Sábado, 29 de setembro de 2007 - 12h19
Waku’mã de danças
no klauss Vianna 2007
O grupo Waku´mâ de dança, pelo segundo ano consecutivo, é contemplado com o prêmio de dança Klauss Viana do MinC. Liderado pelo "Amo de Tracoá" Paulinho Rodrigues o Waku´mâ de Dança, apesar de ser premiado nacionalmente, "ainda aguardamos o reconhecimento dos gestores da cultura local, com convites ou contratação nos eventos locais". Nessa entrevista, o líder do grupo, juntamente com sua primeira bailarina, contam de como é difícil e ao mesmo tempo prazeroso a montagem de um espetáculo como "Os Tambores de Tracoá". "São dias e noites criando figurinos e coreografias para depois enfrentar a maratona até a estréia do espetáculo". Acostumado a se apresentar em Seminários e Convenções, este ano, o grupo mostrou que também é bom em apresentações realmente populares, "Participamos do Projeto Palco em Movimento coordenado pela Fundação Iaripuna, apresentado nos bairros periféricos da cidade e nos identificamos com a comunidade, até porque, somos um grupo de dança popular folclórica que apresenta em sapatilha de ponta a dança da toada de Boi-Bumbá que em nossa cidade, é bastante divulgada". Paulinho e Lívian falam da trajetória do grupo, desde sua criação até os dias de hoje e da interação com a Banda Waku´mã. "Na realidade, somos um único grupo que procura mostrar Rondônia, como um estado produtor também de boas coisas". Bom mesmo é acompanhar a conversa com os dois.
E N T R E V I S T A
ZK - Como surgiu o Grupo Waku’mã de Danças?
Paulinho – A origem do Grupo se confunde com a própria origem da Banda Waku’mã (1990); surgiu da necessidade de ter um grupo profissional, sempre pronto para se apresentar, tendo na sua formação bailarinas com noções e técnicas de dança sejam do clássico, jazz, sapateado, moderno ou caráter (folclórico). Um grupo que tivesse repertório voltado para a dança regional, compromissado com a nossa cultura, objetivando divulgar o gestual, ritos e lendas, da nossa demologia ou demopsicologia, com uma variedade de figurinos, obedecendo padrões ecologicamente corretos e trabalhados principalmente com fios de algodão cru, tricotados à mão, com pontos de crochê e nós de macramê, ricamente bordados com brilhos e plumas da fauna exótica.
Zk - Como se dá o processo de criação das coreografias ?
Lívian - Todo a direção é conduzida pelo Paulinho e o gestual coreográfico é feito em cima das toadas de sua autoria, sempre a partir da pesquisa dele, seja baseada nos rituais primitivos, folguedos, lendas e mitos, ou outras, nascidas nos currais de bois-bumbás, além da fusão com o ballet clássico. A parte teatral, tem orientação da diretora de teatro e atriz Suely Rodrigues.
Zk - Pode citar alguma coreografia?
Lívian - Urutau (mãe - da Lua), Gigante Sagrado e Povo Moreno são exemplos coreografados em cima das toadas de Paulinho Rodrigues, que você chama de "Amo do Tracoá".
Zk - E por falar em Tracoá, o tema tem alguma ligação com a montanha ?
Paulinho – Tracoá é o mais bonito e o mais alto pico do nosso Estado, encravado na Chapada dos Pakaas Nova; na toada "Povo Moreno" de nossa lavra, citamos esse acidente geográfico como forma de enaltecer nossas belezas naturais, já que pouco se fala sobre o assunto. É função primordial da nossa obra musical, de dança e teatro, engrandecer e propalar os valores da nossa terra. Cantando nossa "aldeia", queremos ir mais longe.
Zk - Quantas bailarinas formam o Grupo ?
Lívian - Atualmente o Grupo é composto por Nara Teixeira, Clarissa Moura, Flávia Roberta, Miriam Rocha e Ingrid Regina.
Zk - E você ?
Lívia - Também sou bailarina do Grupo, acumulando a função de Coordenadora de Danças e junto com Nel Kleber, todo o guarda roupa e a manutenção dos figurinos, ajudando o Paulinho na confecção dos figurinos que ele cria.
Zk - Sempre foi assim?
Lívian - Não, o Grupo que existe há quase 18 anos, passou por várias formações. Inicialmente era coordenado pela professora Berenice Beatriz; depois com Dina Simão e atualmente comigo. Já passaram pelo Grupo as bailarinas, Kelly, Célia, Wirlanne, Lissara, Luzijane, Glenda, Ariane, Karem, Gerleane e Bórika. A atriz Suely Rodrigues, vestindo a personagem "Catirina" a bordo de sua burrinha, há doze anos, participa dos espetáculos de dança.
Zk - O Grupo já se apresentou em outros Estados ?
Lívian - Sim, a nossa mais importante participação foi no Projeto "Balaio Brasil" do SESC São Paulo, onde envolvemos toda a platéia que se transformou em um grande espaço dançante. Vimos a arte de Rondônia, sendo vivida pelos paulistanos, em seu merecido lugar, sendo cantada, dançada e aplaudida de pé.
