Sábado, 11 de janeiro de 2020 - 11h43
PREPARATIVOS PARA O PRIMEIRO DESFILE
O mês de fevereiro foi totalmente dedicado ao primeiro desfile da Banda do Só Vai Quem Quer. A maioria dos que estavam naquela reunião do Chopão, se dedicou na divulgação do desfile que iria acontecer no dia 28. Além de Narciso, Emilzinho, Nenem, Jurandir, Silvio Santos, Claudio Carvalho; e Evamar Mesquita com Paulo Queiroz que apareciam de vez em quando, outros amigos passaram a comparecer aos finais de tarde no Chaveiro Gold procurando saber o que deveriam fazer para colaborar na organização.
Enquanto a turma se desdobrava para regularizar junto a prefeitura, o Desfile, Manelão me encarregou de entrar em contato com o Mestre Carlos Sifonte da Banda de Música da Guarda Territorial, no sentido de contratá-lo, para que ele montasse a “Banda” que iria tocar durante o 1º Desfile da Banda do Só Vai Quem Quer.
Fui até o Quartel da Guarda Territorial no bairro Arigolândia e conversei com o Carlos Sifonte que à época, era o Mestre da FURISOSA apelido da Banda de Música da Guarda Territorial. Marcamos uma reunião entre ele e o Manelão para discutir preço, para o final da tarde daquele dia o que aconteceu no Chaveiro Gold.
Tudo devidamente acertado, entre o Maestro e Manelão, partimos para os ensaios da Marchinha Hino composta por mim.
Entreguei ao Mestre uma FITA CASSETE que eu havia gravado com a letra e a melodia da marcha: “Chegou a Banda, a Banda, a Banda. A Banda do Vai Quem Quer; Nós não temos preconceito, Na brincadeira entra quem quiser” ... Isso quer dizer, que o primeiro arranjo da marchinha Hino é de autoria dos músicos da Banda de Música da Guarda Territorial.
Venda das Camisetas
Manelão encarregou as mulheres a tomarem conta da Venda das Camisetas: Ana Castro, Lika, Eliana e dona Julia (1ª esposa do Manelão que de vez em quando marcava presença). As CAMISETAS
(Na Banda, sempre chamamos de CAMISETA e não de Abada e tão pouco Camisa). O valor de cada Camiseta ficou estipulado em R$ 5 (CINCO REAIS). Foram colocadas a venda, apenas 500 (Quinhentas) CAMISETAS, que foram confeccionadas nas Cores Amarela e Preto com a arte de J. Pinto (Uma Tuba de onde saiam mulheres peladas).
Apesar da propaganda maciça e da novidade de se ter uma Banda pela primeira vez, desfilando no carnaval de Porto Velho, as vendas não corresponderam as expectativas e olha, que quem comparecesse vestindo a Camiseta da Banda no dia do desfile, teria direito a CERVEJA. Sem saber, a Banda foi o primeiro bloco carnavalesco a oferecer em Porto Velho, o sistema de OPEN BAR.
A respeito dessa história de servir cerveja, o empresário Mikael Esber em entrevista publicada no blog do Zekatraca conta o seguinte:
“Acontece que logo que vocês colocaram o nome na Banda, Manelão ainda relutava em colocar o bloco na rua, questionei por quê? Não tem dinheiro pra fazer, foi quando disse, eu dou a cerveja. No primeiro ano foram 100 caixas e no segundo 200 caixas. Vale salientar que eram caixas com 24 garrafas de 600 ml cada uma. No terceiro ano surgiu a caipirinha porque o dono da distribuidora da cachaça 51, deu 50 caixas de pinga e quem fazia a caipirinha era eu”.
ENSAIO
Manelão sugeriu ao Mestre Carlos Sifonte que todas as sextas feiras a partir das 18 horas, realizasse ensaio na calçada em frente ao Chaveiro Gold na Galeria do Ferroviário. Sifonte montou a “Banda da Banda” com praticamente todos os músicos que tocavam na Banda de Música da Guarda Territorial. Muitas vezes Manelão se estressava, porque sempre tinha um músico que chegava sem o instrumento e pedia dinheiro pra pagar táxi para ir em casa buscar, no fim dava tudo certo.
Não existia sistema de som nenhum e quem cantava era Eu, Bainha, Baba e o Torrado; era no gogó, o repertório era baseado nas marchinhas tradicionais do carnaval brasileiro, de Porto Velho, só existia a Marchinha Hino da Banda e assim a Banda do Só Vai Quem Quer foi ficando conhecida, todo mundo que passava pelo Chaveiro dava uma parada para assistir o ensaio e até tomar uma cerveja de graça
O DIA DO PRIMEIRO DESFILE
Sábado dia 28 de fevereiro de 1981, amanheceu chovendo, havíamos saído do Chaveiro Gold por volta da meia noite de sexta feira dia 27, naquela sexta não houve ensaio, foi apenas para dividir as equipes que iriam atuar no sábado.
Como sempre acontecia, tomei todas na noite de sexta e amanheci “chirrado”.
A HISTÓRIA DA FAIXA DO JULIO CARVALHO
Manelão conseguiu que o Artista Plástico Júlio Carvalho produzisse uma faixa com mais de DEZ METROS com a frase: “A BANDA SAÚDA O POVO DE PORTOVELHO E PEDE PASSAGEM”.
Eu cheguei ao Chaveiro como postei acima, “Truviscado”, a chuva não parava e quando entrei no Chaveiro, que estava apinhado de voluntários, trabalhando em prol do primeiro desfile, fui até a sala da oficina onde vi aquela FAIXA estendida no chão. Muito ‘doido’, pensei: Se essa faixa ficar aqui vão pisar nela e ‘esculhambar toda pintura’. Sabem o que fiz? ENROLEI a Faixa e levei até a mesa onde estava o Manelão comandando a “massa”. Quando o Gordo viu a FAIXA debaixo do meu braço, quase pula por cima da mesa para me esganar, puto da vida mandou eu colocar “a porra dessa Faixa aberta no chão, filho da puta”, eu pensando que estava preservando a pintura fresca da faixa, passei a esculhambar o Manelão e o negócio fedeu a chifre, mesmo assim, fiz o que ele pediu: Estiquei a Faixa no chão do Chaveiro e sabe o que vimos? O trabalho do Júlio Carvalho todo perdido, era uma mancha só no MURIM. Manelão me expulsou do Chaveiro e eu fui para o Lanche que existia na Praça dos Engraxates em frente ao Chaveiro e lá fiquei chorando. Lá pelo meio dia, o Gordo me chamou de volta e fizemos as pazes. Me mandou seguir para o Chopão pra acompanhar a entrega da cerveja e o gelo (que era em barra) comprado na fábrica do seu Bessa. E assim fui no Jeep do Manelão dirigido pelo Emilzinho e fiquei no Chopão, onde já havia chegado a cerveja e quem estava tomando conta do “curral” era o amigo Deusdete Moraes de Paula e o seu Bráulio Bigode e é claro supervisionados pelo Iran dono do Chopão.
No próximo capítulo – O PRIMEIRO CARRO DE SOM E A SAÍDA DA BANDA
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