Domingo, 13 de novembro de 2016 - 07h53
No próximo dia 2 de dezembro, o governo do estado de Rondônia através da Sejucel, abre no Museu da Memória que funciona no Palácio Presidente Vargas em Porto Velho, a exposição da artista plástica Rita Queiroz “Escamação Celular”. Durante a solenidade Rita Queiroz vai oficializar a doação do seu acervo, composto pela coleção em epigrafe, além de publicações em jornais, livros, panfletos, banners e convites sobre sua história de vida, não apenas como artista plástica, mas, da sua luta junto aos órgãos competentes pelo reconhecimento da arte, da cultura e dos costumes do nosso povo. “Em especial o povo ribeirinho do baixo Madeira”.
Rita Queiroz nasceu no seringal Santa Catarina localizado no baixo rio Madeira entre as localidades de Nazaré e Calama no dia 2 de dezembro de 1936.
E N T R E V I S T A
Zk – Você esta doando seu acervo ao governo de Rondônia. O que levou você a tomar essa decisão?
Rita Queiroz – Esses anos todos que a gente trabalhou, lutou etc., vimos que houve uma mudança em determinados momentos que a gente não conseguiu chegar até lá. Vimos uma perda enorme dos nossos costumes da nossa cultura e por ai vai. Como fiz esse trabalho numa época que eu já estava muito desgastada, um projeto na beira do rio. E chegando la no beradão, vi que lá foi que se perdeu realmente a nossa cultura. Então tive a idéia após uma queda de rede de realizar esse trabalho que é muito pessoal, pois utilizei roupas minhas, lençol velho entre outras peças, é realmente o resgate do nosso passado, dos nossos ancestrais e então ao completar o trabalho levei para expor alcançando sucesso muito grande inclusive fora de Rondônia.
Zk – Como é o nome do trabalho?
Rita Queiroz – O nome de toda a exposição é “Andando pelas picadas”, agora, essa coleção chama-se “Descamação Celular”. Quando terminei de pintar a coleção, procurei saber com meu neto Ilan que é médico, sobre como se chama uma coisa que sai do seu próprio corpo, do seu íntimo e ele respondeu “Escamação celular vovó”. Depois disso agreguei à coleção o Boi de Caixa.
Zk – O que você realmente quer transmitir através dessa coleção?
Rita Queiroz – Minha idéia é justamente mostrar a nova geração, como era ou como foi o nosso passado então, isso não interessava mais eu doar pras minhas filhas e filhos ou fazer mais exposição, fiz pensando em deixar para servir de estudo, de pesquisa, só que não pensava que jamais teria que sair daqui e tive que ir embora por problemas de saúde, além disso, minha idade já não permite que trabalhe tanto com tinta. Por isso procurei o governo e fiz a proposta da doação o que depois de muita burocracia esta se concretizando agora.
Zk – Falando em idade. Você está com quantos anos?
Rita Queiroz – No próximo dia 2 de dezembro, vou completar 80 anos e justamente nessa data, o superintendente da Sejucel Rodnei Paes marcou para fazer a abertura oficial da exposição aqui no Palácio da Memória e na oportunidade, será assinado o documento de doação desse trabalho ao governo do estado de Rondônia.
Zk – A doação contara apenas com a coleção Escamação Celular?
Rita Queiroz – Não, estou doando uma história de quarenta anos trabalhando pela arte e a cultura do nosso estado. Essa história esta registrada em papel. São reportagens, medalhas que ganhei, guardei até ofícios pedindo as coisas e recebendo os não. Os convites que são todos ilustrados com obras minhas que serão transformados em livros, que ficarão na canoa a disposição dos pesquisadores. Minha preocupação na realidade, é deixar um acervo onde as pessoas possam ter acesso através de pesquisas nos livros, no site www.ritaqueiroz.com.br e outros meios.
Zk – É verdade que você conseguiu que os deputados aprovassem uma lei criando o Espaço Rita Queiroz no Palácio da Memória?
Rita Queiroz – Fui lá na Comissão de Educação e Cultura da Assembléia fiz o pedido e eles aprovaram graças a Deus. Acontece que aqui em Rondônia, ao mesmo tempo, que se cria uma coisa, se acaba. Enquanto ta aquele governo ta tudo bem, quando muda deixam o que foi criado antes para trás e até esquecem, por isso pedi e fui atendida pelos deputados estaduais, a quem agradeço de coração.
Zk – E agora?
Rita Queiroz – Agora espero que principalmente a juventude, os estudantes saibam aproveitar esse acervo em seus estudos. Espero estar contribuindo com a educação e a cultura do nosso estado doando essa coleção e o acervo da minha história escrita para a população do nosso estado e dos turistas que visitarem o Museu. Agradeço o governo por ter aceitado minha doação. Agradeço também minhas filhas, meus netos e bisnetos e meus amigos que vieram me ajudar a registrar tudo que tenho para poder doar pro governo. Agradeço de coração a imprensa que sempre me ajudou e empurrou nessa minha luta de quarenta anos.
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