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Gente de Opinião

Silvio Santos

REVEJA entrevista de Abelardo Castro Filho ao ZEKATRACA


 
Praias artificiais vão abrigar festivais em PVH


Com a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira, segundo dizem, as praias de Jacy Paraná e de Fortaleza do Abunã sairão do mapa de Porto Velho. Esse fato, está preocupando comerciantes, atletas, turistas e moradores dessas vilas. Por causa disso, temos sido procurado por muitas pessoas que questionam o que a Semes vai fazer para continuar promovendo os Festivais de Jacy Paraná e de Fortaleza do Abunã.

Ao sermos questionado por nossos leitores, sobre o desastre ecológico que está apenas começando em nosso estado, ficamos sem poder dar uma resposta convincente, principalmente sobre como nossa população será recompensada, por abrir mão das belezas naturais da nossa terra. Esse é o caso das praias de Jacy Paraná e Fortaleza do Abunã. Nessas praias, até este ano, aconteceram os famosos festivais de praia que durante três dias reúnem dezenas de turistas, em suas areias.

Para saber sobre, como a prefeitura e em especial a Secretaria Municipal de Esportes – Semes, vai promover esses eventos a partir de agora, fomos bater um papo com o secretário Abelardo Castro Filho.

Nossa conversa começou quarta feira (15), na fila de uma casa lotérica e terminou sexta feira em seu gabinete na sede da secretaria que fica à rua Quintino Bocaiúva.

Abelardo tem como meta, comandar com a anuência do prefeito Roberto Sobrinho uma campanha para que as empresas responsáveis pela construção das Usinas do Madeira se responsabilizem em criar praias artificiais nas localidades onde os festivais são realizados e até em frente às cidades de Porto Velho.

Abelardo aproveitou a entrevista para falar sobre as ações que estão sendo desenvolvidas pela sua secretaria e as que ainda estão no papel, como é caso da construção do Estádio Municipal de Futebol. "Estamos apenas aguardando a definição da área pela Semur para cairmos em campo em busca dos recursos em Brasília".

Para não ficar apenas na questão da secretaria, nosso entrevistado lembra de como foi criado o Clube do Botafogo de Porto Velho além de lembrar a rivalidade existente entre Guaporé X Acre. "Quando a gente não ganhava dos acreanos no futebol, tínhamos que ganhar na porrada".

REVEJA entrevista de Abelardo Castro Filho ao ZEKATRACA - Gente de OpiniãoVamos a entrevista com o Secretário Municipal de Esportes e Lazer de Porto Velho Abelardo Castro Filho o Bezó



E N T R E V I S T A


Zk – O assunto do momento são as usinas do Madeira e com isso, muitos leitores da nossa coluna, nos questionam através de e-mail se os festivais de praia, coordenados pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer vão continuar. O senhor pode responder esse questionamento?

Abelardo Castro – Foi uma idéia do prefeito Roberto Sobrinho criar os festivais de praia que pegou bem. Cada ano que passa, o festival de praia cresce mais. Eu tenho dito que a nossa Porto Velho tem as belezas naturais superiores as belezas naturais do Amazonas, às vezes, comparando, não vejo lá em Manaus eles terem um lago do Cuniã, que é uma beleza natural fora de série. Quem conhece o lago do Cuniã não deixa de querer voltar.


Zk – E o que está faltando para superarmos o Amazonas na questão de atrairmos os turistas para nossa cidade?

Abelardo Castro – Nós não temos é infra-estrutura. Nós não temos ainda um empresariado que volte seus olhos para o turismo e por isso, não pensam em fazer do turismo uma indústria para ganhar dinheiro.


Zk – Uma idéia de investimento nesse sentido?

Abelardo Castro – Se alguém fizesse uma pousada no lago do Cuniã, com barcos pro cara pescar e ver a natureza de perto, aquele mundo de jacarés, cobras sucuris. Aquela maravilha encantadora que tem lá seria uma grande atração. No entanto, ninguém olha. Outra coisa!


Zk – Que coisa?

