Sábado, 19 de maio de 2007 - 09h37
O mago da literatura infantil em Rondônia
Paulo Kawanami, nascido em Nova América da Colina no ano de 1965 e desde os 10 anos de idade morando em Rondônia, primeiramente em Riozinho distrito de Cacoal e logo depois em Pimenta Bueno onde completou os estudos. O jovem aproveitou a criação do estado de Rondônia e se candidatou ao cargo de agente Administrativo no tempo em que o Teixeirão era o governador de Rondônia. Fui justamente nessa época que ele foi "emprestado" ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF hoje conhecido como Ibama, e então passou a manter contato direto com a natureza, precisamente com os problemas de desmatamento da nossa floresta. "Cada galho que via tombar, era uma dor marcante que envolvia meu peito". Kawanami não se conformava ao ver as motosserras abrindo clareiras em nossas matas, foi então que se lembrou das histórias que sua professora contava na sala da pré escola, sobre uma "Porquinha" que não queria de jeito nenhum obedecer sua mãe. "Foi então que criei a Sementinha Teimosa". Com o material do livro todo pronto, inclusive as ilustrações Kawanami se viu no "mato sem cachorro", por não possuir recursos financeiros para publicar. Paulo apelou então para sua descendência japonesa. "Vou pro Japão ganhar dinheiro para pagar a edição da minha revista". Não pensou duas vezes, embarcou para a terra dos seus ancestrais e por lá ficou por aproximadamente três anos. "Antes de viajar contratei os serviços de uma gráfica em São Paulo para imprimir o livrinho e lá do Japão depositava o dinheiro". Acontece, conta Paulo, que a editora só aceitou imprimir as revistas com pagamento adiantado porque a mulher do governador Jerônimo Santana havia adquirido uma partida muito grande de papel e não tinha pago."Daí a exigência de primeiro se depositar o dinheiro, para depois fazer a impressão". Hoje o japonês está com 25 títulos prontinhos sendo que desses, 13 já estão editados e nas bancas. "Estamos lançando a coletânea "Amazônia para as crianças" com 25 títulos". O jovem que começou a escrever contos infantis ainda criança, hoje tem acento ao lado de expoentes da literatura infantil como Ziraldo, Maurício de Souza e muitos outros como membro da Academia Brasileira de Literatura Infanto-juvenil.
E N T R E V I S T A
Zk – Desde quando você produz histórias infantis?
Paulo Kawanami – Comecei escrevendo poesias em 1985 e as histórias infantis começaram um ano após, ou seja, em 1987, registrei as primeiras e daí não parei mais. Na época era prefeito de Pimenta Bueno o senhor Vicente Homem Sobrinho. Vale salientar que em 1983 prestei concurso público para Agente Administrativo do Estado de Rondônia e fiquei funcionário estadual até 89, quando fui para o Japão.
Zk – E o que você foi fazer no Japão?
Paulo Kawanami – Fui em busca do meu maior sonho, que era publicar o livro infantil "A Sementinha Teimosa", que por sinal, ficou na gráfica aguardando dinheiro para pagar a impressão.
Zk – Explica melhor essa fase. Você foi ao Japão apenas para publicar esse livro?
Paulo Kawanami – Na realidade, fui atrás de trabalhar e angariar recursos para atingir meu objetivo que era publicar minhas obras.
Zk – Você fazia o que no Japão?
Paulo Kawanami – Trabalhei na linha de produção da Sanyo, depois fui para a Hirooka e finalizando a empreitada, trabalhei na Paka. Todas no ramo de produção automobilística, eletrônica e eletrodoméstico. Foram praticamente três anos juntando recursos para realizar meu sonho que era publicar meus livrinhos.
Zk – Os livros foram publicados aonde?
Paulo Kawanami – Quando retornei para Pimenta Bueno, em 1992, providenciei a publicação dos livros. Devo esclarecer que muito antes, eu já havia transferido o dinheiro do pagamento da impressão das revistas. Na realidade antes de viajar fiz um contrato com a editora para a publicação.
Zk – Porque você teve que pagar a edição das revistas adiantado?
