Sábado, 10 de maio de 2014 - 19h39
Quem vai a Machadinho D’Oeste com a missão de saber da história do município, não pode deixar de visitar o seu Firmiano, Aliás quando as pessoas sabem do motivo da visita recomendam logo, Conversem com o seu Firmiano. Com a nossa equipe não foi deferente. Então nos deslocamos até seu sítio a aproximadamente 30 km do centro do município, num lugar muito bonito. Lá encontramos seu Firmiano com seus 87 anos de idade, com uma roçadeira, baixando o capim que existe ao redor de sua casa. “Como aqui é pé de serra, tem muita cobre jararaca e por isso, tenho que manter o capim bem baixinho”. Com muita simpatia seu Firmiano nos convidou a sentar embaixo de uma frondosa mangueira e enquanto ele nos contava sua história em Machadinho, sua esposa nos servia cafezinho feito com fruto colhido na plantação do sítio, uma delícia. Seu Firmiano é a história viva da região de Machadinho pois nasceu, se criou e vive no lugar há 87 anos. Ele se encaixa perfeitamente no Projeto do governo do estado de Rondônia; “Pioneiros – A História de Todos Nós”. Duvida! Então ler a entrevista que segue;
E N T R E V I S T A
Decom/Sms - Qual o seu nome completo e aonde o senhor nasceu
Firmiano – Meu nome é Antonio Firmiano da Silva, nasci aqui nas proximidades de Machadinho D’Oeste a 30 km, na estrada que vai pra Tabajara na Gleba 4, numa colocação por nome São Sebastião, no dia 08 de outubro de 1927.
Decom/Sms – Gostaríamos de ouvir sua história, desde o nascimento, até agora quando o senhor está prestes a completar 87 anos de idade. Pode ser?
Firmiano – Na época que nasci, aqui era Mato Grosso meu pai ganhou um bom dinheiro e quando eu tinha apenas três anos de idade. O patrão dele chamava-se Acácio do Vale a casa Matriz do seringal dele ficava, na beira do Rio Madeira, num lugar chamado Coimbra nas proximidades de Calama, umas quatro horas de viagem motor acima. A ideia do meu pai era receber o dinheiro e ir embora pruma cidade chamada Alenquer no estado do Para. Acontece que o patrão abriu falência e não teve dinheiro pra pagar o saldo do meu pai. Como ele tinha muita terra deu como pagamento pro meu pai, uma área de terra que ficava num lugar chamado Mururé, onde ficamos mais ou menos durante 14 anos.Os tempos foram passando aí o seu Joaquim Pereira da Rocha comprou os seringais...
Decom/Sms – Comprou do Acácio?
Firmiano – Esse Acácio do Vale vendeu pro Alfredo Barbosa que por não ter experiência em Seringal, vendeu pro seu Rocha os seringais, Jatuarana, Boa Vista e São Paulo. O Rocha era conhecido do meu pai e foi lá em casa e nos trouxe para Angustura pra trabalhar numa colocação por nome Natal. Nossa família era constituída por 8 pessoas entre pais e filhos. Aprendi a cortar seringa e aos 17 anos de idade, aprendi a assinar meu nome, aliás, desenhar, já em Angustura. Em 1949 meu pai adoeceu e foi se tratar em Humaitá, os seringalistas naquela época, quando um freguês adoecia enviava para Humaitá o único local que tinha hospital nas proximidades. Meu pai tinha sido vitima de um ferimento no braço e deu tétano e com isso, morreu. Eu como o filho mais velho fui criar meus irmão e minha mãe.
Decom/Sms – Como o senhor viu o nascimento do município de Machadinho?
Firmiano – Na ocasião que estivemos em Angustura, veio um contingente de soldado de Mato Grosso, uma lancha enorme cheia de mercadoria, umas cinquenta pessoas e montaram acampamento do outro lado de Angustura, ficaram esperando a decisão do governo Federal se passava essa região a Território Federal, era 1943/44. Acho que o governo de Mato Grosso não queria ceder as terras para formar o Território Federal do Guaporé, porém, quando a decisão foi tomada, eles foram embora. Foram mais deixaram aquela mercadoria toda para os moradores de Angustrura. Foi então que conheci o Coronel Aluizio Ferreira um careca. Depois mudou o nome para Território Federal de Rondônia. Em 1944 fui a Porto Velho, o movimento era muito pouco, mas, conheci a Madeira Mamoré e seus trens.
