Sábado, 31 de março de 2012 - 11h30
Neste sábado dentro da programação musical da Feria “O Artesanato é Cem” que está acontecendo no galpão nº 2 da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, acontece o lançamento do CD Cariberana do músico, cantor e compositor Altemyr Pereira Almeida o Caribé.
Cantando sua música, sua terra, seu rio, e sua vida o músico e poeta Caribé ficou famoso no Baixo Rio Madeira como a mais viva expressão da cultura regional. Ele fala de amores, de Porto Velho, do rio, do caboco ribeirinho e sua labuta diária, da ameaça à floresta, de tudo que toca o coração. Cantando desde menino, aos 57 anos Caribé consegue afinal lançar seu primeiro CD, “Cariberana”, com um ritmo próprio, sua marca registrada, mistura de suça com coco, xaxado, e carimbo. Qual mingau do Norte de nome caribe à base de farinha d’água temperado com alho e pimenta do reino, a cariberana levanta qualquer pessoa e anima todo terreiro. Com os senhores a história do Caribé e da cariberana:
E N T R E V I S T A
Zk – Qual o nome de batismo?
Caribé – Altemyr Pereira Almeida – Rapaz, nasci foi dentro do Rio Araguaia não foi nas margens, foi dentro, na Praia do São João num lugar chamado Cachoeira de Santa Isabel entre Goiás e Pará sou Araguaiano.
Zk – Como foi que você veio parar em Rondônia?
Caribé – Na realidade meu destino era Roraima e aí na hora da saída aconteceu um fato que considerei como aviso, então resolvi vir para Porto Velho
Zk – Que fato foi esse?
Caribé – Tenho um menino que hoje está fazendo faculdade de economia chama-se Altemir. A gente deu banho no menino e tinha um fogareiro que deixamos para embalar depois com a intenção de fazer uma farofa pra comer no barco. Aí o menino caiu justamente em cima daquele fogareiro, eu disse, isso é um aviso pra gente não ir pra Roraima não, como já estávamos com a viagem arrumada eu disse, vamos pra Porto Velho.
Zk – Chegando aqui foi morar aonde?
Caribé – Na época paguei Hum Milhão e Trezentos Mil Cruzeiros e dei prum cara vir aqui e ele alugou uma casa na rua Uruguai. Cheguei aqui no dia 31 de dezembro de 1985. Passamos o Natal dentro do navio chamado Aiapoá chegando em Manaus. De Manaus até Manicoré foi no barco Capitão Sergio e de Manicoré pra cá no 2 de Junho. Foram 12 dias de barco de Itaituba a Porto Velho.
Zk – Já em Porto Velho você trabalhou em que?
Caribé – Fui trabalhar como garimpeiro de cassiterita lá no Campo Novo onde fui muito feliz, foi garimpo manual na base da picareta e do bico jato. Lá encontrei um rapaz chamado Natanael Rodrigues Sobrinho o Natan e juntos montamos em Porto Velho uma pequena empresa de pintura de casa a Tucano, Pegamos uns serviços da Jaú e o negócio até que ia bem, daqui a pouco, a coisa engriguilhou e a empresa faliu e então voltamos pro garimpo. A gente era tão honesto que falimos!
Zk – Agora vamos falar do músico. Quando foi que você descobriu que levava jeito para a música?
Caribé – Quando estava com dez anos de idade, fui pra cidade de Carolina no Maranhão e aí o camarada que fui pra casa dele tocava violão era o Mestre João Batista, então ficamos morando na cidade, na Praça Alípio Carvalho na escola Luiz de Matos que pertence a uma religião espírita. Achei muito bonito aquele negócio de tocar violão. Um dia cheguei em casa e ele tinha comprado um violão pra mim. “Quero ver você tocando”. Tinha uma música do José Augusto e então aprendi a fazer o solo de introdução, foi assim, nunca fiz escola de violão. Tinha um cantor chamado Rodrigues que gravou a música “Te Amo Demais” estávamos sentado tocando quando eu comecei a tocar a música ele disse: “A nota ta errada” e então me ensinou, foi assim que fui aprendendo a tocar violão.
Zk – E o compositor quando surgiu?
Caribé – Você não faz música, ela vem. Sempre fui apaixonado pelo seringueiro, balateiro o homem do mato e eu quis homenagear essa galera cantando. Minha primeira composição aconteceu em 1972. “Tudo que você me falava/Era mentira meu bem/Tudo que você me contava/Era mentira também” era no tempo da Jovem Guarda e então o ritmo dela é o Iê Iê Iê.
Zk – No encarte do disco você fala a respeito de um ritmo chamado Suça de onde vem esse ritmo?
Caribé – Suça é uma dança cujo ritmo é feito com os pés. Isso tem muito a ver comigo, quando eu tinha cinco anos de idade, fui pruma suça e lá tinha quatro cabras cantando; “É se morrer não vejo mais aquela linda feição...”