Paulo Kawanami – Acontece que quando procurei a direção da editora, fui informado que minhas revistas só poderiam ser impressas ou editada, com o pagamento adiantado, isto porque, segundo uma diretora da editora, eu era de Rondônia, (isso no tempo do governo do Jerônimo Santana), e pra Rondônia só com pagamento adiantado, porque a esposa do governador havia comprado uma determinada partida de papel e não pagou, daí a exigência do pagamento adiantado.
Zk – Isso quer dizer que quando você foi para o Japão a Sementinha Teimosa já estava escrita?
Paulo Kawanami – Já estava inclusive, na gráfica para ser impressa. Contratei a impressão de 5 mil exemplares, todas em papel cochê e páginas coloridas.
Zk – Como foi que nasceu a Sementinha Teimosa?
Paulo Kawanami – Quando estudei o pré em Capoava (SP), havia uma professora que gostava de contar historinhas e uma dessas historinhas, ficou gravada na minha mente, era a que justamente falava de uma Porquinha que era muito Teimosa, não obedecia a mãe. A mãe dela falava – filha vai chover –, ela respondia, não mãe, não vai chover. – Leva o guarda-chuva – Não, não vou levar porque não vai chover. No final da história ela aparece deitada no chão, com o lacinho que estava no seu rabinho todo enlameado. Essa é a importância do professor na vida do aluno. Outra influência foi a do meu irmão mais velho. Foi ele quem primeiro me levou a uma banca de revistas onde me comprou as duas primeiras revistinhas de historinhas, "O Rei Midas" que tudo que tocava virava ouro e a outra foi a do "Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau".
Zk – E então surgiu a Sementinha Teimosa?
Paulo Kawanami – Eu sempre ia a biblioteca, pegava três livros para ler em casa, e em casa sempre procurava escrever alguma coisa, sempre me espelhando nos grandes vultos da literatura infantil, foi então que surgiu a idéia de escrever a "Sementinha Teimosa". Acontece que na época, quando eu trabalhava pro Jorge Teixeira, fui emprestado para o IBDF (hoje Ibama) e durante as fiscalizações, via a devastação da natureza. Para se tirar um pé de Mogno se devastava uma área imensa e eu já percebia naquela época, que ia acontecer tudo o que está acontecendo hoje, ou seja, a devastação da nossa natureza e em especial da floresta. Foi então que resolvi passar essa experiência às crianças e então escrevi a Sementinha Teimosa que não queria ser árvore porque os homens iram lhe cortar, sem qualquer consciência de amor por ela. Então ela ficava sentada em cima de uma pedra para não criar raiz, sua mãe sempre a aconselhava, para que ela aceitasse ser plantada na terra, para poder crescer e se transformar numa grande árvore que daria frutos e proporcionaria sombra para os que passassem por ali e também disponibilizar o ar puro para as pessoas. Dizia a mãe da Sementinha que os homens necessitavam das árvores, para respirar o ar puro, para evitar as doenças do coração. Mesmo assim, a Sementinha ficou irredutível e foi viajar, nessas viagens, ela passa por várias situações. Encontra uma abelha chamada Abelina e quer saber se "esse tal de mel que você fabricam vem do chão?" e a Abelina explica que o Mel é feito na colméia. Depois vem uma tempestade, uma chuva muito forte e ao atravessar uma ponte, escorrega e cai no córrego e ali ela sobe numa folhinha e vai descendo, encontra os peixes querendo se alimentar ao seu redor e diz, agora estou perdida, os peixes vão me comer, vem a cachoeira onde cai e desmaia, ao acordar ela tá amarrada num arbusto e as formigas ao seu redor (são as formigas indígenas). No final, ela é pega por uma águia que pensa que se trata de uma minhoca, é aí que ela assume qualidade de semente, então a águia a solta e ela resolve voltar para a floresta onde está sua mãe. No caminho para a floresta ela ia pensando em pedir perdão à sua mãe pela desobediência, acontece que quando ela chega, a realidade era outra, sua mãe havia sido cortada pelos madeireiros, ela chorando, se abraça à raiz de sua mãe e suas raízes foram penetrando na terra molhada e com o passar do tempo, a Sementinha Teimosa se transformou numa frondosa árvore. No final, ela encontra uma neta da Abelina que pede licença para fazer uma colméia no seu galho.