Abelardo Castro – Fortaleza do Abunã. Aquilo lá é um sonho. Um sonho cercado de pedras, o tombo da cachoeira, a mata verde a água límpida e nós não valorizamos tanto. Quando é inverno que o rio sobe, aí todo mundo abandona, só vai lá no verão. Ninguém ainda se voltou pra fazer os hotéis, visando o inverno na época do peixe. O rio Abunã tem vários afluentes piscosos. Com certeza, ali daria certo um campeonato de pesca.


Zk – Porém, o que se ouve pelos quatro cantos, é que com a construção das usinas do Madeira tudo isso vai ficar debaixo d'água e aí?

Abelardo Castro – Olha! Estive conversando com o senador da república Valdir Raupp e com a senadora Fátima Cleide ela que é rondoniense, e também com o deputado federal Eduardo Valverde e pedi pra que eles montassem um grande grupo, no Congresso Nacional, para defender a nossa natureza, principalmente no que diz respeito às praias.


Zk – O que esse grupo vai poder fazer pela manutenção dos festivais de praia?

Abelardo Castro – Quando eu era menino e morava no Rio de Janeiro, ali no Flamengo, o mar beirava a avenida por onde o bonde passava. O homem afastou o mar lá para quilômetros de distância, com aquele aterro, que é o famoso Aterro do Flamengo. Hoje, onde era mar é avenida. Muito mais fácil será para nós aqui, fazermos as praias, puxar a areia do fundo do rio e montar quilômetros e quilômetros de praia e então deixaremos de ter praia somente no verão e passaremos a contar, com as praias no verão e no inverno, aí surgiria à grande atração turística. Hotéis pousadas, marines onde estacionam os barcos.


Zk – Isso quer dizer que passaríamos a contar com muito mais praias em condições de receber os turistas?

Abelardo Castro – Exatamente meu querido! Você já imaginou! Todo vez que olho a praia do lado de lá do Madeira, tenho vontade de no domingo, cruzar pra lá pra ficar na praia. Uma praia dessas poderíamos fazer, do lado de cá do rio, na altura onde ficam os mirantes e fazer também uma avenida beira rio.


Zk – É realmente viável essa idéia?

Abelardo Castro – Já pedi socorro à classe política do nosso estado. Já pedi o empenho do nosso prefeito Roberto Sobrinho que agora ganhou esmagadoramente e provou que tem grande prestígio junto à população de Porto Velho, muita força política pra ser ouvido, respeitado e atendido. Vamos criar uma batalha muito grande para criarmos nossas praias no Jacy, Abunã e aqui no baixo Madeira em frente as nossas cidades principais. São Carlos, em frente a Porto Velho e Calama. Já imaginaram a volta que daríamos e o benefício que essas hidrelétricas trariam para o nosso turismo, nos dando essas praias. Esse é meu sonho, essa é minha luta. Vou lutar com todas as forças do meu coração, vou pedir empenho dos nossos políticos, vou colar no prefeito pra gente travar essa batalha, para que as hidrelétricas nos devolvam as praias no local que planejarmos, já com vistas a uma grande atração turística.


Zk - Já que falamos. Como está a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer?

Abelardo Castro – Vamos inaugurar no dia 25 deste mês o Skate Park ali na Caula com a Guaporé. Ali vai ser uma grande atração. Nesse dia vamos montar a Rua de Lazer, vamos promover um tornei de futebol entre as nossas escolinhas de futebol.


Zk – Quantas escolinhas de futebol existem sob a coordenação da sua equipe?

Abelardo Castro – Temos 17 escolinhas de futebol funcionando, visando descobrir nossos atletas mirins com vistas ao futuro. Estamos criando aí a infra-estrutura do futebol rondoniense. Já temos garotos verdadeiros craques da pelota. Vamos realizar um torneio interbairros entre nossas escolinhas mirins, pra ver se a gente sacode o Ferroviário, o seu Ypiranga, o seu Moto Clube, pra trazerem de volta o futebol pra nossa capital.


Zk – Por falar em futebol. Você foi um dos fundadores do Botafogo de Porto Velho. Como foi que começou essa história de fundador de clube de futebol?

Abelardo Castro – Eu era uma criança, quando meu pai comprou pra mim, o primeiro jogo de camisa e a primeira bola e nós fundamos o Botafogo. Aí o pessoal disse como o Abelardo tá dando o jogo de camisa, vai ser o presidente do clube.


Zk – Era o tempo de quem era dono da bola e no seu caso, das camisas, não podia ficar fora do time?