Zk - Qual a contribuição do Grupo Waku’ma para Rondônia ?
Lívian - O Grupo pelo segundo ano consecutivo, foi premiado com "Klauss Vianna de Dança", do Minc – Funarte, em rigorosa seleção feita por técnicos analistas de cultura, a partir do Rio de Janeiro. Em Rondônia temos continuado nosso trabalho dentro do Espetáculo "Tambores do Tracoá", de Paulinho Rodrigues com a Banda Waku’mã, em Congressos e Seminários que acontecem na Capital e no interior. Prá nós é motivo de muito orgulho divulgar a arte do estado de Rondônia, já que na toada "Povo Moreno", dançamos envergando respeitosamente a bandeira do nosso querido Estado de Rondônia.
Zk - Então, o show é para um público seleto ?
Paulinho - Não... Ainda sobre a pergunta anterior, aguardamos o reconhecimento dos gestores da cultura local, com convites ou contratação nos eventos locais. Já participamos das edições do Arraial "Flôr do Maracujá"; da Expovel; da Paróquia de São Thiago Maior; do FAM/SESC/ do Festival do Intérprete Comerciário; da FLORA/AC; do Madeiro/SESI; das edições do Dia do Bem Rede TV; da Ação Global SESI/Rede Globo, do Balaio Brasil SESC/SP, e muitos outros. Realizamos espetáculos em vários bairros periféricos de Porto Velho, além das oficinas de capacitação, de inclusão e responsabilidade social em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. Recentemente através de emenda parlamentar proposta pelo Deputado Eduardo Valverde, o Prefeito Roberto Sobrinho, determinou à Fundação Iaripuna, que desenvolvesse um Projeto de teatro e dança, que atendesse todos os seguimentos sociais. Nesse particular, através do projeto "Palco em Movimento", o Grupo Waku’mã de Danças, foi contemplado com três apresentações, que foram realizadas com muito esmero e carinho, tendo atendido os Bairros Areal, Esperança da Comunidade e Marcos Freire. Portanto, o Grupo "vai onde o povo está", atendendo todos os seguimentos sociais.
Zk - Como você define o estilo do Grupo Waku’mã de Danças ?
Paulinho – O Grupo de danças é o reflexo da nossa pesquisa etnológica e perseguição musical pelo "toque" que tenha a cara de Rondônia; é primitivo, incidental, experimental, poético, concreto, empírico, científico, demológico, folclórico e clássico, de forte apelo popular...
Zk - Poderíamos dizer que é antropofágico ?
Paulinho – Sim. Afinal de contas, fundimos o folclórico com o clássico, e o gestual que proporciona essa fusão é o bailado no sapato clássico (sapatilha de ponta); um adereço que as populações periféricas só conhecem através da televisão e que nós oportunizamos aos grupos chamados "excluídos", vivenciarem tal experiência.
Zk - Isso não desvirtua a proposta da Grupo ?
Lívian – Não. Explico... A famosa Ana Botafogo, dançou samba na sapatilha clássica, em um desfile de escolas de samba no carnaval do Rio de Janeiro. Pergunto... Porque não posso fundir os movimentos dos rituais primitivos com a dança folclórica no sapato clássico (sapatilha de ponta) ? só por que estou em Rondônia ?
Zk - E sendo antropofágico e premiado pela segunda vez no Klauss Vianna, um prêmio nacional, por que nunca participou da "Aldeia Guaporé" do SESC / RO.
Paulinho – O SESC /RO, destacada instituição parceira na produção cultural de Rondônia, por quem dispenso o maior respeito e com quem realizo profícuas parcerias, tem seu Departamento de Cultura, e como tal, exerce sua política cultural; aquele Departamento seleciona e convida, no seu entender técnico, os melhores agentes e espetáculos culturais da nossa terra. Na recente edição 2007, sugeriu mostrar performances com manipulação de bonecos à peças teatrais, passando por música, literatura, artes plásticas, cinema, dança, capoeira etc... Na verdade "um grande caldeirão de cultura e entretenimento, de esperado sucesso, que na visão daquela Instituição, é o que há de melhor na identidade e diversidade cultural de Porto Velho. Excetuando a apresentação do recente espetáculo itinerante "SESI Bonecos do Brasil", a "Aldeia Guaporé de Artes" do SESC/RO, neste momento, nos parece, ser o mais importante pólo de mostra da produção artística local, objetivando "intercambiar afetos e processos".
Zk - Em 92, Porto Velho vivenciou algo parecido?