Zk – O que a Sementinha lhe proporcionou?
Paulo Kawanami – Em Pimenta Bueno recebi Moção de Aplausos. Em São Paulo me transformei em Membro da Academia Brasileira de Literatura Infanto-juvenil atendendo convite da Yone Quartin. Minha introdução na Academia aconteceu no Terraço Itália, local onde fiz o lançamento do livro "A Sementinha Teimosa". Vale salientar que dessa Academia fazem parte escritores do naipe do Ziraldo, Maurício de Souza, Ana Marques e tantos outros menos conhecidos, porém de grande valores.
Zk – Depois da Sementinha, como está a sua produção?
Paulo Kawanami – Hoje estamos com 13 obras editadas e já publicadas e uma de poemas "Tempo de Amar" com CD.
Zk – A próxima investida?
Paulo Kawanami – Agora estamos lançando a coleção com 25 revistas de no máximo 33 páginas, "Amazônia para as Crianças".
Zk – Além da coleção acima, tem algum outro projeto em andamento?
Paulo Kawanami – Vamos lançar quatro livros de 80 páginas: "Amazônia do Coração da Gente"; "O Menino Plantador de Árvore e Outras Histórias"; "Festa da Bicharada na Amazônia" e "Amazônia Animada". A direção da Fimca se interessou por esse trabalho assim, como o Colégio Objetivo, Centro de Ensino Mineiro, Escola Santa Marcelina, Colégio Adventista de Porto Velho, Instituto Laura Vicuña, Centro de Ensino Pleno Êxito, Centro de Ensino Classe "A" e o Cora Coralina, além das escolas municipais e estaduais todas em Porto Velho.
Zk – Quanto custa em média uma revista, para o leitor?
Paulo Kawanami – Nós entregamos nas bancas ao preço de R$ 2 a unidade, dos R$ 2, 30% fica para o dono da Banca.
Zk – Você estava me dizendo que está criando um selo da Amazônia. Como vai funcionar esse selo?
Paulo Kawanami – Será um selo de qualidade da Amazônia. O selo será entregue para a empresa que participar da nossa campanha de preservação da natureza, seja apoiando publicações literárias, ou apoiando os projetos de reflorestamento. Aí torna uma empresa amiga da natureza e recebe o Selo. A empresa interessada preenche uma ficha e se compromete a nos auxiliar na educação ambiental. A empresa, além de ser divulgada nas revistas, ganha um Certificado de Qualidade.
Zk – Fala sobre a família?
Paulo Kawanami – Sou casado com a Cenira Borges de Godoi há 13 anos, temos três filhos: Paulo Henrique, Carine e Simeão e as enteadas Jéssica e a Ana Carolina. Sou avô do Leonardo, filho do Paulo Henrique.
Zk – Você gostaria de fazer agradecimentos?
Paulo Kawanami – Gostaria de agradecer a todos os veículos de comunicação, em especial a Mariza Linhares que foi quem me colocou na mídia, o pessoal da KTV de Cacoal e o Diário da Amazônia através de você Zekatraca.
Zk – E mais?
Paulo Kawanami – Nossa consciência maior, é que a gente criou todo esse trabalho passando por momentos difíceis na vida, mas sempre com ideal de realmente proporcionar para as crianças, não uma literatura só de entretenimento, mas com o ensino até divino de forma que as crianças, possam aprender de uma forma verdadeira, que essas crianças não se percam. Só mudamos através da educação. Para que os pais estimulem as crianças ao conhecimento verdadeiro. "A transformação do mundo começa pela educação das nossas crianças"
Zk -Para encerrar, qual o endereço e o telefone?
Paulo Kawanami – O telefone é 9913-0122 e o endereço é rua Roberto de Souza, 2438 bairro Embratel perto do Big Supermercado. Obrigado!
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