Abelardo Castro – No meu caso não foi assim não! Eu inteligentemente disse não! O presidente vai ser o nego Gildo.


Zk – Por que o nego Gildo?

Abelardo Castro – Porque ele era o porteiro do Cine Brasil e deixava os jogadores entrar de graça, por isso, todo mundo queria jogar no Botafogo. Naquela época o chique era assistir um filme no Cine Brasil.


Zk – Recentemente lançaram um livro dizendo que o José Camacho é o fundador do Botafogo de Porto Velho?

Abelardo Castro – Não! Não! O Camacho quando nós paramos com o futebol, que eu viajei daqui, isso quer dizer, que solicitamos à Federação nosso afastamento. Depois de certo tempo, o Zé Camacho veio querer formar um time de futebol, aí o Zé de Góes que era contador do Camacho e era contador da firma do meu pai e eu o trouxe para também ser um dos diretores do Botafogo, chamou o Camacho e disse: "Por que você não pega o Botafogo que é federado e reativa o clube?" O Camacho foi reativou o Botafogo.


Zk – Voltando para a secretaria. Porto Velho não conta com um estádio municipal para a prática de futebol. Tem algum projeto a esse respeito?

Abelardo Castro – Essa é a maior batalha que estamos travando agora. Pedi pra senadora Fátima Cleide, pro deputado Eduardo Valverde e também me peguei com o senador Valdir Raupp que é o líder do governo no senado e hoje é cobrão lá de Brasília e ele me disse que vai me ajudar a conseguir os recursos para levantarmos nosso estádio municipal de futebol.


Zk – O que está faltando para esse projeto deslanchar?

Abelardo Castro – Ta tudo paralisado ainda, porque não está determinada a área, mas o prefeito Roberto Sobrinho já determinou que se buscasse uma área urgentemente para que se crie o estádio municipal de futebol. Tão logo a secretária da Semur Fernanda Kopanakis determine uma área para a construção do nosso estádio a gente vai dar inicio a construção, é claro que com a anuência do prefeito Roberto Sobrinho.


Zk – Já existe o projeto arquitetônico?

Abelardo Castro – Pedi a colaboração do Abelardinho meu filho que é engenheiro civil e trabalha em alto CAD e ele está desenvolvendo o projeto do nosso estádio. É só sair à doação da área, nós vamos a Brasília lutar para trazer os recursos para a construção do nosso estádio municipal na gestão do prefeito Roberto Sobrinho.


Zk – Agora vamos falar um pouco de política. Sendo você um dos fundadores do PMDB em Rondônia. Como analisa a atuação do seu partido nas últimas eleições?

Abelardo Castro – O próprio senador Valdir Raupp já declarou que o PMDB saiu vitorioso no interior, fez o maior número de prefeitos e coligado, ajudou a vencer em Porto Velho. A coligação do PMDB com o PT em Porto Velho foi quem praticamente decidiu a vitória no 1º turno. Você já imaginou se o PMDB tivesse saído com candidatura própria! Não teria acontecido a votação necessária para uma vitória no 1º turno. O PMDB ajudou muito, seja com o horário na televisão; ajudou quando deixou de lançar candidato e ainda colocou o vice, um garoto da terra o Emerson Castro, aqui nascido, aqui criado com grandes possibilidades de se tornar um grande líder.


Zk – Agora vamos conversar com o filho de pioneiro desta terra. Porto Velho está vivendo um momento de transformação e em conseqüência disso, vemos nosso patrimônio histórico sendo deixado de lado. Inclusive muitas pessoas têm criticado a pintura do palácio Presidente Vargas que deixou ser rosado para ser azul e branco. Por outro lado o Mercado Público Municipal está sendo revitalizado pela prefeitura, mas, algumas pessoas estão criticando a reforma. Você como porto-velhense como analisa essas mudanças?