Paulinho – Foi a embrionária "Feira de Cultura Stúdio Aberto TV Allamanda", produzida por mim, Chico Rangel e o saudoso Sérgio Valente, com a primordial parceria do SESC/RO. Foram 72 (setenta e duas) horas de entretenimento, manifestações artísticas como: cine vídeo, teatro, folclore, música e dança, artesanato, culinária regional, fotografia, grafite, literatura e oficinas, onde os freqüentadores puderam assistir ao vivo, a pré produção de muitos gêneros e níveis da atuação artística, e, a produção de artes plásticas com a participação dos mais notáveis artistas e agentes produtores de cultura desta terra. Tarefa titânica, verdadeira "dose", que até hoje, soa como protofonia apaixonada da primeira aglutinação das produções e manifestações artísticas destas paragens, em busca da justa identidade cultural, considerando e respeitando a diversidade que nos rodeia. Naquela ocasião, participaram todos os agentes culturais locais e do interior, inclusive. Foi a primeira vez que o hoje premiado Chicão Santos e seu Imaginário (há época - Corra Enquanto é Tempo, e, A Cidade nos Consome), mostrou seu talento nos palcos de Porto Velho.
Zk - O espetáculo da Waku’mã, multifacetado, cheio de informações culturais, que tem representado Rondônia na cena nacional, deveria ter maior apoio ?
Paulinho – "Tambores do Tracoá", é um manifesto e tributo multicultural ao povo de Rondônia. Fruto de muita pesquisa, viagens e aventuras a etnocentros no Brasil e na Cordilheira dos Andes; participação em congressos, implantação de oficinas, debates e aprendizado com pesquisadores e escritores, observações empíricas, anotações científicas, resgate, publicação de artigos e etc. Levou anos sendo elaborado para chegar a atual concepção. Lamentavelmente, aqui, não temos nenhum apoio oficial.
Zk - Pode citar um exemplo de apoio ?
Pulinho - Como parâmetro de apoio, podemos citar o atual espetáculo "Grito Verde", do Corpo de Dança do Amazonas. O Corpo de Bailarinos é integrante do quadro de servidores públicos lotados no Teatro Amazonas, e, como funcionários do Estado, tem a função de levar a cultura de lá, mundo afora. É uma idéia aplicada em outros Estados e Países, onde as companhias de Teatro e Dança, são subsidiadas e tem total apoio do Estado, sendo a contrapartida, a divulgação da cultura local. Mas para isso acontecer, se faz necessária a propalada "Identidade Cultural" dos gestores das Políticas Culturais, seja na área Pública, seja na Privada ou Fundacional. È preciso afastar os resquícios de xenofobias, valorizando a produção artística e a diversidade cultural local.
Zk - Quais são os planos futuros da Waku’mã (Paulinho, Banda e Danças)?
Líviam – Vamos continuar trabalhando muito, literalmente dançando, algumas vezes, ganhando prêmios de destaque nacional, outras nem tanto... Sempre com alegria e humildade, inserindo no nosso trabalho, os objetivos do Grupo Waku’mã de Danças, que é formar platéia, levando cultura, educação, conhecimento, motivação e inclusão social através da dança regional. Pela oportunidade, quero agradecer as bailarinas Nara, Clarissa, Flávia, Miriam e Ingrid, pela dedicação e atenção aos objetivos do nosso projeto cultural, bem como, Suely Rodrigues e Nel Kleber.
Paulinho – Agradecer a La Quiña pela sua dedicação e esmero, lembrando a participação da professora Alba Lúcia Rodrigues da Silva Marques de Sá, na elaboração de projetos e captação de recursos, além do firme e incansável propósito em divulgar nosso trabalho junto aos órgãos de cultura, iniciativa privada e organismos internacionais; Agradecer a Paulinho Batera, Cícero, Mila, Túlio, Silvia, Denival (dedo), Odilon, Marcelo e Tio Lira; Novo, Tullio, Tácio e Tio Rufa; Luis (Studio Mil Som), Carlinhos, Ocampo, Davi Macieira e Osias Cardoso, além das Instituições parceiras que sempre acreditaram no nosso ideal sócio/educativo cultural.
Com o prêmio Minc (Funarte) Klauss Vianna, vamos continuar levando aos eventos, palcos e Bairros distantes do Centro da nossa Cidade (com inclusão e responsabilidade social), o espetáculo "Tambores do Tracoá", desta feita, com a "Lenda do Bicho Folharal", novas toadas, novos figurinos, performances e coreografias, cenários e tudo o mais que represente este alegre e brincalhão personagem do auto boi-bumbá, e que só acontece em Rondônia. Notadamente, o "Bicho Folharal" é uma personagem genuinamente rondoniense, por isso, queremos resgatar seu valor, promovendo sua lenda ao lugar merecido. O prêmio do Minc-Funarte, torna possível nosso desejo e sina, de produzir e continuar promovendo com respeito, a cultura dentro da diversidade local, apesar de alguns "temporais setembrinos", e, não obstante aos banzeiros e corredeiras, afinal, como rondonienses que somos, fomos talhados na força das correntezas do Madeira, com sabor da Piraíba frita, mergulhada no tucupi com jambú, farinha e pimenta murupí.
Fonte: zekatraca@diariodaamazonia.com.br
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