a luta dos dirigentes é voltar a colocar a escola desfilando na avenida, porém, está achando dificuldade quanto a patrocínio para voltar com força total. Existe atualmente um movimento liderado pelo Cleverson Santana no sentido de reabrir o barracão da Pinheiro Machado e tudo parece, estar dando certo, não fosse a Pandemia, com certeza, a escola já estaria funcionando a todo vapor.

Só nos resta desejar à família azul e branco da Escola de Samba Os Pobres do Caiari   sucesso e que a escola volte a nos proporcionar grandes desfiles. Parabéns para nós!

 

DEZ ANOS SEM O GENERAL DA BANDA

Os Pobres do Caiari completa 57 anos e os dez anos sem o Manelão - Gente de Opinião

No dia de ontem 28 de fevereiro, completou 10 anos do passamento do carnavalesco Manoel Costa Mendonça – MNAELÃO fundador da Banda do Vai Quem Quer.

Por coincidência, Menelão morreu no dia da criação da escola de samba “Os Pobres do Caiari” na qual brincava desde desde o carnaval de 1966, chegando a ser presidente entre os anos de 1988/1989 quando foi campeão do carnaval com o enredo ‘MUNDO DA CRIANÇA’, festejando os 25 anos da escola de seu coração.

Saudades do amigo Manelão!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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