Abelardo Castro – Na verdade a nossa Porto Velho conta com uma desvantagem. Muita gente não é daqui, então, não tem aquele compromisso com a nossa história. Essa é a grande vantagem do Acre, por exemplo: senador acreano; governador acreano; aí você chega no Acre e vê o Acre administrado por acreanos, então o Acre tem uma grande vantagem sobre Rondônia, não recebeu esse movimento migratório muito grande. Quer ver uma coisa? Vai lá na Assembléia Legislativa de Rondônia e você vai ver que os grandes políticos são todos de fora, não tem rondoniense. Você vai no Amazonas tudo é amazonense; você vai no Pará tudo é paraense. E o bairrismo entre paraense e amazonense, é a coisa mais linda e espetacular que existe. Só para você ter uma idéia, a pior cerveja que existe no Brasil é a Cerpa, mas, o paraense quando senta pra tomar uma cerveja já diz logo, 'me dá uma 'Celpa', Só bebe Cerpa!


Zk – Quando isso aqui era território do Guaporé existia uma grande rivalidade entre acreano e guaporeenses. É verdade?

Abelardo Castro – O coronel Aluizio Ferreira pegou um apego muito grande por essa terra, porque na verdade, foi ele quem fez tudo. Ele lutou pela nacionalização da Madeira Mamoré e foi seu primeiro Diretor; ele foi o primeiro governador nomeado para governar o Território Federal do Guaporé; ele foi eleito o primeiro deputado federal do Território Federal do Guaporé. No dia 13 de setembro do ano de 1943 através daquele decreto 5.812 que criou o Território Federal do Guaporé assinado pelo então presidente Getúlio Dorneles Vargas, quando Aluizio chegou a Porto Velho vindo do Distrito Federal que era no Rio de Janeiro, disse em seu discurso: "Agora não existe mais os paraenses, nem os amazonenses, tão pouco os nordestinos. O que existe agora é o guaporeense. Vocês criaram o Território Federal do Guaporé. Vocês são guaporeenses". Isso foi uma motivação muito grande, que todos nós que aqui estávamos quando foi criado o Território Federal do Guaporé, todo mundo tinha o mesmo orgulho em dizer que era guaporeense, quando o Acre vinha jogar aqui, se a gente não ganhasse na bola, tinha que ganhar na porrada. Nós não aceitávamos perder pro Acre e nem pro Amazonas.


Zk – Tem alguma história sobre essas rivalidades?

Abelardo Castro – Lembro que quando era garoto, o Amazonas veio jogar aqui, era o campeonato brasileiro de seleções e nós perdemos pra eles por 2 X 1. Lá nós ganhamos de 1X 0 aí foi pra prorrogação e na prorrogação o Alfredo Maia foi atrasar uma bola e o Paulo Nete da seleção amazonense veio e marcou o gol da vitória deles. O grande feito foi termos vencido no tempo regulamentar lá dentro de Manaus. O Acre levava pau da gente aqui e lá em Rio Branco.


Zk – Dizem que o pau quebrava literalmente quando Acre e Guaporé se enfrentavam, é verdade?

Abelardo Castro – Era uma verdadeira batalha quando a gente ia jogara lá. Lembro que certa vez acertaram um osso na cabeça do Nélio Guimarães. Tudo porque lá em Rio Branco, os acreanos não aceitavam perder pros guaporeenses. O apego pela nossa terra foi ficando para trás com o advento da BR, o Brasil inteiro invadiu nosso Território Federal e hoje nosso Estado de Rondônia e nossa cidade. Hoje somos a minoria dentro do nosso ninho. O amor a Rondônia só vai nascer pra valer, com o nascimento dos filhos dos migrantes que estão hoje ocupando a nossa capital.


Zk – Para encerrar. Dentro da coligação PT/PMDB existe uma acordo na distribuição das secretarias. Quais as secretarias que serão administradas pelo PMDB na próxima legislatura do prefeito Roberto Sobrinho?

Abelardo Castro – Pelo que me consta o senador Valdir Raupp que é o presidente do Diretório Estadual do PMDB e hoje é o maior líder do partido e pela conversação que tivemos com o grupo do PMDB nós vamos ficar com o Esporte, Meio Ambiente, Saúde e a Emdur. Porém, quem vai decidir isso, é a cúpula do partido com o prefeito, não cabe a mim falar sobre esse assunto.


Zk – Sendo assim o Abelardo continua secretário de Esportes e Lazer?

Abelardo Castro – Se essa secretaria é do PMDB eu não sei se o PMDB vai concordar com a minha permanência. Eu sou um soldado do partido e vou para onde o partido determinar.

Fonte: Sílvio Santos

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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