Decom/Sms – Quem foi Joaquim Pereira da Rocha?
Firmiano – Foi o dono de todas essas terras daqui, descobriu o garimpo de cassiterita no Oriente Novo, ficou muito rico e abandou os seringais pra cuidar da mineração. Com isso os seringueiros foram indo embora que nem semente de melancia que a gente aperta no dedo e ela escapa. Ele teve direito quando o INCRA começou a colonização, a 175 Mil Hectares de terra, foi vendendo, isso aqui (Machadinho), quem comprou foi o João Carlos deu 47 Mil hectares de terra. De São José pra lá foram outros fazendeiros que compraram. Ai surgiu à conversa que iam fazer uma cidade aqui a beira do rio Machadinho.
Decom/Sms – E o povo?
Firmiano – Muita gente ficava fazendo crítica: Isso só vai acontecer quando galinha criar dente e eu dizia: Rapaz tudo acontece, as coisas vão devagar. Até que veio o INCRA indenizou todas as terras que eram do João Carlos e transformou em reserva extrativista e dos 47 mil ficou reduzido para Três Mil hectares que é do outro lado do rio Machadinho e vai até a cachoeira do Cujubim. Ai começaram a “Cortar” para marcar a cidade, eu passei lá com meus filhos quando estavam abrindo o Picadão naquela matona virgem. A primeira casa construída em Machadinho ficava aonde hoje é a prefeitura.
Decom/Sms – O senhor ia a Machadinho por terra?
Firmiano – Ia de motor rabeta. Da minha casa pra beira do rio são 4km e a gente encostava o rabeta onde é a ponte, nas proximidades da cidade e subia na pernada até a Cerealista do Lebrão, avisava que a borracha estava no porto ele mandava buscar, pesava e pagava. Dali a gente ia fazer compra nos armazéns que já existiam, alguns iam beber e era aquela farra. Naquele tempo o dinheiro que mais corria, vinha da venda da borracha, madeira e castanha.
Decom/Sms – Além da borracha qual era a produção?
Firmiano – Era a madeira, naquele tempo não tinha freio, quer dizer, se cortava de tudo e isso deu um impulso enorme no desenvolvimento de Machadinho. Era Cerejeira, Ipê, Cedro,Faveira e outras menos votadas. Um dos grandes madeireiros foi o Dalton que inclusive, veio tentar comprar nosso lote e nós seguramos mesmo e não vendemos. São seis lotes de terra da nossa família e ele queria comprar tudo.
Decom/Sms – O senhor lembra quem foi o primeiro prefeito de Machadinho?
Firniano – Foi o José Carlos que assumiu provisoriamente. O primeiro prefeito eleito foi o Flávio eu votei nele.
Decom/Sms – O que o senhor produz em suas terras?
Firmiano – Sempre na proximidade de serra as terras são melhores, aqui dá milho, cana, mandioca, café, dá tudo que se plantar. Parece que com a continuidade do plantio a terra vai cansando e vem a praga. Tem uma tal de cigarrinha que quando chega, acaba com tudo, eu to comprando milho porque a cigarrinha acabou com a nossa plantação. Agora estamos produzindo mesmo é Mel de Cana e Rapadura, o povo vem da cidade comprar aqui. Aliás, nosso sítio ta se transformando em atração turística. Tem um lugar ali que eles chamam “Piroca do Firmiano” é uma serra que proporciona uma vista muito bonita, são quinze minutos subindo na pernada, se agarrando aqui e acolá, mais vale a pena apreciar a paisagem de cima da “Piroca do Firmiano”.
Decom/Sms – Voltando no tempo. Ccomo era que o senhor ia até Porto Velho?
