Domingo, 17 de abril de 2016 - 07h54
“
Vamos casar no carnaval porque ninguém vai deixar de pular carnaval pra assistir nosso casamento que será a noite e assim aconteceu
”
Na edição de ontem você conheceu algumas das histórias do Pedro Sena, hoje neste segundo e último episódio, ele nos conta de como foram os 14 anos que passou trabalhando para a família Reski. “Seu Reski o patriarca, chegou aqui em 1909 e abriu a firma em 1912. Ele já chegou com dinheiro, não veio aventurar”. Fala como foi seu casamento em 1964 com a Orlete com quem vive até hoje e o porquê teve que sair de Porto Velho para morar em outra cidade. “Se quiser ficar lá por mais seis meses, não precisa procurar médico porque você vai morrer”. Vamos acompanhar lendo a entrevista
E N T R E V I S T A
(continuação da edição de ontem)
Zk – E foi trabalhar com quem?
Pedro – Certo dia, não tinha nem dois meses que havia saído da loja do Saleh, estava jogando bilhar na sinuca do Tourinho e encontrei o Antônio Reski. Naquele tempo os Reski dominavam o comércio de Porto Velho. “Já me informei com o Saleh e você é a pessoa ideal para trabalhar com a gente, você vai cuidar da correspondência, do serviço burocrático, aceita?” Aceitei.
Zk – Quem realmente administrava a empresa Reski?
Pedro – Quem tomava conta mesmo era a Menta, todos eles homens eram muito boêmios, gostavam de farra e de freqüentar inclusive as casas de prostitutas que a gente chamava de puteiro. Nessa época comecei a tomar minhas bicadas, era o tempo do vermute Cinzano. No inicio tudo são flores. Trabalhei com os Reski de 1954 a 1968.
Zk – Isso quer dizer que você conhece a histórias da família Reski?
Pedro – Seu Reski o patriarca, cegou aqui em 1909 e abriu a firma em 1912. Ele já chegou com dinheiro, não veio aventurar. A primeira casa de alvenaria construída em Porto Velho foi a dele e está lá até hoje, inclusive foi tombada como patrimônio histórico de Porto Velho. Naquela casa por ser a melhor que tinha na época, foi assinado pelo Barão do Rio Branco o Tratado de Petrópolis que firmou a doação das terras do Acre pelo governo boliviano para o Brasil em troca da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Zk – Já que você sabe tudo sobre a família Reski. É verdade que a dona Menta nunca casou porque foi vítima de uma decepção amorosa?
Pedro – Aqueles amigos que ficavam tomando cachaça comigo no bar do Abel o Austerliz pai do Chiquilito Erse era infalível no bar, Rodolfo Ruiz, José Alves que era gerente do Banco do Brasil e José Reis, filho do João Reis, contavam essa história. Conversando com pessoas da época, fiquei sabendo que realmente aconteceu. Acontece que Libanês não podia casar com brasileiro de jeito nenhum. Eles não permitiram que o Sebastião casasse com a cunhada do Estrela. A mistura de sangue do Libanês é considerada sagrada. Se o camarada que diziam que foi namorado da Menta insistisse em casar, eles com certeza dariam um jeito de impedir. Foi isso que o Austerliz me contou. “Pedro não sei o nome, existe essa conversa, mas, ninguém nunca viu os dois juntos”. Foi então que eles inventaram uma nova versão, me colocando como conhecedor do verdadeiro paradeiro do cara.
Zk – É verdade que essa turma começou a dizer que você é quem estava se preparando para assumir o namoro com a Menta só pra ficar com a herança?
Pedro – O Austerliz dizia que eu sabia de tudo, mais estava ocultando porque também estava interessado em ser o herdeiro ficando com ela.
Zk – Você disse que foi difícil sair da empresa. Por quê?
Pedro – Amizade de muito tempo, 14 anos não é brincadeira. Na ocasião fui aconselhado pelos médicos a passar uma temporada fora daqui para procurar tratamento. Na ocasião eu não via como. A providência Divina veio em minha ajuda. Os patrões souberam da situação e me perguntaram se eu tinha dinheiro pra fazer a viagem e eu disse que não. Pra minha surpresa na véspera de embarcar, me foi entregue um pacote feito com jornal com Dois Milhões de Cruzeiros mandado pela Menta com o aval dos irmãos e ainda mandou dizer: “Se esse dinheiro não for suficiente passa um telegrama que a gente manda mais”.
Zk – Fala como foi que você conheceu a Orlete a mulher com quem você vive até hoje?
