Segunda-feira, 12 de agosto de 2013 - 21h49
SESC: Cultura dos tambores e a arte do som da beira
O Projeto Sonora Brasil Sesc – 2013, que está acontecendo na unidade Sesc Esplanada em Porto Velho, proporcionou no final de semana, dois espetáculos que podemos considerar distintos. Enquanto o grupo Raízes do Bolão apresentou dois segmentos da cultura popular do estado do Amapá, ou seja, o Marabaixo e o Batuque, ambos praticados no quilombo de Curiaú nas cercanias da cidade de Macapá. Os músicos de Porto Velho Bia Lourenço apresentaram a arte de tirar som de objetos da floresta.
Os “Ladrões” (Música que caracteriza o Marabaixo) cujos versos descrevem situações diversas do dia-a-dia dos quilombolas, enquanto seus cantadores e cantadoras dançam um passo “miudinho”. “É que o Marabaixo vem do tempo da escravidão, por isso é dançado com passo curto, pois os negros tinham os calcanhares presos por correntes”, explica o mestre Bolão. Já o Batuque segundo Pedro Bolão: “É uma dança que surgiu após a libertação, por isso, é mais espalhada”. Independente da época, de cada ritmo e dança, ambos são a pura cultura popular de Macapá que na noite de sábado 10, deixou o público que compareceu ao Teatro 1 do Sesc Esplanada de Porto Velho, encantado com o Grupo Raízes do Bolão e teve até quem subisse ao palco para dançar com as senhoras do grupo do quilombo de Curiaú.
A arte do Sons da Beira
O Sonora Brasil 2013/2014 está circulando pelas regiões Centro-Oeste/Norte/Nordeste e Sul/Sudeste com dois temas: Tambores e Batuques e Edno Krieger e as Bienais da Música Brasileira Contemporânea. Este ano Rondônia está recebendo o Tambores e Batuques que é composto por quatro grupos: Raízes do Bolão (AP); Samba de Cacete da Vacaria (PA); Raízes de Tocos (BA) e Alabê Ôni (RS).
Em virtude de em Rondônia não existir nenhum grupo que pratique culturalmente, danças ao som de tambores tradicionais, aquelas que foram trazidas pelos negros oriundos da áfrica, o Sesc convidou os percussionista Bira Lourenço e Katatau Batera para apresentar o espetáculo “Sons da Beira”.
Porto Velho/RO pode até não contar como cultura, a prática de dançar ao som de tambores tradicionais, mas têm nos percussionistas Bira Lourenço e Katatau o que podemos classificar como a arte de buscar o som em qualquer objeto que esteja ao alcance de suas mãos, ou melhor, de seus corpos. O show “Sons da Beira” pode não ser classificado como cultura de nossa gente, mas, é um espetáculo dos mais perfeito em se falando de efeitos sonoros. “Os caras tiram som até da sombra da palheira” comentava em forma de elogio o contador de causos Antônio Roque. Perguntado quanto tempo levou pesquisando os sons que fazem parte do espetáculo, Bira Lourenço foi enfático; “Olha, dizer mesmo quanto tempo foi nem sei, só sei que vivo pensando nisso dia e noite”. Em suma, o espetáculo “Sons da Beira” precisa ser levado para o Brasil e o Mundo e só então vamos poder dizer com todo orgulho, “Essa é a cultura do beradeiro de Porto Velho - Rondônia”
O Projeto Sonora Brasil que em Porto Velho está sendo apresentado no Teatro 1 da unidade Sesc Esplanada.
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Apresenta na noite de hoje (13), o Grupo Raízes de Tocos que vem da Bahia – É o autentico Samba de Roda da Bahia que vai ser apresentado a partir das 20h30. Vamos lá cambada!
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Na matéria ao lado já escrevi a respeito do espetáculo “Sons da Beira” apresentado pelo Bira Lourenço e o Katatau.
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E digo que o show dos percussionistas de Porto Velho não pode ser considerado como Cultura.
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Sabem por que: Porque Porto Velho não tem nenhum evento que pode ser considerado cultura do seu povo. Acontece que o Projeto Sonora Brasil que está percorrendo os estados do Centro Oeste/Norte e Nordeste este ano, é voltado para cultura popular que utiliza tambores e batuques em suas apresentações. Por isso já assistimos os tambores do Marabaixo e do Batuque de Macapá (AP); O Samba de Cacete de Vacaria praticado na cidade de Cametá no estado do Pará.
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Enquanto isso o Rio Grande Sul comparece com o Alabê Ôni que é formado por pesquisadores da história do Tambor de Sopapo – o Grande Tambor. Podemos dizer que o grupo não representa a cultura popular do Rio Grande do Sul uma vez que se trata de um estudo que busca resgatar uma tradição de tempos atrás, portanto é instrumento de pesquisa e não de cultura popular.
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É aqui que chegamos onde queremos. Rondônia e no caso Porto Velho sua capital, não tem nenhum movimento musical que possa ser considerado cultura do seu povo, aquela que é oriunda de seus antepassados. Não temos tradição do segmento da dança, pois, as praticadas em nosso estado e capital, são todas importadas de outras regiões brasileiras.
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A exceção da regra em nosso caso, é a “Dança do Seringador” praticada apenas por algumas pessoas do distrito de Nazaré localidade do Baixo Rio Madeira. Pelo lado religioso o que podemos classificar como cultural do estado de Rondônia, é a Festa do Divino que é praticada no Vale do Guaporé.
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Culturalmente falando, não temos nenhum ritmo que possa ser classificado como tradição do povo de Rondônia.
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Por isso classificamos o espetáculo e aí é Espetáculo com letra Maiúscula, “Sons da Beira” apresentado pelos percussionistas Bira Lourenço e Katatau Batera como Espetáculo de Arte e não show cultural
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Agora como Arte Sonora, poucos no Brasil e no mundo, podem ser comparados ao “Sons da Beira”. Tenho certeza que o nome do espetáculo é uma idéia do Bira Lourenço e não poderia ser o mais adequado, afinal de contas, o som que eles nos transmitem, nos leva a pensar que realmente estamos à beira de um rio no meio da floresta amazônica.
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Ouvimos e sentimos nitidamente, a corredeira do rio, os trinados dos pássaros e em determinado momento nos chega aos ouvidos, o som da moto-serra que se confunde com a draga que suga o ouro do fundo do rio.
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Enquanto as lavadeiras metem o cacete para tirar o encardido da roupa, as balas (nos garimpos) são ouvidas nitidamente. “Menina olha o boto...Será que é boto cor de rosa ou boto tucuxi...” É não, é o caboclo remando sua canoa ao som do baticum do Binho.
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Não sei se estou exagerando, no meu entender não estou não. O Sons da Beira, é digno de um Naná Vasconcelos que com certeza, baixou nos percussionistas Bira Lourenço e Katatau. Valeu!
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