Segunda-feira, 7 de abril de 2008 - 06h16
É necessário que nós que acompanhamos, de uma maneira ou de outra, a evolução da cidade de Porto Velho, passemos a população, principalmente aos mais jovens, os momentos que contribuíram para que a cidade chegasse ao que é nos dias de hoje.
Aproveitando o gancho oferecido pela prefeitura, através da reforma do Mercado Municipal e reforma do Mercado Central, vamos lembrar o tempo que os produtos hortifrutigranjeiros, e agrícolas que abasteciam os mercados e as feiras livres de Porto Velho, eram produzidos ao longo da linha férrea da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e por produtores residentes à beira do Rio Madeira que eram chamados de “Beradeiros”, principalmente os que viviam entre Porto Velho e São Carlos do Jamari.
Para chegarmos ao que queremos passar aos nossos leitores, é necessários falar sobre as feiras livres daquele tempo, ou seja, os locais onde essas feiras eram montadas.
Quando minha família se mudou de vez para Porto Velho em 1951, a feira livre era montada em frente ao Mercado Municipal no local onde hoje existe a Praça Getúlio Vargas. Em 1952, com a entrada em funcionamento do Palácio Presidente Vargas, a feira foi para a Rua do Coqueiro (hoje Euclides da Cunha), no perímetro que ia da Avenida Sete de Setembro e a hoje João Alfredo (naquele tempo era a Baixa da União), e entre a Sede do Clube Internacional (hoje Clube do Ferroviário) e o prédio onde ficava a Usina de Luz do SAALFT (Serviço de Abastecimento de Água e Luz do Território). Entre 1957 e 1958 foi construída a Feira Modelo que, após o incêndio do Mercado Municipal, foi transformada em “Mercado Central”, que na semana passada foi fechado para reforma.
Justamente durante a existência da “Feira Modelo”, foi que os serviços prestados pela Estrada de Ferro Madeira Mamoré através do “Trem da Feira” e Serviço de Navegação do Madeira – SNM, com a “Lancha do Beiradão”, ficaram mais conhecidos pela população de Porto Velho.
E como funcionavam esses serviços? Para responder essa pergunta vamos detalhar os funcionamentos do “Trem da Feira” e da “Lancha do Beiradão”.
O Trem da Feira
Através do decreto lei 20.200 de 10 de julho de 1931 governo brasileiro assumiu a administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e nomeou o capitão Aluízio Pinheiro Ferreira como administrador. Somente após passar a ser administrada pelo governo brasileiro, a Madeira Mamoré passou a exercer sua função social na região e uma delas, foi a implantação das primeiras colônias agrícolas ao longo de sua linha férrea. “Sob esse ponto de vista, o conceito de sua nacionalização torna-se mais amplo, politicamente falando, na medida em que suas ações se estenderam a toda região e à própria fronteira Oeste do País”, Francisco Matias à página 79 da obra “Pioneiros”.
Com as colônias agrícolas implantadas ao longo da estrada de ferro, era preciso criar um mecanismo para os agricultores escoarem suas produções. Foi então que administração da Madeira Mamoré criou “O Trem da Feira”. O comboio saia da estação de Porto Velho na madrugada de quarta para quinta feira, com um carro de passageiro e três vagões de carga, rumo ao km-25 – Acampamento do Teotônio. Na ida o trem ia praticamente vazio. Após “beber” água na caixa d´água do 25 o comboio iniciava a viagem de volta, que era constituída de dezenas de paradas ao longo do percurso, paradas para embarcar a produção dos colonos. Milho verde, macaxeira, banana e principalmente farinha de mandioca (seca e d´água), um dos produtores de farinha que se destacava entre os demais era o colono Jorge Alagoa. A Farinha do Jorge Alagoa era esperada pela maioria da população de Porto Velho, principalmente a farinha seca. A última parada do trem da feira, antes de chegar a Porto Velho, era na Vila de Santo Antônio onde embarcavam principalmente a produção de milho verde (quando era verão), além de verduras. O Trem da Feira chegava de volta a Porto Velho, no final da manhã de quinta feita e sua estação, era nas proximidades da Avenida Farquar, o que facilitava o transporte da produção até a Feira Modelo, que ficava a uns 50 metros da parada.
A Lancha do Beiradão
O governo do Território Federal do Guaporé depois Rondônia, para atender a população do Baixo Madeira e da região dos Rio Machado e Jamari, criou o Serviço de Navegação do Madeira – SNM, Esse órgão era dotado de várias lanchas, batelões e até navio como era o caso do Navio João Elias que inclusive fazia viagens de Porto a Manaus.
Bom! A Lancha do Beiradão saía de Porto Velho rumo a São Carlos se não me engano, às quartas feiras, com passageiros e cargas e saía de São Carlos rumo a Porto Velho quinta feira chagando no Porto do SNM na manhã de sexta feira.
Do Baixo Madeira, a Lancha do Beiradão trazia vários produtos, principalmente os hortifrutigranjeiros, praticamente toda verduras e legumes consumidos em Porto Velho vinham na Lancha do Beiradão, porém os principais produtos eram as várias espécie de banana (banana branca, pacovã, comprida, baié, nanica e outras). Na Lancha do Beiradão os agricultores também traziam muita carne de caça como (naquele tempo era permitido), paca, anta, porco do mato e tantas outras além de peixe.
Outras produções que chegavam na “Lancha do Beiradão” era a de melancia de praia, isso quando era tempo de estiagem e o rio ficava seco (verão amazônico que vai de maio a setembro), feijão de praia; macaxeira e farinha d´água.
Cheiro verde, couve, alface, coentro, tomate além de frutas como laranja, goiaba, manga, murici, tucumã e muitas outras, embarcavam principalmente, do Belmonte e na Maravilha.
Como a Lancha do Beiradão atracava no Porto do SNM (que já foi ENARO), quem faturava bem eram os carroceiros e os carregadores de carrinho de mão, que pegavam o produto no Porto do SNM que ficava onde hoje funciona a Fazer e tinham que seguir até a Sete de Setembro de onde pegavam a Farquar para chegar a Feira Modelo.
A Feira Modelo (hoje Mercado Central) funcionava de quinta feira há sábado ao meio dia. Não existiam boxes fixos, os agricultores que o povo chamava de “beiradeiro”, independente, se moravam ao longo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré ou no baixo Madeira.
Estão me perguntando, o nome das lanchas que faziam a viagem pelo beiradão. Tinha a Ita, Angustura e o batelão Guaporé, já o Navio João Elias era usado nas viagens especiais, que chegavam até Manaus.
Uma vez por mês, tinha a “Lancha do Machado”, que passava por Calama e ia até a Cachoeira 2 de novembro no rio Machado.
Fonte: Sílvio M. Santos
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