Sábado, 28 de março de 2020 - 23h56
No último dia 1º de março, minha primeira composição musical, a marchinha de carnaval “A Chuva Quando Cai”, completou 60 anos.
Naquele tempo, morávamos na rua Farquar em frente à Feira Modelo (hoje Mercado Central), onde minha mãe dona Inez Macedo dos Santos mantinha uma “Pensão” (restaurante), e um Boteco no qual vendíamos cereais e muita PINGA.
Em virtude disso, nossa casa era muito frequentada, por trabalhadores da Estrada de Ferro, Ribeirinhos e funcionários do Território Federal. Entre esses frequentadores, citamos o Guarda da EFMM Miguel, e os carpinteiros do Território José Cardoso e Jia os três, fundadores da escola de samba “O Triângulo Não Morreu”.
Por outro lado, meu irmão Bianor, aprendia tocar violão com o violonista conhecido como Capote considerado um dos melhores à época. As aulas de violão aconteciam sempre a “Boca da Noite” e eu ficava apreciando Capote dedilhando valsas de Dilermando Reis como “Gotas de Lágrimas”, e “Abismo de Rosas” entre outras. Bianor para aprimorar seus conhecimentos ao violão, sempre nos reunia (eu e minha irmã Berenice o meu irmão Francisco) em volta da mesa de jantar, para ficarmos cantando os sucessos do momento, enquanto ele acompanhava ao violão. Vale salientar, que o Bianor já trabalhava como locutor, na rádio difusora do Guaporé. Bom, esse meu envolvimento com todo esse pessoal da escola de samba do Triângulo, e o violonista Capote entre outros boêmios foi despertando em mim, o amor pela música. Apesar de nunca ter aprendido a tocar qualquer instrumento de harmonia, como violão e cavaquinho, me arriscava em fazer paródias de músicas de sucesso da época.
Outro detalhe: Eu já trabalhava como office boy no jornal Alto Madeira onde os citados fundadores da escola de samba do Triângulo também frequentavam, já que o principal idealizador da escola do ‘Morro’, era o tipógrafo Paulo Machado ali também trabalhava meu irmão Antônio Joaquim dos Santos. Quer dizer, já estava entrosado com a turma do samba e da boemia de Porto Velho.
COMO NASCEU A MARCHINHA
Naquele tempo, os desfiles carnavalescos aconteciam domingo e terça feira de carnaval e os blocos desfilavam na avenida Presidente Dutra. A concentração era entre a Carlos Gomes e a D. Pedro II, na “cabeça” da Ladeira do Porto Velho Hotel. O Palanque oficial geralmente era montado entre o prédio do Banco do Brasil (hoje restaurante do Sesc) e a Pensão do Napoleão (hoje uma galeria com várias lojas) e a Associação Comercial.
Aquele desfile marcou a estreia da escola de Samba Diplomatas que havia adotado esse nome em troca do nome “Prova de Fogo” com o qual desfilou em 1959.
A Presidente Dutra, desde o Porto Velho Hotel até a Praça Rondon estava literalmente lotada. Naquele tempo as grandes atrações eram os blocos dos clubes sociais Ypiranga, Bancrévea (os mais esperados), Guaporé, Danúbio Azul e Imperial.
Lembro que naquele carnaval, o Reio Momo foi o seu Emil Gorayeb.
FAMILIA ASSITE O DESFILE
Como morávamos ali pertinho, na Farquar, mamãe nos aprontou para todos irmos assistir os desfiles na Presidente Dutra e assim fomos, conseguimos um lugar bem ao lado do Palanque Oficial onde estava a Corte do Rei Momo. Eu não cabia em mim de tanta felicidade.
Os desfiles começaram com a apresentação do Bloco “Rei das Selva” do Valdemar Cachorro e os blocos dos foliões que se apresentavam individualmente concorrendo a prêmios de originalidade. A primeira grande agremiação a desfilar foi a Escola de Samba Os Diplomatas com o Bola Sete a frente com uma “Maromba”, pedindo passagem. Depois veio o Imperial, Guaporé e Danúbio Azul.
Quando o bloco do Ypiranga se aproximava do Palanque, arriou uma chuva torrencial e nós corremos para casa.
Todo molhado, ao chegar em casa, não sei como foi que aquilo aconteceu; lembrando que o Clube Ypiranga (de madeira), ficava logo acima da Ladeira da Farquar e lá estava acontecendo o Baile Infantil e de casa, a gente escutava a orquestra tocando.
Sentei e comecei a batucar na mesa de jantar cantando a marchinha, que depois coloquei o nome de “A Chuva Quando Cai”. Isso foi na terça feira de carnaval do ano de 1960.
A CHUVA QUANDO CAI
De: Silvio M. Santos
A chuva quando cai
Molha a fantasia
Deixa manchar
Que eu estou na folia.
O Momo Primeiro e Único
Já está na alegria
Eu pro clube pular
Em casa, quarta feira eu vou chegar.
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