Zk – E esse negócio de corda de violino de bambu?
Caribé – Não é de bambu não, é de tala de buriti a gente fazia corda de violino de tala de buriti assim como se faz de rabo de cavalo e funciona, é lindo. Um cara com um tambor e o outro batendo com pés no chão é a suça é como se fosse uma “catira”.
Zk – E a Cariberana nome do CD de onde vem?
Caribé – Cariberana. A palavra Rana quer dizer imitação. Veja, jenipapo original jenipaparana; Itauba – Itaubarana o genro casou o que não casou é genrurana, sabia disso! Caribé! Eu não sou o Caribé sou o Cariberana.
Zk – Como foi que você adotou o apelido Caribé?
Caribé – Foi do Brandão Filho do Programa Viva o Gordo do Jô Soares em 1978. Tinha um quadro que o Jô fazia um rapaz que tinha um filho e esse namorava uma menina pobre e uma rica. A rica queria ele, mas ele só queria a Mariazinha que era pobre e o Brandão Filho era o Caribé. O diálogo entre os dois era assim: - Mas compadre não é que essa noite a Jakeline deu um cheque de mil dólares e ele rasgou! Aí o Caribé disse: - Mas compadre o amor é cego – Qualé Caribé, aqui em casa ele tem que enxergar.
Zk – Aqui na Amazônia Caribé é uma comida. Você já comeu caribé?
Caribé – Caribé é um mingau de farinha chamado também de Caldo da Caridade que é preparado com alho, pimenta do reino e farinha d’água, que levanta qualquer defunto. Outro dia fui numa festa acolá onde só se dançava se a música fosse do Caribé.
Zk – Qual o teu lance com o beradão?
Caribé – Olha! Beradeiro do Tocantins ao Juruá é farinha do mesmo saco. Você achar que o cara nasceu no Juruá ou no Araguaia ele não é comedor de farinha de puba com peixe ta enganado, porque é. É farinha d’água que é farinha de puba, peixe assado, tracajá ou ovo de tracajá é a mesma coisa. A característica do beradeiro só muda na bacia do São Francisco. Olha, eu ia subindo o Purus numa voadeira.
Zk – De voadeira?
Caribé – Fui daqui pra Lábrea de voadeira, entrei no 72 varei no Mucuim, desci, varei no Purus e subi e passava naquelas vilas e posso dizer, cachaça, chifre, farinha d’água e peixe é da largura da boca.
Zk – Esse negócio de chifre é comum no beradão?:
Caribé – Rapaz a mulher que menos bota chifre no marido é a beradeira e a que mais bota é a carioca.
Zk – Você é de quando?
Caribé – Nasci no dia 18 de maio de 1954. Tô com 57 anos de idade e uma produção de 312 composições musicais.
Zk – Como foi que surgiu a idéia de gravar o CD que vai ser lançado neste sábado dia 31 na Praça da Madeira Mamoré as 19h00?
Caribé – Foi uma idéia dó Raimundo Nonato Garcia que é casado com a tua prima Ilza. A gente tava terminando de cobrir o barracão do banho Muriru e eu disse vou fazer uma música aqui e ele disse, rapaz o Silvio Santos fez a música das Malvinas. Pois eu vou fazer a do Muriru. Peguei o violão e cantei;”Mais se você veio pra Porto Velho nos visitar vindo lá do sul/Foi tomar banho no Rio Madeira a água é barrenta/Vou dizer pra tu...” Aí ele disse, vamos gravar um disco? Só que deu zebra no negócio dele e o disco não saiu. Como eu já estava com as músicas prontas resolvi gravar.
Zk – Quem patrocinou o CD?
Caribé – Pêra aí que to por minha conta ainda. Fizemos um show em São Carlos e a Cariberana foi sucesso. A Renatinha me chamou e disse, ajeita as músicas que vou patrocinar a gravação, ela é diretora da Amazônia Brasil e dirige o programa Ecos do Madeira.
Zk – Além disso quem mais patrocinou a gravação?
Caribé – Ninguém
Zk – Na realidade quanto custou à produção do Cariberana?
Caribé – Não sei bem os valores não, mas posso garantir que passou dos R$ 30 Mil é claro que esse dinheiro não foi todo para o disco, tem toda uma logística da Amazônia Brasil mas, é muito dinheiro.
Zk – É você e quem no disco?
Caribé – Tem o Túlio (Sanfona e Teclados), Tino Alves (Percussão), Silvia Helena (Beck Vocal), Jairo Silva (Baixo) e Teimar (Teclado).
Zk – E o Lançamento?
Caribé – Vai ser dentro da programação da Feira “O Artesanato é Cem”, que está acontecendo no galpão nº. 2 da Madeira Mamoré na noite deste sábado a partir das 19h00. Espero que as pessoas prestigiem, Vai ter também o lançamento do CD do Minhas Raízes - “Saga Beradeira”.
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