Firmiano – Daqui, descia pelo rio Machadinho essa que é a estrada eterna. Saia no rio Machado, passava por Tabajara onde se pegava a embarcação pra ir pro rio Madeira em Calama de lá, podia pegar o navio pra ir pra Manaus, Belém, Porto Velho etc. A primeira estrada quem abriram aqui, foi no tempo do governo do Jerônimo Santana o homem da Bengala, ia até Tabajara. Hoje vou a Machadinho a cidade, todo mês, receber a aposentadoria, fazer compras, vou a igreja, freqüento reuniões, visito os amigos é assim.
Decom/Sms – Como o senhor vê o progresso de Machadinho?
Decom/Sms – Para umas coisas foi muito bom, por outro lado, as coisas aumentaram muito, veio a violência, mas, também veio a assistência a saúde, educação. Tem os maldosos que vivem matando os outros como quem mata porco queixada. Os marginais atacam na cidade e no interior ninguém escapa.
Decom/Sms – O senhor é casado há quanto tempo?
Firmiano – Sou casado há 60 anos com a dona Felícia Gomes da Silva. Nos casamos em Angustura no católico e no civil, quando casamos, ela estava com 16 e eu com 26 anos de idade. Tivemos doze filhos dos quais oito estão vivos, todos moram aqui em Machadinho.
Decom/Sms – O senhor ainda corta seringa?
Firmiano – Cortamos sim. Só que agora não tem comprador e o preço ta muito baixo. Meu filho é comprador de borracha, ele trabalha com plano de manejo. Todo mês vem a Sunab de Porto Velho pesar a borracha e pagar o tal de subsídio. Hoje nós temos nove estradas de seringa, essas estradas eu dei pros meus filhos, cada um pegou três, o Marcelinho, Aldenor e Agenor.
Decom/Sms – Quando o senhor cortava seringa saia que horas?
Firmiano – Saia quatro horas da madrugada, fechava o corte as doze e meia e quando chegava da estrada era cinco horas da tarde. Quando a borracha tava pequena, ficava defumando até nove horas da noite. A Fumaça a gente fazia utilizando a casca do coco babaçu que tem demais aí na serra. Hoje não se defuma mais porque a borracha é de qualho. Eu não achei bom não, é muito fedorenta, aquela catinga entranha no corpo da gente.
Decom/Sms – O senhor era festeiro?
Firmiano – Festeiro demais, a gente andava 36 km de Angustura a Jatuarana atrás de festa. No outro dia de manhã de ressaca com um sono danado, voltava pra casa, tudo por conta da folia.
Decom/Sms – O senhor conheceu sua esposa numa dessas festas?
Firmiano – Não, o padrasto dela veio ser motorista do seu Caetano Costa sócio do seu Rocha. Ele era o motorista de luz. Depois que o Aluizio assumiu o Território e por ser muito amigo do seu Caetano Costa, abriu uma estrada de 2 de Novembro para Angustura, colocou motor de luz cujo motorista era o padastro da minha mulher, colocou telégrafo. Tinha a lancha do Machado que era a Ita e a Sargica que vinha até 2 de Novembro, eram duas viagens por mês. O Aluizio Ferreira foi muito bom pra essa região de Tabajara. Ainda tinha a Seregipa um núcleo muito bem arrumada que tinha até prefeitura, foi administrado pelo tenente Fernando. Tudo hoje pertence ao município de Machadinho D’Oeste.
Decom/Sms – Para encerrar essa nossa conversa, gostaria que o senhor deixasse sua mensagem para a juventude de Machadinho. Pode ser?
Firmiano – Eles tem que observar a conservação da vida, tem que ser pessoas honestas, seguir algum regulamento de alimentação, ser educado, respeitar os mais velhos. Desejo a toda essa mocidade, muita saúde, paz e amor e que Deus tome conta de seus corações para não criarem aquela onde de ódio. Esses são meus votos a juventude machadinense e ao povo de modo geral. Viva Machadinho D’Oeste pelos seus 28 anos como município. Parabéns!
Texto de Silvio M. Santos
Fotografia – Robson Paiva
Fonte Decom
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