Pedro – Conheci a Orlete em 1963 quando inaugurou o Cine Brasil Novo. Em princípio não tinha ninguém pra colocar na gerencia do cinema e nem na bilheteria e eles me perguntaram se eu aceitaria ficar no Cine Brasil quanto ao pagamento, que eu retirasse da renda diária alguma quantia que achasse justa. Naquele tempo não existia liberalidade e como vi que era um negócio sério e atendendo ao pedido da minha mãe que dizia, nunca mexa com filha de ninguém e nem se meta com mulher casada que é contra a lei de Deus. A Orlete estudava no Grupo Escolar Duque de Caxias então, ou eu vinha quando fechava mais cedo a bilheteria encontrar com ela ali pela praça Aluísio Ferreira ou então ela descia e passava no cinema. Naquele tempo tudo era difícil, não tinha nem telefone fixo.
Zk – Vocês casaram em que ano?
Pedro – Casamos em fevereiro 1964, na catedral do Sagrado Coração de Jesus. Coincidiu que haviam colocado uma nota na coluna social do Alto Madeira escrita pelo Euro Tourinho que a gente casaria uma semana antes do dia marcado. Na ultima hora, dona Nair mãe da Orlete tentou suspender o casamento, porque eu havia feito uma despedida de solteiro e exagerei na bebida e não apareci para namorar naquele dia. Então disse a Orlete que deveríamos aproveitar a nota que saiu no jornal e dar um “quinal” no pessoal. Acontece que não tínhamos dinheiro pra fazer festa. Vi na folhinha (calendário) que o dia 8 de fevereiro era sábado de carnaval. Vamos casar no carnaval porque ninguém vai deixar de pular carnaval pra assistir nosso casamento e assim aconteceu.
Zk – É verdade que a Menta tentou impedir o casamento com ciúmes de você?
Pedro – Ela havia falado que parecia que eu tinha perdido a cabeça, pois, ia casar com uma moça que nasceu aqui que os irmãos dela não conheciam a família, ninguém conhecia essa moça e eu quando nada, pertencia a uma elite e coisa e tal. Então de repente se casa assim. Ela chegou a me dizer: “Vai viver como Pedro o que você ganha aqui é tão pouco”. Na véspera do casamento ela mandou uma caixa de uísque importado la pra casa. Essa é a história real com a Menta.
Zk – Quantos filhos vocês têm?:
Pedro – Temos a Pete, Marcos, Mauro (que faleceu), Patrícia e por último o Marcio. São cinco e também temos a Celina que é filha do Heitor e mora com a gente desde bebê.
Zk – Por que vocês foram morar em Salvador?
Pedro – O tratamento que eu estava fazendo no Rio era no hospital do Ipase. A Arlete irmã da Orlete que morava no Rio conseguiu com a amizade que tinha com um médico de lá e ele se prontificou a me ajudar. Meu Instituto de Previdência era o IAPC. Ela já tinha contado pra ele que aqui em Porto Velho eu exagerava muito na bebida. Então ele receitou que para me curar eu tinha que mudar de cidade. “Se você quiser ficar lá por mais seis meses, não precisa procurar médico porque você vai morrer, o seu fígado já está sendo atingido e inevitavelmente, mesmo que você não queira, você morando lá freqüentando o mesmo ambiente de vida, não vai ter querer, vai morrer”. A principal receita foi a que sugeria nossa mudança para outro estado e cidade e escolhemos Salvador. Orlete conseguiu transferência e foi lotada no Ministério da Fazenda na Bahia. Somos aposentados e vivemos muito bem la.
Zk – E agora?
Pedro – Vivemos a vida, os filhos todos criados e encaminhados. Quem sabe a gente consiga assim como a Dona Nair chegar aos 100 anos de vida, mas, tem que ser com saúde e feliz!
Lenha na Fogueira com o filme "O Pecado de Paula" e os Editais da Lei Aldir Blanc
A Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), realiza neste sábado (16), o ensaio para a gravação do filme em linguagem teatral "O Pecado de Pau
Lenha na Fogueira com o Museu Casa Rondon e a eleição da nova diretoria da FESEC
Entrega da obra do Museu Casa Rondon, em Vilhena. A finalidade do Museu é proporcionar e desenvolver o interesse dos moradores pela rica história
Lenha na Fogueira com o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças
Hoje os católicos celebram o Dia de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil. Em Porto Velho as celebrações vão acontecer no Santuário de Apareci
Jorgiley – Porquinho o comunicador que faz a diferença no rádio de Porto Velho
Tenho uma maneira própria de medir a audiência de um programa de rádio. É o seguinte: quando o programa ecoa na rua por onde você está passando, dando